Capítulo 6

 

Luiza se olhava no espelho atentamente. Estava arrumada, pois iria em uma sorveteria com Rebecca. Estava animada e sorria para seu reflexo no espelho. Fazia apenas um dia que não via a ruiva, mas já sentia saudade da garota. Luiza nunca havia se apaixonado antes, teve poucos namoros em sua vida, tinha acabado de fazer quinze anos e nesse pouco tempo, nunca amou ninguém, mas agora era diferente e tinha medo disso. Tinha medo de sofrer, pois cada célula do seu corpo clamava por Rebecca e  seu coração aquecia apenas por lembrar da garota. Sabia da relação de Rebecca e Daniela e apesar de não suportar a morena, não queria atrapalhar a relação das duas. Queria ser amiga da ruiva, pois a menina era uma pessoa tão boa. Queria aprender a vê-la apenas como amiga, mas sabia que seria difícil, mesmo assim iria tentar. 

 

Carol estava na sala assistindo um filme e tomando sorvete, estava toda coberta. Luiza desceu e observou a irmã.  Carol percebeu a presença da garota e sorriu. 

 

-- Oi maninha... Uau, tá a maior gatona!tudo isso pra ruivis?

 

-- Nada disso Carol - Luiza aproximou-se e escutou os gritos que vinham da TV. Fechou os olhos imediatamente. Era um filme de terror -  Carol para esse filme agora, por favor - disse ainda de olhos fechados. 

 

A baixinha gargalhou. 

 

-- Agora que tá emocionante - falou rindo e dando pausa no filme - Tu és medrosa demais, Luh. 

 

-- Você que é maluca, não sei como consegue dormir depois! 

 

-- Ah, dá em nada... Filmes de terror muitas vezes são divertidos. Eu fico rindo. 

 

-- Você é problemática - Luiza encarou a irmã e tocou em sua testa - Você está com febre.

 

-- É só uma febrezinha de nada.

 

-- Não é uma febrezinha de nada. Segunda vez apenas essa semana. Irei falar com o papai sobre isso. 

 

-- Não, Luh... Por favor... Papai vai querer me levar naquele lugar estranho e sombrio. Onde aquelas pessoas horrendas de branco me deixam extremamente nervosa... Olha como eu tô só de pensar nisso - Carol estendeu o braço e mostrou os poucos pelos que tinha, estava arrepiada - Dá um frio nervoso. 

 

-- Se a febre persistir,  eu irei falar com o papai sim. 

 

Carol fez um enorme bico. 

 

-- Fofoqueira - resmungou. 

 

Luiza sorriu. 

 

-- É para o seu bem, Carol - disse seguindo em direção a porta. 

 

-- Ora bem... Rum! 

 

-- Tchau - Luiza disse rindo. 

 

-- Tchau... 

 

Carol voltou a assistir ao filme em silêncio e rindo algumas vezes. 

 

****************

 

Rebecca esperava por Luiza na sorveteria. Alguns clientes ficavam encarando a menina de forma curiosa, mas a ruiva sempre ignorava. Estava um sol bonito e fazia calor, era final de tarde. Luiza não demorou a chegar e logo aproximou-se da ruiva com um grande sorriso no rosto. 

 

-- Desculpa, acho que demorei... - disse tímida.

 

-- Tudo bem, não faz muito tempo que cheguei - Rebecca sorriu. 

 

Luiza sentou-se em uma cadeira de frente para ela. Algumas pessoas observavam as duas, mas a ruiva não se importou, seus olhos estavam fixos naquele mar verdinho, era tão lindo, Luiza sorria com os olhos e a ruiva se perdia naquele imensidão. Sentiu que o rosto estava ficando vermelho, mas pela primeira vez não era de vergonha e sim dos sentimentos que Luiza despertava nela. 

 

-- Você está bem? - Luiza perguntou preocupada, pois a ruiva estava corada. 

 

Rebecca desviou os olhos e passou a mão na nuca, agora estava envergonhada. 

 

-- Sim - sorriu sem graça - Esse calor né... - deu a primeira desculpa que pensou. 

 

Luiza sorriu lindamente.

 

-- É verdade, você não está acostumada. 

 

-- Não muito. 

 

Pediram o sorvete, Luiza de maracujá e Rebecca de napolitano. As duas conversavam coisas da infância. Luiza percebeu que Rebecca sempre foi uma menina solitária, mas se dependesse dela, a ruiva nunca mais se sentiria sozinha. Rebecca ria das travessuras de Luiza, Carol e seus primos quando eram crianças. Era uma verdadeira loucura. Estavam descontraídas, mas Rebecca tinha uma grande curiosidade e achou que aquele era o momento de tirar suas dúvidas. 

 

-- Como você soube que gostava de meninas? 

 

Luiza a encarou e apertou os olhos. 

 

-- No fundo a gente sempre sabe, algumas tentam negar, mas esse nunca foi meu caso. Quando a confusão dentro de mim parou, quando eu beijei uma menina - sorriu lembrando do primeiro beijo - Eu logo depois decidi contar aos meus pais, foi difícil, mas eles ficaram ao meu lado. Nunca precisei ficar com meninos para saber que eles não faziam meu tipo é só conviver com eles pra ter a certeza - disse rindo - Meninos tem um papo terrível. Não vou dizer que são todos, mas a maioria sim. 

