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Ame o que é seu por PriHh

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Palavras: 4163
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Capítulo 29 – Nesse jogo... dois podem jogar

“De todos os jogos, o do amor é o único capaz de transtornar a alma e, ao mesmo tempo, o único no qual o jogador se abandona necessariamente ao delírio do corpo.” (Marguerite Yourcenar)

 

            Desci as escadas apressada. Estava na calçada da rua quando Patrícia chamou meu nome. Minha cabeça estava uma confusão enorme. Minha noite tinha começado bem, porém, eu nem imaginava o que viria noite adentro. No começo a festa estava excelente, estávamos todos nos divertindo, dançando, bebendo e jogando conversa fora. Então de uma hora para outra, tudo mudou, igual essas tempestades de verão que chegam de repente e te pegam desprevenido no meio da rua e sem guarda-chuvas. A minha tempestade começou quando as meninas desceram para dançar e Flavia e eu ficamos conversando no camarote. Eu gostava muito de poder falar com ela, nós conseguíamos conversar sobre qualquer assunto por mais bobo que ele fosse.

            - Vou pegar uma cerveja no bar quer uma? – Ela falou.

            - Sim, por favor! – Respondi. Enquanto Flavia foi até o bar eu fui olhar as meninas na pista de dança. Você conhece aquele ditado popular: “Da vida, o amor é o mel, do amor o ciúme é o fel?” Se eu soubesse o que veria teria ficado sentada quietinha para não despertar o meu ciúme. Assim que pus meus olhos na pista vi minha irmã e Paty dançando juntas. Juntas demais. Os corpos delas pareciam um só de tão colados que estavam. Minha namorada se deixava ser conduzida por minha irmã, que tinha os braços em seu corpo de um jeito controlador, dominante. Patrícia mantinha os olhos fechados e uma expressão de leveza no rosto. Um meio sorriso se mantinha estampado no rosto dela em conjunto a uma expressão de prazer e felicidade que me levou a tempos antigos, quando elas ainda namoravam, e eu via essa exatamente a mesma expressão em sua face sempre que ela via Cecília. O jogo de luzes da boate atrapalhava um pouco minha visão, mas não o suficiente para eu não perceber o quanto as duas estavam envolvidas naquela dança.

Como se estivesse sonhando, minha irmã fechou os olhos por uns segundos para em seguida os abrir, na mesma sincronia em que Paty abriu os dela, e ambas se encararam fixamente. Minhas mãos apertaram o gradil com força contendo meu ciúme e minha raiva. Uma dor lacerou meu coração e uma decepção se apossou de mim despertando sentimentos ruins que eu não queria ter. Eu não conseguia parar de olha-las e apenas quando Flávia me chamou é que consegui sair dali. Sentei-me e peguei a cerveja das mãos dela praticamente virando a garrafinha poucos goles. Elas voltaram pouco tempo depois disso. Eu tentei ignorar meus sentimentos, minha raiva, mas eu nunca fui o tipo de pessoa que conseguia disfarçar muito bem quando algo me incomodava. E Ana percebeu que algo estava diferente comigo e sentou-se ao meu lado puxando conversa. Deixei ela depois de um tempo e fui dançar com Flávia. Ela me divertia bastante e eu conseguia esquecer um pouco a dor que sentia junto dela. Descemos para a pista e começamos a dançar. Na segunda música que dançávamos um rapaz alto e moreno se aproximou de nós querendo dançar com ela.

- E ai gata dança comigo? – falou alto já pegando na mão dela.

            - Não obrigada – ela respondeu puxando a mão.

            - Poxa gata só uma dança – insistiu, o que me irritou mais ainda pois dessa vez ele já foi todo atrevido colocando a mão na sua cintura.

            - Escuta amigo... – falei alto para ele ouvir e entrei no meio deles colocando Flavia atrás do meu corpo - a gata ta acompanhada não ta vendo não? Então por favor não encosta suas mãos nela! - Pedi educadamente. Ele afastou-se.

