Olá meus queridos. Como vocês estão? Espero que bem.
Temos novidades? Sim! Vamos às novidades...
Segundo, todo mundo notou que a maluca da autora anda mais afastada que antes, os motivos de sempre como stress e cansaço, masssss dessa vez tem algo que requer minha atenção em especial, no caso estou pretendendo transformar "Fios do Destino" em uma original. Sempre foi um sonho conseguir publicar alguma coisa e mesmo sendo algo mais pessoal do que comercial vai tomar meu tempo, sanidade e os meus troquinhos também kkkkk... Esses meus atrasos estou tentando compensar com capítulos maiores.
Vou continuar com a Fic? Com certeza! Mas isso também indica que praticamente terei que escrever tudo do zero para deixar a original menos parecida possível com o universo do tio Rick, o que vai ser pedreira. Mas já decidi que ainda esse ano vai sair à primeira parte... Claro que vai depender de algumas coisas como encontrar um revisor decente, pois eu sou lesada demais, cuidar do registro direitinho - como bibliotecária é minha obrigação kkkk - para quem tiver interesse vou mantendo vocês informados durante o ano, vai ser apenas uma versão e-book, mas farei o possível para trazer coisas novas e um conteúdo com mais qualidade, provavelmente vou ter que dividir em umas duas ou três partes, mas pensarei melhor e com calma quando concluir a spin-off e a partir daí escrever um roteiro só para ela.
É isso! Boa leitura a todos!
Caminhos
Mais uma vez a garota foi ao chão e mais uma vez ela reuniu as forças que ainda lhe restavam para erguer-se; suas pernas estavam trêmulas, seu corpo dolorido, mas aprendera muito rápido que deveria estar de pé mesmo que seu corpo não estivesse mais suportando ou respondendo de forma eficiente, ela não era fraca e não havia tempo para se lamuriar. Apoiou as mãos nos joelhos por alguns instantes, a respiração pesando devido o esforço contínuo; os olhos azuis intensos estavam vendados, mal se acostumara com os treinos de batalha e sua tutora já lhe submetera a um tipo mais intenso de treinamento, não apenas físico, mas que ampliasse ainda mais seu lado sensitivo... Facilmente conseguia reproduzir a feição impassível de Harmonia em sua mente.
Silena adotou novamente a postura defensiva ao escutar o som característico do chicote, aquele era o sinal de que deveria se concentrar, ou ela iria ao chão mais uma vez. Seus pés se moveram rapidamente, por mais que não tivesse sido criada como uma guerreira como naturalmente seria para Annabeth ou Perseu, estava aprendendo nesse curto tempo sobre a tutela da deusa menor como se defender quando fosse necessário.
Desviou-se por pouco de mais três golpes seguidos, um som peculiar lhe indicara que Harmonia trocara de posição; antes ela conseguia perceber pequenos detalhes apenas por pura intuição ou instinto de proteção, mas agora tanto o som emitido pelos passos e do chicote como a intensidade do perfume lhe serviam como indicação de posicionamento... Quanto mais próximas estivesse mais chances teria para contra-atacar.
-Mais rápido! - instigou-lhe, mesmo sabendo que sua voz facilitaria a orientação da garota.
Silena sentiu o chicote raspar em seu braço e a sensação dos espinhos em sua pele era a mesma que qualquer ser humano ou não humano experimentava, não era nada agradável... Travou os dentes, por mais que não fosse a primeira vez que aquilo acontecia os efeitos lhe causava calafrios pela espinha dorsal, afastou os pensamentos, a dor deveria ser superada, forçou mais suas pernas e fez algo que nem mesmo a deusa esperaria, segurou no chicote e o puxou, sabendo que tal ato lhe machucaria ainda mais, cerrou os dedos em punho e desferiu um golpe às cegas, porém preciso o suficiente. Harmonia desviou-se a tempo de sair intacta da investida deixando que a semideusa cambaleasse ao passar por ela.