 

-- Mas algumas meninas também tem conversas chatas... 

 

-- É verdade... - fez uma careta lembrando de algumas meninas que havia conhecido. Parecia que estava falando com algum garoto pervertido. Riu desse pensamento - Por isso não podemos generalizar. 

 

-- Você já namorou muitas?

 

Luiza não aguentou e riu. Rebecca a encarava desconfiada. 

 

-- Não...  Na verdade apenas uma - disse lembrando de Beatriz. 

 

-- E porque não deu certo? - Rebecca não conseguia aguentar a curiosidade. 

 

"Porque a Bia é uma maluca e meus pais me matariam se eu ousasse  namorar com ela novamente"

 

--Nós percebemos que éramos melhor sendo apenas amigas - respondeu sincera. 

 

"Para a felicidade dos meus pais "

 

-- Ah, eu entendo - a ruiva disse pensativa -  Então não teve mais nenhuma? 

 

-- Teve, mas nunca chegou a ser namoro. 

 

-- Hum... - Rebecca sentia algo formigando dentro de si. 

 

************

 

-- Para o carro! - gritou. 

 

-- Ai Daniela, que susto! Quer causar um acidente! - Gabriela resmungou parando o carro. 

 

Daniela não respondeu, seus olhos estavam fixos na sorveteria a sua frente, sua respiração estava alterada. Gabriela seguiu o olhar da morena e viu duas garotas sentadas em uma mesa. Uma ruiva e a outra morena. Elas estavam sorrindo e a ruiva limpou com um lenço algo no rosto da morena, as duas riram. Gabriela já imaginava quem seria a ruiva. Daniela não pensou em mais nada, desceu do veículo e bateu a porta fortemente, seguiu na direção das duas, estava cega de raiva.  Gabriela contraiu os lábios. Isso não ia prestar. Desceu do carro e seguiu a morena. 

 

-- Você estava suja - a ruiva falou rindo. 

 

-- Ah, normal isso - Luiza também estava rindo. 

 

-- Rebecca!

 

O sorriso das garotas morreu no mesmo instante, ambas recolheram a voz da morena. Rebecca sentiu um calafrio e apertou as mãos tentando conter os tremores pelo corpo. Não conseguiu se virar para encarar a morena. Daniela fuzilava Luiza, que observava o quanto a ruiva estava nervosa. Daniela se aproximou e apoiou a mão esquerda sobre a mesa, encarando Rebecca seriamente. Luiza não conseguia desviar os olhos da menina. A ruiva finalmente encarou Daniela. 

 

-- Dani... - sussurrou tentando controlar a voz. 

 

Daniela respirou fundo. 

 

-- Vem comigo! - Daniela disse com raiva. 

 

-- Mas... - Rebecca tentou falar algo, mas a morena segurou o braço da menina e a forçou a ficar de pé. 

 

-- Eu não quero fazer um escândalo aqui,  Rebecca, mas não irei hesitar se for preciso - disse entre dentes. 

 

A ruiva encarou Luiza, que desviou o olhar.  Não gostava de escândalos e por isso aceitou ir com a morena, fazendo um leve aceno de cabeça. 

 

-- Luiza eu... -  Rebecca tentou falar, mas Daniela apertou mais o braço da garota e praticamente a arrastou dali. 

 

Gabriela estava perplexa com a reação da morena. Observou toda a cena quase de boca aberta. Seus olhos se fixaram na menina que estava sentada na mesa de cabeça baixa. Luiza. Aproximou-se lentamente. 

 

-- Olá... 

 

Luiza levantou a cabeça e observou a desconhecida. Uma menina branca de cabelos pretos e olhos azuis, como o céu em dia ensolarado. Nunca a tinha visto pela cidade. 

 

-- Oi...  - sussurrou sem forças. Estava triste. 

 

Gabriela observou a garota. Era linda. Aqueles olhos verdes mar, que naquele momento pareciam tristes. Mesmo assim não deixava de ser linda. 

 

-- Acha que elas vão demorar? - perguntou preocupada. 

 

Luiza franziu a testa. 

 

-- Você está com a Daniela? 

 

-- Sim, e eu não conheço nada nessa cidade - disse timidamente. 

 

-- Sente-se, vamos esperar - sorriu.

 

-- Obrigada - disse se sentando - Qual seu nome? 

 

-- Luiza, e o seu? - apesar da tristeza, Luiza jamais conseguiria ser antipática com as pessoas. 

 

-- Gabriela, prazer - disse estendo a mão. 

 

Luiza sorriu e apertou a mão da moça que era alguns anos mais velha que ela. Gabriela puxou papo com Luiza sobre a cidade e a menina acabou se distraindo um pouco e até sorriu algumas vezes, mas não conseguia evitar os pensamentos em Rebecca.

 

Se sentia mal por saber que a ruiva estava naquele momento com Daniela. Sabia que as duas iriam brigar, pois a morena odiava Luiza. Mas o que estava deixando a menina triste era saber que as duas estavam namorando e que teria que aguentar vê-las juntas. Sentia seu coração apertar e as vezes o ar faltava. Talvez não aguentasse. Foi fácil ficar perto da ruiva enquanto Daniela estava longe, mas agora tudo seria diferente e Luiza não estava preparada para isso, por mais que lutasse contra a menina estava sofrendo. 

