Capítulo 21

 

Vick estava encostada no balcão que dividia a cozinha e observava a prima que olhava tudo que tinha de comer no fogão. 

 

-- Humm... Isso é bom - a baixinha falou tirando a tampa de uma panela - Jesus, que isso? - olhou outra panela fazendo uma cara de nojo. 

 

Victoria se aproximou e observou o que tinha dentro da panela.

 

-- Isso são legumes, Carol. 

 

-- E pra que diacho tem isso aqui? - perguntou horrorizada. 

 

-- Porque tem pessoas que gostam né... Você deveria comer. Isso faz bem pra saúde. 

 

-- Nem ferrando que como um troço desse! Não sou coelho pra ficar comendo essas coisas.

 

-- Aff, você é muito é teimosa, isso sim! 

 

-- Ah cale-se! Vamos comer! - disse pegando prato e talheres. 

 

As duas se serviram e comiam de forma divertida. Carol fez uma careta quando viu Vick colocando legumes no prato. 

 

-- Você tem problemas! 

 

--  A única problemática aqui é você - disse se deliciando com um pedaço de brócolis. 

 

Carol não falou nada, sua careta já dizia tudo. 

 

-- O que você tem com a Julia? - Vick perguntou interessada. 

 

-- Ela é legal - sorriu. 

 

-- Só isso? 

 

-- Sim, por quê? 

 

-- Nada, apenas curiosidade. 

 

As duas comeram tudo que conseguiram e Carol ainda tinha espaço para várias coisas, mas Victoria já estava mal. 

 

-- Cara, isso é pecado! Aiii minha barriga - disse a menina tocando na barriga e fazendo uma careta. 

 

-- Mas tu é fraca hein - a baixinha disse rindo. 

 

Daniela entrou sem querer na cozinha e deu de cara com as duas meninas. 

 

-- Olha só... Os chaveirinhos da família Guimarães - disse sarcástica. 

 

-- Olha só... Vick ela não é igualzinha o "ele" das meninas super poderosas? - Carol perguntou divertida. 

 

Victoria observou a morena. 

 

-- Muito.

 

-- Mas o "ele" é mais simpático. 

 

-- Do que diabos, vocês estão falando? - Daniela estava confusa. 

 

-- A gente ainda nem tinha falado do seu marido Daniela! - Carol debochou. 

 

-- Ora sua anã... 

 

-- Aii, não aguento mais - Victoria disse colocando a mão na boca e correndo em direção ao banheiro. 

 

-- Que fraca - disse a baixinha -  Sai da frente "suripi", olhar pra tua cara me deixou enjoada. 

 

Carol saiu antes que Daniela pudesse falar qualquer coisas. A morena foi pegar água e voltou para a mesa fazendo companhia A karina que a olhava de forma desconfiada. 

 

**********

 

Carol procurou por Victoria em todos os lugares da casa. A baixinha escutou um barulho de choro abafado vindo de um dos quartos de hóspedes. Franziu a testa e abriu a porta delicadamente. Estava escuro, mas Carol conseguiu ver os fios de cabelos loiros da prima, que estava sentada na cama de cabeça baixa. A baixinha fechou a porta e aproximou-se da garota. 

 

-- Érika... - a chamou baixinho para não assustá-la. 

 

A loira levantou a cabeça e observou Carol. 

 

-- Não vem me encher - avisou com uma voz abafada. 

 

-- Não... - disse sentando-se ao seu lado - O que aconteceu? 

 

-- Minha vida é uma droga, Carol. Apenas isso - falou amargamente. 

 

--  A minha também é... 

 

Érika iria dá uma resposta atravessada a baixinha, mas acabou lembrando das condições da garota.

 

-- Agora você me deixou sem palavras - confessou. 

 

Carol riu. 

 

-- Foi essa a intenção. Por que você está aqui? Quem foi o bagalho que te fez chorar? Fernando canalha? 

 

-- Ele é o que menos faz isso - disse com um sorriso. 

 

-- Foi meu tio língua de tamanduá e cara de bocó? 

 

-- Por incrível  que pareça, não! 

