Xiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!
Capítulo 7. Desculpas e descobertas.
Assim que entrou em casa a coronel foi recebida com festa pelos filhos, exceto Nicola. Foi Celina quem perguntou:
-- Porque a senhora demorou tanto para chegar mamãe Márcia?
Assim que a filha perguntou, a coronel se abaixou e pegando a menina no colo disse:
-- Meu anjo a mamãe estava resolvendo alguns problemas, por isso cheguei tarde. Mas eu estou aqui e vocês podem ficar tranquilos que eu vou procurar não me atrasar mais.
-- Eu também estava com saudades de você mamãe! Disse André que também estava junto com as duas irmãs em volta da coronel.
-- E a mamãe Andressa vocês sabem onde ela está?
As crianças olharam uns para os outros e foi Antônia quem respondeu:
-- Ela está lá no quarto mamãe e disse que não vai jantar!
-- Mas ela está bem?
Foi Nicola quem disse para a mãe:
-- Não, ela não está bem e você brigou com a mamãe Andressa!
-- Nicola Augusto não fale assim com a sua mãe! Disse dona Severina repreendendo o neto.
-- Mas ela magoou a mamãe e agora fica perguntando! – Por que você brigou com ela? Você é mau! E saiu deixando a coronel atônita com a atitude.
-- Nicola não precisa falar assim! – Isso é a mamãe que tem que resolver e não você! Falou Celina dando bronca no irmão que não deu atenção ao que ela falava.
A coronel então foi até a biblioteca e por lá ficou. Naquela noite ninguém havia jantado e então o coronel Raimundo saiu com as crianças e as levou até o shopping e com ele estavam o coronel Vaz Amorim com a esposa e os pais de Márcia. Foi o pai de Márcia quem perguntou:
-- O que aconteceu na casa da Márcia Raimundo?
-- Ela e Andressa andaram brigando hoje pela manhã e o clima está péssimo. Por isso eu resolvi levar as crianças para passear.
-- Mas brigaram por quê? Perguntou dona Carlota.
O coronel narrou o que havia ocorrido. Disse que também concordava com a nora, porém Andressa estava irredutível e ele tinha medo que as coisas começassem a desandar.
-- Mas ela não está errada em agir assim! Disse o coronel Vaz Amorim que acabou sendo repreendido por dona Marina.
-- Antônio não diga isso. Também não é assim que as coisas funcionam. A Márcia tem que ser mais benevolente com algumas coisas e quando isso inclui filhos é ainda mais complicado e com isso quem sofre são as crianças.
-- Ele está certo Marina e sou obrigada a reconhecer que minha filha está certa. Regras são regras!
-- Mas Carlota eles são tão pequenos!
-- Eu sei minha amiga, mas antes eles sentirem agora do que quando forem adultos. E a hora é essa!
Enquanto isso na casa da coronel as coisas pareciam não estar bem. Assim que foi para o quarto viu que a porta estava trancada. Bateu na porta e ouviu quando a esposa disse:
-- Vai embora hoje eu não te quero aqui, coronel!
-- Andressa, por favor, abra a porta eu preciso falar com você!
-- Eu já disse que não quero conversar Márcia, por favor, deixe para amanhã. Hoje eu não estou bem. Vá dormir no quarto de hóspedes que eu quero descansar!
-- Tudo bem Andressa você venceu. Tenha uma boa noite e durma bem!
Assim que se afastou da porta, Márcia se dirigiu ao quarto de hóspedes. Tomou banho e procurou dormir, escutou quando os sogros chegaram com as crianças. Resolveu descer e ajudá-los a dar banho e colocá-los na cama. Assim que as crianças dormiram, conversou um pouco com os pais de Andressa e subiu. Foi o sogro que disse:
-- Severina minha velha, acho que a coisa ainda não está boa entre elas! – E tem mais, a nossa nora foi dormir no quarto de hóspedes.