 

***********

 

Daniela segurava firmemente o braço da ruiva e a conduzia em direção a casa da garota. Rebecca se debateu até conseguir se soltar. Encarou a morena, estava brava. 

 

-- Ficou louca? - disse passando as mãos no braço e parando de andar - Você me machucou. 

 

Daniela estava tão cega que não percebeu que estava apertando forte demais o braço da ruiva. Percebeu que havia feito besteira, pois o braço da menina estava roxo. 

 

-- Me desculpa, Rebecca - tentou tocá-la, mas a ruiva a repeliu. 

 

-- O que deu em você, Daniela? 

 

-- Eu fiquei descontrolada quando vi você com aquela garota. 

 

Rebecca riu amargar. 

 

-- Você só pode estar de brincadeira com a minha cara. 

 

-- Claro que não! Por que eu estaria? 

 

-- Porque? - riu - Você perdeu a memória por acaso? 

 

-- Não entendo,  Rebecca - disse tentando se aproximar, mas a ruiva deu um passo para trás.

 

-- Daniela eu não nasci ontem, ok. Você some por duas semanas, nenhum simples telefonema, nada! E quando volta faz essa cena lastimável.

 

-- E você estava morrendo de saudade hein - rebateu irônica - Se divertindo com aquela vadia da Ana Luiza! - cuspiu com ódio.

 

-- Nós somos apenas amigas, não vem querer tirar o foco da conversa - Rebecca olhou em volta e percebeu que algumas pessoas as sobservavam - Vem, vamos para minha casa e não precisa me segurar, eu sei andar sozinha - disse caminhando na frente. 

 

Daniela a seguiu. 

 

Quando chegaram na casa da ruiva a morena resolveu fazer uma cena, digna de novela mexicana. Inventou umas desculpas que não teve como ligar para a ruiva, fez caras e bocas e finalmente chorou. O Choro não era totalmente falso, pois naquele momento a morena estava com medo de perde Rebecca. A ruiva amoleceu vendo Daniela chorar daquela forma, aproxime-se da morena a abraçando. Daniela a apertou nos braços e sorriu pensando que havia sido perdoada, mas nada é  assim tão fácil. Quando tentou beijar a ruiva, está se afastou. 

 

-- Não posso... - disse de cabeça baixa. 

 

-- Por que não? - Daniela tinha um nó na garganta. 

 

-- Estou confusa - falou sincera. 

 

-- Nós somos namoradas, Rebecca! - quase gritou. 

 

-- Eu sei mas... Eu preciso de um tempo... 

 

-- Tempo pra que? 

 

-- Daniela só me dar esse tempo, por favor... 

 

-- Tempo pra mim não existe! - disse exaltada. 

 

-- Ok. Então é melhor terminar - a ruiva não conseguia encará-la. 

 

-- O que?

 

-- Estou confusa e você não quer me dá um tempo. E eu não posso ficar com você desse jeito... 

 

-- É por causa daquela vagabunda né? - Daniela tentava segurar o choro. 

 

-- Sim...  -  a ruiva não conseguiu negar. 

 

Daniela engoliu o choro e sorriu forçadamente. 

 

-- Tudo bem. Irei dar o seu tempo. 

 

-- Obrigada - foi tudo que a ruiva conseguiu dizer.

 

Daniela saiu da casa da ruiva arrasada, andou sem rumo por várias horas. Rebecca tentava colocar os sentimentos em ordem, precisa ter certeza de seus sentimentos. Sabia que com Daniela era correspondida, mas e com Luiza? 

 

“O que você sente por mim, Luiza? Queria tanto saber. Tenho medo de você não sentir o mesmo. O pior é que gosto de você... Que loucura” 

 

Estava perdida em pensamentos quando de repente lembrou-se de algo muito importante... Havia deixado Luiza plantada na sorveteria e nem tinha lhe dado nenhuma explicação. Pegou o celular e discou o número da menina, ela não atendeu. Decidiu ligar no residencial. Nada. Ficou muito preocupada. Não conseguiu dormir, pois estava muito agitada com tudo que estava acontecendo. 

 

**********

 

-- Acho que está tarde... - comentou Luiza. 

 

Gabriela olhou as horas em seu celular e levou um susto. 

 

-- Nossa... São quase dez, o que vou fazer... - falava consigo mesmo. 

 

-- Você está bem? - Luiza perguntou preocupada.

 

-- Você sabe onde fica algum hotel por aqui? 

 

-- Ah, sei onde ficar uma pousada, serve? 

 

-- Tendo uma cama para dormir, está ótimo! 

 

-- Então venha, vou te levar... É perto daqui. 

 

-- Obrigada -  sorriu - Estou de carro, vamos.

 

Luiza a encarou desconfiada. 

 

-- Você tem idade pra dirigir? 

 

-- Completei dezoito anos há dois meses - disse sorrindo. 

 

-- Ah tá, parece que você tem dezesseis. 

