Capítulo 47
NAT
No fim de semana a Dani resolveu ri visitar os pais dela e então eu fiquei sozinha. Não queria ir pra casa dos meus pais, queria refletir sobre algumas coisas, então fui andar pelas ruas, acabei parando na pracinha perto do shopping, onde beijei a Beatriz muitas vezes e onde terminei nosso relacionamento quando soube as mentira. As lembranças me vinham com um turbilhão de sentimentos e então por coincidência ou destino vejo ela se aproximar da pracinha e se sentar no banco que costumávamos ficar.
Eu estava mais pra trás e ela não pode me ver, fiquei ali travando uma luta com meu coração e meu cérebro. O coração já disparado me empurrava pra ir falar com ela e tirar aquele aperto no peito, mas meu cérebro me trazia pra realidade e me mostrava que ela estava feliz e eu não tinha direito de entrar na vida dela agora e estragar tudo.
Depois dessa briga de anjos e demônios o coração falou mais alto e me aproximei dela.
-- Bia?
-- Natalia!
-- Err, como você esta?
-- Muito bem e você?
-- Bem.
Eu tinha tanto a falar, mas não conseguia falar nada.
-- Então você voltou.
-- Só vou passar mais uma semana aqui e depois volto pra Itália.
-- Hum, que bom.
Ficamos em silencio, um silencio que chegava a doer e então ela quase que desesperada me pergunta.
-- Por que você foi embora Natália?
--Você disse que não queria mais me ver, achei melhor me afastar pra você poder ser feliz. Você esta feliz?
-- Sim e você?
-- Também.
E o silencio voltou...
-- Bia...
-- Oi...
-- Você um dia vai me perdoar pelo que eu fiz?
-- Eu não sei Natália, eu perdi toda a confiança que eu tinha em você. Nesse ano que você não esteve aqui e lutei muito pra te esquecer e ser feliz de novo.
-- Então você já me esqueceu?
Ela ficou me olhando, mas eu não conseguia decifrar o que queria dizer aquele olhar e fomos interrompidas.
-- Natália é você?
-- Drª Camila?
-- Oi, que bom vê-la, como esta? Vejo que a Europa tem feito muito bem a você. – Camila
-- Eu vou bem e você?
-- Muito bem, obrigada. Bia, vamos? Estamos atrasadas.
-- Vocês são amigas ainda?
A Beatriz me olhada e a Camila falou.
-- Não, estamos namorando.
Aquilo soou como um tiro no peito, saber que eu tinha definitivamente perdido a Bia pra outra pessoa me doeu de mais.
-- É mesmo? Espero que sejam felizes. – eu
-- Obrigada Natália, mas nós realmente temos que ir. Foi bom te ver, até mais.
-- Até. – eu
Olhei pra Beatriz e ela ainda me olhava daquela maneira que eu não decifrava e antes de saiu falou baixinho.
-- Adeus Natália.
Foi o adeus que nunca demos, nunca podemos nos despedir e eu entendi o que ela quis dizer com ele. Ela estava seguindo a vida dela e queria continuar assim, feliz.
Fui pra casa e tentei não chorar, mas foi inevitável.
A semana passou rápido e voltamos pra Itália, pro meu refugio, esconderijo.
Voltamos a nossa vida, a faculdade, começamos a fazer estágios e eu lutava pra esquecer a Beatriz,
O tempo é traiçoeiro, não nos deixa esquecer o que queremos esquecer, passa devagar quando tem que passar rápido e passa rápido de mais quando queremos que ele demore.
E os 4 anos da faculdade passaram e muita coisa mudou. Eu, já com 25 anos me sentia mais mulher, mais independente e responsável. Ainda namorava com a Dani, estava até pensando em casamento, mas pra que casamento se já estávamos morando a 5 anos juntas. Nós éramos felizes, raramente brigávamos, ela sabia lidar comigo, me entendia e além de companheira era minha melhor amiga e isso sempre ajudou no nosso relacionamento, mas o que nunca mudou foi o que eu sinto pela Beatriz, o tempo fez a sacanagem de não me deixar esquece-la por nem um minuto sequer.
Eu sempre que podia ia visitar meus pais, mas eles já sabiam que eu não votaria pra casa tão cedo. Em nenhuma das vezes que fui la vi a Beatriz, até achei melhor pois da ultima vez foi difícil esquecer.
Já tínhamos uma ótima proposta de emprego em Roma e estávamos prestes a aceitar até que um dia eu recebo a ligação da minha mãe.
-- Oi mãe, como estão as coisas ai?
-- Nós estamos bem querida, quem não esta bem é a Maria.
-- O que houve com ela?
-- Ela teve um infarto ontem enquanto estava limpando as janelas aqui de casa e caiu e bateu a cabeça e esta no hospital
-- Meu Deus, mas como ela esta?
-- Mau, os médicos já atestaram que ela tem dias de vida.
Fiquei pasma com a noticia e logo pensei na Beatriz. Ela ama tanto a mãe dela, deve estar inconsolável.
-- Filha?
-- Oi mãe.
-- Eu sei que já faz tempo e eu nunca toco no assunto, mas a Beatriz precisa de todo o apoio possível nesse momento.
-- Eu sei.
-- Venha pra ca, esqueça o que passou, tenho certeza que ela precisa de você.
-- Tudo bem mãe, eu vou.
Desliguei o telefone e fui falar com a Dani.
-- Dani, eu preciso voltar para o Brasil.
-- Mas agora? Por quê?
-- A Maria esta no hospital, caiu da escada teve um traumatismo e os médicos disseram que ela tem dias de vida, eu preciso ir.
-- Eu entendo. Então vá, eu vou ficar pra garantir nossos empregos.
-- Tudo bem, obrigada linda.
Fiz minhas malas, me despedi da Dani e fui pro aeroporto, em pouco tempo já tinha embarcado e o frio na barriga veio forte, depois de 4 anos eu veria a Beatriz outra vez, ela poderia estar muito diferente, já deve ter me esquecido completamente, mas eu ainda a amava de mais, e nessa hora ela precisa desse amor, de segurança e eu quero estar la pra proporcionar isso a ela.
Quando finalmente cheguei ao Brasil fui direto pra cada dos meus pais.
-- Filha, que bom que esta aqui. Acabamos de voltar do hospital. – pai
-- E como ela esta?
-- Ela esta pior e não tem mais muito tempo.
-- E a Beatriz?
-- Inconsolável.
-- Eu preciso vê-la.
-- Vai la filha, ela precisa de você.
Meu pai me deu o numero e o andar do quarto que ela estava, peguei o carro e fui para o hospital.
Eu estava exausta da viajem, não havia dormido nada, mas eu sentia que a Beatriz precisava de mim, e eu precisava estar com ela nesse momento.
Quando cheguei no quarto só tinha uma médica que estava de costas pra mim e segurando a mão da Maria.
-- Com licença, esse é o quarto da Maria?
A médica se virou e eu não acreditei no que vi, era a Beatriz.
Fim do capítulo
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