Capítulo 6
Cristina andava de um lado para o outro, impaciente. Já se faziam horas que estava ali, e nenhuma notícia.
“Meu Deus do céu! Cadê essa médica? Cadê minha mulher? Será que aconteceu alguma coisa?”
- Mamãe, calma! A senhora vai furar o chão, andando de um lado pro outro! – Vinícius tentava acalmá-la, sem sucesso.
- Como calma, Vinícius? Ninguém vem aqui falar nada! – Esbravejava.
O menino ficou quieto e se sentou. Cristina percebeu que havia sido injusta ao gritar com ele. Foi até onde o menino estava sentado, jogando no celular. Sentou ao lado de dele.
- Me desculpa, filho. A mamãe tá nervosa e acabou falando besteira. – beijou os cabelos loiros do filho. Ele apenas sorriu e voltou a jogar.
De repente surge a médica, baixando a máscara que estava em seu rosto, e ajeitando os óculos de grau.
- Aconteceu alguma coisa? Onde eles estão? Posso vê-las?
A médica observou a mulher nervosa, fazendo mil perguntas ao mesmo tempo. A olhou calmamente e então sorriu.
- Senhora Cristina, fique calma. Sarah está bem. Foi demorado, o útero da sua esposa não se contraía da forma que esperávamos, então tivemos que fazer uso do fórceps para retirar a criança.
Cristina arregalou os olhos.
- E minha filha? O que aconteceu com ela? Eu quero vê-la! Eu precis...
- Cristina, calma! – A força do tom de voz da médica fez Cristina se calar e ficar quieta. A médica concluiu. – Sua filha está bem, está com 3,210kg e é forte como a mãe! – Gargalhou a médica.
Cristina sentiu os músculos de seu corpo relaxarem. “Graças à Deus”. Sorriu para a médica enquanto sentia seus olhos marejarem. Nem foi preciso dizer nada, o olhar falava por si.
- Sim Cristina, você pode vê-las. E você, garotão, Quer ver sua irmã?
Vinícius sorriu tímido e afirmou com a cabeça.
- Bom, vamos.
Antes de entrar, Cristina e Vinícius vestiram as roupas adequadas.
Caminhavam de mãos dadas atrás da médica. A chef sentia seu coração bater mais forte a cada passo. Pararam atrás de uma porta que continha o nome da paciente e a médica sorriu.
Quando Cristina abriu a porta, sentiu seu coração parar. Sarah estava suada, com os longos cachos completamente revoltos, os olhos inchados e chorosos e um sorriso lindo, enquanto falava baixinho com sua filha.
A juíza levantou os olhos e encontrou os olhos azuis completamente emocionados. Sorriram cúmplices.
- Olha, Clarinha! Mamãe veio nos visitar.
Cristina entrou na sala acompanhada do filho.
Aproximou-se e observou aquela criaturinha nos braços da esposa, depositou um beijo demorado nos lábios de Sarah e outro no alto daquela cabeça tão pequena e frágil. Clara piscava os olhinhos intensamente verdes, enquanto seus dedinhos pequenos se enroscavam em um dos cachos de Sarah. Aquela cena poderia facilmente se tornar a moldura de um grande quadro.
Fez muito bem seu papel de mãe coruja, tirou o celular da bolsa e registrou aquela cena. Um. Dois. Três cliques.
Sarah sorriu.
- Amor, tá bom! Eu tô muito feia. Deixa pra tirar fotos depois, vem mimar tua filha.
O coração da chef se aqueceu com aquelas palavras “Tua filha, nossa filha...”
Clara havia sido gerada com os óvulos de Cristina e Sarah foi inseminada. Um após a morte de Afonso, se casaram. Já fazia um certo tempo que a chef notava a vontade crescente de Sarah gerar um filho. A relação das duas era firme, se amavam, se desejavam e ambas seguiam firmes em suas carreiras. “Porque não?”
- Cris? – Sarah lhe chamou num tom baixo, cansado. A chef foi tirada de suas lembranças e olhou para a esposa, dando-lhe a devida atenção – Não quer segurá-la?
Cristina sorriu e olhou pra criaturinha pequena. Se aproximou mais e com cuidado, pegou a menina no colo. A princípio, Clara pareceu não gostar da ideia de ter sido tirada do contato caloroso da mãe, quis chorar, mas já no segundo seguinte, se aconchegou nos braços da outra mãe. Enquanto a chef se derretia com sua filha caçula nos braços, Vinícius se aproximou de Sarah, com aquele olho arregalado, curioso, deu um beijo e um abraço delicado na mãe.