            - Que desperdício – disse ao virar-se de costas e Flávia sorriu me olhando divertida.

            - Que namorada brava eu arrumei – disse em meu ouvido enquanto o cara continuava a nos olhar.

            - Sou muito ciumenta! – fiz cara de brava e sorri aproximando meu corpo do dela. – Vou mostrar pra ele o que é um desperdício – disse no ouvido dela e colei meu corpo no seu e voltamos a dançar. Ela virou de costas e rebol*va sensual junto do meu corpo, com as mãos presas em meu pescoço. Flávia era linda. Um espetáculo de mulher e dançando ficava ainda mais espetacular. No começo dançar com ela daquele jeito só tinha como objetivo provocar o babaca que nos olhava com cara de inconformidade, mas conforme dançávamos, eu passei a apreciar o corpo dela remexendo junto ao meu. Seu corpo perfeito naquele vestido branco, o decote que exibia os seios lindos, as curvas delineadas das costas a mostra pela cava do vestido. O perfume delicioso que ela exalava por sua pele enquanto dançávamos. Minhas mãos desceram percorrendo desde os braços e foram até sua barriga puxando-a para mais perto de mim. Eu podia sentir seu abdome definido enquanto minhas mãos seguravam-na. Meus seios roçavam em suas costas e eu não posso dizer que não estava gostando. Eu estava adorando sentir ela assim.

            Ela virou de frente e afastou-se e meu corpo foi de encontro ao seu novamente. Eu não a queria longe, eu a queria perto, mais perto de mim. Aproximei meu rosto do dela enquanto dançávamos. Os olhos fixos um no outro e o movimento sensual de nossos corpos começava a despertar sensações de êxtase no meu corpo. Flávia estava mexendo totalmente com minha libido, com meu desejo. Meus olhos desceram pra sua boca e uma vontade absurda de beija-la surgiu em minha cabeça me fazendo morder meu lábios com força para conte-lo. Eu ansiava profundamente beijar aquela que sempre fora apenas uma amiga para mim. Eu devia estar enlouquecendo, mas não me pareceu uma loucura do tipo ruim. Controlei aqueles desejos loucos que estava sentindo e continuei ali apenas dançando com o corpo colado ao dela.

            Quando saímos da pista e subimos para o camarote Patrícia me chamou para conversar. Ela não gostou de me ver dançando daquele jeito com a Flavinha, mas afinal que direito ela tem de reclamar quando ela mesma estava toda solta dançando com minha irmã, praticamente se esfregando nela. No fim acabamos discutindo feio por causa disso. Quando eu voltei Flávia não estava na mesa e ouvi Ana dizendo que ela se “daria” bem, olhando para a pista. Fui até onde minha irmã estava e ao perceber quem era a companhia de Flávia minha vontade foi matar a garota que estava com ela. O que a sonsa da Micaela estava fazendo ali? E ainda por cima se esfregando toda pra cima da Flavinha. Eu já estava mesmo precisando de uma boa desculpa para extravasar minha raiva e Micaela me caiu como uma luva. Desci as escadas e assim que as alcancei puxei Micaela para longe da Flá. Ela assustou-se a princípio, mas assim que me viu sorriu incrédula.

            - Tá louca Júlia? – Micaela disse ao me ver.

            - Tô Micaela... to louquinha pra quebrar essa tua cara de pau. – eu disse apontando meu dedo em sua direção.

            - Tenta a sorte meu bem – respondeu e levei meu corpo em direção a ela. Patrícia me puxou para trás e Flávia entrou entre nós.

            - Para com isso Jú – ela disse segurando meu corpo.

            - Vai ficar do lado dessa vagabunda depois dela ter traído? – eu disse brava.

            - Eu vou te mostrar quem é vagabunda sua vaca – retrucou e Flavia empurrou-a para longe de mim.