-- Eu percebi Raimundo, assim que chegamos. Mas amanhã vou ter uma conversa séria com a Andressa. Ela tem que entender e respeitar os princípios das pessoas. Não sabe dar valor a uma pessoa como a Márcia que dá do bom e do melhor para ela e os filhos. A coitada só falta dar o céu, a lua e as estrelas para a Andressa e ela fica com essa frescura? – Mas amanhã eu acerto essa situação. E agora vamos dormir que eu estou cansada.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Enquanto isso, a coronel não conseguia dormir e então resolveu levantar e ir para o quartel. Quando dona Severina acordou viu que o carro da nora não estava na garagem acabou concluindo que ela havia ido trabalhar. Por volta das nove horas Andressa desceu e foi até à cozinha tomar café. Os filhos estavam brincando e assim que viram a mãe correram em sua direção. Pois eles já haviam tomado o café e estavam com a corda toda.
-- Bom dia meus amores! -- Bom dia mamãe!
-- Bom dia minha filha!
-- Bom dia mamãe Andressa! Responderam todos ao mesmo tempo.
Dona Severina somente observava os netos e a filha. Foi quando o coronel Raimundo chegou também na cozinha e sentou-se para tomar café e fazer companhia às duas mulheres.
-- Bom dia Andressa como passou a noite?
Andressa olhou para o padrasto e depois para a mãe respondeu:
-- Eu não dormi quase nada, mas consegui descansar.
-- Realmente você devia estar muito cansada mesmo. Colocou até a sua esposa para dormir no quarto de hóspedes! Falou a sogra da coronel que levou um olhar de reprovação do marido.
Andressa ficou olhando para a mãe e não soube o que responder. No fundo ela sabia que mais uma vez havia errado com Márcia que por sua vez estava magoada com a esposa e com o filho. Assim que o coronel foi acabar de se trocar para trabalhar, a mãe de Andressa a chamou e então elas começaram a conversar. Andressa já estava pronta para ir trabalhar, porém, foi conversar com dona Severina.
-- Andressa minha filha o que aconteceu com vocês? – Ou melhor, com você?
-- Ah mamãe mais uma vez eu fui maldosa e grosseira com a Márcia!
-- Eu sei o que aconteceu! – A Márcia contou ao seu padrasto o ocorrido com vocês e isso me deixou preocupada, pois até o seu filho Nicola Augusto respondeu para ela.
Andressa que mexia o café com a colher parou e olhando para a mãe disse:
-- O Nicola fez o que mamãe?
-- Acontece que ontem a sua esposa chegou um pouco mais tarde e como sempre as crianças foram recebê-la na porta, mas o Nicola se recusou. E quando a Márcia perguntou de você, ele simplesmente disse que ela havia brigado com você que era muito má!
Andressa não estava acreditando no que a mãe estava contando, pois Nicola era super apegado a coronel e isso não era coisa que o filho deveria fazer. A cada coisa que a mãe contava, Andressa percebia o quanto irredutível foi em relação a coronel.
-- Filha preste bem atenção no que essa sua velha mãe vai falar. Sei o quanto deve ter sido difícil para você escutar o que a Márcia falou para o capitão Prado, mais você deve entender o ponto de vista da sua esposa. Ela faz de tudo o que pode para fazer a você e aos filhos felizes como ela prometeu, mas há coisas que não podemos fugir, principalmente a valores com os quais fomos criados. Ela é dura em certas ocasiões eu sei disso e às vezes acho até que ela exagera, mas é o jeito dela de ser. Creio que se isso que ela falou para o Prado um dia acontecer, ninguém mais do que ela vai sofrer, pois você e essas crianças são o bem mais precioso que ela carrega. Ela ama muito você e esses meninos, mas também não pode ficar abrindo mão de certas coisas. O seu sogro os criou assim e com toda essa educação e rigorosidade com que sempre tratou os filhos você mesmo assistiu de camarote o que aconteceu ao seu cunhado. Agora imagine se o coronel Giuseppe tivesse soltado as rédeas, o que eles teriam se tornado? – Seriam todos ou pelo menos alguns deles tudo uns sem rumo na vida. O seu pai mesmo era de um péssimo caráter e isso porque o seu avô era um homem rigoroso e você viu bem como ele terminou. Então minha filha, releve essa falta da Márcia, vá e converse com ela e aproveite para corrigir o Nicola Augusto enquanto ainda é tempo!