- Tá tudo bem, mãe?
- Sim, tá tudo bem. Mamãe só tá um pouco cansada, mas tá tudo bem. Viu sua irmã?
- Vi sim. Ela é grande, né? – Sarah confirmou com a cabeça. - Mãe, porque que ela não é como a senhora?
Sarah não entendeu a pergunta.
- Como assim, Vinícius?
- Porque a senhora é negra, e a Clara é mais... – sorriu encabulado ... bem, ela é mais clara, a Clara... Ai, mãe! A senhora entendeu, né? – Suspirou. Sempre se enrolava quando fazia as perguntas.
A mulata gargalhou contidamente, pois ainda sentia um desconforto, devido o esforço.
- Ah filho! Bom, deixa eu tentar explicar. Digamos que a Clarinha é o resultado de uma soma das suas duas mães. Eu, com pele negra e olhos verdes, somada com sua mãe, branca e de cabelos loiros. Entende? Dessa soma, nasceu Clara. Por isso a pele dela é mais clara que a minha. – A juíza olhou pra ele com um olhar sofrido, de quem diz “Será que essa minha explicação deu pra entender pelo menos um pouquinho?”
Vinícius pensou... olhou para as duas mães e para sua irmã.
- Clara é café com leite! – Riu e em seguida correu para onde Cristina estava sentada com Clara no colo. Alisava a cabeça da criança, beijava suas mãozinhas e era pura felicidade.
Sarah observou os três por mais alguns minutos, até que caiu no sono.
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Os olhos azuis admiravam a bela paisagem através da janela do escritório.
Quantas reviravoltas sua vida sofreu. Quantos encontros, desencontros, tristezas, felicidades, decepções. Conheceu o pior lado do ser humano, e também o melhor que ele pode ser.
Sua adolescência regrada, o casamento com Afonso, arranjado por seu pai apenas para fins lucrativos, o modo com que ele a destratava, a ignorava, o abuso que sofreu. Sarah, um feixe de luz em meio a escuridão. A separação e a mudança. O recomeço. Vinícius, seu filho. “Meu filho”. A descoberta de um dom. O reencontro com Sarah. Amor em meio a provações, e até a morte.
Depois da morte, veio a vida.
Clara veio para encher ainda mais a vida dela de alegria. Lembrava-se daqueles olhinhos verdes e sorria. Derretia-se sempre que via Vinícius conversando com a menina. Ele possuía um instinto protetor enorme, e era sempre cuidadoso, carinhoso.
“Eu não tenho palavras pra descrever minha própria felicidade”. – Sorria enquanto observava o mar de águas verdes, no final da rua.
Foi tirada de seus pensamentos quando recebeu uma mensagem de Sarah.
“Cinco anos! Vamos comemorar, jantar em casa às 21hrs. Amo você”
Sorriu de orelha a orelha. Desceu para a cozinha do restaurante. O dia seria longo, e maravilhoso!
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O dia de Sarah foi agitado. Depois que a esposa seguiu para o restaurante, sorriu maliciosa. “Dona Cristina, você não perde por esperar” – Em seguida, mandou mensagem para a esposa.
Tratou de chamar Vinícius pra ir para a escola, e foi mimar a filha. Clara estava enorme e cada dia mais linda.
Tomaram café e se prepararam pra sair.
Sem perceber, fazia tudo com um leve sorriso nos lábios. Colocou a filha na cadeirinha do veículo enquanto olhava aqueles olhos verdes, iguais aos seus, olhando pra ela de forma curiosa. Alargou mais o sorriso.
- Não é todo dia que a mamãe completa cinco anos de casada né, amor? Hoje a gente vai bater perna no shopping, comprar um presente pra mamãe Cris, umas roupinhas pra gente e depois vamos lanchar! – A menina sorria e gargalhava, tentando alcançar um dos cachos da mãe.
Já estava com tudo planejado. Como era uma sexta-feira, aceitou facilmente feito por Vinícius, que queria dormir na casa de Fabrício, um amigo da escola. A mãe do amigo dele que iria busca-los na saída da escola e no domingo, seu filho retornaria.
- Deixa mão, por favor! A gente vai ficar lá, vamos jogar vídeo game, futebol... e ele tem piscina! Eu vou nadar na piscina! Por favor, por favor, mãezinha! Deixa?
- Tudo bem, pode ir.
O menino a olhou de forma desconfiada.
- Sério mesmo? Posso ir?
- Claro né, Vinícius! Pode ir sim. – Falava sorrindo. “Veio em hora perfeita!”
