Jasmine Meirelles, 27 anos, 170 cm de altura, cabelos ondulados castanhos muito escuros e olhos castanhos num tom chocolate. Aos 24 ela cursava design gráfico junto com Ana Júlia, sua amiga desde o ensino médio. Ambas eram ótimas alunas, adoravam o curso e não se desgrudavam por nada. Mas, um ano antes delas se formarem um acidente de carro tirou tudo o que sobrava da família de Jas. O pai dela, Augustos Meirelles, voltando de uma viagem de trabalho se envolveu num acidente com um caminhão que, por problemas mecânicos, perdeu a direção e invadiu a pista contrária numa rodovia movimentada. Augustos e mais 3 pessoas de outros 2 carros morreram assim como o motorista do caminhão.

   Depois disso Jasmine desistiu da faculdade, pegou a câmera de seu pai e saiu pelo mundo. Augustos era um fotógrafo relativamente conhecido e Jas sempre foi uma criança curiosa e acabou por herdar a paixão e o talento do pai para fotografia. Depois de perde-lo nada mais foi capaz de mantê-la no Brasil e, para fugir das memórias e da tristeza ela começou a rodar o mundo conhecendo lugares e tirando fotos como free lance para algumas revistas menores e jornais pelo mundo todo. Três anos depois, ao passar pelo Chile, Uruguai e Argentina, ela decide visitar alguns amigos mais próximos e aproveitar que já estava mesmo perto de casa.

   Ana Júlia, sua melhor amiga, amou saber da ideia, mas um trabalho de ultima hora a fez ameaçar Jas a ficar mais tempo no país para poderem se encontrar. Ana Júlia Guimarães era a assistente pessoal de Fernanda Azevedo, editora chefe e dona da revista Atcualites e, justamente naquela semana, teve de viajar com a chefe para uma casa de campo no interior do Rio Grande do Sul para um ensaio fotográfico com algums modelos para uma reportagem sobre a influencia do campo nos estilos, moda e arquitetura atual que incluiria uma entrevista com um renomado decorador espanhol que estaria no país por apenas dois dias.

   Ana Júlia tinha 26 anos, 170 cm de altura, cabelos loiros num tom escuro que era mais perto do castanho próximo as raízes e olhos verdes (https://karenmanica.files.wordpress.com/2011/05/paola.jpg). Antes de se formar havia conseguido um estágio na Actualites e, após terminar o curso, entregou seu currículo à empresa na esperança de conseguir um emprego. Fernanda havia acabado de demitir a quarta assistente em 9 meses e, irritada com a incompetência das anteriores, tomou a frente da seleção e analisou por si mesma todos os currículos recentes entregues na revista. O de Ana lhe chamou a atenção, ela não se lembrava da garota estagiando ali, mas ela também pouco notava estagiários, entretanto o currículo daquela garota dizia que ela havia passado dois meses com eles e citava algumas das matérias mais importantes da revista naquele período. A curiosidade virou satisfação após a entrevista e Ana Júlia foi contratada se tornando, um ano e meio depois, a pessoa que mais tempo conseguiu trabalhar com Fernanda na história da revista.

   Fernanda Azevedo tinha 32 anos, 160cm de altura, cabelos negros e olhos de um castanho muito escuro. Ela herdara a revista da mãe quanto tinha apenas 22 e, em 10 anos à frente da diretoria e da redação, havia feito a revista se tornar uma das mais importantes do país no que dizia respeito a assuntos da atualidade transformando a pequena revista de moda em algo muito maior e mais diversificado. Sempre em suas roupas sociais e em cima de seus grandes saltos ela se impunha firme e forte em qualquer situação e, ganhando fama de ter um coração duro e frio, ela foi se erguendo e ganhando o respeito de muitos envolvidos naquele ramo.

   Aquela sessão de fotos era uma prova do avanço que Fernanda havia promovido na revista; seriam 4 dias numa casa de campo pertencente à uma senhora influente do Rio Grande do Sul, três deles dedicados à sessão de fotos naquele ambiente que misturava a rusticidade do campo com toda a modernidade proporcionada pela tecnologia e que havia sido planejado e decorado pelo famoso decorador que, no quarto dia, seria entrevistado pela própria Fernanda. O velho casarão hospedaria nesses quatro dias os 4 modelos que auxiliariam nas fotografias para mostrar a funcionalidade e a praticidade daquela interação, o fotógrafo com seus materiais e equipe além da própria Fernanda e sua assistente que estava ali especialmente para manter tudo dentro dos conformes exigidos pela Srta. Azevedo. Entretanto um imprevisto se deu durante as primeiras horas enquanto todos eram acomodados.