Andressa escutava atentamente o que a mãe estava falando e percebeu o quanto dura havia sido.
-- A senhora está certa mamãe. Eu não tinha visto e nem pensado nessa possibilidade. E quanto ao Nicola Augusto, deixe que eu vou conversar com ele assim que eu chegar do trabalho e agora eu preciso ir, porque alguém precisa muito de mim nesse momento!
-- Faça isso filha. Procure a coronel Mantovanni e converse com ela. Creio que nem dormiu essa noite, pois ela saiu não eram nem quatro horas. Ela deve estar muito magoada com tudo o que aconteceu. E quanto a você, aprenda a ver as coisas pelo lado prático da razão e não somente com o coração para não sofrer depois. Você sabe muito bem que muita mulher nessa polícia militar, gostaria de ser a senhora Mantovanni. Então, tome muito cuidado com as suas atitudes.
Assim que pegou a bolsa, voltou para a cozinha e despediu-se da mãe. Quando passou pela sala, beijou os filhos e disse ao caçula dos homens:
-- Nicola Augusto quando eu voltar nós vamos conversar!
O menino olhou para a mãe e depois para a irmã mais velha e disse:
-- A senhora vai me bater mamãe?
-- Não filho, nós vamos somente conversar.
-- Tá bom mamãe! – Eu amo você e não gosto de te ver triste!
-- Eu sei meu príncipe, mas você vai ter que pedir desculpas para a mamãe Márcia também.
-- Mas ela vai brigar comigo! – Ela vai me bater e pôr de castigo!
-- Não vai não filho. A sua mãe ama muito vocês para brigar! – E agora a mamãe tem que ir trabalhar!
A tenente coronel saiu com o coração mais leve e decidiu que depois iria ao batalhão conversar com Márcia.
Enquanto isso a coronel despachava alguns papeis com a sargento Meire. A história da moça havia deixado Márcia com a pulga atrás da orelha e ela decidiu que ajudaria a sargento encontrar a família do pai. Foi então que perguntou assim que entregou o último relatório para ela:
-- Sargento Meire, você me disse ontem que foi criada no bairro da Mooca.
-- Sim coronel eu me criei, estudei no colégio militar e logo que terminei o ensino médio me alistei para o concurso da polícia e depois de três anos fiz o curso de cabo e depois o de sargento. Com isso conseguimos mudar de casa e fomos morar no Horto, porque o ar puro de lá faz muito bem para a minha mãe.
-- Entendi e nesse tempo todo o seu pai ia sempre vê-la?
-- No começo ele ia sempre nos visitar, mas depois ele começou a viajar muito e com o tempo as visitas eram cada vez menores até o dia que ele nunca mais apareceu. Por isso não sei se ele está vivo ou morto coronel. Mas em uma das conversas que ele teve com minha mãe, eu ouvi dizer a ela que tinha uma irmã na polícia, mas também nunca revelou o que ela fazia. E existem tantas mulheres na polícia que eu nem sei se a minha tia é militar ou civil!
-- Mas e depois disso ele mudou com vocês, alguma coisa acontecia com ele? Algum problema que ele nunca quis revelar a vocês?
-- Não sei coronel, a única coisa é que quando ele subia naquele caminhão, eu já sabia que ele demoraria a voltar e isso aconteceu.
-- Há quanto tempo vocês não têm notícias do seu pai Meire?
A moça estava de cabeça baixa escondendo uma lágrima que teimava em correr-lhe a face e respondeu:
-- Uns seis, sete anos coronel. Ele nunca mais atendeu ao celular e nunca mais também voltou! – E com a minha mãe doente ai foi que as coisas pioraram! Disse já chorando para a coronel.
-- Só me responde mais uma pergunta sargento: -- O que a sua mãe tem?
-- A minha mãe tem leucemia coronel e só um transplante ajudaria, mas o problema é o tratamento que custa muito caro e a senhora sabe qual é o salário de um policial na minha categoria.