 

-- Quem foi então? - perguntou confusa. 

 

-- Daniela - sussurrou. 

 

Carol ficou horrorizada. 

 

-- Se tem uma pessoa que não merece lágrimas de ninguém, essa pessoa é aquela safada sem vergonha, semente do... Aquele lá de baixo. 

 

-- Eu sei que ela não merece minhas lágrimas, mas é impossível, afinal foi uma amizade de anos. 

 

-- Érika essa garota não merece nenhuma gota de sua lágrima. Ela não presta, simplesmente usa as pessoas e você foi mais uma delas. Não foi a primeira e nem será a última. Pensa que ao menos você se livrou desse bicho ruim, porque ninguém merece aquela cobra "surupi" 

 

Érika franziu a testa. 

 

-- É sucuri, Carol. 

 

-- Ah tanto faz é cobra de todo jeito. 

 

As duas começaram a escutar gritos. 

 

-- Que isso? - Carol perguntou assustada. 

 

-- Sei lá, vamos lá ver - disse ficando de pé rapidamente. Secou as lágrimas.

 

As duas correram na direção de onde vinha os gritos. 

 

 

**************

 

Luiza estava saindo de um dos quartos, quando Virgínia aproximou-se. 

 

-- Luiza...

 

Luiza a encarou desconfiada. 

 

-- Oi...

 

-- Me ajuda aqui... Não estou me sentindo bem - disse fingido uma fraqueza. 

 

Luiza segurou a menina pelo braço tentando mantê-la de pé. 

 

-- O que aconteceu? - perguntou preocupada.

 

-- Não sei, acho que comi algo que não me fez muito bem. 

 

-- Vem... Melhor você sentar um pouco ou pode cair por aí.

 

Luiza conduziu Virgínia até a cama, no quarto onde estava antes. 

 

-- Não quer avisar alguém? - disse preocupada.

 

-- Não. Acho que logo passa, só fica aqui comigo. Não quero ficar sozinha - disse fazendo cara de enjoada. 

 

 

-- Tudo bem. 

 

Luiza não sentou ao lado da garota, ficou em pé a observando atentamente. Virgínia queria que a menina se aproximasse, mas pelo que havia percebido, ela não faria isso. A garota precisava pensar em alguma coisa. 

 

***********

 

Rebecca viu que Luiza não estava mais na mesa em que se encontravam antes, aliás, nenhuma das meninas estava por lá. A ruiva deu a volta e entrou novamente na casa. Procurou por cada cômodo, mas não encontrou a namorada. Decidiu procurar no segundo andar. 

 

************

 

Virgínia percebendo que Luiza não iria se aproximar, fingiu um novo mal-estar.  Luiza ficou preocupada e acabou se sentando ao lado da menina, tocando suavemente em seu braço. 

 

-- Você não está nada bem. Acho melhor chamar o seus pais - disse pegando o celular, mas Virgínia foi mais rápida e tomou o celular da mão da garota e a empurrou sobre a cama. Aproveitou para senta-se sobre ela, apertando fortemente os pulsos de Luiza sobre a cabeça. 

 

Virgínia era uma garota que gostava de praticar vários esportes e isso acabou deixando a garota mais forte. Tudo nela era definido. Era muito bonita. Pele clara, cabelos castanhos e lisos e os olhos eram amarelado na maioria das vezes. 

 

Luiza tentou se soltar, mas Virgínia era muito mais forte que ela. 

 

-- Ficou doida?! Me solta, garota! 

 

-- Eu nunca entendi porque durante todo esse tempo você ignorou todos os meus bilhetes. Não sou boa o suficiente pra você? 

 

-- Virgínia não seja ridícula. Me solta agora! - Luiza estava brava. 

 

-- Me responde Luiza! 

 

-- Eu nunca ficaria com uma garota igual a você! - cuspiu. 

 

-- E porque não? - Virgínia perguntou irritada. 

 

-- Porque você é uma garota muito estúpida. Agora me deixa em paz! 

 

-- Não sem antes eu fazer isso. 

