Ame o que é seu por PriHh
Capítulo 27 – Bandeira branca
Mais de um mês já havia passado desde o carnaval e Flávia e minha irmã continuavam sem se falar. Juro que às vezes eu tinha vontade de esganar as duas. Uma sentia falta da outra mais nenhuma estava disposta a levantar a bandeira branca da paz. Eu já tinha tentado falar com ambas e não tive resultado. Eu tinha prometido a Flavia que respeitaria sua decisão se manter afastada de Júlia desde que ela estivesse melhor, mas ela não estava, Flavinha estava cada dia mais triste, mais pra baixo. Ela nem sequer saia mais comigo pras baladas, só o que sabia fazer era trabalhar e passar os finais de semana trancada em casa. Eu já passei algum tempo por essa fase depressiva e não estava disposta a deixar minha amiga presa nela. Então só me restava uma saída. Um reencontro forçado entre elas. E isso aconteceria nem que eu tivesse que amarrar as duas juntas.
Era o mês do aniversário de Júlia, Abril, e eu decidi fazer uma festa surpresa para minha irmã no meu apartamento, assim nenhuma das duas desconfiaria de nada. Conversei com Patrícia que a princípio não concordou muito com a ideia. Nós duas temíamos pela reação dela, já que depois de Larissa ela nunca comemorava essa data, mas já estava na hora disso mudar e eu estava disposta a correr o risco dela me odiar por isso. Agora só faltava convencer as duas a estar na minha casa no mesmo dia e, é claro, quase no mesmo horário. Decidi começar por minha amiga. Flávia sempre era mais difícil de enganar.
- Oi – ela disse ao abrir a porta de sua casa.
- Olá! – entrei e joguei-me no sofá.
- Tudo bem? – Perguntou.
- Sim. Vim te convidar pra sair comigo.
- Agora? Pra onde?
- Vai ter uma festa sexta feira na The Week e a senhorita vai comigo. – afirmei apontando meu dedo em direção a ela.
- Ah vou? – sentou-se jogando as pés sobre as minhas pernas. – Engraçado! To nem sabendo disso.
- Agora já tá. E nem me vem com desculpinha pra cima de mim por que você vai e ponto final. Vou dar um pulo no shopping, comprar um vestido novo e fazer meu cabelo. Vem comigo?
- Pode ser! Posso tomar um banho antes?
- Claro eu te espero. Vamos no meu carro. – Ah sim... eu já estava com meu carrinho novo. Um lindo e confortável IX-35 na cor branca. Flávia não demorou muito no banho e em pouco tempo estávamos no shopping Morumbi. Ela me ajudou a escolher um vestido vermelho e preto e uma sandália de salto vermelha maravilhosa. Depois fomos até o cabeleireiro.
- Por que você não muda um pouco seu cabelo Flá? Acho que ficaria lindo se fizesse uma californiana num tom avermelhado.
- Acha mesmo?
- Sim. O que você acha Rose? – Perguntei para a cabeleireira.
- Ficaria ótimo. Ainda mais com seu tom de pele. – ela disse avaliando o cabelo dela.
- Ótimo. Ela vai fazer Rose.
- O que? Como assim eu vou fazer Ana? – Perguntou surpresa.
- Tá na hora de você mudar um pouco. Pode preparar pra ela Rose. É um presente meu pra você. Quero você arrasando na sexta. – Olhei pra Flavinha que ria descreditada de tudo. Enquanto Rose cuidava do cabelo dela eu refiz minhas luzes e fiz uma mega hidratação no fios. Flávia fez mechas californianas usando uma mistura de tons, que no final ficou vermelho acaju, espetacular nela. Saímos do salão e fomos comer algo. Eu escolhi um sanduiche e ela uma salada de folhas verdes com mussarela de búfala e tomate seco.
- Achei que ia passar o aniversário da sua irmã com ela na sexta?