O garoto continuava encarando a mãe... que percebeu os olhares confusos que ele lançava pra ela. Sempre que queria dormir na casa do amigo, era uma dificuldade pra Sarah e Cristina aceitarem, se preocupavam demais com a segurança do garoto. Coisas de mãe.
Sarah fechou a cara, fingindo raiva.
- Cuida, garoto! Ou então eu vou me arrepender, heim... – Antes mesmo de começar a falar, viu o menino sumir do quarto dela e ir para o seu, arrumar suas roupas na mochila.
Na porta escola, Vinícius fazia cara de tédio. Sempre que ia dormir na casa do amigo, as mães faziam todas aquelas recomendações chatas sobre não desarrumar a casa ele, obedecer a mãe do garoto, nada de palavrões, cuidado na piscina, não pule e nem fique até tarde dentro dela.
- Tá bom, mãe! Eu já sei disso tudo. – O garoto bufou, impaciente.
Sarah sorriu, se aproximou do menino, o abraçou e o beijou no rosto.
- Te amo, meu nenénzão.
O garoto ficou vermelho de vergonha. Detestava as demonstrações de carinho da mãe em frente a escola, sempre reclamava que já estava grande demais pra ser tratado assim.
Se despediram e Sarah seguiu em direção ao shopping, acompanhada de uma Clara sorridente. Gostava sempre de música, e no carro tocava “Omi – Chearleader”, uma das preferidas da criança, ela sempre se animava, balançava os bracinhos e as pernas e morria de rir vendo sua mãe fazendo palhaçadas ao volante.
Em poucos minutos, chegaram no shopping. Sarah tirou o carrinho de bebês do porta-malas do carro, pegou a filha e, depois de enche-la de beijos abraços e arrancar dela as gargalhadas que tanto amava, acomodou-a no carrinho e seguiram às compras.
Comprou vestidos pra ela e a esposa, roupas para os filhos e depois seguram para uma joalheria. Entre tantas joias maravilhosas, finalmente escolheu o presente da esposa. Depois seguiram para a melhor parte do passeio.
- Clarinha! Vamos comeeer! – Falava alegremente para a criança, que já sorria e arregalava os olhos.
Seguiram para a praça de alimentação, escolheu seu bom e velho fast food. Não possuía o hábito de comer essas coisas com frequência, mas adorava e pelo menos uma vez no mês, se dava ao luxo de empanturrar de porcarias.
Para Clara, comprou suco e uma salada de frutas bem colorida. Clara adorava cores.
Satisfeitas, foram pra casa. Sarah ligou para um setor de entregas e enviou um pacote para o restaurante de Cristina.
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Olhou mais uma vez para o relógio.
- Vai pegar o trem, Cris?
A chef olhou pra amiga sem entender. Letícia era sua subchefe e amiga, e sempre que necessário, deixava o restaurante nas mãos da garota, sem pestanejar. Confiança.
Letícia riu da cara de Cristina.
- Em 20 minutos você já olhou pra esse relógio umas 50 vezes.
- Poxa, as horas não passam! Parece que os minutos estão durando horas! – Cristina falava em um tom impaciente.
- Ah, mas se você quiser eu posso assumir por hoje. Vai pra casa, descansa.
- Ah, se eu pudesse. Mas Sarah disse que eu estivesse lá somente às nove, e nem me falou mais nada. Prefiro não arriscar, aquela dali quando se zanga, sai de baixo. – riram.
Cristina sempre foi muito transparente em relação ao seu casamento. Orgulhava-se de sua família, e Sarah sempre foi muito educada e cordial com seus funcionários. Todos gostavam dela.
- Dona Sarah é massa! Quero ser quem nem ela quando crescer?
- Como assim, Letícia? Você já é grande! – Cristina nunca entedia as piadas e trocadilhos.
- Ah, Cris! Não falo disso, estou realizando meu sonho nesse restaurante. Me sinto muito feliz. Mas eu quero ser que nem a Sarah. Bonitona, que chega chegando, sabe? Quando ela passa pelo salão pra te procurar, os clientes até param de comer pra olhar pra ela. Uma baita de uma mulata, bem vestida, com aquele corpão... – Foi interrompida pelo olhar ameaçador da chef.
- Continua, Letícia! Aproveita que eu tô justamente fazendo os cortes dessa peça... – ficou séria por alguns minutos, pra depois gargalhar junto com a subchefe.
- Pode ficar despreocupada, Cris. Pra mim você são exemplos de vida, e eu as admiro muito.
Enquanto faziam os cortes das peças de carne que seriam preparadas ainda naquela noite, Cris e Letícia conversavam sobre amenidades quando a hostess surgiu acompanhada de um pacote.