 

-- Não, pode relaxar. Eu posso dirigi e sou boa nisso - falou com satisfação.

 

-- Tá bom - Luiza sorriu. 

 

As duas seguiram para o carro de Gabriela e Luiza deu algumas instruções para a garota. Não demorou e estava estacionando em frente à uma pousada. Gabriela achou o lugar aconchegante. Não demorou a estar com a chave de seu quarto. 

 

-- Bom, acho que agora você ficará bem. Preciso ir - disse caminhando em direção a saída. 

 

-- Espera Luiza... - Gabriela aproximou-se - Você não quer uma carona? 

 

Luiza sorriu. 

 

-- Obrigada, mas não precisa. Minha casa não é longe e eu estou precisando andar um pouco. 

 

-- Ah, entendo. Obrigada por me ajudar. 

 

-- Disponha. 

 

Luiza se sentiu melhor em saber que a garota estava segura. Seguiu caminhando de forma lenta pela aquelas ruas tranquilas. Gabriela observou a garota se afastar. 

 

"Luiza... Conversei com você por poucas horas, mas já consegui te conhecer um pouco... Tão linda e tão apaixonada pela aquela ruiva. Você bem que podia afogar suas mágoas comigo, não iria me importa nenhum pouco. Adoraria dividir meu quarto com você. Aff Gabriela... Deixa de ser pervertida"

 

A garota evitou pensar em Luiza, mas estava encantada. Iria matar Daniela assim que a visse. Graças a Deus, Luiza estava por perto, senão estava perdida naquele lugar onde não conhecia ninguém. 

 

*********

 

Luiza chegou em sua casa e trancou-se no quarto. Deitou em sua cama e chorou. Amava a ruiva demais. Não suportava toda aquela situação. Estava doendo muito. Queria sumir, mas nunca foi covarde. Só conseguiu dormir quando os primeiros raios de sol apareceram. Luiza acordou com alguém puxando seus lençóis. 

 

-- Hum... Me deixa dormir -  resmungou. 

 

-- Acorda, Luh! 

 

-- Carol me deixa quieta! 

 

-- Você tem visita - avisou a baixinha. 

 

-- Ah Carol, diz que eu tô dormindo. 

 

-- Ok, só pensei que você quisesse receber a ruivis - disse se afastando. 

 

Luiza levantou a cabeça e encarou a irmã. 

 

-- Rebecca? 

 

-- Sim, ela está lá embaixo. Se arruma pois tu tá péssima demais, cruzes. Pode até assustar alguém. Não demora - deixou a irmã sozinha.

 

Luiza levantou num pulo e foi tomar um banho e tentar ficar mais apresentável. Sentia todo o corpo corresponder, apenas em saber que a ruiva a esperava. 

 

**************

 

Rebecca observava a baixinha que assistia atentamente desenho na TV. A ruiva sorria do jeito da garota.

 

-- Gosta das meninas super poderosas, ruivis? - Carol perguntou sem tirar os olhos da televisão. 

 

-- Eu já gostei em algum momento.

 

-- Adoro a docinho, acho ela um máximo. Lindinha me irrita com todas essas frescuras dela. 

 

Rebecca apenas riu. Ficou vários minutos perdida em pensamentos, enquanto os olhos estavam fixos na TV. Nem percebeu que Luiza se aproximou e ficou observando as duas. 

 

-- Não sabia que você gostava de desenho - Luiza falou. 

 

A ruiva se assustou. 

 

-- Ah, é um desenho divertido - disse sorrindo - Luiza precisamos conversar - ficou séria. 

 

-- Ok... - Luiza encarou a irmã que não piscava olhando para o desenho - Vamos sair um pouco?

 

-- Claro - disse ficando de pé. 

 

-- Espera ruivis... Quando você vai marcar a piscina? - Carol disse com uma carinha de bebê. 

 

Rebecca encarou a baixinha e ficou pensativa. 

 

-- Amanhã, ok pra vocês? 

 

-- Excelente - Carol falou animada. 

 

-- Avisa suas primas... Vamos, Lu? 

 

-- Vamos. 

 

-- Tchau Carol. 

 

-- Tchau ruivis. Até amanhã. Sem falta! 

 

Rebecca riu. 

 

-- Sem falta - confirmou a ruiva. 

 

Luiza foi na frente e Rebecca a seguiu. As duas caminharam em silêncio. Seguiram em direção a praça que haviam se conhecido. Luiza sentou em um dos vários bancos que tinham ali. Uma enorme árvore fazia sombra para elas. Rebecca sentou-se ao lado da garota e o silêncio permaneceu por alguns minutos. 

 

-- Desculpa por ontem - Rebecca quebrou o silêncio. 

 

-- Tudo bem - Luiza disse sem encará-la. 

 

-- Eu preciso te falar algumas coisas... - Rebecca olhava para alguma coisa em sua frente.

 

Luiza fechou os olhos, já tinha uma exata ideia do que a ruiva iria falar. Tentou se controlar. Essa era a hora da verdade. Fez sinal para Rebecca continuar. 

 

-- Eu e a Daniela não somos apenas amigas. Fomos namoradas por um tempo... Eu queria ter te falado antes, mas achei que ainda não era o momento - disse nervosa. 