 

Virgínia aproximou-se tentando beijá-la, mas Luiza conseguiu se soltar e empurrou a garota fortemente. Virgínia acabou caindo no chão e Luiza se levantou rapidamente. 

 

-- Sua idiota, olha o que você fez! - Virgínia falou arrogante. 

 

-- A culpa foi toda sua, ninguém mandou querer me agarrar! 

 

Virgínia ficou de pé e olhou fixamente para Luiza. 

 

-- O que custa? É só um simples beijo... - disse se aproximando novamente. 

 

Luiza deu alguns passos para trás. 

 

-- Custa que eu não nasci para servir de experiência para nenhuma garota mimada! Custa que acima de tudo, eu tenho namorada! Então me erra, garota! 

 

-- Ninguém precisa saber... É só um beijo... Não vai tirar pedaço. 

 

Virgínia tentou se aproximar novamente e Luiza já se preparava para empurrá-la, mas não foi preciso, pois a menina foi segurada de forma firme pelos cabelos. 

 

Rebecca agarrou fortemente os cabelos castanho da garota. A ruiva estava vermelha de raiva 

 

As duas acabaram caindo e Rebecca aproveitou para dar um forte tapa na cara da garota. 

 

-- Sua vadia! Como ousas tentar beijar a minha namorada! Isso não vai ficar ficar assim - disse a ruiva furiosa distribuindo várias tapas na garota. 

 

 Virgínia estava atordoada e por isso não conseguiu reagir no primeiro momento, mas depois conseguiu acordar. Puxou os cabelos ruivos fortemente e Rebecca fez o mesmo com ela. As duas começaram a rolar pelo chão, enquanto a ruiva xingava a garota. 

 

Rebecca era fraca, mas quando estava com raiva virava onça. Sua força aumentava consideravelmente. Luiza tentava separar as duas, mas estava impossível, tinha receio que a ruiva se ferisse. As duas não soltavam os cabelos uma da outra e  ficava impossível separá-las. 

 

Érika é Carol entraram no quarto nesse momento e ficaram espantadas com a cena que viram. 

 

-- Caramba! - Carol disse de boca a aberta. 

 

-- Que porr* tá acontecendo aqui?  - Érika perguntou confusa. 

 

Luiza encarou a prima. 

 

-- Érika, por favor, me ajuda a separá-las - pediu. 

 

-- Claro. 

 

A loira se aproximou das duas que ainda rolavam pelo chão e segurou fortemente Virgínia pela cintura. Luiza segurou Rebecca que ainda queria mais briga. 

 

-- Me solta, Luiza! Deixa eu arrebentar essa garota com cara de santa! - as frases da ruiva saíam com o forte sotaque americano. 

 

-- Calma amor... Calma - Luiza sussurrava para a namorada. 

 

Virgínia observou as duas. 

 

-- Você estão juntas?! - perguntou ainda alterada. 

 

-- Sim, estamos juntas sua descarada e se você ousar chegar perto dela novamente vai apanhar de novo! - Rebecca estava muito mais descontrolada.

 

Virgínia abriu a boca para falar mais alguma coisa, mas não conseguiu, pois estava muito surpresa. Érika percebeu que a ruiva estava muito alterada e decidiu tirar Virgínia dali. A loira arrastou a menina para o seu quarto e fechou a porta. 

 

-- Acho bom você ir até o banheiro tentar ficar mais apresentável - Érika falou analisando a garota.

 

Virgínia estava com os dois lados da face vermelha, cabelos desgrenhados e roupa amassada, fora alguns arranhões. 

 

-- Você tem razão! - disse seguindo para o banheiro.

 

Érika sentou em sua cama e ficou esperando a garota voltar, o que demorou alguns minutos. 

 

-- Aquela garota deixou as marcas do dedo dela no meu rosto! - Virgínia resmungou. 

 

-- Você mereceu... - Érika disse indiferente.

 

Virgínia se olhou mais uma vez no espelho enorme que tinha no quarto da loira. Tocou em sua face e bufou. 

 

-- Como vou pra casa assim? Meus pais vão questionar isso! Se meu pai souber eu tô fudida - disse preocupada.