- Cris, um entregador deixou isso daqui pra você.
A chef estranhou, mas recebeu o pacote. Agradeceu a hostess, que saiu rapidamente e em seguida voltou sua atenção para o embrulho. Abriu rapidamente, viu vestido, sandálias e um bilhete.
“Se fosse possível, você ficaria ainda mais linda usando isto. Clara quem escolheu. Engraçado, depois de todos esses anos, ainda fico nervosa em cozinhar para uma chef. Minha Chef. Te vejo às nove, não se atrase. A casa será toda nossa. Amo você.
Sarah”
Terminou de ler o bilhete com um imenso sorriso nos olhos.
- Eita que agora é que as horas vão passar lentamente mesmo. – Alfinetou Letícia, vendo a cara da chef.
Cristina fingiu estar com raiva. Apertou os olhos na direção da subchefe.
- Cortar a carne direito, você não quer heim, dona Letícia?
Gargalharam e entre conversas e brincadeiras, o dia se passou.
Quando o relógio marcou oito horas da noite, Cristina largou os afazeres e deixou a cozinha na responsabilidade de Letícia. Subiu com seu embrulho para o andar de cima e foi se arrumar.
“O que será que dona Sarah tá aprontando? Seja lá o que for, vai estar maravilhoso”
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Sarah terminava os últimos detalhes do jantar.
Combinou com Júlia de passar a noite com Clara. Confiava plenamente nos cuidados da moça, ela que cuidava de Vinícius quando este era apenas um bebê, e com o passar do tempo, praticamente tornou-se membro da família.
Na hora marcada, Julia apareceu para levar Clara. Ria do jeito apressado e estabanado da patroa, que corria para um lado e para o outro, buscando fazer com que aquela noite fosse perfeita. Aprendeu a admirar o casal Sarah e Cristina. Duas mulheres fortes, exemplos a serem seguidos.
Sarah deu algumas recomendações, que babá já havia decorado. Se despediram e quando a juíza olhou no relógio, tomou um susto.
“Jesus! Cristina pode chegar a qualquer momento”
Viu que em cima da mesa, já estava tudo pronto. “É, não tá faltando nada” – Correu.
Em seu quarto, já vestida, soltava os longos cachos que Cristina tanto amava. Terminou a maquiagem. Perfume. Saltos.
“Que gata é essa heim, papai?” – Brincou, observando o próprio reflexo no espelho. Sorriu e ouviu o barulho do carro da esposa chegando.
Desceu calmamente as escadas e parou diante da porta. O barulho das chaves dela despertou um sorriso. Cristina abriu a porta e elas ficaram se olhando. Sorrisos.
- Oi. – Cristina sorria abertamente, admirando a mulher a sua frente. – Você está linda. – Disse em um tom calmo, enquanto tentava acalmar as batidas do seu coração.
A juíza usava um vestido de um tom rosado, quase um salmão, com uma fenda gigantesca nas costas e um decote generoso, que expunha a curva daqueles seios redondos e perfeitos. Saltos e uma maquiagem que exaltava ainda mais a beleza dos seus olhos. Os lábios em um batom nude, com um brilho que parecia que os deixava ainda maiores.
Sarah sorriu. – Obrigada. Eu pensava que seria impossível, mas a cada dia que passa, a cada hora, você fica mais linda ainda.
A chef corou violentamente.
O vestido que esposa havia escolhido era um tomara que caia de cor azul, um pouco acima dos joelhos, com detalhes discretos na barra, acompanhado de scarpin nude. “Perfeita” – pensava Sarah enquanto admirava a esposa.
- Nem no nosso primeiro jantar eu fiquei tão nervosa. – Disse fazendo a juíza sorrir.
- Vem, relaxa. – Puxou Cristina pela mão e fechou a porta da casa. Guiou ela até a mesa, puxou a cadeira para que ela se sentasse. Pediu que aguardasse e foi em direção à cozinha.
Voltou trazendo o jantar. Salmão grelhado ao molho de laranja e coentro.
- Nossa, parece estar delicioso. – Cristina arregalava os olhos e encarava o prato a sua frente. Simplesmente adorava pratos com salmão.
- Feito especialmente pra você. Não sou uma chef famosa, mas garanto que o amor que sinto por você deixou o prato mais saboroso. – Piscou para Cristina.
Jantaram em meio a troca de olhares intensos e sorrisos avassaladores.
Após a refeição, Sarah pediu licença e levantou-se. Foi até o aparelho de som, instalado na sala.
Música.