            - Sai daqui Micaela - Em seguida se aproximou de onde eu estava. - Eu tô do seu lado Júlia. Quer sair daqui arrastada pelos seguranças? – disse brava e segurou meu braço, saiu me puxando para o camarote.

Assim que chegamos lá em cima Patrícia veio cheia de cobranças para cima de mim aumentando minha ira contra ela. Mas o pior foi quando perguntei a Flávia se ela beijaria mesmo a ex e ela me disse que não sabia. Como não sabia? E ainda respondeu desaforada que a minha namorada era a Patrícia e não ela. Eu não queria acreditar que Flávia seria capaz de beijar mesmo aquela sonsa da ex namorada dela. E toda a raiva que eu guardava, raiva por Patrícia não me amar como eu queria, por Flávia sequer pensar em beijar sua ex, por minha irmã ainda ser a dona do coração de Paty e principalmente por mim, por ser tão submissa a esse sentimento por ela, por me deixar cegar tanto foi finalmente liberada, e desta vez em cima da minha namorada.

Na verdade, nesse exato momento ela é minha ex namorada.  Eu me sentia extremamente mal enquanto seguia em direção ao estacionamento, meu coração doía no peito, tinha uma vontade insana de chorar, mas eu não faria isso, não derramaria minhas lágrimas na frente de ninguém. Minha raiva e meu orgulho não permitiriam isso. Contudo, ao mesmo tempo eu me senti estranhamente livre, tão livre quanto uma águia num voo em céu aberto.

- Júlia! – Ouvi Patrícia me chamar. – Júlia para! – Falou mais alto e segurou meu braço. Encarei seus olhos que estavam tristes.

- O que é? – Eu disse brava.

- Você não vai sair assim – soltou-me – Júlia vamos conversar com calma, por favor? – Pediu deixando uma lágrima escorrer dos seus olhos e senti os meus lacrimejarem. Eu precisava ser forte para não voltar atrás e me jogar nos braços dela ali mesmo.

- Não temos mais nada para falar Patrícia. Acabou! Você agora está livre e eu também! Chega de ficar nos machucando! – Apontei nós três enquanto falava.

- Eu não vou permitir que você tome uma decisão dessas assim Júlia! Eu não vou aceitar isso!  - Olhei para trás dela e vi minha irmã no olhando. Ela permanecia calada, mas seus olhos se desviavam de mim para Patrícia. Flavia estava ao lado dela, seus olhos não saiam de minha direção e tinha um ar de preocupação. Eu sentia carinho neles enquanto ela me olhava. Voltei a fitar aqueles azuis tão intensos aos quais eu sempre me rendia.

- Você não tem que permitir nada Patrícia. – Eu disse com calma - Mas se ainda não entendeu eu vou te explicar melhor! – passei por ela e segui até Flávia e sem que ela esperasse colei minha boca sobre a dela e beijei-lhe. Ela tentou puxar o rosto mais eu a impedi segurando sua nuca com uma mão e sua cintura com a outra. Minha língua invadiu sua boca e depois de uns segundos ela se entregou ao beijo. Senti uma lagrima descer pelo meu rosto e morrer em nossas bocas enquanto nos beijávamos. A boca dela era macia, gostosa de beijar. Sua língua era quente e a boca dela estava com um sabor refrescante de chiclete de menta. Soltei o corpo dela devagar e abri meus olhos encontrando os dela, sorri, realizada por fazer o que eu tanto quis enquanto dançávamos juntas. Ela me olhava surpresa e assustada ao mesmo tempo. Quando olhei minha irmã ela tinha uma expressão indecifrável no rosto. Voltei a caminhar em direção ao carro e passei por Patrícia sem olhar para ela. Eu caminhava apressadamente. Só queria chegar no carro e sair dali o mais rápido possível.

 

 

            - Flávia vai com ela, por favor – pedi. – Não deixa ela dirigir sozinha.

            - Acho que seria melhor se.. – Tentou argumentar, mas a impedi.

            - Por favor! – Olhei em seus olhos preocupada. Ela não disse nada, passou por Patrícia sem a olhar e seguiu em silencio atrás de minha irmã.