Ela poderia ter contra golpeado, mas a filha mais velha de Afrodite e Ares apenas observou a semideusa cair de joelhos, sabendo que ela não levantaria outra vez, pelo menos não para tornar a lhe atacar. Harmonia havia desenvolvido cuidadosamente a sua própria arma, os espinhos presentes em toda a extensão do chicote possuía um veneno que paralisava aos poucos o inimigo e o cheiro de rosas que exalava entorpecida à longo prazo.
-Minha senhora... - a voz da jovem sacerdotisa que às acompanhava era temerosa com a situação por mais que ela soubesse que Silena não era uma simples mortal. - ela já atingiu o seu limite, forçá-la a esse ponto é perigoso.
A deusa direcionou-lhe o olhar com o semblante ainda atipicamente severo, como se soubesse muito bem o que estava fazendo, a jovem encolheu um pouco os ombros e baixou a cabeça, estava mais acostumada com a feição gentil e os sorrisos diários àquela postura mais rígida. Sentiu o toque leve em seus cabelos, os olhos inocentes encontraram os da deusa com receio, contudo estavam novamente gentis como os conhecera.
Sabia que aquela preocupação por parte da sacerdotisa era um dos efeitos que sua irmã mais nova induzia nas pessoas - mesmo que não fosse propositalmente -, a semideusa poderia ser amada de forma natural por terceiros, mas tinha ciência que apesar de ter apenas treze anos, ela arrancava suspiros com a sua beleza sem igual, não havia um homem ou mulher que não lhe arriscasse o mais singelo dos olhares em admiração. Silena poderia apenas se resguardar no templo de Afrodite pelo tempo necessário e assim desenvolver seus dons sempre tão elogiados por terceiros, mas aquela escolha peculiar fora feita por sua protegida, quando fosse necessário queria ser plenamente capaz de se defender sozinha.
Seus pensamentos sempre estavam em Annabeth e Percy, com certeza também se esforçando diariamente para conseguir alcançar o seu melhor e ela não poderia simplesmente ser considerada como um peso morto. Também havia Clarisse, já se passaram cinco anos desde a última vez que se viram, em suas orações ela sempre dedicava um tempo para a espartana, que sua mãe lhe protegesse no período de treinamento tão mais rigoroso e cruel que o seu... Ela seria forte, ela veria novamente aquela garota encrenqueira de sorriso convencido.
Em algum outro momento a sacerdotisa teria displicentemente se aproximado, mas bem sabia que não poderia, era perigoso demais para si. Silena era uma semideusa, aguentava até certo ponto, mas caso o veneno presente nos pequenos cortes em aberto entrasse em contato com a sua corrente sanguínea de algum mortal ele provavelmente morreria. Harmonia recolheu o chicote, o mesmo transformou-se novamente em uma rosa aparentemente inofensiva, abaixou-se ao lado da irmã e lhe acolheu em seus braços.
-Seja forte... - retirou de sua cintura um pequeno frasco, dando algumas gotas do líquido de coloração púrpura para a semideusa. - você foi muito bem hoje.
Os pequenos cortes se fecharam aos poucos e os belos olhos azuis abriram-se novamente, a sacerdotisa aproximou-se, sabia que não precisava ter receio agora, limpou-lhe o rosto cuidadosamente e secou a camada fria de suor, era o antídoto fazendo seu efeito. A semideusa se condicionara a passar por um treinamento severo com a sua irmã e isso significava que seu corpo teria de se adaptar às substâncias manipuladas por Afrodite e Harmonia.
-Estou bem... - murmurou ainda amparada nos braços da deusa.
Tentou colocar-se de pé, mas as forças ainda lhe faltavam, sempre acontecia quando era atingida pelos espinhos venenosos, o que lhe dava algum conforto era saber que em algum momento ela seria imune.
-Minha senhora... - a atenção das três se voltou para mais uma das jovens sacerdotisas. - precisamos de sua consultoria.
-Ela não está em condições agora. - comentou Harmonia incerta do estado da semideusa, talvez ela tivesse lhe forçado mais do que deveria.