Voltou. Puxou a chef pelas mãos, colando os corpos.
Logo a música preencheu o ambiente.
A chef sentiu os movimentos da esposa contra seu corpo e o seguiu. Facilmente se acendia ao simples toque dela. Dançavam coladas. O quadril da juíza parecia ter vida própria, e agora, judiava de Cristina.
Pobre Cristina. Descobriu entre tantas outras habilidades, que Sarah dançava. E o fazia muito bem, por sinal. De seus descendentes, a juíza herdou o amor pela Kizomba. E Cristina? Bom, ela apenas prendia a respiração. Sempre que via a esposa dançar, derretia-se. Uma maldade. Uma maldade deliciosa.
Colada ao corpo da chef, Sarah sorria. Podia sentir a respiração pesada da esposa. Os dedos que vez ou outra apertavam sua cintura. “Esse truque é infalível”, sorria enquanto o pensamento a fez ter uma ideia.
Se separou de Cristina e a olhou nos olhos. Azuis escuros, cheios de desejo. Guiou a chef para que ela se sentasse no sofá.
Então, dançou.
A versão africana de “All of me” dominava o ambiente. Sarah fechou os olhos. Dançou.
Os quadris. Vida própria. “Nossa”. Cristina suspirava a cada movimento da esposa. Por vezes engoliu em seco.
Viu quando a esposa abriu os olhos, e ainda dançando, a encarou. Os verdes, ainda mais verdes. Desejo.
Sarah foi em direção a mesa, pegou o vinho e deu um bom gole, na própria garrafa. Voltou para perto da esposa e entregou o vinho a ela e se afastou. Voltou a dançar. Enquanto se movimentava, abaixou as alças do próprio vestido, o fazendo ir ao chão.
Asti – Cute ma mi
Cristina estava hipnotizada. Ver aquela mulher apenas com uma calcinha mínima, salto alto, dançando daquele jeito. Virou a garrafa de vinho, encarando aqueles olhos verdes.
“Gostosa”
A juíza se aproximou e sentou no colo da chef, de frente pra ela, com as pernas ao seu redor e rebolou. Pegou as mãos da esposa e as colocou acima de sua cabeça. Naquela altura, Cristina já estava completamente úmida. Aqueles seios perfeitos com mamilos escuros, quase encostando em seu rosto. Sarah fazia um delicioso lap dance e se esfregava em sua mulher de forma cruel, ouvindo os gemidos dela cada vez que tentava tocar a pele negra e era impedida.
Nem Sarah aguentava mais. Num certo momento soltou as mãos da esposa e a beijou de forma gulosa, lasciva. Sentiu as mãos da chef sobre sua pele, apertando sua cintura, suas coxas, sua bunda. Tremeu quando sentiu a boca quente em seu seio, sugando explicitamente o mamilo enquanto a mão apertava o outro.
Cristina empurrou a mulher para o lado, fazendo ela cair de costas em cima do sofá. Tirou o próprio vestido e se deitou por cima da juíza, sentindo seu corpo todo colado no dela. Entre beijos e amassos, sentia Sarah arqueando o quadril, se oferecendo pra ela.
- Gostosa... – sussurrava a chef enquanto lambia toda a extensão do pescoço dela. Os gemidos de Sarah preenchiam o ambiente e a deixavam louca. Mordeu a barriga da mulata e desceu até o sex* dela. Respirou fundo, sentindo aquele cheio delicioso que Sarah emanava. Beijou o sex* dela ainda por cima da calcinha.
Sarah gem*u
Sentia os beijos da chef entre suas coxas, e sentia o próprio sex* latejando, quente, pulsando. Não conseguia mais se controlar. Queria sentir Cristina.
- Cris... por favor – arfava impaciente.
- O que você quer? Diz... – passou novamente a língua sobre o tecido completamente encharcado.
- Ah... não... – Sarah resmungou enquanto via a esposa subindo. Olharam-se nos olhos. Intensos.
- Diz! – Falou de forma firme. Enquanto observa a esposa enlouquecida, afastou a calcinha de Sarah e passou os dedos sobre o clit*ris completamente inchado.
- Não aguento mais, Cristina. Me ch*pa agora, ou eu não respondo por mim.
Cristina sorriu satisfeita. Beijou os lábios da esposa e desceu novamente. Rasgou a calcinha da esposa e a viu abrindo ainda mais as pernas, expondo o sex* que brilhava de tão molhado. Gem*u e rapidamente se inclinou sobre o sex* de Sarah, ch*pando de forma intensa, forte.
Sentia Sarah segurando forte seus cabelos, gem*ndo alto. Descontrolada. Deliciosa.
