Capítulo 46
Última Noite de Amor -- Capítulo 46
No Leblon
-- Mel meu amor passa o suco.
-- Claro amor -- Isabel deu um selinho demorado nela antes de entregar a jarra.
-- Ai como é bom ver vocês duas assim nesse romantismo todo -- André colocou o copo de suco em cima da mesa e voltou-se para as duas -- Vocês nem imaginam como torci para que isso acontecesse.
-- Eu também André -- Ramon colocou os cotovelos na mesa e apoiou o queixo nas mãos, olhou para o casal e suspirou fundo.
Isabel virou seu rosto para Alexandra e passou a mão no cabelo dela delicadamente.
-- E eu serei eternamente agradecida a vocês pela força que me deram. Tenho certeza que se não fosse com a ajuda de vocês, eu não teria conseguido convencer essa cabeça dura, do quanto a amo.
Alexandra riu e deu um beijo na mão da namorada.
-- Tio Zé. Quer nata?
-- Não Ramon, muito obrigado. Depois dos 50 anos, a única coisa que o médico deixa um homem comer com gordura, é sua própria mulher!
-- A senhora o deixa falar desse jeito, tia Marta? -- Simone perguntou para a idosa.
-- Ai minha filha! Quem dá importância às pequenas coisas é mulher de japonês! Eu não tô nem aí para comentários machistas.
-- Essa foi cruel tio Zé -- André fez uma careta para o homem.
-- Quer dizer Xandinha que você é dona de puteiro? -- mudou de assunto.
-- Que é isso tio Zé? -- André falou zangado -- Não chame as nossas boates de puteiro.
-- Não liga André. Afinal ter um puteiro é o melhor negócio do mundo, pelo menos se falir, pode-se comer o estoque!
-- Xanda! -- Isabel apertou o nariz dela e fez uma careta -- Safada -- riram-se.
-- Passa o Ketch*p amor -- André pediu para Ramon.
-- Sabe o que o ketch*p falou para a mostarda, André?
-- Xanda! Olha bem o que vai falar.
-- "É nóis nas fritas" -- mostrou a língua para ela -- Viu? Coisinha de criança Isa.
-- Acho bom mesmo -- falou dando um sorriso pra ela.
-- André você derrubou Ketch*p na toalha que eu vi.
-- Fica quieto tio Zé. Se a Edna souber que fui eu, vai fazer o maior escândalo.
-- Hummm... Xanda quando nós retornaremos à ilha?
-- Amanhã mesmo tio Zé. Já que o André foi tão eficiente em buscá-los, também vai ser eficiente em levá-los.
-- Liberando a verba chefia, levo hoje, se eles quiserem -- André falou dando uma grande mordida no seu sanduíche cheio de Ketch*p.
-- Para sua informação, todas as despesas com o helicóptero, hospedagem em hotel e outras coisinhas mais, serão descontados do seu pagamento.
-- Então vou ficar devendo a você poderosa -- olhou assustado para ela com a boca toda vermelha de Ketch*p.
-- Problema seu -- Alexandra sacudiu os ombros desdenhosamente e voltou a comer o seu sanduíche natural.
Isabel olhou para ela com cara feia e depois se voltou para o rapaz.
-- Não se preocupe André, ninguém vai descontar um real do seu pagamento. Onde já se viu. Você não tem vergonha? Ele estava ajudando a gente.
André sorriu vitorioso.
Tatiana deu uma gargalhada e depois colocou a mão sobre a boca.
-- Desculpa... Não consegui segurar -- sentiu um leve rubor nas bochechas.
Alexandra olhou para ela por alguns segundos e depois para os demais presentes à mesa.
-- Vocês sabiam que a falta de sex* pode alterar até mesmo a sua imunidade? Segundo algumas pesquisas realizadas por cientistas escoceses, quando alguém fica muito tempo sem ter relações sexuais, tende a ficar mais vulnerável a diversos males.
-- Xanda deixa esse assunto para outro momento -- Isabel colocou uma batata frita na boca dela -- Tenho certeza que a Tati vai adorar lhe ouvir.
-- Acho bom mesmo -- Simone olhou para Tatiana repreendendo-a e deu um tapa em seu braço -- Esse assunto é bem particular.
-- Tio Zé antes que eu esqueça, quero que contrate uma empresa dedetizadora para uma visita de avaliação lá na casa da praia.
-- Nunca tivemos problemas com qualquer tipo de praga.
-- Pois nós vimos uma barata. A Isa praticamente teve um ataque.
-- Aiii... Que nojo! Fiquei todo arrepiado só de pensar -- André passou a mão pelo braço.