 

-- Vamos passar uma base nisso e depois acho melhor você ir.

 

-- É tudo que eu mais quero nesse momento - Virgínia a encarou com receio - Você não vai contar nada do que aconteceu aqui pra ninguém né?

 

Érika sorriu. 

 

-- Desde que você não fale nada da Luiza e da Rebecca também. 

 

-- Ok, não irei comentar com ninguém. 

 

-- Ótimo, nada aconteceu... Vamos, deixa eu te maquiar. 

 

Érika fez um belo trabalho no rosto de Virgínia, pois ficou sem nenhuma marca de vermelho. 

 

****************

 

Rebecca estava mais calma. A ruiva estava sentada na cama de cabeça baixa. 

 

-- Ruivis... Eu sou sua fã! Nossa cara que surra tu deu naquela vadia! Autografa minha camisa - Carol disse esticando a blusa.

 

Rebecca sorriu e encarou a baixinha.

 

-- Outra hora... 

 

-- Carol deixa a gente sozinhas, por favor... - Luiza pediu. 

 

-- Ok, vou pegar mais comida pra mim... Ruiva tu é muito... Muito louca! Amei! - disse deixando as duas sozinhas. 

 

O silêncio prevaleceu entre elas por algum tempo. 

 

-- Você está bem? - Luiza perguntou preocupada. 

 

Rebecca estava com os cabelos bagunçados, vestido amassado e um pouco vermelha, mas nada demais. 

 

-- Sim, estou. 

 

-- Nunca imaginei você brigando dessa forma.

 

Rebecca sorriu.

 

-- Eu escutei um pouco da conversa de vocês, mas quando vi que ela ia tentar te beijar resolvir intervir né... Pois ninguém além de mim pode beijar sua boca... Eu fiquei realmente furiosa com ela, não pensei duas vezes - sorriu sem graça. 

 

-- Você com raiva, sai de perto hein...

 

-- Me conta essa história direito Luiza...

 

Luiza falou tudo o que houve entre ela e Virgínia, inclusive a história dos bilhetes. Rebecca escutava tudo atentamente. 

 

-- Ao menos ela nunca conseguiu ficar com você - disse sorrindo lindamente. 

 

-- Eu nunca me importei com esse tipo de meninas, além disso, faz tempo que só tenho olhos pra uma certa ruivinha. 

 

-- E eu só tenho olhos pra uma certa morena dos olhos verdes - Rebecca disse tocando no rosto de Luiza.

 

As duas se aproximaram e se beijaram com carinho.

 

-- Aquela garota nunca vai ter isso - disse dando um selinho e passando os dedos sobre os lábios de Luiza - Só meu... - sussurrou antes de beijá-la novamente. 

 

As duas ficaram um bom tempo namorando e depois decidiram voltar para a festa, pois alguém poderia estranhar. 

 

************

 

Daniela ficou esperando por um longo tempo a volta de Virgínia, mas a garota havia sumido. Não viu mais Rebecca e nem Luiza. Estava ansiosa para saber o que estava acontecendo. Decidiu ligar para Virgínia, mas a garota não atendia ao telefone. Depois de mais um tempo ela enxergou Érika que a encarou e se aproximou lentamente. 

 

A loira sentou-se ao lado da morena e ficou olhando as pessoas em volta. Daniela estranhou esse gesto. 

 

-- Usar a Virgínia pra separar as duas foi muito ridículo sábias - Érika sorria para disfarçar a tensão que estava ali. 

 

-- Não sei do que você está falando - disse se fingindo de desentendida e também sorrindo. 

 

-- Só queria te dizer que essa sua ideia estúpida não levou a nada, ou melhor, levou sim... Virgínia vai ficar com alguns roxos na cara - falou debochada. 

 

-- A Luiza bateu nela? - a morena perguntou espantada. 

 

Érika riu da cara da garota. 

 

-- Claro que não! Luiza jamais seria capaz disso, mas a Rebecca... 

 

-- Rebecca bateu na Virgínia? - disse pasma. 