 

-- Acho que vocês brigaram por minha causa. Desculpa, não queria causar qualquer desavenças entre vocês. 

 

-- Não foi culpa sua - a ruiva segurou a mão de Luiza a apertando carinhosamente - Nós brigamos sim, mas não foi sua culpa. Estamos separadas nesse momento... 

 

Luiza a encarou surpresa. 

 

-- Nem sei o que dizer.... - sussurrou. 

 

-- Não precisa dizer nada, apenas me desculpe por ontem, por favor...

 

-- Eu te desculpo, sempre. 

 

Luiza a abraçou de forma carinhosa e Rebecca se aconchegou em seus braços. Ficaram assim por longos minutos. A ruiva Fechou os olhos e aproveitou aquele momento. 

 

Era um momento apenas delas. Momento que Rebecca começava a entender seus sentimentos. Puros e sinceros.

 

***************

 

Carol avisou todas as primas do banho de piscina na casa da ruiva. Érika totalmente sem querer acabou comentando sobre isso com Daniela que ficou possessa e ligou para a ruiva exigindo qualquer satisfação. Rebecca para evitar qualquer tipo de escândalo, convidou a morena, mas deixou claro que não queria que a garota fizesse qualquer tipo de cena. Queria evitar brigas entre ela e Luiza. Só queria ter um dia agradável com todas as garotas, até mesmo com Érika. 

 

A ruiva esperava as meninas ansiosa. Os pais estavam viajando e ela tinha a casa toda para elas. No dia anterior ficou com Luiza por um bom tempo, se sentia bem e muito feliz ao lado da menina. Estava ansiosa em revê-la. Saudade.  

 

Daniela foi a primeira a chegar com um sorriso enorme no rosto. Estava acompanhada de Gabriela, que sorria timidamente quando foi apresentada a ruiva. Gabriela achou a menina linda e ficou se perguntando como Daniela podia ter sido tão burra nessa história. Rebecca era uma menina perfeita para namorar. Gabriela balançou a cabeça discretamente em negação. 

 

"Dani você é muito anta"

 

A ruiva gostava da morena, mas não conseguiu disfarçar a frustração quando as viu. Queria que fosse outra pessoa. Daniela aproveitou a oportunidade para aproximar-se da ruiva, que tentava prestar atenção no que a morena dizia, mas a ansiedade não a deixava ter qualquer raciocínio. 

 

Letícia chegou junto com Vick. Rebecca sorriu abertamente assim que as viu e as abraçou. A ruiva estava aprendendo o quanto era gostoso abraçar as pessoas. Gostava da sensação. Letícia e Victoria tiveram mais êxito em distrair a ruivinha, pois tinham uma Conversa descontraída e interessante. Rebecca percebeu que isso era de família. Olhava atenta para Letícia que era um pouco parecida com Luiza. Tinha os cabelos escuros e ondulados e era morena, um pouco mais bronzeada que Luiza, olhos castanhos e o sorriso límpido. 

 

Victoria era o completo oposto de Luiza. Era muito mais muito branca mesmo. Cabelo muito preto e olhos da mesma cor. Pelo menos a ruiva não enxergou qualquer resquício de castanho naquele mar negro. O sorriso de Vick lembrava Carol. Era sapeca, mas carregava algo mais ali, talvez a essência da menina, que era diferente de Carol. 

 

Érika chegou com aquele mesmo ar de superioridade de sempre. Sorriu para a ruiva, mas não havia deboche. Rebecca franziu a sobrancelha estranhando. Érika foi diretamente conversar com Daniela, que apresentou a amiga a Gabriela. Érika olhou desconfiada para as duas, mas nada comentou. Rebecca aproveitou para observá-la. Percebeu que Érika era uma garota que gostava de observar as pessoas. Era daqueles tipos que não se intimidava e continuava a encarar a pessoa. Seu sorriso era quase sempre irônico. Mas não poderia negar que aquela garota ela linda, parecia uma modelo de capa de revistas, aqueles cabelos loiros e os olhos verdes, iguais aos de Luiza. Érika sempre ajeitava o cabelo que caia nos olhos e os poucos sorrisos sem deboches que viu, foram destinados às primas. Definitivamente Érika gostava mesmo era de analisar todos. A loira percebeu que estava sendo observada e encarou a ruiva, que imediatamente desviou os olhos. Rebecca ficou esperando qualquer gracinha, daquela garota de humor negro, mas para sua surpresa, Érika nada disse.

 

Carol chegou e Rebecca abriu um lindo sorriso e olhou em volta procurando apenas uma pessoa, mas não a encontrou. Olhou para a baixinha com uma interrogação. Carol entendeu. 

 

-- Luiza está muito ocupada, mamãe precisou dela. Mas ela afirmou que vem, só não sei a hora. 

 

Rebecca não conseguiu disfarça a decepção. 

 

-- Tudo bem - sorriu sem ânimo. 

 

-- Ruivis.. Deixa eu te apertar - falou a abraçando. 

 

Rebecca riu e correspondeu ao abraço. Carol correu para abraçar as primas, apertou e beijou Érika que revirou os olhos. Fez a mesma coisa com Letícia e Vick, sussurrando algo no ouvido da prima que gargalhou. Aproximou-se de Daniela. 