-- Ainda bem que a Xanda me salvou -- Isabel falou toda orgulhosa da namorada.
-- Você fez isso patroa? -- André colocou as duas mãos sobre a boca -- Meu Deus que coragem.
Alexandra balançou a cabeça.
-- Coragem mesmo. E não foi só isso... Eu a matei...
-- Hóóó... -- André puxava o saco descaradamente com gestos exagerados.
-- Mas não foi um simples matar... foi um matar assim... cheio de requintes de crueldades.
-- Hóóó...
-- Primeiro arranquei a cabeça, depois as perninhas, depois fiz um furo no abdômen, chegou a escorrer aquela gosminha fedorenta parecida com essa mostarda que a Tati está comendo.
-- Arghhh... que nojo! -- Tatiana fez uma careta e colocou o sanduíche de volta no prato.
-- Xanda amor. Não precisa dar detalhes.
-- Tá certo Isa, mas Tati você deveria bater um papo com uma baratinha qualquer dia desses. Elas sabem tudo na arte do prazer. É mais ou menos assim: Ela abaixa o abdômen, levanta as asas e libera feromônios. Se o macho disser sim, ela sobe nele. Enquanto sobe ela vai lambendo suas costas. Assim, ingere uma substância especial, produzida nesse momento. O macho fica todo excitado e introduz a genitália na fêmea por baixo, para iniciar a trans*. Ligado pelas genitálias, o macho se vira e assume posição oposta à parceira. É nesse momento que ela é fecundada.
-- Poxa, até fiquei excitada -- Tatiana tomou um gole do suco e olhou para Simone sorrindo -- Será que se eu liberar feromônios? A Simone diz sim pra mim?
Simone ficou vermelha de vergonha. Deu uma mordida no sanduíche pra disfarçar.
-- Vocês estão muito engraçadinhas hoje, será que é... -- Isabel parou repentinamente ao ouvir a porta da cozinha ser aberta. Virou o rosto e, quando viu Janaína, Valéria e Edna paradas na porta, abriu um sorriso largo -- Olá minhas queridas. Que saudade!
-- Olá Isa. Boa noite a todos -- Janaína cumprimentou com uma expressão estranha no rosto.
-- Senta aqui com a gente e faz um lanchinho -- Isabel convidou.
-- Não estou com fome -- falou ela, com a voz trêmula.
Alexandra estava desconfiada de que algo não estava bem. O rosto dela estava inchado, parecia ter chorado.
-- Está tudo bem?
-- Está... está tudo bem... -- sorriu agora com uma expressão de completa ansiedade -- Posso te pedir um abraço Alex? Um abraço daqueles do tamanho do pão de açúcar? Lembra? Você costumava dizer isso para me consolar quando eu chorava.
-- Claro que lembro -- sem hesitar se levantou e abriu os braços para receber a amiga.
Isabel observava muda toda à cena. Percebeu que Valéria se preocupava com alguma coisa. Olhou para Edna, que encarava as duas de olhos marejados. Havia algo a mais que simples saudades naquele abraço.
Assim que se afastaram do abraço, Janaína depositou um doce beijo no rosto da amiga de infância e Alexandra sorriu para ela antes de se sentar novamente.
-- A Jana pode não estar com fome, mas eu estou morta -- Valéria sentou-se ao lado de Alexandra e começou a preparar um sanduíche.
-- Minha nossa, que bagunça! Parece que houve um grande Postergas nessa cozinha -- Edna reclamou amontoando algumas panelas dentro da pia.
-- Acho que você quis dizer Poltergeist Edna -- André corrigiu.
-- Postergas vai ser quando ela ver a mancha de Ketch*p na toalha bran...
André tapou a boca do idoso e olhou para ver se Edna havia escutado.
-- Fiquei sabendo que o CD de vocês já está pronto. Acredito que deva ter ficado muito bom -- Alexandra falou demonstrando seu apoio à cantora.
-- É verdade Alex. O CD está prontinho para ser lançado -- respondeu feliz com o interesse de Alexandra pelo trabalho da banda.
-- E porque ainda não lançaram?
Valéria desviou o olhar para André e depois respondeu baixinho.
-- Estávamos esperando por você. Queríamos que você desse a sua opinião.
-- A gravadora exigiu muita coisa e nós não concordamos com eles -- André falou com seriedade.
-- Porque não deram um ponta pé na bunda deles e foram para outra?
-- Podíamos ter feito isso Alex?
-- Claro. Vocês que são as estrelas, não eles Valéria.
Valéria olhou para Alexandra transbordando de admiração. Quando ela assume o controle, transmite a todos a sua volta uma sensação de segurança enorme.
