Capítulo 3
-- Que menina caridosa. Não precisa, você vai se atrasar. – Bia
-- Estou sem a primeira aula de novo, entra. – eu
Ela entrou e ficamos em silencio um bom tempo até ela falar:
-- Sua mãe é muito legal, e bonita. – Bia
-- É mesmo, ela é psicóloga e me da muitos concelhos. – eu
-- Legal, e seu pai? – Bia
-- Meu pai é Médico, fica pouco em casa, mas é um ótimo marido e pai. – eu
-- Nossa, mãe psicóloga e pai médico, vocês devem ser bem ricos. – Bia
-- É, isso é. Mas e você? O que seus pais fazem? – eu
-- ah, eer, minha mãe é Médica e meu pai é Advogado – ela disse meio nervosa
Fiquei mais aliviada, pelo menos não era uma favelada pobre.
-- Olha, que legal, onde sua mãe trabalha? Ela deve conhecer meu pai. – eu
-- Provavelmente não, eer, pode me deixar aqui mesmo, tenho que me encontrar com uma pessoa ainda. – Bia
-- ok – eu
Ela ficou me olhando um tempo e me deu um beijo no rosto
-- Obrigada pela carona Natália, você é muito legal, nem sei como te retribuir. – Bia
-- Não precisa retribuir, caridade é bom pra ir pro céu – eu
-- haha, Até.
Ela pegou a mochila e o skate com pressa no banco de traz e saiu.
Fui pra faculdade e a Dani já estava la me esperando.
-- Oi Nat, tudo bem? Ta com uma cara estranha – Dani
-- To bem Dani, fica tranquila, e você? – eu
-- Estou mais aliviada agora em saber que você já sabe de mim e da Julia, mas você saiu daquele jeito – Dani
Tinha até me esquecido disso, claro que não tem por que eu ficar chateada com a garota por que ela namora uma mulher, isso é problema dela.
-- Ah, relaxa, eu só não esperava isso, mas não da nada, podia ter me contado naquele dia que eu falei do Felipe. – eu
-- Ah Nat, você não entende, é complicado falar isso assim de cara com uma pessoa que você mal conhece, ainda mais quando se é nova na escola. – Dani
-- É, deve ser difícil. - eu
-- Tenho muita sorte de ter conhecido você – ela disse me olhando com um olhar diferente
-- Pois é, tem mesmo. haha – eu
A aula passou voando, me despedi da Dani e fui pra casa.
No carro a caminho de casa ouço uma musica diferente tocar, não era o toque do meu celular, parei o carro e vi que no banco de traz tinha um celular. Imaginei que fosse da Beatriz, ela saiu com tanta pressa que deve ter deixado cair. O celular tocava direto então resolvi atender.
-- Alô – eu
- Oi meu amor, nos vimos de manha e eu já estou morrendo de saudade do teu beijo, vem me ver depois da aula?- uma menina disse no outro lado da linha
-- Você quer falar com quem? – eu
-- Ai Bia para de besteira – ela
-- Eu não sou a Beatriz – eu
-- E eu posso saber por que você esta com o celular da minha namorada? – a menina disse irritada
-- Olha garota, eu não preciso te dar satisfação de nada, só avisa pra Beatriz que o celular dela ta com a Natália.
Ela ia dizer alguma coisa ainda, mas eu desliguei.
Ela deixa o celular aqui e eu ainda tenho que ficar ouvindo desaforo da namoradinha estressada. Faz favor né.
Que raiva que eu estava da Beatriz, namora uma garota e ainda fica tentando me beijar no cinema, eu devo estar muito louca de dar moral pra ela ainda.
Eu nem sei o que deu na minha cabeça, na verdade eu devo estar pirando. Vou entregar o celular pra ela e me afastar dela, é o melhor que eu faço.
Fui pra casa e a noite o celular dela tocou mais uma vez, já achando que era a namorada histérica atendi:
-- Alô – disse sem paciência
-- Natália? – uma voz doce e calma que eu conhecia falou do outro lado
-- Oi Beatriz – eu
-- eer, eu sai com pressa ontem do seu carro devo ter deixado o celular cair.
-- É, e pode avisar a sua namorada irritadinha que eu não tenho nada a ver com isso, ok?
-- eer, não queria que você soubesse dela assim.
-- Não me importa Beatriz, a vida é sua. Onde te entrego o celular? – eu
-- Amanha passo na sua faculdade e pego, pode ser?
-- ok, Tchau.
-- Nat, me desculpa pela Bruna, ela é meio ciumenta.
-- Tanto faz.
-- Até amanha, beijo
-- Até.