A coronel se levantou e abraçou a moça que chorava compulsivamente. Foi nesse momento que Andressa entrou na sala e viu a cena. Quando a coronel viu a esposa, fez sinal com a mão para que ela se aproximasse. É claro que Andressa não gostou, mas como já havia pisado na bola, resolveu deixar passar.
-- Fique despreocupada sargento, eu vou tentar localizar o seu pai ou pelo menos saber o que aconteceu. E no domingo haverá um almoço na casa do meu pai e eu gostaria da sua presença e se possível leve a sua mãe também. Lá também estarão as minhas irmãs e vocês poderão conversar.
-- Obrigada coronel e agora se a senhora permitir, eu tenho que arquivar esses relatórios.
-- Permissão concedida!
Olhando para Andressa, disse:
-- Bom dia para a senhora tenente coronel!
-- Bom dia sargento!
Assim que a moça saiu, Andressa olhou para Márcia e disse:
-- Bom dia coronel Mantovanni!
-- Bom dia tenente coronel Pires Paiva!
Andressa estranhou o jeito que Márcia havia se referido a ela e indagou:
-- Não está faltando um certo sobrenome nesse Pires Paiva?
-- Nossa! – Você se lembrou que é casada? – Sim porque até ontem eu não servia nem para deitar ao seu lado. Mas o quarto de hóspedes serviu para alguma coisa, me fazer vim mais cedo para o quartel! -- Como foi mesmo a frase? – Ah sim é: “NÃO TE QUERO AQUI CORONEL, ESTOU CANSADA VÁ DORMIR NO QUARTO DE HÓSPEDES QUE EU QUERO DESCANSAR”, falou frisando bem as palavras. – E ainda por cima, tenho um filho que me olha e diz: “VOCÊ É MÁ”!
Andressa percebeu o quanto a coronel estava magoada e quando Márcia se sentia assim, ela colocava uma barreira de defesa em sua frente. Resolveu voltar depois que Márcia estivesse mais calma, pois percebeu que a esposa estava com receio de falar com ela naquela hora.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Na parte da tarde, quando retornou à sala da coronel, Andressa viu que ela dormia no sofá e aproximou-se calmamente. Acariciou os cabelos de Márcia que agora estavam mais grisalhos do que há tempos atrás e sorriu.
-- Você está envelhecendo, mas continua muito atraente! Pensou.
Márcia se mexeu e Andressa continuava fazendo carinho na coronel. Assim que abriu os olhos viu que a esposa estava ao seu lado e sem pensar em mais nada, enlaçou Andressa e aproximou sua boca da dela e a beijou. A saudade de ter a esposa nos braços era imensa, pareciam que eram separadas ha anos e não por uma noite. A coronel tinha verdadeira adoração pela esposa.
-- Que saudade desse beijo meu amor! Disse Andressa
-- Eu também estava com saudades minha primeira dama. Desculpe-me o que eu falei ontem sobre as crianças. Eu andei pensando e vi o quanto eu sou ignorante mesmo igual o meu pai foi. E quanto ao Nicola, ele não está errado em falar o que disse, eu magoei você com a minha atitude. Mas não foi por maldade e sim talvez por medo de algum dia eles se meterem em confusão e terminar como o meu irmão!
-- Amor eu pensei muito em tudo o que aconteceu e depois de conversar com a minha mãe, eu cheguei a conclusão de que coloquei mais o meu coração e o amor de mãe à frente da razão. Agora eu entendo o seu ponto de vista e também concordo com a colocação que você acabou de fazer. Eu também me culparia se algum dos nossos pequenos no futuro seguisse o caminho errado. E quanto ao nosso filho, ele tem que respeitar a nós, principalmente a você que tudo faz para que sejamos uma família feliz.
-- Eu sei amor, mas não vamos brigar com o nosso menino. Ele só quis te defender e fez o que na cabecinha dele achou certo porque quem sofreu as dores do parto e deu a vida para eles foi você e não eu. A minha participação é mínima! Portanto, é certo que ele ou qualquer um deles a defenda!