-- Amanhã vou voltar à boate. Quero todos os papéis em minha mesa -- falou com autoridade -- Vamos acelerar esse lançamento com essa gravadora ou com outra.
-- E a fisioterapia Xanda? Você não pode simplesmente abandoná-la e começar a trabalhar normalmente.
-- Eu estou bem Isa -- resmungou.
-- Claro que está, mas vai fazer a fisioterapia mesmo assim.
Alexandra olhou ao redor e viu que todos olhavam para elas.
-- Depois a gente conversa sobre isso -- preferiu encerrar o assunto -- Agora quero saber o que aconteceu lá no centro espírita -- lançou um olhar curioso para Janaína, mas foi Valéria quem respondeu.
-- A Giovana não apareceu -- falou olhando para Janaína -- Por isso vamos ter que voltar em outro dia.
-- Até depois de morta a Giovana te dá o cano né Jana.
-- Não fala assim da Giovana André. Respeite os mortos.
-- Eu respeitava muito ela quando era viva e podia me demitir do trabalho. Agora falo de igual pra igual com ela Jana.
-- Acho melhor você levar o tio Zé e a tia Marta para o hotel, André. Eles já devem estar cansados.
-- Que nada Xandinha. Eu e a "véia", ainda vamos fazer uma festinha antes de dormirmos.
-- Falando nisso tio Zé, um velhinho estava no boteco tomando uma cerveja e avistou uma velhinha de longe.
Chegou perto dela e começou a puxar assunto...
Papo vai, papo vem... Os dois, na seca, resolveram ir para um motel...
O velho pensou: Pô, essa velha nem deve mais dar no couro... Nem vou me preocupar em levá-la a um bom motel.
Chegando lá, "naquele momento", o velho pensou de novo: Caracas, se eu soubesse que a velha era virgem, teria a levado para um motel muito melhor.
E a velha pensou: Putz, se eu soubesse que o velho ainda dava um caldo, teria tirado a calcinha.
Alexandra acordou na manhã seguinte sentindo o beijo de Isabel em seus lábios. Como era bom acordar assim.
Incrível como as coisas haviam mudado. Há pouco tempo fazia questão de sair correndo da cama e fugir de suas parceiras. Agora ficava alí, esperando ansiosa pelos carinhos de Isabel.
-- Bom dia amor! -- seus olhos não conseguiam se desviar dos dela, intensamente castanhos e misteriosos.
-- Bom dia Xanda! -- ela sorriu e deslizou o dedo indicador até o queixo de Alexandra puxando seu rosto para mais perto, selando um beijo carinhoso.
-- Como você consegue ser tão linda assim Isa?
Isabel não disse nada por um momento, apenas respirou fundo, acariciando o rosto de Alexandra com carinho.
-- Se consigo acordar linda é porque estou acordando ao seu lado. Caso contrário amanheceria com a cara toda amassada, com olheiras profundas e o cabelo igual à de uma bruxa.
Isabel soltou um risinho ao pé do ouvido de Alexandra, fazendo-a se arrepiar por completo.
-- Acho que você nunca acordaria assim.
-- Com dez anos de casadas, cheia de filhos, quero ouvir você falando isso.
Depois de pensar bem o que havia falado, se arrependeu. Olhou sem jeito para Alexandra. Tentou ler na expressão dela o efeito daquelas palavras tão cheia de sonhos para o futuro. Mas ela estava pensativa e baixou os olhos.
-- Algum problema? -- perguntou com o coração batendo fraquinho.
-- Lembrei-me do meu pai. Ele iria te adorar. O sonho dele era ter a casa cheia de netos -- finalmente levantou os olhos e a encarou -- Vamos ter uns cinco? Eu juro que vou ser a melhor mãe do mundo e você nunca vai deixar de me amar porque eu não vou deixar.
Isabel sentiu vontade de chorar, mas não de tristeza. Ouvir Alexandra dizer tudo aquilo, com uma sinceridade e uma simplicidade tão fofa, mexeu com o seu emocional.
-- Até mais, se você quiser -- sorriu -- Quem sabe uns sete.
Isabel não sabia definir exatamente em qual momento esse sentimento havia alcançado tamanha proporção. Só sabia de uma coisa: Ele já não cabia mais dentro do seu peito de tão grande que era.
No apartamento de Gustavo.
-- O que você fez Gustavo para Alex te tratar dessa maneira? -- Sandra estava sentada à mesa com um copo de café preto entre as mãos -- Ela sempre foi tão compreensiva e boa com a gente.
-- Eu não fiz nada Sandra. O problema é aquela mulher. Ela está fazendo a cabeça de nossa amiga contra nós.