E desliguei, eu estava com tanta raiva dela, como pode ser tão cínica?
Demorei pra dormir, mas o sono me pegou, acordei no outro dia meio atrasada, fui correndo pra escola.
Antes de ir pra sala vi que a Dani estava na cantina sozinha. Fui ver o que estava acontecendo.
-- Dani? Ta tudo bem?- eu
-- Nat, que bom que você ta aqui – ela disse me abraçando e chorando muito
-- Dani, fica calma, o que aconteceu? – eu
-- A Julia. – Dani
-- Meu Deus, fala logo o que aconteceu? – eu
-- Eu cheguei em casa ontem mais cedo do trabalho e ela estava na cama com outra garota. – Dani
-- Não acredito – eu
-- Ai Nat, eu sou uma burra mesmo, confiava tanto nela, ela era a minha melhor amiga, eu já tinha passado por uma situação assim antes e ela faz o mesmo. – Dani
-- Calma Dani, ela não era a pessoa certa pra você, vai ficar tudo bem. Vem, vamos sair daqui – eu
-- Mas nós temos aula. – Dani
-- Faltar um dia não vai matar ninguém. – eu
Ela só consentiu com a cabeça e saímos.
Fomos a uma cafeteria perto do campus e ficamos lá conversando sobre varias coisas, eu tentava não tocar no assunto pra ela se distrair e não ficar tão mau.
-- Ai Nat, eu nem sei como vou voltar pra casa, dormir na nossa cama, sabendo do que ela já fez la. – Dani
-- É complicado mesmo, mas se você quiser, pode passar uns dias na minha casa. – eu
-- Imagina, não quero incomodar. – Dani
-- Não incomoda de jeito nenhum, eu iria adorar ter você lá pra me fazer companhia. Meus pais quase não param em casa e eu fico sozinha. – eu
-- Você precisa de companhia, eu preciso de companhia, acho que pode ser então =D – Dani
-- Isso ai, quero ver esse sorrisão a partir de agora. – eu
-- Você é de mais Nat, nem sei como te agradecer. – Dani
-- Não agradeça, só tente superar isso e não ficar triste. – eu
-- Juro que vou tentar. – Dani
-- Nossa, olha a hora, a aula já deve estar acabando e a gente aqui – Dani
-- Pois é, vamos la pegar seu carro e passar no seu AP, pegar umas roupas e vamos pra minha casa. – eu
-- Ta certo, vamos.
Quando chegamos vi que a Beatriz estava no portão.
-- Dani, fica aqui no carro que eu já volto – eu disse olhando pra Beatriz
-- Quem é ela? – Dani
-- Uma garota. Já volto – eu
Fui me aproximando e ela olhava pras pessoas saindo parecendo procurar alguém
-- Esperando alguém? – eu
-- Oi, achei que você estivesse na aula. – Bia
-- Faltei, estava com uma pessoa – falei olhando pra Dani encostada no carro olhando pra gente.
-- Ah ta, desculpa atrapalhar então. – ela disse sem graça.
-- Ok, ó seu celular, deixei desligado pra sua namoradinha não ficar ligado. – eu
-- Ela não ia ligar Natalia, mas obrigada. – Bia
-- De nada, tchau – eu disse me afastando
-- Heey, eer, podemos nos ver qualquer dia desses? – Bia
-- Acho que não, melhor ficar com sua namorada, não quero problemas. – eu
-- Ta bom, tchau. – Disse desanimada
Fui pra perto da Dani e logo ela já veio me perguntar.
-- Impressão minha ou essa garota ta afinzona de você? – Dani
-- Impressão sua, não tem ninguém afim de ninguém aqui. – falei irritada
-- Eu não teria tanta certeza, meu gaydar apita forte pra ela heim, e pra você também, mas ainda tenho minhas duvidas. – Dani
-- Que coisa ridícula Daniela, você deve ter tomado café de mais, vamos logo.
Ela entrou no carro rindo e fomos. Pegamos suas coisas e depois fomos pra minha casa. No caminho ela parecia meio nervosa.
-- Tem certeza que não tem problema eu ficar na sua casa? – Dani
-- Relaxa Dani, meus pais vão adorar saber que você vai ficar la comigo. Eles acham que eu sou uma antissocial que não tem amigos. É fato que não tenho muitos, por que a maioria eram interesseiros então prefiro ficar sozinha do que meu acompanhada. Mas isso não serve pra você ta?!
-- Eu já estava ficando com medo rsrs.
Logo chegamos na minha casa.
