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Nunca Te Esqueci por kpini

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Palavras: 5234
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Capítulo 6

Sentindo-me bastante estressada, desabei em minha cadeira no escritório. Acabara de ter uma discussão por telefone com o boçal do advogado do cara safado que queria roubar a minha cliente, e queria matar um. Como pode alguém defender um babaca daquele. Eu não conseguia entender esses advogados que sabem que o cliente está errado e mesmo assim seguem com o caso. Minha cabeça estava doendo, e meu humor estava péssimo. Tinha sido uma semana complicada, e para melhorar Fatima havia pego uma gripe forte e não estava indo trabalhar o que me acumulava ainda mais de serviço.

Precisava urgentemente de uma aspirina e café. Nisso Mariana entrou na sala e ficou olhando fixamente para o meu rosto, depois trancou a porta, era início de expediente e quase ninguém me procurava naquele horário.

- Ana que tal combinarmos um happy hour com as meninas hoje ao final do dia? – Perguntou docemente

- Me desculpe Mari, mas hoje não sou uma boa companhia para ninguém, nem para mim mesma. – Respondi rabugenta.

- Nossa que mau humor logo de manhã. Mas dá pra perceber pelo seu rosto que alguma coisa está errada. O que aconteceu?

- Estou cansada, com uma dor de cabeça de estourar, puta da vida por conta daquele advogado cretino, com um monte de coisa atrasada em cima da minha mesa, enfim eu não estou em um dos meus melhores dias Ruiva.

- Tadinha da minha Ana. Posso ajudar em alguma coisa?

- Até pode se não se importar em ser presa, basta dar um tiro naquele imbecil por mim, e se você tiver uma aspirina aí junto com uma xicara de café será perfeito. – Falei enquanto apertava as têmporas. - Preciso urgentemente de algo que acabe com essa porr* de dor de cabeça.

- Infelizmente não tenho aspirina nem café, e prezo demais minha liberdade para ser presa. – Disse postando-se atrás da minha cadeira.

Começou a massagear minhas costas e maliciosa sussurrou baixinho em meu ouvido:

- Mas tem uma coisa que eu posso fazer por você, que segundo os especialistas é bem melhor do que tudo isso que me pediu. Algo que vai liberar endorfinas suficientes para acabar com o seu mau humor e dor de cabeça. Interessada?

Joguei a cabeça para trás e olhei diretamente em seus olhos, e pelo que vi neles e no sorriso safado em seus lábios tive a absoluta certeza do que ela estava me propondo. Ela baixou a cabeça de encontro a minha e me beijou, depois empurrou minha cadeira e sentou-se em meu colo de frente para mim. A tensão que estava sentindo se transformou em rapidamente tesão. Encostando sua boca em meu ouvido ela disse:

- Sabe o que eu acho? Que estamos vestidas demais.

- Ei Ruiva calma. O pessoal está trabalhando atrás da porta desta sala, sabia? – Respondi erguendo a sobrancelha.

- Claro que eu sei e é por este motivo que não poderemos fazer muito barulho. Você vai ter que me comer bem quietinha. – Disse sorrindo enquanto mordia os lábios.

Começou a abrir os botões da sua blusa enquanto mordiscava minha orelha. A partir daí tomei conta da situação, tirei seu sutiã e deixei seus seios livres, passei a língua suavemente pelos mamilos duros, mordendo devagar enquanto Mari apertava meu rosto de encontro a eles, minhas mãos levantaram sua saia e tateei pela lateral da sua calcinha até encontrar seu clit*ris intumescido, ela estava totalmente ensopada. Enfiei dois dedos dentro dela enquanto com o polegar circulava aquele ponto inchado do seu corpo. Mari começou a cavalgar em minha mão, e pra não gem*r alto mordia meus ombros.

- Assim Ruiva, mexe gostoso pra mim. Quero que você goze e me molhe toda com esse mel quente. – Falei em sua orelha enquanto a possuía cada vez mais forte.

Não demorou muito mais e Mariana teve um orgasmo, me molhando exatamente como eu havia pedido.