 

-- Que desprazer em revê-la, Daniela - a baixinha disse debochada. 

 

-- Digo o mesmo! - rebateu a morena. 

 

Carol a ignorou e fixou os olhos em Gabriela. 

 

-- Tu eu nunca vi por aqui... - comentou. 

 

-- Eu nunca estive aqui antes. Sou amiga da Daniela - disse sorrindo. 

 

-- Tu tem um péssimo gosto pra amigos, parece a Érika, mas prazer - disse estendendo a mão - Carol... 

 

-- Gabriela... - apertou a mão da baixinha. 

 

Todas conversaram animadas. Daniela cochichava algo com Gabriela. Érika resolveu entrar na piscina e foi seguida por Victoria e Carol que pularam feito duas crianças na água. Com o impacto muita água caiu sobre o rosto da loira que bufou. 

 

-- Suas fedelhas! Parem com isso! - esbravejou. 

 

Érika nadava com tranquilidade. Carol e Vick brincavam de alguma coisa, isso até entrar água no ouvido de Vick e ela sair da piscina, irritada. Carol havia engolido água algumas vezes. As duas ficaram no sol, pois queriam se aquecer. Rebecca tentou se distrair conversando com Letícia, mas a garota quis tomar banho e deixou a ruiva sozinha. Gabriela aproveitou e também foi mergulhar, pois queria deixar a morena sozinha com a ruiva. 

 

-- Olha isso aqui, Vivi... - Carol disse mostrando o que estava em sua mão. 

 

Victoria arregalou os olhos assustada. 

 

-- Que isso, Carol? - disse com medo. 

 

-- É um inseto, não é lindo? - Carol segurava o bichinho pelas asas de forma delicada. 

 

-- Esse negócio é nojento, solta isso! 

 

-- Ah Vick, deixa de viadagem... É  fofo - aproximou o inseto da prima que se levantou de forma brusca, tropeçando nas próprias pernas. 

 

-- Tira isso de perto de mim. Que nojo - falou horrorizada 

 

Carol fingiu que havia jogado o pobre bichinho na prima. Vick começou a se debater e dava vários pulinhos gritando histérica. 

 

-- Que nojo! Nojo! Nojo! - dizia enquanto passava as mãos pelo cabelo e corpo. 

 

Carol gargalhava da cena e as meninas a acompanhavam. Victoria parou de fazer escândalo e olhou para a prima a fuzilando. 

 

-- Você vai ver só uma coisa! - pegou um copo de plástico e atirou em direção a baixinha que foi rápida, e se abaixou. 

 

-- Olha a agressão, Vick. 

 

-- Tu vai ver só. 

 

Carol correu e Vick correu atrás dela. A baixinha cansava rápido, pois tinha asma.  Vick a empurrou na piscina e depois entrou.  Ambas ficaram se jogando água e rindo. Érika revirou os olhos entediada. 

 

-- Essas duas nunca crescem - bufou. 

 

A brincadeira estava animada na piscina.  Gabriela juntou-se as meninas. Daniela tentou puxar assunto com a ruiva mais uma vez. 

 

-- Estou com saudade - disse próxima ao ouvido da ruiva. Rebecca se afastou delicadamente. 

 

-- Por favor, Daniela... Não faz isso... 

 

-- Você não sente minha falta?

 

Rebecca a encarou em dúvida. Não havia pensando na morena durante aquele tempo. Na verdade seus pensamentos só tinham uma dona e não era Daniela.

 

-- Daniela não vamos falar disso. Estou sem vontade - disse se levantando e entrando na brincadeira que naquele momento até Érika participava. 

 

Uma bola acertou sem querer a cabeça de Érika, que estava pegando sol na beira da. Piscina. 

 

-- Porr*, Carol! Parece que tem a mão torta! - disse irritada. 

 

-- Ihh alguém deve tá de TPM - a baixinha disse rindo. 

 

-- Carol vai se fu...

 

-- Parem com isso! - Letícia cortou a briga das duas. 

 

Daniela não entrou na água ficou observando tudo a distância. Estava preocupada, sentia que estava perdendo sua vermelhinha e isso a estava deixando possessa. 

 

As garotas conversavam animadas e comiam algumas coisas que a ruiva havia mandando preparar para elas. Vick já fazia algumas caretas, pois havia comido demais. Carol tinha comido o mesmo tanto que ela, mas permanecia com fome. 

 

-- Carol tenho um presente pra você... - disse a ruiva levantando-se.

 

-- Pra mim? - tinha um lindo brilho infantil nos olhos. 

 

-- Sim...  Espera aí...

 

Rebecca se afastou e não demorou alguns minutos e voltou com algo na mão. Colocou sobre a mesa e sorriu para a baixinha. Carol reconheu no mesmo instante o que era. 

 

Sorvete! 

 

É o melhor, de morango! 

 

-- Espero que goste...

 

-- Se eu gostei... - Carol disse pegando o pote de sorvete, abraçando e beijando - Eu amei! Melhor presente desde minha Pokebola, mas aquela lá me traumatizou pra sempre... - falou pensativa - Obrigada, ruivis. 