- Eu a convidei pra sair comigo mais ela disse que já tinha um jantar com a Patrícia. – fiz uma carinha de tristeza, o que não foi muito difícil pois eu sempre me sentia triste quando o assunto era aquele.
- Claro que tem... tudo na vida dela gira em torno da Paty. – ela disse desaforada e eu ri.
- Você vai levar essa briguinha besta até quando? – olhei-a.
- Até ela me pedir desculpas... isso se ela quiser! Se não quiser também não faz diferença.
- Sei... – respondi mordendo meu delicioso sanduiche de frango teryaki e bebendo um gole de coca. – Por isso que toda noite você ta indo pra farra né. Ops... mas pra isso você não precisa sair de casa?? – sorri sarcástica.
- Eu saio de casa.
- Trabalho não conta!
- E por falar em trabalho... não vai trabalhar??
- Sim... fechei um acordo com uma agencia de modelos para alguns trabalhos. Tenho uma sessão marcada pra semana que vem.
- Alguma modelo famosa?
- Não sei. Na verdade, na maioria das vezes o fotografo só descobre quem é a modelo no dia da sessão.
- Você bem que podia dar uma mãozinha pra mim né? Quem sabe me apresentar umas modelos gatinhas...
- Vou pensar no seu caso.... – disse terminando de comer - te espero lá em casa na sexta as 20:00hs pode ser? – bebi o resto do meu refrigerante.
- Não é muito cedo? Que horas essa festa começa? – Estranhou.
- As 23:00hs. Mas vamos passar num barzinho antes pra encontrar a Cintia. – menti sabendo que Cintia também estaria na minha casa.
- Blz. Vamos no seu carro?
- Sim. – respondi – você deixa o seu na minha vaga.
- Fechado então. – A primeira partida já estava ganha. Só faltava as outras duas.
Estava na minha sala quando ouço batidas na porta.
- Pode entrar! – disse sem desviar minha atenção do trabalho.
- Oi – ouvi a voz de Aninha.
- Oi! – ela entrou e sentou-se de frente para mim.
- Tudo bem com você? – perguntou-me.
- Sim. E você? – perguntei voltando a analisar um relatório.
- Ótima. Escuta tem planos pra sexta a noite?
- Essa sexta? – concordou com a cabeça e eu encostei meu corpo na cadeira numa posição defensiva imaginando o que minha irmã estaria aprontando.
- Nada demais. Tinha marcado de jantar com a Paty e a Vavá. Por que?
- Eu queria te convidar pra jantar lá em casa comigo e a Cintia. O que acha?
- Você vai cozinhar? – dei um sorriso zombeteiro pra ela.
- Aposto que vou surpreender você. – sorriu de volta me deixando mais desconfiada ainda.
- Por mim não tem problema. Será apenas nós né? – Não citei nome, mas ela sabia que eu me referia a Flávia. Nós estávamos sem nos falar desde a discussão no carnaval por causa daquela aposta. Eu sentia muita falta de falar com ela. De sua presença em minha vida. Já fazia mais de um mês que não nos víamos.
- Só nós – cruzei os dedos sob a mesa igual eu fazia quando era criança e jurava em falso. – Ah leva um vinho. Na minha casa só tem cerveja! – pediu.
- Tinto ou branco?
- Tinto combina melhor com carne. – abriu a porta. – As 20:15hs em casa. Beijos.
- Beijos – respondi vendo-a sair. Voltei a me concentrar no trabalho pois mais tarde ainda teria que falar com Patricia sobre esse jantar, já prevendo uma possível recusa em participar. O dia passou devagar. Assim que sai da sala encontrei Cintia terminando de recolher as coisas dela.
- Oi – cumprimentei-a.
- Oi. Já vai?
- Já sim. E você?
- Também. – apertei o botão do elevador e continuamos a conversar até ele chegar.
- Quer carona? – ofereci.
- Não precisa. Vou direto pra casa hoje não tenho aula na faculdade.
- Que ótimo. Assim você descansa pro jantar de sexta. – joguei para ver sua reação.