 O fato dela ter goz*do tão intensamente, aumentou ainda mais o calor que eu sentia, louca de desejo a puxei pelos cabelos expondo seu pescoço, que comecei a ch*par e morder antes de beijar sua boca com volúpia. Levantei da cadeira com ela ainda colada em mim, a deitei na mesa derrubando tudo no chão, sem me preocupar se estava ou não fazendo barulho, a única coisa que me importava no momento era poder sentir seu gosto. Tirei sua calcinha e me coloquei entre suas pernas seu cheiro de fêmea excitada me endoideceu, imediatamente coloquei minha boca naquele sex* quente e encharcado e comecei a beber do seu prazer, lambi cada pequena parte dela, passei a língua em movimentos lentos e rotatórios no seu ponto mais túmido.

- Não Ana, para, por favor... eu não vou aguentar. – Pediu desesperada

 Perceber sua aflição por não estar conseguindo se conter, fez com que eu aumentasse a pressão e velocidade do toque da minha língua e ao sentir que ela atingiria o clímax outra fez, meus dedos penetraram sua carne quente com movimentos ritmados pressionando e circulando a procura do seu ponto G, quando o encontrei senti seu corpo enrijecer, e foi ali que comecei a brincar, enquanto passei a sugá-la com gula. Seu corpo se projetou em minha direção, forçando, empurrando, rebol*ndo, até que não aguentando mais Mari gozou abundantemente, mordendo a própria mão para abafar seus gritos, enchendo minha boca com seu suco doce. O remédio exato que precisava para acabar com meu mau humor e minha tensão.

Quando sua respiração se acalmou e ela conseguiu sentar-se na mesa, olhou em meus olhos daquele jeito sem vergonha e disse:

- Meu Deus Ana, qualquer dia você me mata. Sua sacana sabia que eu não podia gritar. Não podia pegar mais leve não?

Comecei a rir descaradamente.

- Pegar mais leve? Com você? Impossível. Você é gostosa demais.

- E aí? Já está se sentindo melhor?

- Muito melhor, esse remédio que acabei de tomar é maravilhoso. Mas acho que vou precisar de mais algumas doses. Será que você consegue mais dele para mim? – Disse com o meu sorriso torto libidinoso, piscando o olho.

Rindo, ela desceu da mesa e começou a se arrumar.

- Posso me programar para as próximas doses. Afinal cuidar de você não é nenhum sacrifício para mim. Aliás, adoro fazer isso. E você sabe como ninguém buscar no meu estoque.

Comecei a gargalhar. Mari era muito tesuda e sabia disso.

- Agora já que você está se sentindo melhor, e com a promessa de novas doses do meu “remédio”, podemos ir ao encontro das meninas no Bar do Carlinhos mais tarde?

Com um sorriso ainda malicioso nos lábios, comecei a me arrumar.

- Bom já que você prometeu cuidar de mim mais tarde, acho que posso fazer esse sacrifício. – Respondi passando as mãos pelo cabelo.

Ela foi até o banheiro da minha sala para se vestir, arrumar os cabelos e ajeitar a maquiagem, enquanto peguei duas aspirinas na gaveta da minha mesa e engoli. Estava bem melhor, mas a cabeça ainda latej*v*.

 - Vamos trabalhar, antes que percamos todos os clientes – Disse saindo do banheiro.

- Vamos.

No final da tarde tive uma sensação estranha de que meu dia não terminaria bem. Na verdade, o que eu gostaria mesmo era de ir pra casa, ou pra casa da Mari, e ficar quietinha por lá, mas não queria deixa-la chateada, ainda mais depois do presente que ela tinha me dado de manhã. Além disso, como a semana havia sido bastante atribulada não tinha saído com ela nenhuma vez, e ela não merecia isso.

Susana e Clarice já estavam no barzinho quando chegamos, a noite passou bem tranquila, conversamos e rimos muito, Suzi tinha várias estórias para contar já que era hair stylist em um conceituado salão de beleza em Moema, e sabia a fofoca da vida de algumas celebridades. Já perto do fim da noite fui ao banheiro, e quando ia saindo uma pessoa me empurrou de volta e me levou para um canto.

Assustada e sem ação fiquei olhando pra ela embasbacada.

