CapÃtulo 57
Entre Lambidas e Mordidas -- Capítulo 57
Do lado de fora do quarto, a cilada estava preparada. Daniela e seus amigos estavam só à espera da oportunidade de apanhar Pedro de surpresa.
-- Estou ouvindo vozes lá dentro. Ele está conversando com alguém -- Daniela encostou-se à parede sem tirar os olhos da porta fechada -- Será que a Yasmin e os gêmeos estão ai dentro? Não podemos colocar eles em perigo.
-- Como saberemos, Dani? -- Vagner ergueu o rosto e olhou-a nos olhos. A expressão no rosto dele demonstrava muita confiança em si mesmo -- Se ele sair desse quarto sozinho, vamos pegá-lo. Talvez não tenhamos outra oportunidade.
Daniela concluiu que Vagner tinha razão. Pedro tinha que estar sozinho para que eles conseguissemcapturá-lo e, ao sair dali, com certeza se juntaria aos seus comparsas e tudo ficaria bem mais difícil.
-- Tá certo, mas vamos tomar cuidado -- disse Daniela, com preocupação.
Daniela pensou que, se o seu pai a visse naquele momento, sentiria orgulho de sua princesa. Estava encarando àquela situação com uma coragem impressionante.
Bianca colocou a cabeça para dentro de um quarto que estava com a porta aberta. Olhou ao redor e notou que não haviam janelas, era assustador. Parecia uma cela de cadeia.
-- Essa casa me causa arrepios -- Bianca fechou a porta e voltou para junto de Daniela -- Como esse cara encontrou esse lugar.
-- Provavelmente a casa é usada por traficantes para se esconderem da polícia antes de atravessarem a fronteira. Guaíra é uma das cidades usada como rota do tráfico no Brasil.
-- Por esse motivo...-- Daniela foi interrompida pelo rangido da porta sendo aberta.
Imediatamente esconderam-se em meio à escuridão e prepararam-se para o ataque.
Era o momento, não tinham como adiar. Vagner ergueu a arma, engatilhou e apontou para Pedro. Então, ele sentiu o cano gelado da pistola contra a sua nuca.
-- Nem tente se mexer, Pedro -- avisou o piloto que apontava a arma -- Não me importarei nenhum pouco em lhe dar um tiro. Para mim não faz diferença se eu o pegar vivo ou morto. Tudo o que queremos é aYasmin e as crianças.
-- Vai me dar um tiro pelas costas? -- gotículas de suor surgiram em sua testa. O segundo filho dos Vargas não era tão corajoso quanto tentava aparentar.
-- Vire-se -- gritou o piloto -- Com as mãos para cima.
Pedro obedeceu e lentamente se virou. Aterrorizado olhou para o homem ameaçador que estava diante dele.
-- Vou matar todos vocês -- grunhiu.
-- Cala a boca, idiota -- Vagner gritou, enquanto Pedro continuava parado como uma estátua, com o cano da arma encostado em sua testa -- Ainda não percebeu que a casa caiu? Não é mais você quem dá as ordens.
-- E quem está dando as ordens agora? -- perguntou, começando a demonstrar uma certa preocupação.
-- Eu dou as ordens agora -- com o rosto oculto pelas sombras, Daniela se aproximou silenciosamente de Pedro -- Onde está a Yasmin e os bebês? -- exclamou, sem afastar os olhos do rosto do irmão nem por um segundo.
-- Já deveria ter imaginado que você estava metida nisso -- fez uma careta e suspirou irritado.
-- Sim, deveria ter imaginado que eu cassaria você até o outro lado do mundo caso fosse preciso. Só um tremendo babaca como você, Pedro, poderia achar que fugiria do país com tanta facilidade. Seu idiota! -- afirmou a caçula, sem disfarçar o seu desprezo pelo meio irmão -- Vou repetir a pergunta: Onde está a Yasmin e os bebês?
Pedro baixou os olhos e pensou por um momento antes de responder:
-- Sigam-me.
