CAMILA

 

A alguns dias eu e a Renata discutimos, na verdade o motivo da discussão foi a Beatriz, depois que fomos ao bar com ela e a Natália a Renata notou que eu ainda sinto algo muito forte pela Bia, pelo meu jeito de olhar, ela me conhecia a pouco tempo, mas já sabia me decifrar.

 

Eu acabei admitindo meus sentimentos pela Bia e ela mesmo chateada aceitou e terminamos numa boa.

 

Na noite que a Bia me ligou senti em sua voz que algo tinha acontecido, quando a encontrei tive certeza. A tristeza em seus olhos me cortava o coração, eu tinha vontade de tirar toda essa tristeza do seu coração, não conseguia suportar vê-la daquela maneira. A levei pro meu apartamento e no inicio ela hesitou um pouco em me contar o que tinha acontecido, estava muito nervosa pra tocar no assunto ainda, depois de um tempo ela me contou tudo. Eu não conseguia acreditar como uma pessoa conseguia fazer algo como a Natalia fez. A Bia dedicou 5 meses da vida dela pra ficar com aquela garota no hospital e ela ainda tem coragem de trai-la, eu não conseguia entender. As pessoas realmente não sabem valorizar o que tem, se eu tivesse a sorte que a Natália tem em ter o amor da Bia eu nunca a magoaria.

 

Conversamos um pouco e depois eu a levei pra casa, eu queria ficar com ela, tentar anima-la, mas sabia que ela precisava de um tempo pra ela.

 

Voltei pra casa e só conseguia pensar nela, naqueles olhos tristes. Ah, como eu sentia falta daquele sorriso, como me fazia bem, como eu queria ter a chance de fazê-la feliz, mas eu não podia pensar nisso agora, ela precisava de mim e o que eu mais queria agora era vê-la feliz e faria de tudo pra isso acontecer.

 

No outro dia fui cedo para o hospital pelo fato de nem ter conseguido dormir, trabalhei o dia todo pensando na Bia e quando já estava quase saindo eu liguei pra ela.

 

-- Alô. – pude notar pela voz que ela estava chorando

 

-- Oi Bia, liguei pra saber como você esta.

 

-- Ah, to daquele jeito né.

 

-- Eu estou saindo do hospital agora, posso ir ai te ver?

 

-- Mas a minha casa é tão simples.

 

-- Para de besteira Bia, eu não ligo pra isso, daqui a pouco estou chegando ai ta bem?

 

-- Ok então, até mais.

 

Em pouco minutos eu cheguei na casa da Bia e fui recebida pela mãe dela.

 

-- Boa Noite. - Senhora

 

-- Boa Noite, a Bia esta? – eu

 

-- Esta sim, quem é você?

 

-- Sou uma amiga, posso vê-la?

 

-- Claro minha queria, entre. A Bia anda tão tristinha, não foi pra aula nem pro trabalho hoje e ela não me fala nada, tente falar com ela e veja se ela fica mais feliz.

 

-- Eu vou fazer de tudo pra fazê-la feliz senhora, é o que eu mais quero também.

 

-- Gostei de você, pode entrar moça, a casa é pequena e simples, mas ta limpinha.

 

-- Obrigada.

 

Bati na porta do quarto dela e só ouvi sua voz para que eu entrasse.

 

Ela estava deitada na cama com os olhos fechados, então me sentei ao lado dela e passei a mão em seus cabelos.

 

Ela me olhou espantada.

 

-- Achei que fosse a minha mãe.

 

-- Falei com ela e ela disse que eu podia entrar, atrapalho?

 

-- Não, claro que não. Que bom que é você. Ela esta preocupada comigo hoje, fica perguntando o que eu tenho, mas eu não posso falar que eu terminei com a Natalia né, ela nem sabia que nós namorávamos.

 

-- Pois é, mas eu já conversei com ela e falei que vou dar um jeito nisso,

 

-- Como assim?

 

-- Disse que eu ia te deixar feliz.

 

-- Vixi, acho meio difícil agora heim.

 

-- A é? Vai ver então.

 

Comecei a fazer cocegas nela e ela gargalhava e pedia pra que eu parasse. Aquela gargalhada ecoava por toda a casa e era musica para os meus ouvidos.

 

-- Paraaaa, paraa, não aguento mais rir hahahahahahahaha

 

Eu continuava e ela foi rolando pela cama até cair no chão, eu fui tentar segura-la, mas acabei caindo sobre ela, nossos corpos ficaram colados, parei de fazer cocegas e fiquei ali hipnotizada olhando em seus olhos. Minha boca ia se aproximando da dela involuntariamente, mas em um momento de sanidade eu me afastei.

 

-- Desculpa Bia, eu sei que você não esta bem, foi involuntário.

 

-- Tudo bem, vamos deixar isso pra depois.

 

-- Ta bem, agora vem, vamos sair.

 

-- Vamos?

 

-- Vamos sim, vem.