Sentiu a esposa começar a dar pequenos espasmos. O gozo se aproximava. Sem aviso, introduziu dois dedos dentro da mulher, fazendo movimentos circulares, enquanto a língua continuava estimulando clit*ris inchado, duro, molhado.
Sarah arqueou o corpo e sentiu fisgadas de prazer por todo o seu corpo, enquanto seu centro de prazer parecia explodir. Gritou o nome da esposa enquanto sentia derramar-se sobre o sofá. Cris sugava tudo. Precisava daquilo.
Subiu, ficando com rosto próximo ao de Sarah. Beijaram-se. Sarah sentiu o próprio gosto na boca esposa. Linda.
- Eu amo você, Cristina. – Praticamente sussurrou, ainda ofegante, olhando nos olhos da esposa.
- Eu amo você, Sarah. – Cristina respondeu de forma emocionada. – Eu amo você por tudo o que você é, por tudo o que fez até hoje, por ter transformado minha vida. Nunca em toda a minha vida pude imaginar que encontraria a felicidade nos braços de uma mulher e muito menos que eu teria a capacidade de fazê-la feliz. Você entrou na minha vida e eu vou fazer de tudo pra que você nunca saia dela. Quero nos ver como duas velhinhas. Eu cuidando do jantar enquanto você termina de cuidar do jardim. – Sorriram cúmplices. Cristina respirou fundo e continuou – Vamos criar nossos filhos, vê-los nos dando netos. Vamos esquecer qual dia da semana é, mas nunca vamos esquecer do amor que nos cerca, nos envolve, e nos faz crescer a cada dia.
A juíza se derretia em lágrimas e sorrisos.
- Ai, amor, assim você me mata. E sim, amor. Nunca esqueceremos do nosso amor. Eu sonhei com esse dia, sonhei com o dia em que eu seria o motivo da sua felicidade, em que eu seria responsável por te fazer suspirar, sorrir, sonhar. E hoje tudo se torna realidade. Tenho uma casa bonita, a carreira dos sonhos, um bom carro. Mas mesmo que eu não tivesse nada disso, e ainda tivesse você, Vinícius e Clara, meus dias valeriam a pena. Eu te amo de uma forma que não cabe em palavras, pois é maior que isso, é maior que toda as declarações que possam ser ditas. É na curva do seu pescoço que encontro a felicidade. É nos seus abraços que encontro paz. É em você que eu encontro amor. Te amo, te amo, te amo! Parabéns pra nós!
Cristina sorria em meio a lágrimas. Beijou intensamente a boca da esposa.
- Parabéns pra nós.
Cristina viu o verde dos olhos da juíza escurecer e seu sorriso tomar proporções maliciosas. Sorriu.
- Tá rindo de quê? – Cristina perguntava fingindo inocência.
- Quero meu presente...
- Ah, é? Quer? Vem buscar, então. – Cristina levantou-se de cima da juíza e correu em direção a cozinha.
Sarah correu atrás e conseguiu prender a mulher contra o balcão. Beijaram-se, e segurando firme na cintura da chef, sentou ela no balcão.
Deslizou os dedos de leve na intimidade dela enquanto, ainda olhando em seus olhos, quando perguntou.
- Achei o meu presente. Abre pra mim?
Cristina apoiou as mãos no balcão enquanto, com uma cara de safada, arreganhava as pernas para Sarah.
- Assim?
Viu os olhos verdes brilharem. Verde escuro. Intenso. Não disse nada, penetrou a esposa intensamente, enquanto com a outra mão, brincava com o mamilo rosado da esposa. Olho no olho. Sarah sentia o próprio sex* pulsando. Os gemidos e as feições de prazer que a chef fazia, a deixavam louca.
Aumentou a estocadas enquanto via uma Cristina completamente descontrolada, trêmula. Agarrou Sarah com as pernas, esmagando os dedos da juíza dentro de si.
Goz*ram juntas. Intenso. Delicioso.
Se amaram diversas vezes e em diversos lugares até tombarem exaustas no carpete da sala.
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Estavam sentadas lado a lado, com os pés enterrados na areia clara.
Sarah lia um livro enquanto Cristina tentava, a todo custo, bronzear-se.
Olhou de canto de olho. Riu.
- Amor, acho melhor dar um tempo do sol. A única coisa que você conseguiu foi ficar a cara do Pônei Rosa. – Disse Sarah já soltando suas típicas gargalhadas.
- Chata! Tá falando isso porque já tem essa pele linda aí... – Falou a chef emburrada.