- Precisamos conversar. – Foi logo dizendo

- Boa noite, Clara. Tudo bem? Eu vou bem obrigada. – Ironia ainda era minha arma preferida, principalmente quando me sentia vulnerável como estava me sentindo em sua presença.

- Para com isso Analu. Não tenho tempo para essas amenidades idiotas. Nós precisamos conversar, é sério. – Disse olhando pra mim com a cara fechada.

Senti meu coração dar um salto quando ela me chamou de Analu, afinal só ela me chamava desse jeito, nunca tinha deixado outra pessoa fazê-lo.

- Ok. Se você que conversar tudo bem pra mim. Acho mesmo que precisamos parar com essa mania de nos encontrarmos em restaurantes e barzinhos do nada. O melhor é marcarmos um encontro de uma vez. Pelo menos estaríamos preparadas e não nos surpreenderíamos tanto. – Ironia novamente.

- Você não mudou nada mesmo, não é? Não vai crescer nunca? Não dá pra parar com essas ironias imbecis?  Isso não é brincadeira, eu quero falar sério com você. Ainda não entendeu?  -  retrucou com raiva

- Ei, calma! Não precisa vir com sete pedras nas mãos. Estava querendo amenizar o clima, só isso. Afinal ficar encontrando com você dessa maneira é complicado pra mim. Mas tudo bem. Você quer conversar gente marca. Na sua casa ou na minha? O que você prefere? - Respondi

- Você esta de brincadeira comigo né? Só pode. Não acredito nisso. – Disse revirando os olhos

- Ué não entendi. Por quê? Ta com medo de que? Não sou um bicho não. Somos adultas o suficiente para conversarmos sem nos atacarmos, ou será que estou enganada?

- Nem na sua casa e nem na minha. Sem chances. Prefiro um lugar menos intimo.

- Tá certo. Vamos marcar um almoço então? Que tal?

- Nada de almoço e nem de jantar também.

- Que porr*, cacete! O que você quer então? Fala pra mim. Ou vou ter que adivinhar?

- Pra variar lá vem você com palavrões. Sinceramente, como dizia a minha avó pau que nasce torno, morre torto.

- Clara você me tira do sério e quer que eu fique calma? Fala de uma vez o que você quer. O que você sugere senhorita? Ta melhor assim? – Perguntei exasperada

- Vamos nos encontrar amanhã de manhã. No parque Ibirapuera.

- Fala sério! No parque? Ta brincando né? E de manhã? Amanhã é sábado. Meu, ninguém levanta cedo de sábado, é um sacrilégio.

- Não é nenhum sacrilégio, não. Eu levanto cedo todos os dias, inclusive aos sábado e nunca morri. Está marcado. Te espero em frente ao portão 3. Às nove pra você não reclamar muito. E por favor, não chegue atrasada, pois tenho um compromisso depois.

E sem dar chance de eu responder saiu porta afora, me deixando ali parada com cara de espanto. Eu merecia mesmo aquilo. Jesus! Fui para a mesa ainda sem acreditar no que tinha acontecido. Afinal o que será que ela tanto queria falar comigo para agir daquela maneira? Aquela seria uma noite longa, já que estava muito curiosa pra descobrir o que ela pretendia  comigo. Tinha passado quase dez dias sem vê-la, e bastaram apenas alguns minutos na sua presença para ficar ansiosa de novo. Por que ela mexia tanto comigo? Por que eu não conseguia esquecer? Isso era loucura. Enfim, tinha que arrumar uma desculpa para sair amanhã cedo, já que normalmente eu dormia na casa da Mari de sexta feira.

- Nossa que demora Ana. O que houve? – Mariana exclamou assim que cheguei a mesa.

- O banheiro estava lotado.  – Menti descaradamente. – Ruiva estou cansada, será que podemos ir pra casa?

- Claro que sim! Já esta na hora do seu remedinho mesmo. – Disse com uma piscadela.