-Eu vou... - Silena colocou-se sobre os próprios pés, poderia estar cansada, mas ela não recusava ajuda aos necessitados que recorriam ao templo.
Harmonia poderia ter contestado tal decisão, afinal a garota ainda estava sobre suas ordens, entretanto bem sabia que a semideusa poderia ser insistente até demais quando queria algo... Parte de sua teimosia com certeza se devia aos mimos exagerados que recebia de Temístocles e os demais que a cercaram na infância.
Direcionaram-se silenciosamente pelas dependências do local, o templo era um dos que se localizava fora do Partenon, próximo a Ágora de Atenas e a imponente construção dedicada ao deus da metalurgia, Hefesto. O templo da deusa do amor era um local suntuoso apesar de não ser a maior das construções ali presentes, era mantido por seus devotos, mas principalmente por famílias abastadas que enviavam suas filhas para serem instruídas.
Era comum que erroneamente associassem Afrodite apenas aos prazeres físicos devido à fama de seu mais conhecido templo que se localizava em Corinto; contudo naquele espaço havia alas específicas para a diversidade de seus epítetos, afinal a Olimpiana também era símbolo de maternidade, fertilidade e amor de forma plena, além é claro, de sex* e prazer. Garotas resguardavam sua pureza junto à deusa enquanto aprendiam tecelagem dentre outras atividades que às tornariam boas esposas e mães; noivas se preparavam para os seus casamentos; homens e mulheres procuravam por aconselhamentos matrimoniais, dentre outras atividades.
Após deixarem a área que Harmonia reservara para o treinamento e estudos da jovem semideusa e atravessarem o pátio central, adentraram o pequeno recinto onde aqueles que necessitavam de algum tipo de ajuda aguardavam pelo processo de triagem e assim seriam designados para outros pontos do templo.
-São eles... - indicou a sacerdotisa com um leve movimento de cabeça.
Silena aproximou-se de um trio que estava mais ao canto, tinham vestes simples, aparentavam cansaço e carregavam uma expressão de desespero. Harmonia estava em seu encalço, ela poderia ser filha de Afrodite, ser bondosa e confortar aqueles ao seu lado, mas ainda era filha de Ares e como tal também possuía desconfiança.
A mulher que estava em pé precipitou-se na direção da recém-chegada, ajoelhando-se aos seus pés e tocando suas mãos com o maior respeito que poderia designar-lhe. Harmonia colocou-se entre as duas, seus olhos castanhos analisando a desconhecida, entretanto Silena tocou-lhe a mão, como se não fosse uma atitude necessária para o momento, principalmente tratando-se de alguém com tamanho desespero em seu olhar.
-Quando adentrar na morada da deusa que cheira a rosas, você deve ser puro. - lembrou sua irmã das inscrições entalhadas no templo de Afrodite Urânia, a versão mais pura da Olimpiana. - e o pensamento é puro quando se pensa com piedade.
Sua guardiã não disse nada, apenas deu um passo atrás para que a menina seguisse com aquilo que aprendera a fazer de melhor, confortar corações dilacerados e assim trazer-lhes alguma paz novamente. Ela abaixou-se e tocou as mãos da mulher que não deveria ter mais do que vinte e cinco anos, entretanto carregava marcas de uma vida que lhe garantiram alguns anos a mais na alma.
-Minha senhora, por favor, ajude minha irmã... - pediu da forma mais educada que alguém em sua situação poderia, não queria perder a única oportunidade que lhe restava. - viemos de Delfos, os sacerdotes nos encaminharam até os seus cuidados, disseram que somente aqui teríamos respostas.
Silena levantou-se, ajudando a desconhecida no processo, ambas direcionaram a atenção para uma mulher de aparência mais jovem, era bonita, mas carregava um olhar perdido, como se sua alma já tivesse sido conduzida por Hermes até os domínios profundos de Hades. Provavelmente fora trazida pela que se pronunciara e o homem que às acompanhava deveria ser algum desconhecido compadecido pela situação ou enviado de algum sacerdote de Delfos.