Andressa que estava abraçada à esposa olhou seriamente para Márcia e disse:
-- Mas e você meu amor, quem vai te defender? – E como assim sua participação foi mínima? – Você realizou o meu sonho de ser mãe e ter dentro de casa quatro filhos lindos e dois parecidíssimos com você que são o André e a Antônia e você me diz isso meu anjo? – Eu nunca mais quero ouvir isso de você e tem mais, eu sou a mulher mais feliz e realizada que existe nesse mundo e sabe por quê? – Porque eu tenho uma esposa maravilhosa ao meu lado que às vezes é rude sim, mas que é o porto seguro meu e dos filhos. – Sem você meu amor eu e eles não somos nada!
-- Eu sei minha linda logo teremos outro filho, certo amor? – E quanto a me defender, você sabe que o apelido de “raposa do deserto” não é à toa. Portanto minha eterna primeira dama cuide de você e das crianças, que do resto cuido eu!
-- É o que eu mais quero Márcia, mais um filho para nós! – E quanto a sua segurança só te peço uma coisa, que tome muito cuidado porque eu te amo muito meu eterno amor.
-- Eu também te amo muito meu amor, chego a achar que esse meu amor por você é uma loucura, mas eu te amo!!!
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
No final da tarde quando chegaram em casa, as crianças já perceberam que o clima entre as mães havia melhorado e a alegria se instalou no lar da coronel Mantovanni. Nicola não estava junto dos irmãos porque quando o menino viu o carro da coronel estacionar na garagem, correu para o quarto e se escondeu dentro do guarda roupa. Andressa olhou e viu que o filho não estava na sala e perguntou:
-- André onde está o seu irmão?
O menino olhou para as mães depois para Celina e falou:
-- Ele correu para o quarto mamãe Andressa quando viu o carro da mamãe Márcia chegar e se escondeu dentro do guarda roupa!
A coronel começou a rir e tanto a esposa quanto os filhos não entenderam o porquê de ela estar dando risada com a situação.
-- Amor do que você está rindo? Andressa perguntou.
-- Porque esse matreirinho é igualzinho ao seu cunhado. O Nicola também aprontava dessas e o meu pai queria torcer o pescoço dele. Mas eu vou lá chamá-lo para jantar.
Andressa e as crianças ficaram apreensivas quando a coronel disse que iria chamar o filho para jantar. Mas eles nem imaginavam o que isso iria virar depois, mas a esposa resolveu ficar calma e aguardar o que viria a seguir.
Quando chegou no quarto dos meninos, começou a procurar o filho que ela já sabia estar escondido.
-- Onde anda o meu porquinho rebelde e sem vergonha? – Hummmmm...aqui não está, vamos olhar embaixo da cama? – Aqui também não está...Já sei, vamos olhar dentro do guarda roupa?
Assim que abriu a porta viu que o filho estava assustado e quando o menino viu a coronel começou a chorar. Márcia se abaixou e perguntou ao pequeno:
-- Porque você está chorando Nicola?
O menino que soluçava muito falou:
-- Você vai me bater e depois vai me pôr de castigo! – Vai brigar comigo.
A coronel esticou a mão e disse ao filho:
-- Nicola meu príncipe eu não vou bater, nem brigar com você e muito menos colocá-lo de castigo. Eu e a mamãe Andressa conversamos sobre tudo o que aconteceu e chegamos à conclusão de que você seu matreiro fez o que fez só para defendê-la. Mas meu filho entenda uma coisa, os adultos às vezes têm divergências e isso é normal. Você e os seus irmãos de vez em quando não se estranham um pouco, principalmente você com a Celina quando ela resolve pegar no seu pé? -- Mais não é por isso que eu e sua mãe não nos amamos. Acontece que de vez em quando as convicções dela e as minhas, entram em conflito, mas nós sempre estamos nos entendendo! Portanto filho não tenha nunca medo de mim e da sua mãe, porque se bater adiantasse não existiriam tantos maus elementos por ai. Eu mesma não precisaria prender tantos bandidos, principalmente alguns que trabalham comigo e só usam a profissão de policial para ter lucro fácil. Agora vem aqui filho e me dá um abraço.