-- Espera ai -- disse Bianca, desconfiada -- Eles não estão nesse quarto?
-- Está querendo nos passar a perna, Pedro? -- Vagner pressionou a arma com mais força contra a fronte dele -- Caso esteja, acho melhor pensar duas vezes.
Daniela levou a mão ao rosto de Pedro e apertou com força.
-- O que está planejando, Pedro? Desembucha, logo!
-- Estou apenas protegendo Yasmin e os meus filhos. Tenho dois homens armados na casa, não quer que eles entrem aqui atirando e colocando em risco a vida dos três. Não é mesmo?
A última coisa que Daniela queria era colocar a sua família no meio de um fogo cruzado. Manteria os trêsem segurança, mesmo que tenha que seguir as regras ditadas por Pedro.
-- Tudo bem, vá em frente.
-- Mas Dani... pode ser uma armadilha -- Bianca tentou argumentar, porém Daniela estava inflexível.
-- Nesse caso, Bianca, Vagner será obrigado a usar a sua arma -- ela encarou os olhos azuis tão parecidos com os seus, que a observavam com desprezo.
-- Vai na frente -- Vagner fez um gesto com a cabeça indicando o longo corredor -- Não faça nenhum movimento brusco! Estou avisando -- advertiu.
Gaule estacionou o carro e ficou um instante analisando o casarão. Parecia mais uma fortaleza, pensou.
- Ele escolheu um lugar perfeito para se esconder. Daniela fez um ótimo trabalho de investigação.
-- Minha irmã me surpreende por sua determinação e coragem.
O detetive saiu do carro, fechou a porta, baixou-se e debruçou-se sobre a janela aberta.
-- Você vai ficar aqui no carro. Ouviu mocinha?
Débora balançou a cabeça e acenou para ele com uma das mãos, em um gesto de
despedida. Assim que Gaule virou as costas ela mostrou a língua.
-- Vai esperando!
Pedro caminhou devagar pela escuridão do corredor em direção à luz que vinha da fresta
embaixo da porta, os braços para o alto, os olhos fixos em um ponto adiante. O corredor
parecia interminável.
-- Essa porta vai dar aonde? -- indagou Daniela, dando alguns passos e parando em frente a Pedro.
-- Na sala. Meus homens estão aqui -- respondeu Pedro, virando a cabeça em direção à Daniela. Ainda acreditava em uma reviravolta na situação. Jorge era um capanga experiente. Saberia de que forma agir nesse momento tão adverso -- Posso abrir a porta?
-- Pense bem o que vai fazer, Pedro. Não pensarei duas vezes em atirar -- advertiu novamente Vagner.
Pedro sorriu com ironia e Daniela se irritou.
-- Abre logo essa porcaria -- berrou.
Pedro girou com cuidado a maçaneta da porta e abriu-a. Imediatamente os dois capangas pularam do sofá com as armas em punho.
-- Abaixem as armas -- mandou Pedro -- Eles estão no comando.
Mesmos contrariados, os homens foram abaixando as armas lentamente.
-- Agora com calma, coloquem elas no chão e chutem para perto de mim -- pediu Daniela, sem tirar os olhos dos dois.
Jorge fez um gesto para o seu comparsa e ambos fizeram o que Daniela mandara.
-- O que faremos agora, Dani? -- perguntou Bianca, enquanto pegava as armas do chão.
-- Lembra-se do quarto sem janelas? É para lá que vamos levar esses pilantras e deixá-los trancados até a polícia chegar.
Pedro olhou do alto para ela, com uma expressão fechada e o olhar cheio de ódio.
-- Não pense que será tão fácil assim, sua bastarda.
-- Você vai apodrecer na cadeia, Pedro Vargas. Vai pagar por todos os crimes cometidos no passado e no presente -- Daniela falou confiante de que enfim, a justiça seria feita.
-- Um Vargas nunca irá para a cadeia.