 

 

No caminho fui matutando o que faria pra não deixar Mari com a pulga atrás da orelha ao me ver sair cedo da cama no sábado (argh),  e como sempre, só uma pessoa podia me ajudar. Quando ela foi tomar banho passei uma mensagem para Sisse pedindo que me ligasse em dez minutos dizendo que queria que eu fosse ao Ibirapuera com ela no dia seguinte, sem entender nada, mas, como sempre me acobertando, ela fez o que pedi. Quando Mari saiu do banho ainda estava no telefone com Sisse no viva voz.

- Ok Clarisse. Amanhã de manhã então. Você vai ficar me devendo muito por conta disso, afinal acordar cedo no fim de semana é foda. Mas esta marcado. Um beijo. – Disse descaradamente e desliguei

- O que você estava marcando com a Clarice? – Falou enquanto enxugava os cabelos.

- Ela quer que eu vá ao Ibirapuera com ela amanhã de manhã para caminhar.

- De manhã? Ela sabe que amanhã é sábado e que você não levanta antes das dez de jeito nenhum?

- Sabe sim. Mas mesmo assim me pediu. - Disse dando de ombros.

- Só a Clarice mesmo pra conseguir isso de você. Ok aproveito e vou junto. Preciso fazer exercícios. Estou criando uma barriguinha da qual não estou gostando. – E olhou-se no espelho.

Fiquei incrédula, primeiro porque ela não poderia ir junto de jeito nenhum e segundo que barriga se ela não tinha um grama sequer de gordura no corpo.

- Mari em primeiro lugar, onde você esta vendo uma barriguinha nesse corpo maravilhoso e perfeito?

- Você acha mesmo meu corpo maravilhoso?

- Ah entendi o que você quer é ouvir um elogio. Ruiva, você é linda, gostosa, tesuda e esse seu corpo é tudo de bom. – Disse piscando.

- Mau caráter, pensa que me engana. Mas eu vou fingir que acredito. Então eu vou só pra te fazer companhia.

- Eu adoraria ter uma companhia tão deliciosa, porém acho que a Sisse quer ter uma conversa em particular comigo, entendeu? Por isso marcou no Ibirapuera. – Falei de uma forma despreocupada - Deve ter acontecido algo entre ela e a Suzi.

- Nem pensei nisso. Você esta certa, Ana.

- Agora quanto a sua barriguinha inexistente, eu acho que tem uma forma muito mais divertida pra acabar com ela. Você pode malhar.

- Sério?  E quem poderia me ajudar com essa malhação?– Disse fazendo um biquinho.

- Que tal se eu for a sua personal training?

- Hum, não sei... Será que você vai saber me fazer malhar direitinho?

- Safada! Vem aqui que eu te mostro se eu sei ou não. – Bati na cama ao meu lado

Rindo ela pulou em cima de mim, e começamos a brincar e rolar na cama, de onde só sai no dia seguinte bem cedo.

Parecendo um zumbi de filme hollywoodiano, praticamente me arrastei até minha casa onde tomei um banho rápido e coloquei roupas adequadas para caminhada, em seguida fui para o Ibirapuera. Queria estar lá no horário marcado quando ela chegasse.

Faltavam cinco minutos para as nove quando ela chegou, eu já estava ali há uns quinze, e minha ansiedade foi crescendo minuto após minuto. Como sempre ela estava linda, com uma malha preta grudada ao corpo e uma calça de moletom rosa, os cabelos presos em um rabo de cavalo e sem maquiagem nenhuma. Pensei comigo “depois desse tempo todo ainda me sento encantada e incrivelmente atraída por ela”. Caminhou em minha direção sem sorrir. O meu estomago estava se contraindo, como eu estivesse tendo meu primeiro encontro.

- Bom dia Ana. – Falou secamente

- Bom dia Clara. Tudo bem? - Respondi

- Estou bem obrigada. Vamos caminhar um pouco.

E saiu andando, sem falar mais nada. Eu fui atrás meio exasperada. Ora bolas ela tinha me chamado para conversar e agora queria andar a ermo? Vai entender. Mas que fosse então. Em algum momento ela teria que começar a falar.