O menino que havia parado de chorar abraçou a mãe e falou:
-- Eu te amo mamãe Márcia!
A coronel que chorava silenciosamente com o filho no colo respondeu:
-- Eu também te amo muito meu filho. Aliás, eu amo todos vocês! – E agora que já resolvemos a questão vamos jantar?
O menino já mais sorridente afirmou positivamente com a cabeça e logo mãe e filho já estavam descendo a escada em direção à cozinha para jantarem. Andressa e os outros três quando viram os dois, ficaram mais calmos e logo todos estavam sentados à mesa. Nicola continuava sentado no colo da coronel e como sempre batia na mesa pedindo comida e isso era a diversão de todos. Dona Severina e o coronel Raimundo que também estavam à mesa riam muito do neto e assim o jantar correu tranquilamente. Andressa mais uma vez agradeceu aos bons mentores pela felicidade que reinava naquele lar.
Quando estavam deitadas descansando depois de fazerem amor, Andressa que estava aninhada nos braços de Márcia perguntou:
-- Amor o que a sargento Meire estava conversando com você hoje lá na sua sala e depois de abraça-la você disse que a ajudaria encontrar o pai. O que acontece com aquela moça?
A coronel como não gostava de esconder as coisas da esposa, narrou para Andressa tudo o que sabia sobre a vida da sargento.
-- Ai meu anjo que pena sinto dela! – Mas ela nem faz ideia de nada sobre o pai?
-- Nada meu amor, nada! – E eu prometi ajudá-la, porque imagino o que é crescer assim. Espero que você não tenha ficado com ciúmes! – Por isso a convidei ela e a mãe para o almoço na casa do meu pai no domingo. Pretendo saber mais coisas sobre a vida da sargento.
-- Não se preocupe amor eu vou te ajudar também e logo resolveremos essa situação. Mas porque você não conversa com o seu cunhado Samir?
Márcia olhou para a esposa que estava totalmente nua e respondeu:
-- Sabe que você tem razão minha primeira dama. O Samir conhece gente prá caramba e ele foi criado na Mooca também, o pai dele era mascate e vendia roupas de porta em porta. A minha mãe mesma comprava muitas roupa do velho Salim e foi assim que a Thesca conheceu aquele libanês safado. Vou conversar com ele domingo lá na casa do meu pai.
-- Isso amor, quem sabe conseguiremos dar um pouco de paz para essa menina!
O resto da semana foi uma correria para a coronel. Ela já estava com algumas provas e relatórios na mão que mostravam as macacutaias do capitão Esdras. Por enquanto o major Nunes ainda não estava na lista, porém, ainda continuava suspenso e o IPM sobre a morte do soldado Magno ainda estava seguindo em sigilo absoluto. Na falta do major, era o capitão Nogueira que o substituía temporariamente, mas a coronel estava sempre de olho no agora subcomandante temporário.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
O domingo chegou e com ele veio um começo de outono não muito quente. Andressa arrumou os filhos e levou roupas de frio para o caso do tempo resolver mudar. O coronel Raimundo e dona Severina haviam ido no sábado para a casa dos pais de Márcia e Antônia quis ir junto com os padrinhos, pois os avós faziam todos os seus gostos, mas sempre de olho para não transformar a menina em uma patricinha. Isso era uma das coisas que a coronel Mantovanni não admitia em casa MAURICINHOS E PATRICINHAS.
Logo todos já estavam na casa do coronel Giuseppe e também não demorou muito para a sargento Meire chegar junto com a mãe e a avó. Foi dona Carlota que recebeu as visitas na porta.
-- Bom dia senhora e desculpe incomodar, mas aqui é a casa do coronel Giuseppe Mantovanni?
-- Sim minha filha e você deve ser a Meire, secretária da coronel Mantovanni?
-- Sim senhora e essas são minha mãe Maira e minha avó Damiana.
-- Por favor, entrem e se acomodem que eu vou chamar a Márcia!