            - Patrícia... – chamei e ela me olhou, seus olhos estavam tristes, magoados, chorosos. Aproximei-me dela – Vamos pra casa! Eu te acompanho. Amanhã você conversa com a Júlia. – Ela tinha uma expressão arrasada. Assim como ela, a última coisa que eu esperava que Júlia faria seria beijar a Flavinha. Se não fosse por toda a situação do momento, eu comemoraria aquele beijo entre elas com extrema alegria. Mas eu não conseguia me sentir alegre vendo Patrícia triste por ter presenciado aquilo.  Eu achava que Júlia poderia ter feito qualquer coisa, ela poderia simplesmente ter virado de costas e saído. Em minha opinião aquele “cheque-mate” havia sido desnecessário. Eu diria até cruel com Patrícia.

            -  A gente deixa vocês em casa! – Carla que estava junto de nós pronunciou.

            - Vem! – eu disse puxando-a pelos ombros. Ela se deixou conduzir e seguimos as meninas até o carro delas. Sentamos no banco de trás e abracei Patrícia deitando-a sua cabeça em meu ombro. Ela não dizia nada apenas chorava em silencio. Eu sentia suas lágrimas molharem meu ombro e me mantinha calada. Não havia nada que eu pudesse dizer que melhoraria seu estado ou mudaria aquela situação.

            Algum tempo depois Carla parou o carro em frente ao prédio de Paty. Eu desci com ela e disse que ficaria por ali até ela se acalmar e depois iria para casa de taxi. As meninas se foram e nós seguimos para dentro do prédio. Suas mãos tremiam tanto que nem conseguia abrir a porta. Tomei as chaves de suas mãos e abri a porta para ela, que passou e deitou-se no sofá abraçando as próprias pernas. Ela parecia tão frágil, tão dilacerada. E apesar de vê-la sofrer por causa da minha irmã meu coração se apertava por sua dor.

            - Você deveria tomar um banho! – Eu disse, mas ela continuava inerte. Aproximei-me sentando-se ao seu lado e tocando seu rosto com carinho. – Vai tomar um banho e trocar essa roupa. Não adianta ficar assim Paty. Júlia tá de cabeça quente. Amanhã você conversa com ela e quem sabe não se acertam! – Ela olhou-me.

            - Sua irmã beijou a Flávia na minha frente Ana – disse. – Fez pra me machucar! – Tinha a voz ferida.

            - Júlia não queria te machucar Paty. Ela estava...

            - Não tente defender ela Ana! – sentou-se no sofá – Ela não precisava ter feito ter feito aquilo. – Levantou-se e seguiu até o quarto me deixando sozinha. Segui em direção a cozinha da casa dela e comecei a procurar por algo que me permitisse preparar um chá para ela. Achei uma caixinha de chá de camomila e coloquei um pouco de agua para ferver. Ouvi o barulho do chuveiro sendo ligado enquanto aguardava a agua levantar fervura. Alguns minutos depois o barulho da agua cessou. Ouvi meu celular tocar e segui até a sala pegando-o e vendo uma mensagem da Flávia.

            “Chegamos bem. Estamos na minha casa. Beijos”

“Obrigada! Cuida dela pra mim! Bjos” – respondi.

            Ótimo. Pelo menos eu sabia que Júlia estava segura e que Flavia cuidaria bem da minha irmã. Terminei de preparar o chá e fui até a sala.

            - Patrícia! – Chamei, mas ela não respondeu. – Paty! – Chamei novamente, dessa vez mais alto e nada dela responder. Sem saída adentrei em direção ao quarto a procura dela. Parei na porta ao encontra-la aberta. Olhei e não vi ninguém dentro dele.

            - Paty! – Chamei e dessa vez ela respondeu.