Depois de quase meia hora caminhando em profundo silencio, ela sentou-se debaixo de uma árvore. Sentei ao lado dela e fiquei esperando. Clara começou a falar sem olhar em meus olhos:

- Ana, quando eu voltei para o Brasil não esperava encontrar você, pelo menos não tão cedo. Essa cidade é gigantesca e imaginei que mesmo que ainda estivesse por aqui isso seria improvável de acontecer. Porém o acaso quis que fosse diferente, e em menos de uma semana eu me vi frente a frente com você. Devo admitir que não estava pronta para este encontro, e isso não foi legal.

- Por que Clarinha?  Por que você não queria me encontrar? Ainda tem raiva de mim? Não conseguiu me perdoar? Eu era uma adolescente, e depois você nunca me deixou explicar. - Falei triste e desapontada.

- Não Ana, eu não tenho raiva de você. Nem mesmo mágoa. O que tenho são alguns sentimentos que ainda não estão bem resolvidos, uma mistura de coisas que não me agrada, me machuca e me incomoda. Não consigo me sentir à vontade na sua presença. Por este motivo é que não queria encontra-la.

- Você acha que foi fácil para mim? Acha que eu não tenho essa mistura aqui dentro também? Acha que eu encarei com a maior naturalidade do mundo me ver cara a cara com você depois de tantos anos? Acha que isso não mexeu comigo? Não me deixou nervosa, assustada?

- Sei que não deve ter sido fácil pra você também. Imagino que tenha se surpreendido tanto quanto eu.

- Eu tinha te visto na televisão um dia antes, mas não sabia se tinha estado aqui só pra fazer a matéria, ou se você tinha voltado de vez.

- Se você quer mesmo saber a verdade pensei mil vezes antes de aceitar esse trabalho e voltar.

- Por minha causa?

- Sim. Por sua causa, mas também por mim.

- Por quê? Por quê, Clara? Será que te fiz tanto mal assim? Eu era apenas uma criança sem juízo. Mas nunca fui um monstro. Eu sei que errei, mas você nunca quis me escutar. Você entenderia que...

- Para Ana. Eu não quero falar sobre o nosso passado. – Ela me cortou

- Como não Clara. Nós precisamos falar sobre isso. Você tem que me escutar - Insisti

- Não, nós não precisamos. O que passou, passou. O passado não tem volta. Seria inútil falar sobre isso.

- Não, não é verdade. Tem coisa que você precisa saber. Eu quero uma chance de me explicar. – Praticamente implorei

- Eu não quero ouvir suas explicações. Pra mim o passado morreu Ana. Eu quero falar é sobre o agora. O que vai acontecer daqui pra frente e nada mais. – Foi taxativa

Aquilo me deixou muito mal, eu esperava que pudéssemos conversar e acertar as coisas. Queria falar do meu arrependimento, tirar do peito a angustia que me acompanhava há anos. Mostrar para ela que eu não tinha sido tão errada como ela imaginava. Mas não ia força-la a fazer o que não queria.

- Como você quiser Clarinha. A hora que você se sentir pronta para me escutar...

- Por favor, prefiro que me chame de Clara, se não se importa.

- Meu Deus! Isso é mesmo necessário? – Disse exacerbada. – Será que nos tornamos inimigas?

- Inimigas não, mas é bom que você saiba que a Clarinha que conheceu não existe mais, e eu prefiro mantê-la no passado.

- Senhor meu Pai, por quê? Se você disse que não sente mais raiva de mim, não consigo entender essa atitude. Não precisa ser assim

- Eu não quero me sentir próxima de você Ana. Eu quero que nós fiquemos afastadas, pelo menos por um tempo.

- Uau! Então é isso. Nada de aproximação. Nada de conversa. Nada de resolver as pendências. Então para que me chamou aqui afinal?

- Te chamei aqui para falar exatamente isso. Que quero manter uma distancia entre nós.

- Ok. E o que você quer que eu faça? Que eu despareça? Eu não fui atrás de você Clara. Nada foi programado. Não planejei te encontrar.

- Eu sei. Mas não dá pra gente ficar se esbarrando por ai a todo o momento.