- Fazer o quê né, amor? – Piscou de forma debochada.
Cristina ignorou. Levantou-se da cadeira enquanto era atacada por Vinícius e Clara.
- Mãe, já levantou? Agora vamos tomar banho de mar, né? – Vinícius estava eufórico. Adorava as férias em família e se as mães deixassem, passaria o dia dentro do mar. Clara não ficava atrás.
- Vamos mãe, por favor!
Cristina olhou para os dois. “Lindos”
- Peçam Sarah para passar protetor em vocês. Vou só mais essa vez e depois vamos voltar pro hotel.
Os meninos se animaram e foram em direção à juíza, que tratou de hidratar as peles com o protetor.
Cristina pegou na mão de Clara e saiu em direção ao mar. Vinícius nem esperou, saiu correndo feito doido, mas a poucos metros da água, parou bruscamente ao ouvir ao voz forte de Sarah.
- Vinícius! Sem correr.
Cristina riu discretamente. “Quem não treme diante de uma mulher dessas?”
Entraram no mar e se divertiram durante um bom tempo.
Sarah, sentada na areia, apenas admirava.
Sorria observando o sorriso da esposa ao balançar uma Clara maravilhada com as ondas do mar e Vinícius, que dava mergulhos e jogava a água pra cima. Não lhe faltava mais nada.
Soltou o livro em cima da cadeira ao seu lado e correu. Viu os filhos gritarem de alegria ao vê-la entrando no mar.
Aproximou-se da esposa e beijou-lhe os lábios.
- Amo você.
Felicidade.
Amor.
Cumplicidade.
“A loucura mais maravilhosa de nossas vidas”
FIM
Fim do capítulo
Bom, é isso! Como eu havia dito, "Abraça tua loucura" é uma história breve sobre o amor e o medo.
Tive a ideia de escrevê-la de repente. Minha primeira história e eu queria saber como seria a receptividade de vocês. Sempre tive vontade, mas o medo sempre me dominava.
Gostaria de agradecer a todas que comentaram e que acompanharam a história de Cristina e Sarah. Todas foram muito importantes e me motivaram a escrever cada capítulo.
Enfim...
Não sei mais o que escrever kkkkk Tô mais nervosa do que quando comecei.
Um abraço apertado em todas vocês.
Muitíssimo Obrigada
<3
Pérola
Comentar este capítulo:
AnaLaura
Em: 30/06/2017
É sempre difícil ler sobre violência contra nós, mas é preciso. Como odeio esses agressores. Ainda bem que ela conseguiu reagir e ter o final feliz. Goste demais. Vc vai continuar a escrever não vai? Vou ficar esperando pq eu gostei do jeito que vc escreve. Torcendo por mais inspirações suas, ainda que sejam lapsos. Rsrsrs. Beijo.
Sylvanna Santos
Em: 29/09/2016
Oi Pérola
Você foi fantástica, amei ter lido seu romance.
Você conseguiu me fazer ter emoções diversas.
Pensei que um romance de seis capítulos seria bobo e sem muito conteúdo, me enganei, que bom, amo ser surpreendida.
Parabéns, você ótima!
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lis
Em: 01/06/2016
Boa noite Pérola, tudo bem?? Parabéns bela história gostei muito, apesar do sofrimento que a Cris passou com o marido e todo o sofriemento que a Sarah passou por pensar que não a veria mais, o destino nos mostra que o amor sempre vence e ele acabou fazendo com que elas voltassem a se encontrar, muito linda sua histórai parabéns.
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rhina
Em: 31/05/2016
Oi e.
"ABRAÇA SUA LOUCURA "
Qual é a sua loucura?
Me faz pensar: qual é minha loucura?
A LOUCURA de cada um. Acredito que para alcançar a verdadeira felicidade todos e de maneira individual tem que Abracar sua loucura.
O medo, o receio, a insegurança sempre poderá fazer parte de nossas vidas no entanto ao abraçar sua loucura estaremos caminhando rumo ao amor. Aceitando-se e se colocando perante a realidade que só a vc diz respeito que é ser feliz e fazer alguém feliz.
Me pergunto se algum dia terei coragem de ABRAÇAR MINHA LOUCURA.
É isso autora existe muita verdade e profundidade no seu título.
Desejo a todas as leitoras que elas abracem suas loucuras.
Beijos para todas.
Até.
Resposta do autor em 01/06/2016:
Querida Rhina. Li todos os seus comentários.
Agradeço por ter dedicado um pouco do seu tempo para ler essa humilde história. Foi minha primeira vez e você não tem ideia de como fico imensamente feliz em ter sido recebida dessa forma.