Quando as três mulheres chegaram na sala o coronel veio recebê-las e as apresentou para os demais presentes. A major Deise já conhecia a sargento e logo foi dar-lhe um abraço. Logo depois Márcia veio e cumprimentou a sargento e as duas outras que a acompanhavam. No começo ambas ficaram meio sem jeito, mas depois a conversa degringolou. Francesca a irmã mais velha de Márcia observou que a moça lhe parecia familiar e comentou com Gênova a irmã caçula que ao observar a sargento falou:
-- Tchesca, realmente ela parece familiar, mas acho que isso somente coincidência.
Marieta e Marcelo estavam conversando e a irmã de Márcia perguntou:
-- O que vocês duas estão olhando Tchesca?
-- Aquela moça que é secretária da nossa irmã não lhe parece familiar?
Marieta olhou a moça e disse para as duas irmãs:
-- Assim à primeira vista me é complicado, mas acho que vocês duas estão variando. Deve ser o vinho, pois nem Márcia que é astuta igual a uma raposa percebeu nada! – Mas vamos aguardar e ver o que acontece.
Todos estavam na sala reunidos e as crianças como sempre formaram seu grupinho. Celina era quem dava as ordens e com isso todos se divertiam com a menina. Foi Tavares que falou:
-- Olha Marcinha, não é porque a Celina é minha afilhada, mas ela incorporou o gênio da Andressa. É igualzinha a mãe, coitada de você amiga, duas Andressas? – Estás fodida!
-- E eu não sei compadre, a Celina e o Nicola são iguais. Por isso sempre estão se estranhando e você sabe que ela já chegou a colocá-lo de castigo?
-- O que? – Você está brincando!
-- Não estou não. Ela só não consegue dobrar o André. Porque ele é meio parecido comigo e a Antônia é aliada incondicional da irmã. Mas eu acho bom assim pelo menos existirá respeito um com o outro.
-- Em casa as minhas filhas fazem o Cláudio de gato e sapato! Disse a coronel Monteiro entrando na conversa.
-- Mas o Cláudio é tão rigoroso!
-- É nada, elas deitam e rolam e por serem mulher e ele não brigar ou bater nelas, o coitadinho sofre na mão das duas. Mas eu já disse que vou colocá-las de castigo e a coisa vai começar a mudar.
-- E a Solange o que acha disso?
-- Ela também concorda com a minha ideia e lá em casa quem apita sou eu. Ao contrário de alguns, não é Marcinha!
-- Tá bom, você venceu amiga. Aqui quem apita é a sua comadre dona Andressa, mas sempre fazemos as coisas em conjunto.
-- Ainda bem que o meu Tales não tem esses problemas, não é príncipe di papai! Falou Tavares que estava com o filho no colo.
Márcia pediu licença aos amigos e foi juntamente com Andressa mostrar a casa do pai. Quando entraram na sala onde haviam as fotos da família Mantovanni, a moça ficou parada olhando para uma certa foto. Andressa percebeu que ela começou a ficar pálida e a levou até o sofá que existia na sala e a coronel perguntou:
-- Andressa o que houve com ela? – Meire você está bem?
A moça olhou para a foto e apontando disse:
-- Aquela foto, aquele homem!!!
-- O que tem a foto, qual foto? – Do que você está falando? Perguntava a coronel que não estava entendendo nada e isso chamou a atenção dos presentes. Dona Carlota foi buscar um copo com água e açúcar para dar à moça.
-- Aquele homem coronel de camisa azul que está na foto à frente quem é ele?
A coronel foi até a estante e pegou a foto. Voltou e mostrando para a moça disse:
-- Meire esse é o meu irmão Nicola que faleceu há seis anos.
A moça pegou a foto nas mãos e depois de beijá-la disse:
-- Não pode ser seu irmão coronel!
-- Como assim não pode ser meu irmão? – O que você sabe dele? Perguntou fazendo todos ficarem atônitos.
A moça olhou para todos e depois disse:
-- Esse homem era o meu pai!
Todos ficaram boquiabertos com a revelação da sargento.
-- O que? – Ele é seu pai?
-- Sim coronel Giuseppe, esse era o meu pai. Por isso que ele desapareceu!