- Ah que maravilha! E me diga o que eu devo fazer, hein? Que tal eu ficar trancada dentro do meu apartamento para não correr o risco de tropeçar com você por aí. Fala, o que você acha disso? Será o suficiente para vossa alteza, ou deseja mais alguma coisa majestade?  Ou talvez você prefira que eu tome um ônibus espacial e voe direto para Marte? Não é melhor? Aí você não correria o risco de me encontrar não só por aqui, mas em nenhuma outra parte do mundo! Já imaginou? Nunca mais veria a minha cara feia por aí.

- Para Ana Lucia! Não estou pedindo pra você ficar trancada!

- Não? Então me diz o que é que vamos fazer? Não acredito que por causa da sua covardia eu que tenha que me ferrar. Você tem medo de me ver? Ou será que é nojo da minha presença.

- Eu não sou covarde! Só quero um tempo. Não tenho medo de te ver, e jamais sentiria nojo de você.

- Um tempo pra que? Eu sou tão horrorosa assim? Sim, porque devo ser um monstro assustador pra você querer fugir de mim. Um animal feroz. Uma psicopata.

- Já falei pra você parar com isso! Por que você não me entende?

- Então me explica de uma forma que eu possa entender. Por que é tão complicado assim me ver?

Levantei de um pulo, nervosa, comecei a andar de um lado pro outro. Meu Deus eu precisava desesperadamente de um cigarro!

- Eu já te expliquei. Você que não quer entender.

- Eu que não quero entender? Olha aqui Clara, isso está parecendo uma conversa de doido. E sinceramente não tenho paciência para isso. Você não quer mais me ver, tem certeza absoluta disso?

- Não é para sempre, é só por um tempo. Só até eu me sentir mais confortável com essa situação, com a sua presença.

- Ótimo. Tá bom. Então fala aí, como vamos fazer isso? Sinais de fumaça? Porque sinceramente eu não estou a fim de ficar trancada o resto da minha vida dentro do meu apartamento, ou em outro lugar qualquer. Mesmo porque eu trabalho, preciso fazer compras, tenho vida social, posso vir a ficar doente entre outras coisas.

- Não quero que você fique trancafiada.

- Você quer o que, que eu te passe a lista de todos os lugares que frequento? Bares, restaurantes, teatros, exposições, casa de amigos, cinemas, baladas, motéis? Ou quem sabe posso começar a colocar a historia da minha vida na rede social, a minha agenda pessoal talvez? Vejamos, amanhã de manhã eu coloco no Facebook  que estou indo trabalhar pela vinte e três de maio, faço um vídeo do transito parado e posto, normalmente dou uma passada na Starbucks do Center Três pra um cafezinho, tiro uma foto e publico no Instagram , depois se eu for almoçar no Luiggi´s aproveito para postar a foto do prato e fazer um comentário pelo Twitter, e assim por diante vou colocando os trajetos e tudo o mais que fizer durante o dia, ah e se eu quiser dar uma trepada com alguém aviso todo mundo em qual motel vou fazer isso, quem sabe não aproveito para convidar quem curtir o post para fazer uma orgia, ou melhor posso colocar um vídeo da trans*, sei lá, o que você acha? Tá bom pra você?

Eu estava possessa. Não conseguia me controlar e falei tudo isso em altos brados.

- Meu Deus Ana. Você enlouqueceu? Existem outras pessoas no parque sabia? E estão todas olhando pra cá!

- Eu quero que todo mundo se foda! É da minha vida que estamos falando.

- Eu não acredito nisso! Será que você não pode agir como uma pessoa normal?

- Uma pessoa normal? Você está brincando comigo né? Só pode ser. Tá tirando uma da minha cara. Vem com essa coisa ridícula e acha que eu que não estou agindo como uma pessoa normal.

- Não, estou não brincando. Estou falando sério.

- Ah é? Então me diga como uma pessoa normal agiria?

- Com calma, com dialogo. Aceitando a proposta, sem fazer escândalo.

- Quer saber Clara, eu me cansei dessa conversa. Eu também não gosto de escândalo. E não estou a fim de ficar discutindo com você. Você não quer me encontrar por aí, beleza. Vai ser como você quiser. Só me diga o que eu preciso fazer, só isso, que eu sumo da sua frente.