 

Saímos do quarto e fomos até a cozinha falar com a mãe dela.

 

-- Mas vejo que essa moça faz milagres, ouvi as gargalhadas e você parece melhor minha filha.

 

-- Ah, deixa eu apresentar vocês devidamente. Mãe essa é a Camila, ela era a médica da filha da dona Ana.

 

-- Uma Doutora na minha casa? Mas meu Deus Beatriz por que você não me avisou, eu teria arrumado mais as coisas.

 

-- Não se preocupe senhora, a sua casa é encantadora.

 

-- Mãe, eu vou sair com a Camila, depois eu volto.

 

-- Ta bem minha filha, se a sua amiga quiser, pode ficar aqui.

 

-- Já que a senhora tocou no assunto, eu posso levar a Bia pra minha casa, amanha antes de ir pro hospital eu a deixo na faculdade.

 

-- Tudo bem, mas não deixa que ela falte mais a aula.

 

-- Pode deixar Senhora, amanha ela vai voltar bem melhor pra casa, eu garanto isso.

 

-- Obrigada, você não sabe como é bom ver que minha filha tem bons amigos.

 

Saímos da casa da Bia e eu a levei na sorveteria.

 

-- Sorvete a essa hora? – Bia

 

-- Da ultima vez que viemos tomar sorte nos custou muitas risadas e eu to fazendo de tudo pra ver aquele sorriso lindo em seu rosto de novo.

 

-- Você não existe sabia? Não sei como eu aguentaria isso sem você.

 

-- Eu sou de mais mesmo.

 

-- Modesta....

 

-- haha é verdade.

 

Nos sujamos mais do que tomamos sorvete, rimos o tempo todo e pude notar que os olhos dela já tinham um brilho diferente, por mais que eu soubesse que ela não tinha esquecido o que havia acontecido, enquanto ela estava comigo ela estava sorrindo.

 

Quando terminamos fomos pro meu apartamento e a Rafa já tinha chego.

 

-- Oii, achei que você ia fazer  plantão hoje.

 

-- Rafa, não sei se você já conheceu, essa é a Beatriz. Bia essa é a Rafa, somos amigas e moramos juntas.

 

-- Essa é a famosa Beatriz então? – Rafa

 

-- Famosa? – Bia

 

-- Você nem imagina. - Rafa

 

-- Não da bola pra ela Bia, ela fala de mais, mas é legal.

 

-- Você vai ficar aqui hoje? – Rafa

 

-- Vou sim. – Bia

 

-- Ótimo, vou pedir uma pizza pra gente então. – Rafa

 

-- Perfeito. – eu

 

Enquanto esperávamos a pizza ficamos conversando sobre muitas coisas, a Rafa palhaça como sempre dava um jeito de fazer a Bia rir e ela parecia estar bem melhor.

 

Depois de muita conversa e comermos igual umas esfomeadas a Bia foi tomar banho e a Rafa veio falar comigo.

 

-- Você ta ficando com ela e não me falou nada? – Rafa

 

-- Eu não to ficando com ela, só estou ajudando ela. Ela terminou o namoro com a Natália e esta triste e eu quero anima-la.

 

-- Huuumm, entendi. Eu vi que ela as vezes ficava séria com um olhar triste.

 

-- Pois é.

 

-- Mas agora o caminho esta livre pra você Cah, não perca essa chance. Ela dormindo aqui, você sozinhas no quarto e tal.

 

-- Ai Rafa, eu não sei, ela acabou de terminar um namoro.

 

-- Você também.

 

-- Mas eu não amava a Renata, a Beatriz ama a Natália.

 

-- Mas você ama a Beatriz e esta fazendo muito mais por ela do que essa Natália.

 

-- Eu não vou forçar a barra, vou deixar rolar.

 

-- Tudo bem, mas deixa eu te contar. Ela é muito gataa! Não deixa ela dando sopa por ai não heim.

 

-- hahaha Vai dormir sua tarada.

 

A Rafa foi pro quarto dela e a Bia saiu do banheiro.

 

-- Bia, eu vou tomar banho agora, pode ficar a vontade ta bem?

 

-- Obrigada.

 

Tomei meu banho e acho que demorei mais do que o normal, fiquei pensando na Bia e perdi a noção do tempo.

 

Quando sai ela estava deitada na cama chorando, quando me viu limpou as lagrimas e tentou esconder a tristeza.

 

-- Bia? – eu

 

-- Oii, você demorou.

 

-- Tava viajando.

 

-- rsrsrs

 

Eu fiquei olhando pra ela, ela desviava o olhar pra que eu não visse seus olhos vermelhos, entregando que ela tinha chorado.

 

Me deitei ao seu lado na cama, abri os braços pra que ela se acomodasse entre eles e a chamei.

 

-- Vem ca, vem.

 

 

 

Ela se deitou em meus braços, acabei me arrepiando com o contato dos nossos corpos tão próximos e a apertei em meus braços, lhe dando conforto e segurança.

Fim do capítulo