Esse ficou curtinho, eu sei. Mas é só para contextualizar e explicar como foi que eu me envolvi nisso tudo.
Capítulo 7 - Break
Bom, é agora que as coisas começam a se complicar. Eu fui sim para casa de Emily naquela noite e nós fizemos uma denúncia anônima, mas acabamos concluindo que foi uma péssima ideia. Primeiro porque não tínhamos prova alguma do que estava acontecendo, logo eles não poderiam fazer absolutamente nada. Segundo, eles eram, em sua maioria, menores de idade e nós sabemos o que isso significa.
Em terceiro lugar e com certeza o que nos gerou o maior problema, eles realmente tinham contato com alguns policiais. O que significa que ficaram sabendo que alguém tentou denunciá-los.
Claro que não necessariamente isso indica que Emily foi quem fez isso, mas eles não eram do tipo que perguntam primeiro e agridem depois. Nós acabamos comprovando isso mais tarde.
No dia seguinte àquele, eu fui para a aula normalmente, mas Emily preferiu falar para os pais que estava se sentindo mal, pois tinha medo de ir à aula. Saí da cada dela preocupada, mas não havia o que eu pudesse fazer naquele momento, me restando apenas ir para a aula, prometendo que voltaria para lá logo depois.
Ao fim da aula, fui para casa de Emily, porém ao bater campainha ninguém veio me receber. Óbvio que aquilo me deixou ainda mais preocupada, Emily não queria sair de casa. Bati mais algumas vezes e nada, tentei seu celular e nada, então tomei a atitude mais irresponsável e impulsiva que eu poderia ter tomado, decidi ir procurá-la.
Lembrei-me da tal praça que ela tinha me contado da última vez e resolvi arriscar já que era a única pista que eu tinha e além do mais, não ficava longe de onde eu já estava. Fui a passos rápidos até lá e os avistei assim que me aproximei o suficiente e a cena que eu presenciei, não irei esquecer tão cedo.
Havia um semicírculo formado e no meio dele estava Emily e um rapaz. O rapaz era claramente maior do que eu, por conseqüência, maior do que ela. Ele tinha um canivete em uma das mãos e estava de pé frente à Emily, esta por sua vez estava de joelhos, chorava e seu nariz sangrava.
O que eu fiz? Liguei pra polícia? Não. Saí dali e chamei alguém maior e mais forte pra ir comigo? Não. Corri de mãos abanando para onde eles estavam mesmo sabendo que eu não poderia fazer nada? Com certeza.
Corri até ela e a ajudei a levantar, ela me abraçou na mesma hora. Todos em volta ficaram olhando, acredito que esperando alguma reação minha, reação essa que não veio, já que eu não tinha planejado nada além de chegar até lá.
O rapaz que estava de frente pra ela se recuperou da surpresa e se mostrou bastante irritado.
“Mas que porr*...” – Ele a puxou bruscamente pelo braço, rompendo o forte aperto que ela tinha em volta de mim. – “Quem é você? Ah, é aquela sua amiguinha não é? Emily, o que nós dissemos sobre contar algo pra alguém?” – Seu olhar era puro ódio e quando terminou de falar e ela não disse nada, ele deu um tapa no rosto dela. Pela vermelhidão, aquele não parecia ser o primeiro.
Mais uma vez meu lado impulsivo tomou conta, claro, porque ser racional não é para pessoas como eu.
“Hey! Ela... ela não me contou, eu estava indo para a casa dela e vi o que acontecia aqui por acaso.” – Falei, tentando manter a voz firme, não deu muito certo.
“Bom, então o acaso não gosta de você” – claro que disso eu já sabia – “porque agora você se envolveu e não há meios de deixarmos você de fora.”
“Por que? Eu juro que não conto nada pra ninguém. Por favor, me deixe levar ela embora e nós prometemos que vocês não vão nos ver nunca mais.” – Tentei, da forma mais desesperada possível. Mas eles todos só riram.
“Você é retardada? Qual a parte do “não há meios de deixarmos você de fora” você não entendeu? E ainda quer que as duas fiquem, só pode ser piada.”
“O que vocês querem?” – Perguntei já temendo a resposta.
“Nada demais, apenas alguns favores.” – Ele disse, com um sorriso que zombava com meu medo.
“Que tipo de favores?”
“Isso vocês vão ficar sabendo quando eu quiser que vocês saibam. Vamos fazer o seguinte, vou deixar as duas irem agora, mas quero ambas aqui amanhã às 23 horas, as duas. Nem sonhem em contar pra alguém, creio que isso você já entendeu não é?” – Ele disse rindo, apontando o canivete para Emily, que só olhou para o chão enquanto ainda chorava. – “E agora também vale pra você, claro.” – Disse olhando para mim. – “E para garantir que vocês venham, faço uma promessa, se uma deixar de vir, a outra vai pagar por isso e se ambas não vierem, bom, então acredito que tenho um motivo para ir atrás dos pais de vocês.”
Claro que eles sabiam onde eu morava, já que constantemente eu ia encontrar Emily no colégio dela e vez ou outra ela e alguns deles desciam comigo enquanto eu ia pra casa. Com certeza eles também sabiam onde ela morava já que ela está aqui agora. Bastou uma olhada rápida para os outros presentes para perceber que pelo menos dois tinham armas de fogo, sem contar em outras coisas como o canivete do rapaz à minha frente.
Tudo isso fez com que ficasse fácil de acreditar na promessa dele, ou seja, eu estava a ponto de chorar também. E foi o que eu fiz logo depois, já que ele terminou de falar isso e o grupo inteiro se retirou.
Emily e eu nos olhamos e ela me abraçou. Ambas precisávamos de certeza física e de bastante apoio emocional para passarmos pelo que nos esperava.
Fim do capítulo
Galera, aproveitando pra avisar que como estou voltando a trabalhar amanhã, faço faculdade e estou começando um projeto de IC, vai ficar impossível escrever um capítulo todo dia. Entao vou tentar escrever um por semana ok?
Espero que entendam.
Abçs
CC
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