 

Carol abraçou e beijou a menina que apenas sorria. 

 

-- Por que você traumatizou com seu presente? - Rebecca perguntou curiosa. 

 

-- Tipo... Nesse tempo pokémon estava no "augio"  e eu era viciada... 

 

-- É auge, Carol... E você ainda é viciada - Vick a corrigiu. 

 

-- Te meta com tua vida - Carol mostrou língua para prima -  Então..  Como eu estava dizendo... Fiquei tão feliz quando mamãe me deu a pokebola, eu até "rondonpiava" de tamanha felicidade... Peguei o troço e tasquei-lhe no chão. A bichinha ficou em pedaços... Chorei por dias... Mamãe tentou me comprar outra, mas eu não queria... Jurava que ia sair um pikachu de lá... Também não quis mais saber... Traumatizei legal. Queria tanto um pikachu - disse com um olhar triste. 

 

-- Ai, deixa de ser louca,  Ana Carolina - Érika disse áspera. 

 

-- Só quando tu deixar de ser azeda - rebateu a baixinha. 

 

-- Carol eu deveria.... - Érika foi cortada por sons de palmas. 

 

-- Atrapalho? - Luiza disse com sorriso divertido. 

 

-- Ah finalmente hein Luh... Agora sim - Carol disse animada. Pegou uma colher e passou a tomar seu sorvete. 

 

Luiza fixou os olhos em Rebecca e sorriu. Aproximou-se para abraçá-la e beijá-la. Rebecca aproveitou cada momento, sentindo o cheirinho de Luiza. Ambas com o coração aquecido. 

 

-- Pensei que não vinha mais - Rebecca sussurrou em meio ao abraço. 

 

-- Desculpa, mamãe às vezes esquece que ainda sou uma adolescente - sorriu.

 

Afastaram-se e os olhos verdes de Luiza pousaram nos castanho de Daniela, que a encarava com um ódio contido. A morena tinha ganas de esganá-la naquele momento. Odiava ainda mais Luiza, pois percebeu naquele momento que Rebecca estava realmente gostando daquela garota infeliz. Gabriela apertou a mão da morena tentando lhe passar calma. 

 

Luiza abraçou todas as primas, cumprimentou Gabriela e nem ousou chegar perto da morena. Rebecca percebeu que Luiza já conhecia a amiga de Daniela e ficou intrigada. Gabriela aproximou-se de Luiza puxando qualquer assunto, estava encantada pela menina. Rebecca observava as duas atentamente. Luiza era uma menina simpática e gostava de conversar com Gabriela. Daniela e Érika apenas analisavam tudo, perceberam que Rebecca não estava tranquila com aproximação das duas, a menina muitas vezes mordia os lábios e passava as mãos no cabelo, mas não tirava os olhos das duas. Depois de algum tempo a ruiva conseguiu ficar sozinha com Luiza, disse que estava precisando de ajuda na cozinha e Luiza prontamente se ofereceu para ajudá-la. Daniela seguiu as duas com o olhar, Érika e Gabriela fizeram a mesma coisa. 

 

-- Eu acho ela muito linda - Gabriela sussurrou, apenas para a morena ouvir. 

 

-- Ótimo, então fique com ela. Você estaria me fazendo um favor - Daniela tentava manter o controle. 

 

-- Se eu tivesse chance, ficaria mesmo. Luiza é uma menina maravilhosa, eu nunca conheci garota como ela. Aqueles olhos verdes, a boca vermelha, o jeito como ela fala... - disse boba. 

 

-- Ai chega! Para com essa melação, credo! Já não basta minha vermelhinha que ficar babando nela, agora você... Era só o que me faltava - falou irritada. 

 

-- Se a Rebecca não gostasse dela, seria uma louca. 

 

-- Gabriela você quer levar um tapa nessa cara? 

 

-- Ok, vou me calar - disse prendendo o riso. 

 

***************

 

Luiza organizava alguns doces em uma bandeja cuidadosamente. Rebecca a observava atentamente, havia dispensando todos os empregados, apenas os seguranças estavam trabalhando e a menina não sabia muita coisa sobre a cozinha. Luiza fazia tudo de forma delicada.

 

-- Você conhece a Gabriela de onde? - fez a pergunta que estava querendo desde a hora que percebeu que as duas se conheciam. 

 

-- Quando você e a Daniela sumiram, ela ficou perdida, pois não conhece nada aqui. Eu ajudei ela e ficamos conversando por um tempo, esperando vocês voltarem. Ficou tarde e eu percebi que vocês não iriam voltar e eu levei ela pra uma pousada que fica aqui perto. Ela me agradeceu e só - disse sem encarala-la, pois estava concentrada. 

 

-- Hum... Ela é bem bonita...

 

Luiza parou o que estava fazendo e encarou a ruiva. Estava com a sobrancelha franzida. 

 

-- Sim...  Ela é... - disse simplesmente. 

 

-- Acho que ela está interessada em você - a ruiva mordia os lábios - Acho que todas  perceberam isso. 

 

-- Mas eu não estou interessada nela. 

 

-- Por que? 

 

-- Simplesmente não estou, Rebecca. 

 

-- Mas ela é tão bonita. 