- Com certeza. Eu vou até chegar mais cedo pois quero ver os dotes da sua irmã na cozinha – respondeu rindo. “Então não é mais uma das proezas da Ana” – pensei. Sai da empresa e fui direto para casa da Paty. Assim que entrei ela estava na sala brincando com a Vavá.
- Olá – falei.
- Oi linda! – Paty respondeu. Vavá veio até mim se jogando em meus braços para abraça-la.
- Oi minha princesa. – falei.
- Tia Júlia hoje eu apendi a conta até dez. – disse toda feliz.
- Por isso eu sempre digo que você é inteligente demais meu amor. Minha mini Einstein! – Beijei-lhe o rosto e abracei-a apertado. Coloquei Vavá no chão e me aproximei de Paty dando-lhe um selinho e sentei-me olhando de frente para ela.
- Tudo bem? – perguntei.
- Sim e você?
- Bem também. Como foi seu dia? – perguntei enrolando os dedos em seus cabelos.
- Tranquilo. E o seu?
- Corrido. Ana passou na empresa hoje! – disse a ela.
- Mesmo. – balancei a cabeça. – Que bom pra você! É bom ver vocês se entendendo bem.
- Ela nos convidou pra jantar com ela e Cintia na sexta! – disse já esperando sua explosão.
- Nessa sexta – olhou-me parecendo desacreditada. – O que respondeu?
- Que iríamos! Fiz mal? – perguntei receosa.
- Você podia ter falado comigo antes né! – sua voz soou contrariada. – Tínhamos combinado de jantar nós três.
- Eu sei amor... eu fiquei sem graça de recusar o convite dela.
- Tudo bem... é só um jantar mesmo! – disse deitando sobre minhas pernas. Ficamos namorando e acabei dormindo na casa dela. Quinta feira passou e na sexta eu passei na casa de Patrícia para busca-las. Acabamos nos atrasando uns minutinhos e por volta das 20:25 eu já estava tocando a campainha da minha irmã.
Já passava das 20:00 e nada da Flávia aparecer. Já estava quase todo mundo ali. Meus pais, alguns amigos de Júlia que, graças a Cintia eu pude entrar em contato, Carla e Maressa e alguns funcionários da empresa de meu pai com quem Júlia tinha mais contato. Só faltava a aniversariante e minha melhor amiga. Meu medo era que elas se encontrassem no meio do caminho, ai sim todo meu plano cairia por agua abaixo. Eu já ia ligar para ela quando a campainha tocou. Conferi pelo olho mágico e respirei aliviada ao ver os cabelos de Flavia. Abri porta puxando-a pra dentro. Ela assustou-se e assim que percebeu o que estava acontecendo olhou-me furiosa. Deu dois passos em direção a porta e eu entrei em seu caminho.
- Espera Flá... por favor? – implorei.
- Você mentiu pra mim.
- Eu sei... mas se eu tivesse pedido você teria vindo?
- Não!
- Tá vendo! Você não me deu escolha.
- Você não pode colocar nós duas no mesmo lugar e achar que as coisas vão se resolver do nada Ana. Eu vou embora agora! – disse e no mesmo instante a campainha tocou.
- Quer ter a honra de abrir a porta? – disse baixo e ela me fuzilou com o olhar. Ela bufou e saiu para a varanda do apartamento. Pedi silencio a todos e fui até a porta. Conferi pelo olho mágico e avistei as três paradas. Assim que abri e Júlia entrou todos gritaram.
- Surpresaaaaa!
Minha irmã ficou estática e seus olhos logo me procuraram. Dei um sorriso inocente, sabendo que depois teria me entender com ela. Patrícia entrou logo atrás dela e trocamos um olhar cumplice. Vavá estava no colo dela com um vestido verde e bege tão lindo e uma tiara na cabeça. Por precaução, fechei a porta antes que Júlia resolvesse correr. Aos poucos as pessoas vinham cumprimentar minha irmã. Ela não sorria mais também não estava com uma cara tão brava, o que já era um ponto positivo. É claro que ela e Flávia ainda não tinham se visto. Cheguei até Júlia para lhe dar um abraço.