   Fernanda foi a última a chegar, o fotógrafo e sua equipe, já instalados no casarão, preparavam seus equipamentos quando ela se aproximou dele. O rapaz, ou nem tão rapaz assim, era alguém que já havia trabalhado para a Actualites, mas nunca tinha conhecido a famosa Diretora Fernanda. Ele tinha por volta de 35 anos, uma barba cheia e um físico que conquistaria muitas mulheres, além de lindos olhos verdes; só que por baixo da bela imagem havia um caráter péssimo. Ele começou sendo cortes demais e Fernanda apenas se mantinha firme e séria, apesar de não estar gostando nada dos olhares que aquele homem lhe lançava.

   Ela usava uma saia social de cintura alta preta que acabava perto de seus joelhos e tinha uma pequena fenda do lado esquerdo que mostrava um pouco mais de suas pernas, uma camisa social de seda num tom cinza claro, um colar de pedras, brincos grandes, algumas pulseiras e usava saltos pretos altos. Os olhares do fotógrafo para suas pernas eram nítidos e impossíveis de se disfarçar, entretanto, o profissionalismo de Fernanda a obrigava a se manter calma diante da fala lenta e baixa que aquele homem insistia em usar tentando se aproximar cada vez mais dela.

Mas quando ele resolveu avançar para toques físicos a personalidade explosiva de Fernanda falou mais alto e ela desistiu de se manter profissional. No meio de uma frase dela a respeito de como ela queria que os modelos se posicionassem em certo cenário ele parou ao lado dela e, sorrindo, disse que ela não deveria se preocupar, pois ele usaria muito bem a iluminação natural. Achando que ele estava finalmente prestando atenção ao que ela falava Fernanda se virou para a sala voltando a explicar, mas parou no mesmo instante em que sentiu um dos braços dele circundar sua cintura e ele se aproximar de seu corpo falando algo sobre poder usá-la como modelo também.

   - Eu deveria destruir todo esse seu rosto que você parece achar tão atrativo para ver o que você faria sem ele – disse ela num tom frio, baixo e extremamente irritado fincando as unhas de uma mão no pulso dele fazendo-o soltá-la – Eu não sou uma de suas modelos e nem que eu fosse iria aceitar essa sua atitude antiética e antiprofissional. O que acha que veio fazer aqui? Paquerar mulheres bonitas?? Porque isso é algo que você deveria reservar para fazer em lugares mais apropriados! – ia dizendo ela ao mesmo tempo em que apontava o indicador na direção do rosto dele e aumentava cada vez mais o tom de voz até estar quase gritando.

   - Foi só um elogio – tentou argumentar o fotógrafo com um sorriso divertido o que só enfureceu ainda mais Fernanda.

   - Pois então vá elogiar outra pessoa para que ela lhe dê outro trabalho tão bem pago quanto esse – disse ela – Porque o senhor está demitido, não vai receber de mim e pode ter a certeza de que nunca mais vai trabalhar para uma revista decente outra vez! – gritou ela praticamente expulsando-o do lugar.

   Depois de gritos, discussões, brigas e muita confusão o fotógrafo e sua equipe saíram do casarão e voltaram para a cidade deixando Fernanda sem ter como continuar seu trabalho. Talvez tivesse sido apenas a irritação, que ainda não havia passado, que a fez gritar com Ana Júlia mandando-a arrumar outro fotógrafo até o fim do dia ou ela perderia o emprego também, mas sua assistente decidiu não duvidar das palavras da chefe. Horas mais tarde Ana Júlia se encontrava na varanda do casarão, o sol se aproximava do horizonte e ela desligava a ultima ligação possível sem uma resposta positiva. Não havia um único fotógrafo em todo o Brasil que pudesse aceitar o trabalho e vir realizar aquele ensaio.  Só lhe restava uma única opção.

   - Jas eu te imploro!!! Me ajuda nessa.

...

Fim do capítulo