-Ela definhou aos poucos, não possuímos muitos bens, mas todos que tentaram ajudar não conseguiram descobrir o que aconteceu com ela. - explicou a mulher enquanto observava a jovem segurar a mão de sua irmã e em seguida segurar-lhe o rosto para manter algum contato visual.
-Entendo... - falou para si fazendo um leve movimento com a cabeça. - Dione, prepare o banho, precisamos purificá-la antes de começar o ritual de cura. - a jovem de cabelos cor de fogo sorriu e colocou-se a postos, precisaria de mais duas para o procedimento. - Ísis... Traga água, vinho e comida para os viajantes. - a sacerdotisa que acompanhava anteriormente o seu treino dirigiu-se rapidamente para outro cômodo. - você poderá permanecer no templo durante o período que necessitar, descanse e mantenha seu coração tranquilo... Faremos o que for preciso. - sorriu de forma confortadora.
A mulher segurou novamente em suas mãos, sentindo que um peso terrível havia deixado seus ombros já cansados. Derramou sobre a pele macia algumas poucas lágrimas que ainda lhe restavam e fez uma prece muda antes de ser guiada por outra jovem.
-Harmonia... - a mulher de olhos castanhos lhe direcionou a atenção. - poderia guiar este senhor após a sua refeição? - a mais velha ergueu lentamente a sobrancelha, mas Silena tratou de continuar rapidamente. - Temístocles tem seu tempo requisitado pelos demais, se acompanhá-lo poderia dizer em meu nome que o hospedasse até seguir viagem novamente... Sabes bem que ele não pode ficar no templo, principalmente se não está acometido por algum mal.
Sabia que sua irmã não era do tipo que gostava de ordens, provavelmente nenhum deus gostava, principalmente vinda de alguém abaixo de sua estipe, entretanto Harmonia era mais maleável que a maioria dos deuses, tinha o coração bondoso e não se recusaria a ajudar o pobre homem que estivera ali sem ganhar nada em troca; acima de qualquer coisa a hospitalidade era algo piamente respeitada por divindades e gregos.
As sacerdotisas locomoveram o corpo da jovem para uma ala próxima dos jardins, ali elas trocariam as vestes simples e puídas após lhe banharem com pétalas de rosas e manjericão. Harmonia tinha pendências a cumprir, principalmente a designada pela semideusa e assim Silena seguiu para a última ala, era necessário que fosse mais afastada para que os peregrinos repousassem de forma tranquila e profunda após suas intercessões para com sua patrona.
O cheiro de incenso de jasmim logo preencheu o ambiente, no altar dedicado a deusa havia uma réplica da imagem do jardim em tamanho reduzido, as mais belas conchas que Perseu fazia questão de trazer-lhe sempre que saia desbravando os mares, bolos de mel e figo, tudo deveria estar milimetricamente posicionado, por último acendeu as velas brancas.
As sacerdotisas adentraram com a jovem enferma, agora devidamente preparada para os cuidados que se seguiriam, normalmente Harmonia lhe acompanharia nos passos seguintes, mas já estava apta para prosseguir sozinha, pois havia designado outra tarefa para a deusa. Silenciosamente as sacerdotisas repousaram o corpo sobre as mantas confortáveis e de coloração clara, apoiando-lhe da melhor forma possível com algumas almofadas... Não trocaram uma palavra sequer com Silena, a semideusa estava concentrada em suas orações, após ter preparado o altar. Ao serem deixadas sozinhas e concluir os cantos ritualísticos à deusa do amor, ela deixou seu posto e ajoelhou-se sobre as mantas, aproximando-se da desconhecida.
-Sei que podes me escutar... - sua voz saía calma enquanto suas mãos envolviam a da jovem mulher juntamente com o pingente de turmalina que Clarisse lhe presenteara ainda quando eram crianças. - preciso que mentalize momentos felizes em sua vida, por mais que seja difícil, isso lhe ajudará a encontrar o caminho dos vivos mais uma vez.
