- Não consigo entender você Mel! Jose falava impaciente entregando para ela um copo com vinho e sentando de frente para ela. – Primeiro diz para a Xerife que não vai desistir dela e depois foge sem resolver esse assunto? Não estou lhe reconhecendo.

Mel sorveu uma grande quantidade de vinho e olhou para um ponto qualquer pensando nas palavras do amigo. Quando saiu do quarto de Julia ficou meio sem rumo e acabou indo parar na porta da casa dele.  Precisava conversar com alguém e Jose era a única pessoa que confiava para aquele assunto.

- Eu meio que fiquei desesperada por ela não estar certa de nós duas Jose! Mel finalmente falou olhando para ele.

- É normal que ela tenha dúvidas, você também as tem querida. Jose queria fazer Mel entender o obvio. – Você também as tem.

- Não tenho nada. Sei bem o que quero. Mel se levantou e caminhou pela sala. Já era tarde e com certeza o amigo estava cansado. – Não vou mais tomar seu tempo Jose. Decretou ela terminando sua bebida. - Obrigada por me ouvir. Mel já estava do lado de fora quando Jose a alcançou.

- Deixe sua teimosia e seu orgulho de lado Mel ou vai perde-la.

- Como se perde algo que nunca teve?

Jose nada respondeu apenas balançou a cabeça. Mel era por demais teimosa e pela primeira vez, não tinha ideia de como ajudar a amiga. Fechou a porta depois que viu ela sumir na noite.

   Mel chegou até sua pequena cabana. Livrou Anglus da cela e o deixou livre. Caminhou a passou curtos entrando no cômodo. Respirou fundo fechando a porta atrás de si e fechando os olhos. Relembrando de tudo que havia acontecido.

- Julia o que eu faço agora que senti você em mim? Como vou tirar- lá dos meus pensamentos?

Mel se perguntava e não conseguia encontrar respostas.

- O melhor e me manter afastada. Decretou ela tirando as roupas e indo para o banheiro. Mas no fundo sabia que seria quase impossível cumprir esse combinado pois sabia bem que seu coração não havia feito acordo nenhum com sua razão.

    Tempo longo havia se passado desde noite de amor entre Julia e Mel. Julia continuava com sua função de Xerife e Mel havia sumido do mapa. O que deixava Julia triste pela loira não ter lhe procurado novamente. Ficou dias esperando ela aparecer pelo menos para conversarem, mas isso não aconteceu e Julia deduziu que mel realmente havia desistido delas. Para Julia ficava difícil pois não sabia aonde encontrar Mel. Queria apenas dizer que queria tentar pois não consegui ter um minuto de paz desde o dia em que se tornou de Mel. Era assim que se sentia dela. Pertencia de corpo, alma e coração aquela mulher, no entanto parecia que Mel não compartilhava do mesmo sentimento pois simplesmente a abandonou.

Outra coisa que deixava Julia inquieta era a movimentação na sala de Linhares. A muito tempo tinha percebido esse fato, mas não havia tomado consciência disso. Muitos homens que chegavam a Sant Luis, senhores de minas e outras riquezas, ficavam horas a finco em sua sala. Julia sabia que boa coisa não estava acontecendo ali.

Julia estava sentada em sua cadeira, tamborilando a caneta encima da mesa.

- O que será que Linharez está aprontando? Boa coisa sei que não é! Levantou da cadeira e seguiu em direção a sala dele. Forçou a entrada. Trancada. Julia olhou em volta teria que vir num momento em que tivesse ninguém na delegacia. Tinha que descobrir o que estava acontecendo bem embaixo do seu nariz. Pensou voltando para sua sala. Logo tentou se concentrar no trabalho já que pensar em Mel o tempo inteiro estava deixando seu trabalho acumulado.

   Para Mel os dias eram arrastados. Desde que havia tomado a decisão de se afastar de Julia, passou a ajudar no povoado. Não queria ir até a cidade naquele momento pois sabia que seria certo iria procura-la. Pensou em fazer isso inúmeras vezes, mas seu orgulho a impedia a   mantendo presa a sua promessa infundada.