            - Tô aqui – disse abrindo a porta do banheiro e saindo de dentro dele enrolada apenas numa toalha. Engoli seco ao olhar para ela. Eu tinha que manter meu controle. Júlia tinha acabado de terminar o namoro com ela e eu não iria forçar nada entre a gente. Não seria decente de minha parte fazer isso com minha irmã. Por mais que eu a amasse eu esperaria o tempo que fosse preciso para tê-la de volta. Isso se ela realmente me quisesse ao seu lado algum dia.

            - Preparei um chá pra você! – Disse a ela.

            - Obrigada! – Respondeu.

            - Vou esperar você na sala – disse saindo para ela trocar de roupa. Algum tempo depois ela voltou para a sala usando um shortinho largo e uma blusinha de dormir. Não era o que eu chamaria de sexy para um pijama, mas ela ficava tão simples e linda vestida assim. Ela sentou-se no sofá e eu fui até cozinha pegar o chá para ela.

            - Açúcar ou adoçante? – Perguntei.

            - Açúcar – respondeu. Coloquei uma colher pequena para não deixar muito doce e levei a xicara entregando a ela. Sentei ao seu lado e fiquei observando enquanto ela bebia o liquido quente lentamente. Os olhos perdidos no nada. Os pensamentos mais longes ainda. Eu trocaria tudo para saber os pensamentos dela naquele instante.

            - Está melhor? – Perguntei rompendo o silencio. É claro que eu não esperava que apenas um chazinho tivesse efeito milagroso mas eu precisava manter sua mente afastada das lembranças do que houve.

            - Ela não precisava ter feito aquilo! – disse olhando-me. – Não precisava me machucar desse jeito.

- Júlia estava de cabeça de quente. Tenho certeza que amanhã vai pensar melhor no que fez e vocês poderão se entender – disse tentando conforta-la. – Ela ama você! – Completei baixando os olhos.

            - Bela forma de demostrar que me ama... – disse irônica - tanto que nem pensou duas vezes antes de beijar a Flavinha – disse magoada.

            - Patrícia... – toquei sua mão e ela olhou-me com atenção – Olha...- suspirei -  não é fácil para mim admitir que... minha irmã ama você... mas eu sei que ela ama! – Encarei seus olhos.

            - Por que tá defendendo sua irmã? – Me olhou incrédula. Suspirei. Não queria entrar no mérito de quem estava certa ou errada, até porque eu me sentia culpada por ser parte da briga entre elas.

            - Você deveria tentar descansar um pouco – eu disse mudando de assunto. – Deita um pouco... vai te fazer bem e amanhã você tenta conversar com ela. Mais calma Júlia vai perceber a bobagem que fez.

            - Você teve notícias dela? – Perguntou me olhando preocupada. – Ela não devia ter dirigido daquele jeito. – Mesmo arrasada ela se preocupava com Júlia e isso era um bom sinal. Ainda que as duas não voltassem a namorar existia uma chance de um dia serem pelo menos amigas.

            - Sim. Ela está com a Flávia... estão na casa dela. – eu disse. – Tenta descansar – insisti.

            - Não acho vou conseguir dormir agora. – Respondeu desviando o olhar do meu.

            - Isso não é bom... – eu disse pensativa.

            - Por que? – Perguntou curiosa.

            - Eu fico parecendo a bruxa Keka se não durmo... – respondi naturalmente - e se você não dormir vou ter que ficar acordada com você! – Ela riu e me fez sorrir por isso.

            - Você é tão boba às vezes! – disse balançando a cabeça.

            - Sou uma boba que te faz sorrir pelo menos. – Respondi.

            - Você sempre conseguiu tirar de mim os melhores sorrisos. – Disse e eu senti meu rosto corar pelo seu comentário.

            - Já que você não pretende dormir podemos ver um filme então? – pedi.

            - Só tenho desenhos animados. Serve?

            - Tem a Bela e a Fera? – Ela sorriu e levantou-se caminhando até a estante.

            - Tem. – Disse pegando o dvd.

            - Você tem pipoca? – arqueou as sobrancelhas.