Silena sabia que ela não responderia, mesmo assim tinha de arriscar, sua voz teria algum poder de indução sobre a mortal e esse era o fio de esperança ao qual se atara; caberia à força de vontade da mesma e também a benevolência de sua mãe para atender ao seu pedido.
~***~
Os jovens semideuses encontravam-se em uma acirrada disputa pelas dependências onde realizavam seus treinos particulares. Normalmente eles executariam suas atividades no ginásio já comumente frequentado por ambos, contudo procuravam manter-se fora do foco de olhares astutos e curiosos a pedido de Temístocles. O general bem sabia que tais atenções pendiam como uma balança, quanto mais virtuosos se tornavam aos olhos dos demais, mas perigoso se mostrava o caminho a ser traçado.
Por mais que se dividisse entre os seus três protegidos em termos de preocupação, Silena estava sobre a tutela de sua irmã Harmonia e a deusa disfarçada de uma das sacerdotisas de Afrodite executava com maestria o seu papel como guardiã. Contudo em poucas primaveras Annabeth deixaria completamente seus traços infantis e se isso não fosse motivo o suficiente para atrair mais atenção - principalmente de futuros pretendentes - ela era filha de Athena e tal qual sua mãe, possuía pulso firme em suas decisões políticas e ele sabia muito bem o que a elite ateniense pensava sobre mulheres exercendo algum poder sobre a máscara democrata, mesmo que esta fosse uma semideusa.
Perseu também se desenvolvia com maestria e não apenas empunhando uma espada; era gentil, prestativo, adorava colecionar peripécias, inimizades entre rapazes mais velhos e de narizes empinados, ainda fugia de suas aulas entediantes, mas as suportava, pois sabia bem que em breve estaria vagando pelos territórios de Poseidon e além. Seus dons para navegação e as afinidades ligadas à esfera de poder de seu pai divino eram de grande valia para a pólis, ajudava comerciantes, pescadores de zonas menos favorecidas e fora da proteção duvidosa dos muros de Atenas, e também em algumas trans*ções quando Temístocles o levava até portos de aliados que necessitavam de proteção militar e afins... O terror persa vinha se alastrando pelas regiões menores e cabia ao centro político da Ática manter as mentes mais frágeis sob algum controle.
-Acha que vão insistir na busca de algum pretendente pra você? - comentou o jovem em tom divertido, mesmo que a espada de Annabeth tivesse passado a poucos centímetros de seu nariz bronzeado.
Annabeth não falou absolutamente nada, concentrou-se em bloquear o contragolpe que o semideus empregara logo em seguida, o tilintar do choque entre as espadas era a composição musical do dia e nem mesmo as provocações de Perseu lhe tirariam a pouca paz que ainda lhe restava. A filha de Athena não era exatamente a pessoa mais fácil de irritar, mas as últimas semanas não foram das mais amenas para ela... Tudo parecia um complô para lhe testar. Os estudos com os mentores estavam cada vez mais complexos, poderia ter pouca idade, mas sua presença sempre era solicitada em votações na Pnyx ou no buleutério; treze anos e ela tinha de lidar com a desconfiança de homens com mais que o triplo de sua idade, com ideias em sua maioria ainda retrógradas, mas disfarçadas para manterem suas posições de privilégio e ainda havia as reuniões estratégicas.
-Estarei longe daqui quando qualquer um desses cérebros diminutos mencionarem novamente qualquer ideia absurda... - rangeu a garota se lançando de forma furiosa contra o seu parceiro. Nada contra o rapaz de sorriso fácil e olhos verdes, mas ninguém lhe obrigaria a nada, muito menos na pólis onde sua mãe regia como autoridade maior. Athena era respeitada e amada por todo o povo Heleno e tal devoção só era sobreposta pelo soberano do Olimpo, Zeus.