- Posso dar parabéns pra irmã mais linda do mundo ou corro risco de vida? – disse tentando diverti-la.
- Eu deveria mesmo matar você Ana! – falou séria – Você não perde essa mania de fazer as coisas por impulso né?
- Não foi por impulso... – franzi a sobrancelha – eu tive que pensar muito em como fazer pra você não desconfiar!
- Tão engraçadinha você Ana – disse com um sorrisinho forçado.
- Feliz Aniversario. – abracei-a e ela correspondeu. – Que você tenha muito sucesso e muita felicidade irmã. Eu amo muito você!
- Obrigada Ana... – soltou-me e sorriu, dessa vez um sorriso feliz – Também amo você... até demais! – riu. “Espero que ela se lembre que me ama quando encontrar a Flavia aqui” – pensei. Aproximei-me de Patricia para cumprimenta-la.
- Obrigada por trazê-la – sussurrei ao beijar-lhe o rosto.
- Espero que você tenha razão! – ela respondeu me dando um sorriso singelo
- Oi meu anjinho – disse a Vavá.
- Oi tia Ana. Tavo com saudades!
- Eu também meu amor. Quer passear com a tia Ana? – ela estendeu os braços e pulos pro meu colo. – Vou te levar numa mina de ouro – caminhei até a mesa onde estavam os docinhos.
Eu queria matar minha irmã. Como ela me aprontava uma dessas. Uma festa surpresa. Ela sabia que eu não comemorava meu aniversário. Que essa data me machucava demais, pois me lembrava da Lari. E mesmo assim ali estava eu, reunida com diversas pessoas amigas e conhecidas minhas. Papai e mamãe foram os primeiros a vir me cumprimentar.
- Feliz aniversário meu amor! – Minha mãe disse abraçando-me.
- Vocês não deviam ter aceitado isso mãe! – disse afastando-me dela.
- Meu amor sua irmã fez muito bem em fazer isso... você precisa superar o que aconteceu no passado!
- Vou ter uma conversa séria com ela depois.
- Filha – meu pai chamou – deixe isso pra mais tarde. Queremos comemorar essa data tão importante pra nós com você. Não nos negue isso. Por favor? – Passou a mão por meu rosto. – Hoje é um dia especial e merece ser comemorado.
- Tudo bem pai – cedi. – Por vocês! – Abracei-o. A cada passo que eu dava alguém aparecia para me cumprimentar. Eu estava me sentindo impaciente, sufocada e caminhei em direção a sacada na tentativa vã de fugir daquele amontoado de gente. Tudo que eu queria era um jantar tranquilo com minha namorada e a minha princesinha, e agora eu estava numa festa surpresa e não tinha pra onde correr. Assim que cheguei na sacada me dei conta de que não era a única que queria espaço naquela festa, no canto mais escuro da sacada tinha mais alguém de costas olhando a cidade. Apoiei minha mão no gradil e fechei meus olhos respirando fundo, soltando o ar devagar.
- Você está bem? – Como a iluminação estava fraca não percebi quem era até que ela se fez ouvir. Abri os olhos e virei-me devagar em direção a ela. Senti meu coração bater mais forte ao vê-la ali tão perto. Eu estava com tanta saudade daquela morena baixinha. Eu tinha me enganado o mês inteiro fingindo que eu não sentia falta dela ou que nossas conversas não faziam falta para mim, mas faziam, e muita falta.
- Acho que estou com um pouco de falta de ar – respondi voltando a olhar para a cidade e percebi que ela permaneceu me olhando atenta como se cuidasse de mim.
- Surpresas demais para uma noite? – Quebrou o silencio me fazendo olhar para ela.
- Minha irmã ainda me mata do coração com suas surpresas!
- Provavelmente ela vai matar nós duas – disse desviando o olhar para a cidade.