 

-- Foi até engraçado, sim.. A ruiva deixou aquela cara de piranha da Virgínia toda marcada - disse se levantando - Você não vai conseguir nada com essas besteiras. Faça um favor a si mesma... Desiste! - disse se afastando. 

 

"Nunca"

 

Pensou a morena, que ainda não conseguia acreditar que Rebecca tinha batido em Virgínia. Precisava ver isso com os próprios olhos. 

 

**************

 

As meninas estavam novamente reunidas na mesa. Rebecca não desgrudava de Luiza. Victoria era a única que ainda não tinha voltado. 

 

-- Cadê a Vick, Carol? - Letícia perguntou preocupada. 

 

-- Sei lá... Ela passou mal e sumiu... Deve tá em algum banheiro "defenando". 

 

Érika revirou os olhos mais nada disse.

 

-- Acho melhor alguém procurá-la, pra ver se ela está bem - Letícia. 

 

-- Não é a primeira vez que a Victoria passa mal por comer demais - Érika.

 

-- Mesmo assim... Vou procurá-la - Letícia disse se levantando e entrando na casa. 

 

As meninas voltaram a conversar alguma coisa. Lia falava algo com Érika. Luiza e  Rebecca conversavam qualquer assunto. Carol aproveitou para falar com Beatriz. 

 

-- Bia, vamos aprontar uma? - sussurrou apenas para a garota ouvir. 

 

Beatriz a encarou interessada. 

 

-- O que seria?

 

-- Daniela... 

 

-- Tô dentro! O que vamos fazer com ela?. 

 

-- Eu fui na cozinha e peguei isso aqui. 

 

Carol mostrou um pote de pimenta e sorriu inocentemente. 

 

-- Uau que interessante. Como a gente vai fazer isso? 

 

-- Uma de nós duas tem que distraí-la. 

 

-- Eu faço isso e você coloca a pimenta. 

 

-- Perfeito - Carol disse sorrindo. 

 

-- Vamos?

 

-- Agora mesmo!

 

As duas se levantaram e seguiram em direção a mesa de Daniela que para a sorte das duas estava sozinha naquele momento. 

 

-- Oi Daniela - Bia disse fingindo ser simpática. 

 

A morena a encarou desconfiada. 

 

-- O que você quer? - olhos de Daniela estavam fixos em Bia e ela nem percebeu a presença da baixinha. 

 

-- Soube que você andou com a ruiva...

 

-- E? - disse arrogante. 

 

-- Pensei que a gente podia sair qualquer dia... - falou aproximando-se da morena e tocando em seus cabelos - Sempre achei você linda...

 

Nesse momento a baixinha aproveitou para depositar disfarçadamente quase toda a pimenta que tinha no pote no copo de refrigerante de Daniela e depois colou o restante em sua comida. Fez tudo isso bem rápido e se afastou. 

 

-- Você só pode estar de brincadeira com a minha cara né? 

 

-- Sim, estou - disse Bia rindo -  Garotas como você tem várias por aí...

 

-- Sua idiota maconheira, vai perturbar a vida de outra! - falou irritada. 

 

-- Vou mesmo... Tchau queridinha - irônica. 

 

Daniela não disse nada, mas ficou observando Beatriz voltar para a mesa das garotas. Não houve nada de estranho. Carol estava segurando o riso enquanto olhava para a morena. 

 

Daniela decidiu provar um pouco da sua comida e não demorou a sentir o efeito da pimenta, pois fez uma careta e começou a abanar a própria boca. Pegou o refrigerante para tentar amenizar a ardência, mas cuspiu ele todinho. A pura pimenta. A morena se levantou agoniada e fazendo várias caretas, correu em direção ao banheiro. 

 

Carol não se aguentava de tanto rir e Bia também, pois havia presenciado toda a cena. Todas observavam de forma curiosa. 

 

Érika perguntou o que as duas tinham aprontando e Beatriz contou tudo, as garotas começaram a rir. Letícia apareceu com Victoria que estava bem melhor. A conversa estava descontraída. Vários convidados já haviam ido embora, restava apenas alguns parentes próximos. 