- Tem um jeito da gente evitar se encontrando.

- Ok. Me diga como? Estou ouvindo.

- Vou precisar do número do seu telefone.

- O número do meu telefone? Tudo bem, eu te passo sem problemas. Posso pelo menos saber para que?

-A minha ideia é te avisar sempre que eu for sair para um lugar diferente. Saídas sociais por assim dizer.

- Ah, sei. Eu serei a dona da sua agenda.

- Não é bem assim. Não serão todos os dias que te enviarei mensagens. Apenas quando for a um restaurante, ou cinema por exemplo. Te mando a mensagem dizendo o dia , a hora e o local a que pretendo ir.

- Entendi. Aí, se por acaso estiver pensando em ir ao mesmo local, eu que arranje outro lugar para ir, certo? De preferência bem longe de onde você estiver.

-  É isso. Não vai ser tão difícil assim. Eu quase não saio. Prefiro ficar no meu canto.

- Se é o que quer, Clara. Faremos desse jeito. Pode deixar que eu me viro. Não se preocupe.

_ Ana, será apenas por um tempo...

- Não precisa falar mais nada. Já aceitei sua condição não foi? Por favor anote o número do meu telefone.

Ela tirou o celular do bolso do moletom e anotou o número que passei.

- Bom creio que nossa conversa termina aqui, não é? Você queria apenas o número do meu celular e já tem. Espero que o seu plano dê certo e que não tenha que cruzar comigo sem querer. Boa sorte.

Fui embora sem olhar para trás. Estava puta da vida. Pensei que iriamos conversar como adultas e não que iria apenas receber ordens para me afastar. Mas tudo bem, se era o que ela queria, era exatamente o que ela iria ter. Não seria fácil para mim, como ela disse, porque ficar recebendo suas mensagens, iria com certeza me afetar. Mas eu daria um jeito.

Estava muito chateada, pois no fundo imaginei que as coisas seriam diferentes, que iriamos finalmente resolver nosso passado. E meu coração, esse sacana idiota, tinha a esperança de que ela ainda sentisse o mesmo que eu sentia por ela. O mais foda era saber que mesmo depois de tudo o que eu tinha escutado dela, ainda a desejava. Ainda sonhava em resolver a situação, e quem sabe voltar para o ponto do passado onde tínhamos parado. Isso tudo que tinha no peito era forte demais.

Mas eu não ia me sujeitar a ficar rastejando. Tinha que ser uma coisa de comum acordo.  E se ela não queria que fosse assim, não seria. Também tinha meu orgulho, e não o jogaria assim no chão para ser chutado por ninguém.

Fui direto para a casa da Clarisse, afinal ela ia querer saber o que tinha acontecido e eu precisava desabafar e descarregar minha raiva.

Quando viu minha cara logo percebeu minha fúria.

- Meu Deus Ana o que foi que ela fez pra te deixar transtornada assim?

- Você tem um cigarro ai? Esqueci meu maço em casa.

Ela me entregou um cigarro, que acendi e dei duas longas tragadas antes de responder.

- Você quer saber o foi que ela me disse? Que não quer ficar esbarrando em mim por aí. Que isso a incomoda. Que a minha presença não a agrada. Foi isso que ela me disse.

- O que? Como? Não estou entendendo. – Perguntou confusa

- Isso mesmo que você ouviu. Ela me chamou para exigir que eu não vá aos lugares onde ela estiver. Enfim foi um enorme ”fique longe de mim babaca”!

- Mas como ela pretende fazer isso?

- Me enviando mensagens via celular, e eu que encontre outro lugar para ir.

- Mas por que tudo isso?

- Você esta perguntando pra mim? Por que você não pergunta pra ela? Vai lá e pergunta, quem sabe ela te dê uma resposta plausível. A mim ela só disse que não se sente bem quando estou no mesmo local.

- Para de ser malcriada. Ela deve ter te dado um motivo, Ana.

- O motivo é que ela não quer ficar me encontrando só isso. Já te falei.

- Nossa, você deve deixa-la muito abalada ainda.

- Abalada? Ah claro, por isso não quer mais me ver! Por que eu não tinha pensado nisso?