Annabeth sempre se mostrara superior em tudo o que fazia e aquela corja de serpentes jamais lhe domaria com um casamento arranjado, mesmo que nos anos seguintes Temístocles fosse cada vez mais pressionado para acordos políticos e territoriais e isso os levava até o ponto ao qual concentrava sua atenção desde que conversara seriamente com o seu tutor.
-Minha senhora... - a voz do servo saiu levemente incerta de sua interrupção, bem sabia que ambos eram guerreiros bem treinados, mesmo assim Línus ainda não se acostumara com aqueles que viu crescer empunhando armas perigosas; um momento de descontração e alguém ali poderia sair gravemente ferido. - o general requisita a sua presença.
-Obrigada, irei imediatamente. - anunciou a semideusa com a lâmina a poucos centímetros da garganta de Percy que tentava se equilibrar na ponta do pé.
Foi acompanhada por seus dois fiéis escudeiros, mesmo que ambos não fossem permanecer na sala para a reunião particular. Annabeth adentrou o local sem receio, afinal era comum que ela e seu tutor se reunissem para analisarem as demandas da pólis e as alianças, Atenas só atingira a grandeza atual graças a todos os acordos sólidos e vantajosos. Temístocles lhe aguardava de pé, parecia ansioso ao tamborilar discretamente os dedos sobre o tampo da mesa bem trabalhada, apesar de tentar transparecer tranquilidade, entretanto não era para menos... Ao seu lado havia uma garota de aproximadamente treze ou quatorze anos, os cabelos castanho-avermelhados lhe caíam até o meio das costas e seus olhos em tom amarelo-prateados lhe pareciam guardar mais segredos que sua aparente idade, era acompanhada por uma garota um pouco mais velha, seus cabelos eram curtos e revoltos como os de seu amigo Perseu, tinha uma beleza diferente da que estava acostumada e seus olhos eram de um azul muito intenso.
-Annabeth... - seu tutor se pronunciou assim que ela repousou ao centro do recinto em sua postura sempre impecável, os olhares todos voltados para a semideusa. - esta é...
-Ártemis... - sussurrou a garota em um misto de respeito e surpresa quando seus olhos pousaram sobre a garota de menor porte, era delicada e a primeira vista inofensiva, mas possuía uma aura poderosa.
-Sim criança... - a deusa lhe sorriu gentilmente, confirmando com um breve aceno ao escutar o seu nome. - e esta é a minha tenente, Thalia.
A garota de olhos azuis fez um breve movimento com a cabeça, porém o sorriso em seus lábios era de origem mais sútil que os de sua senhora, Annabeth também sentia que a tenente era diferente, não apenas por sua posição de destaque, mas diferente como ela, uma semideusa.
-Creio que sabes os motivos de minha presença aqui, filha de Athena. - pontuou a pequena deusa em tom tranquilo.
-Sim, minha senhora. - respondeu prontamente. - agradeço por ter atendido a solicitação de minha mãe por intermédio do general. Saiba que para mim é uma honraria inigualável ser digna de me juntar às caçadoras.
-Tenho apreço por minha irmã, não negaria qualquer pedido vindo de Athena. - a deusa aproximou-se com o olhar astuto, o sorriso ainda brincando nos lábios joviais. - tampouco possuo dúvidas sobre sua índole jovem ateniense... Sua fama já lhe precede.
Afastar-se de Annabeth era uma decisão difícil e pesarosa para o general, afinal dos três semideuses a filha de sua senhora era a mais apegada e com a personalidade mais próxima da sua. Contudo Temístocles não tinha dúvidas que entregar-lhe para a Olimpiana seria o melhor a se fazer, Annabeth era sagaz em batalha, mas com Ártemis ela se desenvolveria muito mais e juntamente com as caçadoras viria o juramento de castidade, algo que nenhum dos magistrados poderia contestar pelos anos conseguintes.
-Seus votos lhe tornaram uma de nós, somos uma família, lutamos por nossos valores e protegemos umas às outras... Saiba que não lhe trataremos com regalias ou privilégios. - salientou a garota mais alta, chamando a atenção dos olhos cinzentos e também os de sua senhora.