-- E você pode provar isso, disse a viúva de Nicola que já ficou nervosa e irritadíssima com a revelação.
-- Posso sim senhora, aqui estão duas provas!
Meire retirou uma medalha de San Genaro e uma foto que trazia em sua carteira e a surpresa foi maior quando Genaro viu a medalha.
-- Mas essa medalha! – Essa medalha era da nona Marieta! – Ela deu para o Nicola quando ele tinha seis anos, eu me lembro bem desse dia. Inclusive você Márcia ficou com o bico lá embaixo quando ela fez isso. E essa foto que ela tem do Nicola, foi tirada no Parque da Luz há alguns anos atrás.
A coronel pensou e se lembrou da medalha e disse:
-- Eu me lembro sim Genaro, eu fiquei muito chateada com a nona Marieta quando ela fez isso. Mas da foto eu já não lembro.
-- Claro que você não se lembra. Você e essa maluca da Cláudia estavam em Israel fazendo um curso na polícia israelense. Foi nessa época que eu e o Nicola tiramos a foto!
Silvana que era a cunhada da coronel disse:
-- Isso ai só pode ser invenção. Essa ai, junto com essas duas, devem estar tentando dar o golpe do baú e vocês ficam acreditando. Deve ser uma pistoleira igual a mãe!
-- Cale-se Silvana ou eu te ponho daqui para fora! Falou Márcia.
-- A casa é do seu pai e não sua. Portanto, “cunhada querida” você não apita nada aqui!
-- Mas eu apito e se continuar ponho para fora! – E tem mais, se essa moça for mesmo a minha neta, ela tem tanto direito como qualquer outro que tenha o sangue dos Mantovanni. Portanto, não quero mais ouvir essas coisas desagradáveis em minha casa!
-- Mas coronel Giuseppe!
-- Eu já falei Silvana, eu não quero essa falta de respeito e esses palavreados em minha casa!
Meire levantou-se e chamando a mãe e a avó disse:
-- Vamos embora, já causamos brigas demais por aqui. Desculpe coronel Mantovanni, amanhã vejo a senhora no quartel.
-- Nada disso, vocês vão ficar e almoçar com a gente e quem não estiver satisfeito a porta da rua é a serventia da casa.
-- Vamos todos para a mesa porque um belo macarrão e um churrasco completo está esperando todos nós! Falou o pequeno Giuseppe que somente observava a conversa da irmã com a sargento.
O almoço transcorreu normalmente e depois de perguntarem, Meire contou a história que a coronel já conhecia. O coronel ficou besta de saber o que o filho havia aprontado e agora achava que a moça tinha o direito de receber o sobrenome Mantovanni.
Quando estavam indo embora, Meire disse ao coronel:
-- Coronel Giuseppe, se o senhor quiser fazer o teste de DNA, por mim está bem!
-- Faremos isso durante essa semana, mas creio que nem precisa!
-- Mas eu faço questão, porque eu quero esfregar isso na cara de alguém aqui presente! – Boa noite a todos e obrigada dona Carlota pelo almoço.
-- Vão em paz e que o senhor as acompanhe!
Logo depois todos foram embora e ao chegarem em casa Andressa falou:
-- Amor eu estou besta até agora! – Então a sargento Meire é sua sobrinha!
-- Imagine você para mim a surpresa que não foi. Eu estava o tempo todo querendo saber quem era o pai da Meire e descubro que ele era o Nicola! – Que mundo pequeno é esse. Mas agora, vamos dormir porque os nossos amores já estão limpos, alimentados e dormindo tranquilamente.
-- Mas antes meu anjo, eu quero fazer muito amor com você até me cansar.
-- Então vem minha primeira dama que eu estou com água na boca e louca para te possuir. A nossa noite ainda é uma criança.
Fim do capítulo
Depois do desentendimento edo chacoalhão da mãe, Andressa viu o quanto errara. E quanto á coronel, agora é provar que Meire é sua sobrinha e enfiaro resultado do DNA na goela de Silvana. Vamos esperar e ver o que acontece.
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]