- Quer dizer que você... também não sabia dessa festa. – Olhei-a curiosa.
- Eu sabia que iria a uma festa... não que ela seria a sua festa de aniversario.
- Ah claro... esqueci que estar no mesmo ambiente que eu tira o seu apetite né? – Disse baixando a cabeça chateada ao recordar a ultima vez que estivemos juntas no carnaval.
- Acho que minha presença não faz muita diferença na sua vida – olhou-me – Afinal de contas eu sou só uma irresponsável né! – disse virando-se para sair dali e ao passar próxima a mim eu segurei sua mão fazendo-a me olhar novamente.
- Espera! Fica aqui comigo. Por favor? - pedi olhando em seus olhos. Ela voltou a apoiar o corpo no gradil. – Não quero ficar sozinha – minha mão ainda segurava a sua e era bom senti-la junto da minha. Eu nem me lembrava mais que além dali estava rolando uma festa, a minha própria festa de aniversário.
- Fico sim... – respondeu apertando sua mão na minha e me olhando com carinho. Puxei-a até mim abraçando-a
- Eu senti muito a sua falta nesses dias em que ficamos sem nos falar, Flá. – assumi minha saudade. – Muito mesmo.
- Eu também senti. Tive pena da sua irmã que me aguentou esse tempo todo. – rí gostosamente ao ouvi-la, ainda abraçando-a. Nos afastamos permanecendo próximas uma da outra.
- Sinto muito por ter te chamado de irresponsável. Se isso te fizer sentir melhor, saiba que pra mim você é irresponsável mais incrível do mundo.
- Me desculpa também... por ter saído da mesa aquele dia. E se isso te fizer sentir melhor... saiba que para mim... insuportável é ficar longe de você. – disse com tanto carinho que senti meus olhos encherem d’água.
- Não quero mais brigar com você. – pedi. – Promete que nunca mais vai se afastar de mim? Mesmo que eu seja a maior idiota do mundo com você?
- Se depender mim... nunca mais. – Percebi os olhos dela brilhando enquanto me olhava. – Sei que você não gosta de comemorações, mas, será que eu posso te desejar feliz aniversário? – Perguntou com um sorriso leve no rosto enquanto nos olhávamos e pela primeira vez naquela noite eu sorri sinceramente.
- Só se eu ganhar outro abraço de presente – disse e ela sorriu mais aberto para mim.
- Até dois – respondeu aproximando seu corpo do meu e envolvendo-me num abraço gostoso. Afundei meu rosto no pescoço dela e a apertei contra mim.
- Você foi o meu maior presente hoje! Eu amo muito você! – Disse em seu ouvido e ela suspirou apertando-me ainda mais como se desejasse que aquele abraço não acabasse nunca. E eu me deixei permanecer abraçada a ela por muito tempo.
- Acha que devemos chama-las? – Perguntei a Cecília ao meu lado enquanto observávamos as duas de longe.
- Não! – Fez um gesto com a cabeça - Vamos deixar elas conversarem. Tenho certeza que Flávia vai trazê-la aqui pra dentro logo. – Voltou seus olhos para mim e senti meu corpo estremecer com aqueles olhos tão verdes, tão lindos.
- Como pode ter tanta certeza? – disse me perdendo nos verdes dos seus olhos.
- Flávia ama a Júlia. – respondeu desviando nossos olhos e concentrando-se nas duas que ainda se abraçavam.
- Ama? Ama como? – Perguntei intrigada.
- Ela entende minha irmã, a protege, a respeita e faz muito bem a ela. Me diz uma coisa, por acaso já viu a Flavinha render-se tão fácil a alguém como ela faz com a minha irmã? Sinceramente? – olhou em meus olhos esperando minha resposta.
- Não. Flavia é tão teimosa quanto você! – constatei percebendo que o que ela dizia tinha sentido.
- E ainda assim elas estão se abraçando agora não estão? – não disse nada apenas olhei para a sacada onde as duas permaneciam abraçadas.