-Nem eu desejo qualquer tratamento diferenciado, tenente. - a loira encurtou ainda mais a distância entre ela e a garota mais velha. - posso ser filha de uma deusa, mas carrego o peso do nome de minha mãe e como tal devo honrá-la com responsabilidade e sabedoria em todas as minhas decisões.
Thalia estreitou o olhar, quase como a deusa da caça fizera há poucos instantes, o pequeno sorriso voltou aos seus lábios, talvez o porte sério e as respostas diretas tivessem agradado a caçadora, mas Annabeth não a conhecia o suficiente para tornar concretas suas suposições.
-Tome o seu tempo e separe o que lhe for necessário criança... Estaremos a sua espera. - comunicou a Olimpiana em tom de aprovação.
-Sim, senhora. - confirmou antes de lhe ser concedida permissão para retirar-se.
***
Annabeth não precisou de muito, na verdade ela já tinha separado previamente o que seria necessário para a sua nova jornada. Era bem criada, não poderia negar, mas nunca fora alguém apegada a futilidades, logo separara apenas o que realmente lhe fosse de alguma valia para o período que passaria no acampamento das caçadoras.
Quando seguiu para o pátio central Percy estava a sua espera bem como Temístocles, a jovem deusa e a tenente aguardavam em uma carruagem prateada magnífica, presa a corsas igualmente inimagináveis.
-Parece que terei de cuidar dessa pólis chata e sem graça sozinho. - comentou seu fiel companheiro aproximando-se com o sorriso brincalhão de sempre, mesmo que fosse notória a sua insatisfação para com a separação.
-Mantenha-a de pé cabeça de algas, pelo menos até o meu retorno. - permitiu-se sorrir ao bagunçar os cabelos já naturalmente revoltos do garoto.
O general aproximou-se e se colocou sobre um dos joelhos, tornando a altura entre os dois menos desnivelada. Annabeth foi acolhida em seus braços de imediato e ele aproveitou-se para lhe afagar os fios dourados uma última vez.
-Serás uma mulher já formada quando nos encontrarmos novamente. - comentou olhando nos belos olhos da semideusa, seria falta da beleza e poder que eles emanavam. - tenho orgulho de quem és e obrigado... Por todos os momentos juntos.
A menina não disse nada, apenas apertou um pouco mais ao redor do seu pescoço, como uma criança faz ao sentir-se apreensiva.
-Deves partir agora e assim aproveitarem o manto noturno... - concluiu antes de beijar-lhe carinhosamente a testa e levantar-se. - ele encobrira a saída da deusa com segurança.
Annabeth adotou novamente a sua postura altiva, aquela que lhe diferenciada dos demais mortais, assoviou de uma forma específica e logo Delfos pousou sobre os seus ombros joviais, roçando o bico contra sua bochecha e piando animada... Era o momento de seguir o seu destino, assim como Silena, Clarisse e Percy.
Fim do capítulo
Capítulo mais tranquilo e espero ter suprido a curiosidade que vocês estavam com relação à Silena.
Quem não viu ano passado eu postei uma oneshot de Natal falando sobre o tal rapto maluco que a Clarisse orquestrou para se "casar" com a Annabeth, quem não viu dá uma passadinha que tá fofinha... Em breve teremos cap. de O Convite também e creio que vai ser bem explicativo.
Obrigada a todos que estão acompanhando e comentando até agora, vamos de forças renovadas para mais um ano cheio de aventuras, até breve!
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HelOliveira
Em: 13/02/2021
Cada um seguindo seu destino, agora só aguardar o que vem pela frente..
Gosto de todos, mas senti falta da Clarisse..
Bjos até o proximo
Resposta do autor:
Nossos pequeninos estão crescendo rápido, ah eu também senti kkkk... sempre sinto em capítulos que não tem nossa filha de Ares. Sou muito suspeita quanto a isso.
Mas acabei de postar o próximo e temos nossa semideusa em ação novamente. Um forte abraço e até breve!!!
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