 

Luiza precisou ir no banheiro e Rebecca decidiu ir com a namorada. Não deixaria mais ela sozinha naquele festa. As duas aproveitaram que estavam sozinhas no banheiro e se agarraram um pouco. Depois de vários beijos elas decidiram voltar. 

 

Elas sorriam uma para outra, até uma das portas daquele corredor se abrir e Fernando sair de lá. O garoto estava com os olhos vermelhos. Luiza estancou assim que o viu e Rebecca também, ambas tinham receio dele. Fernando olhou para elas de modo debochado. 

 

-- Olá moças - disse com a voz diferente. 

 

-- Oi Fernando. Será que pode dá licença, queremos passar - Luiza tentou passar, mas Fernando se colocou na frente. 

 

-- Para que tanta pressa? Vocês poderiam fazer companhia ao aniversariante do dia. 

 

Luiza percebeu que Fernando estava completamente drogado. Ele tinha dificuldade até para falar. 

 

-- Fernando sai da nossa frente - tentou parecer firme. 

 

-- E o que você vai fazer se eu não sair? - perguntou irônico.

 

-- Deixa de ser idiota! 

 

Luiza novamente tentou passar, mas Fernando segurou fortemente em seu braço.

 

-- Só vai passar quando eu quiser - disse irritado. 

 

-- Fernando me solta. Você tá me machucando - disse fazendo careta, pois ele estava apertando com bastante força. 

 

-- Solta ela seu idiota! - Rebecca falou brava e ao mesmo tempo nervosa. 

 

Fernando encarou a ruiva e depois a prima,  que sentia dor no braço. 

 

-- Você duas andam se esfregando por aí né - cuspiu -  Deveriam ter vergonha na cara e procurar um macho pra fuder vocês! Pra ver se curam essa doença maldita que vocês têm! 

 

Rebecca ficou horrorizada com a forma que Fernando falou. O garoto parecia estar fora de si. A ruiva escutou um gemido vindo de Luiza e assustou. 

 

-- Tira as mãos dela seu covarde! - a ruiva esmurrou o braço do garoto.

 

Fernando empurrou fortemente Rebecca que caiu no chão e bateu forte com a cabeça. A ruiva fez um cara de dor e gem*u. 

 

-- Não... - Luiza sussurrou olhando para a namorada. Mordeu fortemente a mão de Fernando, que a soltou.

 

-- Aiii Caralh*! Sua piranha! - gritou. 

 

Luiza tentou ajudar a namorada, mas nem conseguiu se aproximar, pois Fernando a agarrou pelos cabelos. 

 

-- Sua filha da puta, vou acabar com você! - disse segurando firmemente em seus cabelos.

 

-- Me solta seu desgraçado! Não encosta na gente! - Luiza gritou com lágrimas nos olhos. 

 

Rebecca tentou ficar de pé para ajudar a namorada, mas estava tonta demais. A ruiva chorava e não sabia o que fazer. 

 

-- Agora vou te ensinar a ser uma mulher de verdade e quer saber... Bem na frente da sua namoradinha...

 

-- Para com isso, você enlouqueceu - Luiza disse chorando. 

 

-- Talvez tenha enlouquecido mesmo - encostou Luiza contra a parede a prendendo contra seu corpo - Sei que vai gostar...

 

 

Rebecca chorava desesperada e tentou levantar mais uma vez, mas o corpo não obedecia. Luiza se debatia tentando se soltar. 

 

-- Para com Isso! Solta ela! Para! Para! - a ruiva gritava. 

 

-- Cala essa boca! - Fernando rosnou - Agora é nos dois e sua namoradinha - disse sorrindo malicioso. 

 

Quando a garoto pensou em fazer qualquer coisa,  foi empurrado fortemente em direção ao chão. Estava tonto por causa das drogas. 

 

-- Que merd* tu pensa que tá fazendo com as garotas seu otário! - Murilo estava furioso e chutou fortemente as costas do rapaz que estava caído no chão - Se mete com um homem de verdade pra tu ver! 