            - Você quer pipoca as 4:00hs da manhã Cecília?

            - Ué tem hora certa pra comer pipoca? – Perguntei divertida.

            - Eu vou fazer... – disse ligando a tv e o aparelho de dvd e colocando o filme. – Você quer tomar um banho? Eu te arrumo uma roupa minha. Devo ter algo que te sirva. – Perguntou olhando-me. 

            - Acho que vou aceitar se você não se importar.

            - Vem comigo - Deu pause no filme e saiu em direção ao quarto dela. Abriu as gavetas e retirou um short e uma camiseta entregando-as a mim.

            - Tem toalha limpa na primeira gaveta do banheiro. Shampoo e sabonete também.

            - Obrigada. – Eu disse e segui para o banheiro. Tomei um banho rápido e quando voltei para a sala ela já estava sentada no sofá com uma travessa cheia de pipoca e uma garrafa de Coca-Cola. Sentei-me ao seu lado e ela escorregou o corpo pelo sofá apoiando a cabeça perto do meu ombro.

- Posso dar play? – Perguntou e eu enchi uma mão de pipoca e confirmei com a cabeça, colocando uma parte delas em minha boca. Patrícia riu me olhando como se eu fosse uma criança. O filme começou e como sempre eu me desligava do mundo quando assistia a Bela e a Fera. Eu sabia até as musiquinhas de cor e salteado. Era meu desenho favorito. O tempo passou voando e já quase no final do filme senti a cabeça dela pender para o meu lado, escorando em mim, e foi então que me dei conta de que Paty dormia tranquilamente. Virei meu rosto em direção a ela e olhei-a com encantamento. Se minha vida fosse um conto infantil, com certeza Paty seria a minha Bela. Ela era tão linda dormindo com seu semblante em paz. Me movi com cuidado virando levemente meu corpo para olha-la melhor. Deslizei meus dedos sobre seu nariz, passei por seus lábios e por fim por seu rosto fazendo-lhe um carinho suave. Ela abriu os olhos encarando-me e sorriu.

- Me desculpa... não quis te acordar – disse retirando minha mão do rosto dela.

- Não tem problema...

- Quer deitar um pouco? – Perguntei.

- Tá tão gostoso aqui... assim! – Respondeu sem desviar seus olhos dos meus.

- Você vai ficar toda dolorida assim... ta toda torta! Vem pro quarto, te conto uma estorinha pra dormir! – Disse rindo e me levantei estendendo minha mão pra ela.

- Estorinha para dormir... vai contar qual?

- Conhece Cachinhos Dourados? Valentina adora os ursinhos... você vai gostar também! – Ela gargalhou, mas estendeu a mão segurando a minha me olhando com carinho. Desligou a tv. Seguimos em silencio até o quarto dela. Ela retirou a colcha que cobria jogando-a no chão e em seguida deitou-se no colchão e eu deitei-me ao lado dela. Permanecemos deitadas de frente uma para a outra, em silencio.

- Era uma vez... – comecei devagar como se ela fosse uma criança pequena e ela deu uma risada tão gostosa de ouvir que fez meu coração bater mais forte. – Continuo? – Perguntei.

- Não... – respondeu ainda rindo – Não precisa. – Parou de rir e me olhou séria.

- Gosto de ouvir você rir! – Eu disse. – Tem uma risada tão gostosa!

- Obrigada! – Ela disse.

- Só disse a verdade. – ela sorriu.

- Não pelo que disse agora... mas por tudo que tem feito por mim hoje! Por ter me acompanhado até aqui, ter me feito chá e até por fazer graça pra me fazer sorrir – disse dando um sorriso doce.

- Gostaria de poder te fazer sorrir todos os dias! – Ela mantinha umas das mãos na frente do rosto e pus minha mão sobre a dela num carinho suave. Senti em meu corpo um arrepio gostoso. Eu percebi pelo seu olhar que ela estava encabulada com o que eu disse. Seu rosto corou levemente deixando-a, se é que era possível, mais linda ainda.