- Cecília você...
- Eu não sei de nada! – Interrompeu-me. - Não é para mim que tem que fazer essa pergunta Paty. – Ela estava deixando coisas no ar e ainda vinha me dizer que não sabia de nada? – Se me dá licença vou dar atenção a Cintia. – disse saindo de lá. Eu permaneci parada olhando para onde Júlia e Flávia estavam. Elas já não estavam mais abraçadas e as palavras de Cecilia não saiam do meu consciente.
- Ela vai ter que me contar o que sabe ou não me chamo Patricia. – disse para mim mesma procurando Cecilia pela sala mas nada dela estar ali. Aproximei-me dos pais delas, eles estavam brincando com Valentina.
- Boa noite – eu ainda não havia cumprimentado-os.
- Boa noite – responderam.
- Você viram a Cecília?
- Acho que eu a ouvi dizendo que ia buscar alguma coisa no quarto dela. – seu pai respondeu.
- Obrigada. Você se importam de ficar de olho na Vavá pra mim por uns minutinhos?
- Claro que não Patricia. Nós amamos ficar com ela! – Helena respondeu. Segui em direção a onde julguei ficar os quartos. Ao passar pelo primeiro cômodo percebi que estava vazio. Segui para o segundo e já próxima da porta pude ouvir a voz de Cecília. Me aproximei devagar e vi a porta entreaberta e meus olhos encontraram Cecília sentada sobre a cama com Cintia sobre seu colo.
- Devíamos voltar pra festa. – Cintia disse passando a mão pelo rosto dela. Engoli seco ao vê-la tocar-lhe assim.
- Nós já vamos voltar! – ela tinha a voz carregada de malicia. Deu-lhe um beijo repleto de desejo e senti meu peito se comprimir.
- Desse jeito eu não vou querer mais sair desse quarto! – Cintia respondeu quando Cecília avançou com sua boca no pescoço dela. Eu queria sair dali mas minhas pernas estavam travadas. Eu não conseguia me mover.
- Você é tão gostosa! – Cecília disse. – Tô louca pra te ter sem esse vestido hoje...
- Você me enlouquece Ana Cecília – disse no ouvido dela e Ana fechou olhos mordendo os lábios em sinal de prazer. Meu coração doia no peito ao vê-las juntas, daquela forma. Cintia segurou a mão dela e a conduziu para baixo de seu vestido. – Olha como me deixa! – disse ofegando e jogando a cabeça para trás.
- Desse jeito eu me apaixono por você! – Cecília disse de olhos fechados e mesmo sem saber que eu as olhava cravou um punhal em meu peito causando em mim uma dor lancinante, quase uma dor física. Eu já não suportava mais permanecer ali. Eu estava entendendo na pele o que Ana sentiu ao me ver com Júlia no carnaval. Minha respiração falhava e eu senti meus olhos arderem, as lágrimas desceram sem minha permissão. Eu não podia controla-las. Eu não controlava meu coração que batia tão forte e com tanta dor que parecia que iria explodir. Quando finalmente consegui mover-me esbarrei em algo derrubando-o no chão. Sai sem olhar par trás e entrei no banheiro trancando a porta.
Fim do capítulo
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Baiana
Em: 16/04/2016
Bem feito para a Patricia. A Julia percebendo a importância da Flávia na vida dela, e quem sabe a olhando com olhos que não seja de amizade e a Ana deixando a possibilidade de se apaixonar pela Cintia em aberto.
Patricia fala que gosta,sente ciumes e não quer a Ana com outra, mas não toma nenhuma atitude, pelo contrário, vai atras de Julia e se comporta como uma namorada apaixonada, a Ana etá certa em seguir a vida, se abrindo a possibilidade de ser feliz com a Cintia
Resposta do autor em 16/04/2016:
Oi Baiana
kkkkk Patricia ta se dando mal... será que ela vai se ferrar com as duas irmãs??
Bjus
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