 

Fernando tentou reagir e se levantou, mas foi atingido com um forte soco na boca, que fez ele gem*r e sangrar. Havia perdido um dente também. Fernando podia ser forte, mas Murilo era muito mais. Os dois começaram uma briga feia. Um dos garçons que estavam servindo na festa viu a briga dos dois e correu para contar aos dono da casa. Júlio e  Marta ficaram assustados e correram para ver o que estava acontecendo, sendo seguidos pelo resto da família, inclusive as meninas. 

 

Quando chegaram viram Murilo em cima de Fernando dando vários socos. Luiza estava no chão e abraçava fortemente Rebecca. Júlio correu e tirou Murilo a muito custo de cima de Fernando sendo ajudado por Rafael. 

 

Felipe e Marta correram para tentar ajudarem Fernando, que apesar de estar muito machucado parecia bem, conseguiu até ficar de pé, estava sem uns dos de dentes da frente. 

 

E mesmo com toda aquela tensão. Carol e Bia tiveram que pôr a mão na boca para conterem o riso, pois Fernando estava péssimo. 

 

-- Me solta deixa eu acabar com ele - Murilo disse tentando se soltar. Se tinha algo que o rapaz não suportava era agressão contra mulheres, ainda mais duas meninas daquelas - Esse desgraçado vai ter que levar muita surra ainda! 

 

Rafael puxou Murilo para longe dali. 

 

-- Posso saber o que aconteceu aqui?! - perguntou Júlio autoritário. 

 

Luiza se levantou e olhou para o tio.

 

-- Aconteceu que seu filho desgraçado... Além de tentar agredir eu e a Rebecca, ainda tentou abusar de mim. Esse maldito tá completamente drogado! Se não fosse o Murilo, eu nem sei o que seria de mim agora - disse irritada. 

 

Todos ficaram de boca aberta. 

 

-- Filho isso é verdade? - Júlio disse encarando Fernando.

 

-- Essa vadia da Luiza que é uma maldita doente... A culpa é dela pai... Ela que sempre me tentou... E ainda tem esse gosto ridículo dela - falou quase chorando. 

 

-- Eu vou acabar com você, seu moleque! - Pedro tentou partir para cima de Fernando, mas foi contido por Júlio e Felipe. 

 

-- Nem ouse tentar encostar um dedo no meu filho, Pedro. 

 

-- Ele tentou abusar da minha filha... Vou acabar com esse miserável. 

 

-- Você não vai encostar NELE! do meu filho eu cuido! Agora você precisa levar essa sua filha pra tratar essa maldita doença dela... Isso é ridículo para toda a família.

 

-- Ridículo é ter um filho como o seu e ainda passar a mão na cabeça de um desgraçado desse! - Pedro estava furioso - Vou denunciá-lo para a polícia.

 

-- Você não pode fazer isso! - berrou Marta - Ele é só um garoto... 

 

-- Garoto que acabou de fazer dezoito anos e já sabe responder pelos seus atos - disse sério. 

 

-- Ao invés de você ir denunciar meu filho,  deveria procurar ajuda pra sua filha - Marta falou furiosa.

 

-- Luiza não precisa de nenhuma ajuda - Pedro disse firmemente. 

 

-- Como não? Ela tem essa maldita doença de gostar de meninas. Como você pode achar isso normal? É pecado! É impuro! Nunca iria aceitar um filho assim! Isso é imoral! Inaceitável! Tenho um nojo enorme de pessoas assim! Prefiro meu filho, que é muito melhor que  a sua filha. Pessoas iguais a ela não prestam! - disse Marta furiosa. 

 

Luiza encarou Érika que estava de cabeça baixa e deixava vários lágrimas descerem sobre seu rosto. De repente Érika levantou a cabeça e enxugou as lágrimas.  Deu alguns passos em direção a mãe. 

 

-- Pois então mamãe, sinto em lhe informar, mas eu sou igual a Luiza. Também prefiro meninas. Eu não presto pra você? Você tem nojo de mim? - perguntou segurando o choro. 

 

-- Eita doideira - Bia disse baixinho.

 

-- Isso vai dar merd*! - Carol também sussurrou ao seu lado. 

 

-- Pode crê - Bia concordou. 

Fim do capítulo