Jose observava a amiga que passava agora muito mais tempo no povoado, algo que não fazia parte da rotina dela. Muitos boatos circulavam pelo lugar. Uns diziam que Mel havia se aposentado outro diziam que ela estava com medo desde que foi baleada, dentre outros tantos rumores. Mas Mel parecia não se importar com nada. Fazia as tarefas que eram designadas para ela e voltava para sua cabana. Isso estava deixando Jose preocupado. Não via mais aquela Mel sorridente e mesmo quando tentava falar com ela sobre isso ela fugia dizendo que não queria falar sobre o assunto.  

Mas a casa realmente caiu quando todos estavam reunidos em volta de uma fogueira tomando vinho e conversando sobre trivialidades. Mel também estava presente, sentada em um canto tomando vinho apenas ouvindo a conversa dos homens e mulheres que estavam na roda, quando Gustavo chegou e contou a todos uma novidade trazida de Sant Luis.

- Vocês não vão acreditar no que fiquei sabendo. Ele sorria e olhava para Mel que até aquele momento estava alheia ao que ele falava.

- Diga logo Gu. Pediu uma das moças

- É sobre a Xerife. Gustavo olhava para Mel e a reação da moça foi o que imaginou. Mel levantou de um pulo só. A muito tinha desconfiança de que Mel gostava da Xerife e ver a reação dela tirou todas as suas dúvidas. Mel esperava ele falar impaciente. – Ela é noiva do capitão Linhares. Gustavo apreciou cada palavra dita. Não iria permitiria que ninguém se intrometesse entre ele e Mel nem que tivesse que chegar ao extremo para isso. Sorriu quando viu Mel se afastar do grupo sendo seguida por Jose, parte do seu plano já estava feito agora era esperar, se conhecia bem a Mel ela iria tirar satisfações com a Xerifizinha e por ela em seu lugar.

   - Mel espere! Pediu Jose tentando alcançar- lá. Mel parou sem se virar para ele.- Mel calma. Pediu ele se aproximando devagar.

- Ela mentiu para mim Jose.

O Homem mais velho virou Mel e viu o que a muito não presenciava. Mel chorava. Institivamente a abraçou, não se importando com a possível rejeição de seu ato, o que não aconteceu já que Mel retribuiu o abraço e deixou o choro sair com força.

- Venha vamos sair daqui. Disse ele levando ela para sua casa. Colocou ela na cadeira da varanda e se pôs de frente a ela. Deixou que se acalmasse e perguntou:

- O que pretende fazer?

Mel olhou para ele como se não houvesse entendido a pergunta.

- Como assim não tenho que fazer nada. Respondeu ela enxugando as lagrimas com as costas da mão.

Jose sabia o quanto que para ela era difícil se mostrar tão vulnerável, mas precisava fazer ela reagir, tinha certeza que tinha caroço nesse angu.

- Você não acha estranho tudo isso?

- O que e estranho Jose? Que estou completamente apaixonada por uma mentirosa? Perguntou com raiva.

Jose respirou fundo definitivamente tinha que acordar Mel o quanto antes.

- Você está sendo irracional, está deixando de pensar nas coisas com clareza como sempre fez. Jose levantou e parou de frente a ela e pôs as mãos em seu ombro. – A Mel que conheço não é injusta ela vê sempre os dois lados e para um pouco pra pensar nessa história Mel. Esse homem que chegou a pouco quase lhe tirou a vida você não acha que Julia também possa ser uma vítima e o pior correndo perigo?

Mel olhou para Jose assustada, a simples menção de algo acontecer com Julia a tirava de sua razão.

- Será? Perguntou.

- Não sei Mel são apenas suposições, só você pode tirar todas as dúvidas.

- Então vou começar a tira-las agora mesmo. Falou descendo as escadas. Assoviou e Anglus apareceu do nada, arrancando um sorriso de Jose.- Vou fazer uma visitinha ao nosso amigo e descobrir se algo de errado. Informou montando no cavalo.

- Sim, mas com cuidado. José sorriu.- Ah! Vai ver sua amada também creio que ela esteja com saudade. Ele piscou para Mel que o olhou com raiva e saiu em galope.

- Vá menina e resolve logo com sua Xerife, pois queremos a velha Mel Kibson de volta, pois tenho certeza que precisaremos de você logo, logo.

Fim do capítulo