Ah, e aqui vai um conselho: Abrace sua loucura, antes que seja tarde.
Usei essa frase porque é de um extremo significado em minha vida pessoal. A 9 anos atrás vivi uma loucura assim, e se eu não a tivesse abraçado, não sei nem o que seria de mim hoje. As vezes a gente sente um medo danado e a imaginação da gente inventa todas as coisas possíveis pra fazer a gente pensar que "vai dar m#rda"...
Mas no fim, abraça tua loucura. Se valer a pena, vive. Se não, a vida tá aí, os dias se seguem, e sempre há uma nova oportunidade pra tudo.
Um abraço beeeeeeeeem apertado e um xeiro!
Até a próxima
Pérola.
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rhina
Em: 31/05/2016
Oi. Pérola.
Foi maravilhoso do começo só fim.
Que amor intenso e Belo.
Vc tem muito talento.
Vc narrou sua história sempre com muitos detalhes harmonia e beleza.
A cada cena suas personagens se tornaram mais belas sensuais reais.
Amei sua pegada sutil mais profunda.
Parabéns querida.
Beijos.
Até.
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wood
Em: 23/05/2016
Parabéns foi linda sua história porque na verdade foi um pouco doque acontece na vida real com mulheres sendo abusadas,por esses canalhas que se chamam de maridos😠😠.Muito lindo o amor das duas amei,sucesso pra você Pérola que venhamais estórias 😚😘
Resposta do autor em 24/05/2016:
Hello, Wood! =D
Muitíssimo obrigada por ter acompanhado minha historinha. Foi curta, mas foi intensa.
E sim, dia após dia, mulheres sofrem por violência doméstica. Mas eu creio que esta é uma estatística que vai mudar e muito, positivamente, é claro =)
Um grande abraço.
Até a próxima.
Pérola.
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line7
Em: 22/05/2016
Simplemente LINDO,maravilhoso 😍😍..rsss..cada detalhe como vc descreve os perssonagens com uma pegada suave, cativante e romântico. (Como eu disse para outra e linda autora) É como se a gente estivesse lá dentro...kk.. a autora falou; já pensou todas do lettera lá dentro na hora H...kkkk.enfim vc é um talento, criatividade e como marca pessoal o Deus detalhes suave envolvente, além de tudo citou a violência contra a mulher, que foi um tema bem importante. Então vai uma dica para outra história que desde já esperando, atenta.rrss esses temas São bem convidaditivos assim também "amor impossível " quem não gosta daquele desafio..rsss..até mais LINDA, que Deus venha lhe abençoar o seu caminho😙 que pena que acabou, ficou aquela vontade de quero mais, sabe quando vc come o doce tão bom e acabar..pois é assim que eu estou me sentindo..kkk..😍
Resposta do autor em 24/05/2016:
Realmente, seria bem engraçado, todas do Lettera dentro do quarto na hora H kkkkkkk
Obrigada. A história foi bem curta, justamente porque quis por minha escrita a prova. Sempre acompanhei as histórias daqui e algumas autoras eu sigo desde os tempos do finado GLSPlanet.
Sempre tive essa vontade de escrever, e acho que deu certo, graças à vocês. Eu poderia jurar que essa historia passaria despercebida :p
Ainda bem que me enganei.
Ah! Anotei sua dica, heim! Vou lembrar dela quando estiver escrevendo novamente.
Um grande abraço.
Pérola.
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mtereza
Em: 22/05/2016
Amei as historia o amor das duas a familia que elas construiram apesar das dificuldades lindo adorei parabéns pelo conto bjs
Resposta do autor em 24/05/2016:
Sou grata por isso!
E sim, a delícia do sabor da vitória, depois de tantas batalhas... não tem comparação, não é?
Até a próxima.
Abraços
Pérola.
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preguicella
Em: 22/05/2016
Foi muito bom! Eu adorei! Apesar das dificuldades e diferenças tudo deu certo é uma bela família se formou!
Quanto a ser sua primeira história, nem parece! Parabéns! E tenho certeza que só vai melhor a cada história que vc nos presentear!
Bjãoooo
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Mille
Em: 22/05/2016
Amei a estória ainda bem que a Cris conseguiu de levantar e o amor da Sarah que permaneceu intacto durante longos anos. A forma do reencontro delas, a volta do Afonso para tentar tirar a alegria e a paz dela e a Sarah a salvando. A familia aumentou com chegada da Clarinha, e junto com o Vinicius a felicidade é plena na vidas delas.
Parabéns e sucesso.
Bjus e feliz dia do abraco.
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