- Por que você tem que ser assim sempre tão apaixonante?

- Não gosta do meu jeito? Preferia que eu fosse chata? – Perguntei fazendo cara de decepcionada.

- Não... eu amo seu jeito! – Disse baixo. Retirei minha mão de cima da sua e levei até seu rosto. Ela fechou os olhos e os manteve assim enquanto eu fazia carinho em seu rosto. Isso perdurou por muito tempo até que ela adormeceu. Já passava das 7:00 da manhã e uma pequena fresta de luz solar começava a invadir o quarto dela. Caminhei até a janela fechando bem as cortinas e voltei para cama deitando-me ao lado dela novamente. Fiquei alguns minutos olhando para aquele belo rosto. Aproximei meu rosto o máximo possível do seu, sua respiração tranquila batia suave em minha pele, minha boca próxima da dela. Pousei meus lábios sobre sua bochecha e beijei-lhe delicadamente. Sai do quarto e caminhei até o banheiro. Troquei de roupa colocando meu vestido e peguei um pedaço de papel escrevendo algo para ela.

 

“Gostaria muito de estar ao seu lado quando você acordasse. Só para não perder o costume, por favor, sorria para mim quando terminar de ler este bilhete! PS: Eu vou cobrar o sorriso! Cecília” – coloquei o pedaço de papel ao lado dela e sai sem fazer barulho. 

Fim do capítulo


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Comentários para 29 - Capítulo 29 – Nesse jogo... dois podem jogar:
aoliverqueen20
aoliverqueen20

Em: 15/04/2025

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rhina
rhina

Em: 26/06/2020

 

Incrível como a Ana posta de Santa.  E todas crusificam a Júlia.

Donde que Ana foi respeitosa em relação a Patrícia e Júlia .......

Donde a Júlia é culpada pelas burradas da Ana....

Rhina

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Ana Luisa
Ana Luisa

Em: 19/04/2016

Faço questão de deixar meu comentario nesse capitulo, onde valeu a pena o unico momento pra mim. Ana como sempre apaixonante como a propria Paty assumiu, são tão lindas juntas, li varias vezes e fiquei mais encantada ainda. Ana tão linda!

Responder

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Miss_Belle
Miss_Belle

Em: 18/04/2016

Depois de uma prova de tributário daquelas e de uma reunião de formatura....chegar em casa e ver que tem capítulos novos não tem preço...obrigada minha liinda!!

Bom, vamos aos comentários...

A Júlia cometeu o pior erro, por mais que estivesse com muitos sentimentos acumulados, nada justifica você ferir a pessoa que ama dessa forma. Pontos perdidos comigo e olha que eu tive uma leve empatia com ela!hihihi

Ai ai ai ai, a Ana é a mulher pra casar, cara sera que existe alguem igual a ela...to procurando, esse apoio foi fundamental para Paty. Ela foi íntegra, com os sentimentos da Paty e tbm da Julia, respeitou. Quero tanto ver as duas juntas, mais sei que o processo pode ser lento!!

Não preciso nem dizer que amei as parte da Ana e da Paty juntas, né!? Cara vc escreve muitooo bem!!

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Ada M Melo
Ada M Melo

Em: 18/04/2016

elas são fofas juntas, mas realmente deve ser um novo recomeço e com muita calma....

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Ana_Clara
Ana_Clara

Em: 18/04/2016

Uau, agora assim as coisas estão se movimentando. Não achei legal a atitude da Julia em beijar a Flávia em frente a Paty, mas talvez agora todas tenham um pouco mais de atitude e encontrem os seus verdadeiros pares. E a Ana é uma fofa sem precedentes!


Resposta do autor em 18/04/2016:

Oi Ana...

Pois é parace que vc e a Aninha concordam com isso... que não foi legal a Júlia beijar a Flá na frente da Paty né... será que isso agora vai mudar tido entre elas definitivamente?? 

Ana é linda mesmo!!

Bjus

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