Todos pararam no mesmo instante ao reconhecerem a voz de Anita. Surpresos com a presença tão improvável daquela mulher, olharam na direção de onde vinha a voz e ficaram chocados.
A senhora de gelo segurava uma arma com as duas mãos. Ela engatilhou a pistola, apontou-a para Daniela e gritou irada:
-- Você é a maldita que destruiu a nossa vida! Eu te odeio!
Em uma fração de segundos, Anita disparou uma série de tiros de sua pistola. Vagner fez o mesmo com a sua arma, os dois dispararam ao mesmo tempo e nenhum dos dois errou o alvo.
-- Mamãe! -- gritou naquele momento Pedro.
Todos na sala se viram em meio ao fogo cruzado. Bianca que estava próxima a porta, saiu correndo pelo corredor até uma série de cômodos. Abrindo porta por porta, procurou desesperadamente por Yasmin e os bebês.
Anita cambaleou para frente e lentamente tombou ao chão, num baque surdo.
-- Mãe! -- Pedro gritou desesperado.
Vagner foi atingido no ombro direito e sua arma caiu longe. Tentou usar a mão esquerda para pegá-lanovamente, mas um dos capangas de Pedro se jogou sobre ele. Gem*u de dor, mas não desistiu de lutar na tentativa de reaver a sua pistola. Atingiu o bandido com um soco certeiro. O sangue começou a espirrar do nariz dele e a escorrer pelo rosto. O maldito ainda encontrou forças para conseguiu dobrar o joelho e atingi-lo nas costelas. Vagner caiu para o lado quase sem ar. O golpe foi forte, mas não o suficiente para nocauteá-lo. Com agilidade e eficiência, Vagner rolou de lado e ficou sobre o quadril do marginal, desferindo diversos socos. O piloto só parou quando teve certeza de que o homem estava desacordado e não causaria mais problemas.
-- Vamos chefe! -- Jorge agarrou o braço de Pedro.
-- Minha mãe, temos que ajudá-la - tentou se desvencilhar das mãos de Jorge, mas não conseguiu.
-- Ela está morta, Chefe. Não temos mais nada o que fazer aqui.
Pedro olhou para a mãe, o sangue dela formava uma imensa poça no chão. O semblante de Pedro não mostrava, sua postura se mantinha igual, mas atrás de seus olhos azuis percebia-se o desespero.
-- Vamos fugir enquanto ainda podemos -- berrou Jorge -- Daqui a pouco isso aqui estará entupido de policiais.
Pedro olhou para Daniela e sorriu ironicamente.
-- Seu pai e sua mãe esperam por você no inferno -- e antes de sair do casarão, olhou para Anita pela última vez -- Você tinha razão, mãe. Um Vargas nunca irá para a cadeia.
Daniela permanecia em pé, imóvel, paralisada. Estava tonta de susto e de dor. Levou a mão ao absomem e apertou com força. O líquido vermelho escorreu entre seus dedos e espalhou-se pelo seu corpo. Sentiu um calor intenso, a vista escureceu e uma pontada de dor, ainda mais forte, a fez cair de joelhos. Sua visão começou a se embaçar e o mundo à sua volta de repente ficou negro. Negro e silencioso.
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Fim do capítulo
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Mille
Em: 05/12/2017
Ola Vandinha
Poxa a Dani saiu ferida e Pedro acha que não vai para a cadeia se enganou.
Ri muito quando o delegado pediu para a Débora ficar esperando, é claro que ela não vai ficar dentro do carro esperando, e tenho uma aposta que será ela a pegar o Pedro.
Bjus e até o próximo capítulo
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NovaAqui
Em: 05/12/2017
Agora é esperar por socorro chegar para salvar Dani
Acho que o detetive vai pegar Pedro.
Tenso isso, hein Vandinha? Também se não fosse não seria você. Você sempre consegue deixar a gente com a respiração suspensa, mas acho isso ótimo. Vontade de quero mais
Abraços fraternos procê!
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