 

-- Isso não importa. Não é porque eu sou lésbica que vou querer ficar com todas as meninas. 

 

-- Desculpa se te ofendi - disse a ruiva tímida. 

 

Luiza sorriu e abraçou a menina.

 

-- Comigo você ficaria? - Rebecca não sabia de onde havia tirado tanta coragem para perguntar isso, talvez do ciúme que sentiu quando viu Luiza e Gabriela de papinho. 

 

Antes que Luiza pudesse responder qualquer coisa a porta da cozinha foi aberta bruscamente. Luiza afastou-se da ruiva no susto. Daniela entrou e fuzilou as duas. 

 

-- Posso sabe porque tanta demora? 

 

-- Nós já estamos indo - Luiza respondeu no automático. Ainda tentava entender a Pergunta da ruiva. 

 

Daniela observou a ruiva que estava muito vermelha e tinha uma cara de culpa. Desconfiou profundamente do que as duas estavam fazendo. Rebecca não sabia onde enfiar a cara, estava muito envergonhada, sentia cada célula do seu corpo queimando e a deixando vermelha. 

 

-- E-eu... Vou ver se algumas das meninas estão precisando de alguma coisa - disse quase correndo da cozinha. 

 

Luiza e Daniela ficaram sozinhas. 

 

-- Você não me engana, Ana Luiza! - disse com os dentes trincados. 

 

-- Você também não me engana, Daniela - estava tranquila. 

 

-- Não se aproxima da Rebecca - ameaçou. 

 

-- Eu não tenho medo de você, Daniela...  Nunca tive e nunca terei! - disse firmemente encarando a morena. 

 

-- Não percebe que você só está atrapalhando minha relação com a Rebecca! 

 

-- Eu não fiz nada.

 

-- Ah não? - riu debochada - Você se faz de santa, mas sei que gosta da minha namorada! 

 

-- Vocês não namoram mais. 

 

-- Por sua culpa! Senão tivesse aparecido, nada disso estaria acontecendo! 

 

-- Não me culpe por suas idiotices, Daniela. Aliás, não era você que desprezava esses tipos de "relacionamentos"?

 

-- Eu desprezo apenas você, garota!

 

-- Ainda não engoli essa história de você ter se envolvido com a Rebecca. Aí tem coisa. 

 

-- Se meta na sua vida, Luiza! 

 

Disse saindo da cozinha bufando, odiava aquela garota profundamente. Luiza arrumou tudo certinho e foi servir as meninas. 

 

Durante todo o resto do dia Rebecca evitou encarar a garota, pois estava muito envergonhada. Luiza observava a ruiva e tentava entendê-la. 

 

"Ela perguntou se eu ficaria com ela... Será que ela tem algum interesse por mim? Só de pensar nisso, já sinto um frio na barriga"

 

Érika que era a mais observadora de todas. Também pensava algumas coisas e sorria. 

 

"Pelo visto isso tá tudo enrolado. A ruiva parece gostar de Luiza. Gabriela está interessada na minha prima e Daniela vai matar alguém a qualquer momento, olha só a cara de ódio dela. Luiza está escrito na cara que gosta da ruiva. Isso ainda vai acabar em confusão"

 

Rebecca olhava para qualquer lugar menos para Luiza. 

 

"Meu Deus, que vergonha. Acho que nunca mais conseguirei encará-la. Como eu conseguir perguntar aquilo?... Eu não sou boba, sei que senti ciúmes dela com a Gabriela e talvez isso tenha feito eu fazer esses tipos de coisas. Mas eu nunca sentir ciúme na vida, nem mesmo de Daniela. Eu estou perdida... Eu gosto de você, Luiza. Não posso mais negar e nem quero"

 

Daniela estava furiosa, mas tentava arquitetar algum plano maléfico em sua cabeça. 

 

"Preciso afastá-las urgentemente"

 

Depois de um tempo todas conseguiram relaxar novamente. Daniela quis ir logo embora junto com Gabriela. E o clima depois que elas se foram ficou mais agradável. Érika se despediu e disse precisava ir na casa de uma amiga, Letícia foi com ela. Já estava ficando tarde e Luiza precisava acompanhar Victoria até sua casa. Todas se despediram da ruiva a abraçando e beijando.

 

Luiza a abraçou apertado. 

 

-- Sim... - disse antes de soltá-la e sorriu.

 

Rebecca entendeu que foi a resposta para sua pergunta de mais cedo. Sentiu o coração acelerar. Luiza a encarava fixamente, mas o clima foi quebrado por Carol e Vick que arrastaram Luiza, pois já estavam cansadas. Se foram, deixando para trás uma ruiva com os sentimentos a mil. 

 

"Eu tô apaixonada... Apaixonada pela Luiza e acho que ela também. Nossa, eu tô me sentindo tão diferente, que sensação boa... Eu quero viver isso... Quero ficar com você Luiza"

 

Rebecca dormiu pensando em Luiza. Um sorriso bobo no rosto e uma certeza. Conversaria com Luiza, se ela sentisse o mesmo, iria ficar com ela. Queria viver esse sentimento por completo ao lado da garota que era apaixonada. 

 

 

 

Fim do capítulo