- Claro que sim sua boba. Se ela não se sentisse perturbada sentimentalmente com a sua presença não teria te pedido isso.

- Ah Clarisse menos né. Se eu ainda tivesse algum valor para ela, teria me deixado falar o que eu queria. Explicar o que aconteceu. Não é nada disso, não. O que ela quer é distância de mim, isso sim! Ela não suporta a minha presença.

- Ai, ai. Você realmente é difícil de entender as coisas. Nem parece mulher.  

- Como assim sou difícil de entender as coisas?

- Veja Ana, se ela não se importasse com você, seria indiferente te encontrar ou não. Ela quer te evitar porque quando ela te vê, sente algo que não quer sentir. Não deve ter sido fácil pra ela a separação, assim como não deve ter sido fácil te reencontrar. Afinal pelo que você me contou vocês se amavam muito, não é verdade?

- Bom, eu pelo menos amava.

- Amava? Ou será que ainda ama? Pela forma que você reage...

- Sisse para com essas perguntas ok? Eu não quero mais pensar nisso. Mesmo porque não adianta nada. Ela não quer mais me ver.

- Ana Lúcia, pare de agir como criança. Ficar fazendo birra não vai levar a nada.

- Que legal! Ela me dá um chute na bunda e eu que estou fazendo birra. Não acredito nisso.

- Ela não te deu um chute na bunda. Tenha calma, ela precisa apenas de um tempo pra poder colocar a cabeça no lugar e ver o que realmente sente. Se ficar te vendo por ai não vai conseguir isso. Ainda mais com a Mariana a tiracolo.

- Ué ela não está com a Jaqueline? Porque não posso ter a Mariana?

- Não sei se ela está com a Jaqueline.

- A Susana não te falou nada?

- Na verdade a Jaqueline não tem atendido as ligações da Susana. Pedi pra ela ligar e sondar o que estava acontecendo, mas parece que a Jaqueline vê que é o número dela e ignora a chamada.

- Quer saber? Não me interessa se ela está ou não com ela!

- Não mesmo? Mentirosa...

- Vamos mudar de assunto que esse já deu.

 

Conversamos mais um pouco, tomei café da manhã com ela e depois fui embora. Ainda estava muito chateada por isso, liguei para Mariana dizendo que passaria em sua casa mais tarde e fui direto para o meu apartamento. Precisava ficar um tempo sozinha pra me acalmar.  Mas sabia que não seria fácil.

Fim do capítulo


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Comentários para 6 - Capítulo 6:
lucy
lucy

Em: 21/10/2015

eeeeita estou achando que houve armação pra separar essas duas....

quando vai nos contar o que  realmente houve pra separação ???/simmm

estou curiosa kkkkkkkkkkkkk

bjs

muito bom o.conto


Resposta do autor:

 

Oi Lucy querida 

Tudo bem amor?

Houveram pedras pelo caminho. Mas cada capítulo explica um pouquinho de cada coisa.

Mas prepare se coraçãozinho. 

Obrigada por sua linda companhia.

Pode deixar seus comentários que virei com alegria responder. 

Um bom fim de tarde e ótima leitura 

Beijos grandes 

Ká 

Responder

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Ana_Clara
Ana_Clara

Em: 03/10/2015

Eita que aconteceu algo muito sério entre essas duas! A Clara sempre foi tão doce e sensata. Posso estar enganada, mas se tornou uma pessoa fria e estranha. 


Resposta do autor:

 

Oi Ana

 

O tempo muda as pessoas. Ou será que não?

 

Veremos o que pode ter acontecido.

 

Muito obrigada pelos comentários.

 

Bom domingo e ótima leitura

 

Beijos grandes

 

K.

Responder

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preguicella
preguicella

Em: 16/09/2015

Gostei da sua história viu! Parabéns! 

Tipo, até gosto da Mariana, ela é boazinha, mas acho que só vai dar Clara e Analu!

Bjão


Resposta do autor:

Oi moça. Tadinha da Mari..., mas acho que você está certa quanto a Clara e Analu. Obrigada pelo cometário. Espero que goste do sétimo capitulo.

Beijos

Responder

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