Sandra tomou o café de um gole só e se levantou. Ficou andando de um lado para outro da cozinha, até que parou na frente de Gustavo.
-- Eu não posso procura-la Gustavo.
-- Porque não? De que você tem medo? Você tem medo de não resistir a ela?
-- Para com isso -- seus olhos se fecharam fortemente em desespero.
-- Se não é isso que mal tem em procura-la? Faça isso por seus filhos. Pense em tudo que eles perderão por conta desse seu orgulho bobo.
Gustavo saiu batendo a porta atrás de si, como sempre fazia quando estava nervoso.
Sandra abriu a bolsa e retirou uma foto de dentro da carteira.
-- Alex, Alex... Quanta saudade minha querida -- olhou carinhosamente para a foto na qual aparecia junto com a empresária. Naquele momento decidiu: Iria atrás de Alexandra.
No Leblon:
-- Caramba, que café quente -- Tatiana assoprou o líquido fumegante.
-- Tati sabia que o café excessivamente quente, em copo plástico é a pior causa de impotência para as lésbicas?
-- Já sei que vem besteira. Porque Alex?
-- Porque primeiro queima os dedos; depois a língua...
-- Eu sabia que vinha porcaria.
-- Então porque perguntou?
-- Curiosidade.
Alexandra levou a xicara de café na boca, sorrindo comentou:
-- O que tanto aquelas duas conversam lá no quarto?
-- Sei lá... Talvez a Isa esteja dando umas aulas para a Simone já que ela é tão boa nisso... -- Tatiana engoliu em seco -- Estou falando isso com todo respeito é lógico.
-- Convença-me porque eu não entendi dessa forma -- Alexandra falou encarando Tatiana.
-- Ai meu Deus... -- a enfermeira estava se borrando.
No quarto.
-- Olha só Simone a quantidade de mensagens que Malú me mandou enquanto eu estava na ilha.
Simone leu as mensagens. Ficou horrorizada com tudo o que a mulata contava.
-- Que horror Isa, quantos assassinatos! Graças a Deus que você está longe disso tudo. Não é mesmo minha amiga?
O silêncio de Isabel assustou Simone.
-- O que você está pensando? Isa?
-- Eu não posso abandonar as meninas Simone. Tenho que fazer algo para trazê-las de volta -- caminhou até a janela e olhou em direção ao mar.
-- Você contou essa história para Alex?
-- Não Simone e nem vou contar.
-- Isa meu Deus! Você está cometendo o mesmo erro. Incrível como você não aprende com as porr*das que leva.
-- Entenda Simone. Eu não posso envolver a Xanda nisso.
-- Me desculpe amiga, mas se você ganhar um pontapé na bunda, dessa vez darei toda razão para ela e ainda por cima, vou aplaudir -- Simone sentou na cama e cruzou os braços chateada -- Você tirou a sorte grande, ela é louca por você, é rica, poderosa e te ajudaria sem hesitar.
-- Você a conhece Mone -- falou triste -- Ela se vestiria de Rambo e chamaria trezentos para invadir Angola. Não me perdoaria se algo de mal acontecesse a ela.
Simone percebeu com tristeza que não tinha jeito de convencê-la
-- O que você pretende fazer?
-- Vou agora mesmo chama-la para conversar. Sei que ela vai surtar, mas vou ter que sair desse apartamento ainda hoje.
Fim do capítulo
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lia-andrade
Em: 01/03/2016
Ah não, Isa não pode esconder isso da Alex.. e essa Sandra, indo atrás da Alex..será que isso vai dá certo?
Capítulo maravilhoso.. beijos..
Resposta do autor em 02/03/2016:
Olá Lia. Hora de esclarecer porque a Alex aturou tanto esse canalha do Gustavo. Bjã e até o próximo cap.
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Mille
Em: 01/03/2016
Olá querida Vandinha
Isa é doida vai enfrentar Bob, e todos os traficante sem ajuda, acho que ela poderia conversar com a Alex, já que ela conhece um monte de gente e ajudar lá na Angola.
Se a Gio não apareceu a carta deve ser do pai da Alex, se a Isa não contou o que passa o pai não deixara a filha sofrer.
A pergunta que todas queremo saber:
O que Sandra tinha com a Alex?
E quando a Simone e Tati terão sua primeira vez?
Bjus e ate o próximo capítulo.
Resposta do autor em 02/03/2016:
Olá pequena Mille. Para a primeira pergunta você terá a resposta no próximo capítulo. Agora quanto a Tati e a Simone tá dificil. A Alex está mais preocupada com a situação do que elas. Quem sabe ela não ajude? Vamos aguardar. Até o próximo então. Bjã.
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