-- Oi Maria. – eu
-- Oi minha querida, vai almoçar? – Maria
-- Vou sim e tenho companhia hoje Maria. – eu
-- Que maravilha, você quase nunca traz ninguém aqui. – Maria
-- Pois é, essa é a Dani, ela vai ficar uns dias aqui, esta com problemas em casa. – eu
-- Muito prazer senhorita, podem se sentar que eu já vou pôr a mesa pra vocês – Maria
-- Obrigada – eu e a Dani dissemos juntas
Almoçamos e depois fomos pro meu quarto a Dani ligou pro serviço dela e pediu o dia de folga, ficamos la conversando sobre muitas coisas, a Dani era realmente uma ótima companhia. No meio da conversa meu celular toca, era o Felipe:
-- Oi delicia, vamos sair hoje? – Felipe
-- Não vai dar – eu
-- Então eu vou ai na sua casa – Felipe
-- Também não vai dar Felipe, tem uma amiga minha que vai ficar uns dias aqui. – eu
-- E dai? Deixa ela na sala enquanto a gente se diverte um pouquinho. – Felipe
-- Felipe, a gente vê isso outro dia, tchau.
Desliguei e a Dani já veio falar:
-- Olha Nat, não quero te incomodar, pode chamar ele pra vir aqui – Dani
-- Relaxa, não to mais suportando a cara dele. – eu
-- Relacionamento estranho esse de vocês – Dani
-- Eu gosto assim, tenho o que eu quero e ele o que ele quer, e os dois ficam felizes. – eu
-- Você é doida - Dani
A noite minha mãe chegou e foi ao meu quarto.
-- Oi filha, como foi seu dia? E quem é essa moça linda? – Mãe
- Oi mãe, essa é a Dani, ela esta com problemas na casa dela e eu ofereci pra que ela passasse uns dias aqui conosco. – eu
- Mas que ótimo, é um prazer tê-la aqui Dani, se quiser conversar, é só me procurar ta? – mãe
- Obrigada senhora. – Dani
- Filha, suas amigas devem achar que eu sou uma velha. Querida, nem que eu tivesse 90 anos eu seria uma senhora. E com esse corpinho que eu ainda tenho, sou quase uma jovem como vocês, pode me chamar de Ana. – mãe
- hahaha ta certo, Ana – Dani
- Bem meninas, o jantar esta na mesa. – mãe
Descemos e meu pai não tinha plantão naquele dia e jantou conosco. Apresentei ele pra Dani e ele adorou ela estar ali também.
Depois voltamos pro quarto, a Dani foi tomar banho no meu banheiro e eu fiquei esperando, quando ela saiu eu fui.
Tomei um banho demorado, pensei na Beatriz, e que não queria mais vê-la, pra tirar aquela neura que eu tinha da minha cabeça.
Saí do banho e vi que deixei a roupa em cima da cama, então fui enrolada na toalha.
Sai do banheiro e a Dani estava vendo TV, quando notou que eu estava ao seu lado de toalha foi até engraçado a sua reação. Ela ficou olhando descaradamente, parecia querer tirar aquela toalha com os olhos.
- Dani? Ta tudo bem? hahaha – eu
-- ã? Ah. Ta sim. Nossa Nat que corpão você tem. – Dani
-- Nossa, ainda bem que você é discreta né – eu
-- Pra que? O que é bonito é pra se olhar, e quem manda aparecer aqui só de toalha – Dani
-- haha ta bom, eu vou sair daqui antes que você me devore – eu
Ela me olhou de um jeito, que gente do céu, até me deu um negocio.
Fui pro banheiro, coloquei o pijama e voltei pro quarto.
-- Ta mais calma? – eu
-- Com esse pijama curto que você ta usando? Ta de brincadeira que vai dormir com isso né? – Dani
-- Ta calor, e você heim, se aquiete sua sapa safada. – eu
-- ta bom, desculpa heuiaheiae. – Dani
Eu ofereci um quarto de hospedes pra ela, mas ela preferiu dormir comigo na minha cama.
A cama era grande, também não vi problemas nisso e ela estava mau com o termino do namoro também.
Ficamos ali vendo filme e eu acabei pegando no sono.
Eu estava dormindo até que sinto alguma coisa encostar na minha boca, abri um pouco os olhos e era a Dani me beijando.
Fingi que continuava dormindo, mas meu coração parecia que ia sair pela boca.
Ela se afastou um pouco deitou a cabeça do meu lado e ficou mexendo no meu cabelo e falando baixinho.
-- Não quero dormir por que tenho medo de isso ser um sonho, se você soubesse o quanto eu gosto de você Nat.
Fim do capítulo
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