Capítulo 35 – Convivendo
Max no começo não gostava da presença de Jodie, principalmente porque ela insistia em estar em todos os lugares em que Charlie estivesse e a garota se sentia incomodada com a presença da desconhecida. Já Sam parecia ter gostado de Jodie desde a primeira vista porque estava sempre por perto dela e, por vezes, era um tanto abusada ao se deitar sobre ela o que, no começo, assustou um pouco Jodie devido ao tamanho de Sam. Quanto a Charlie a situação era um tanto complexa. A mais velha sempre foi quieta, mas nas semanas em que Jodie esteve com elas ficou ainda mais pensativa.
Jodie foi instalada numa das salas não usadas do galpão, era um quarto para ela mesma e ela logo tratou de se acomodar de forma a mostrar que estaria ali para ficar. Charlie já era acostumada a passar seus dias em seu quarto ou caminhando com Sam, agora ela ficava muito mais tempo no quarto porque sempre que saia para caminhar Jodie pedia para ir junto e Charlie não conseguia negar. Sam adorava essas situações porque a mais nova, apesar de sempre estar com o olhar direcionado à dona do animal, brincava e dava atenção à Sam. E Charlie não conseguia se impedir de sorrir vendo a mais nova brincar com Sam como se fosse uma criança.
Charlie estava passando por um período de confusão extrema porque gostava da presença da antiga amiga, mas ao mesmo tempo não conseguia lidar com os olhares que Jodie lançava à ela sempre que a olhava. E Jodie a olhava constantemente, sempre com mistos de desejo, admiração e confiança. Jodie não sabia se um dia conseguiria conquistar a mais velha, mas tinha plena certeza de que ao menos estaria ao lado dela pelo resto da vida.
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Já nos primeiros dias ali Jodie descobriu o porque de Charlie se manter tão perto de uma cidade grande, onde sempre haviam grupos buscando o poder e controle do lugar. Havia 9 grupos que tentavam o controle da cidade por meio da força e que brigavam entre si a anos quando Charlie chegou aos arredores da antiga New York quase 6 meses atrás. Eles eram como gangs e controlavam os territórios que conquistavam e havia um comandando cada cidade em volta e o principal ponto de disputa era o território de NY que ainda possuía muito a se explorar devido ao fato da cidade ter sido evacuada no começo de tudo e ter se deixado muita coisa para trás.
O que ocorria geralmente era que quem morava nas cidades em volta tinha que ajudar o grupo que a controlava e eles sempre precisavam de mantimentos e outras coisas para continuarem brigando entre si em verdadeiras brigas de gangs. Mas, aparentemente, não eram todos que eram realmente ruins; no meio dessas “gangs” haviam alguns grupos formados e realmente apoiados pelos moradores das cidades. Mas havia também um sistema de comunicação passiva entre eles quando era preciso combinar um dia para disputa. Geralmente quando eles tentavam tomar o território uns dos outros era de surpresa, mas quando queriam medir forças para anexar algum lugar ao seu território eles marcavam disputas.
Charlie havia chegado ali no meio de uma briga de gangs e não soube o que fazer além de ficar observando. Depois os moradores contaram a ela o que havia sido aquilo. Por coincidência ela chegou justamente por uma das cidades comandadas por um morador. Jeremy Clayfield era o chefe daquela região e tinha sido escolhido pelos moradores por ser um bom homem, com família, esposa e dois filhos; ele havia sido um segurança antes do mundo entrar em caos e, além de possuir conhecimentos sobre lutas e armas também tinha servido ao exército e sabia a respeito de táticas militares e comando.
No seu terceiro dia ali Charlie tinha presenciado uma quase briga quando um grupo de uma cidade mais distante tentou invadir a cidade de Jeremy. Era um grupo como o dele, de uma cidade comandada pelos próprios moradores e, ao invés de lutarem desordenadamente Jeremy propôs que fosse feita uma disputa mais justa que poupasse seus homens e os do ‘inimigo’. Foram 15 lutas individuais por sorteio entre os mais fortes de cada grupo. Quem vencesse mais era o ganhador, se fosse o grupo de Jeremy os outros voltariam para a cidade deles, se fosse o outro então Jeremy teria que ceder a cidade. Por sorte os homens de Jeremy venceram e, logo após esse episódio, Charlie teve a ideia de fazer com que o comando de tudo fosse decidido de forma menos agressiva e violenta.
Ela serviu de mensageira e foi a todas as cidades tentando convencer os responsáveis a aceitar a ideia da realização de um “campeonato” onde seria decidido quem era o líder de todo o território e quem tinha o direito de explorar a velha NY. Apenas 3 foram contra por se dizerem os mais fortes acharem que poderiam acabar com todos os outros por si mesmos, esses eram os grupos que mais forçavam suas cidades a favorece-los; eram as cidades que mais sofriam. Com a ajuda de Charlie os outros se juntaram e expulsaram esses três que eram contra a ideia.
Dos 6 grupos restantes, 3 deles eram comandados por homens escolhidos pelos moradores que queriam apenas viver em paz sem invadir o território dos outros, mas que também queriam poder pegar o que era valioso de NY. As três cidades que ficaram sem líderes puderam escolher entre formar seu próprio comando ou se juntar a algum dos vizinhos. E então Charlie, depois de conhecer todos os líderes, decidiu se instalar e apoiar Jeremy. Ela ajudou a organizarem tudo e passou a lutar em nome da cidade onde se instalou com Max e Sam.
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Charlie treinava quase todos os dias. Quando só fazia a parte de musculação ela ficava dentro do seu quarto onde havia montado aparelhos improvisados para levantar peso entre outras coisas, fora os aparelhos de musculação que Jeremy conseguia arranjar para ela. Entretanto uma vez na semana Charlie treinava sequencias e Jodie, já na primeira vez, pediu para ajudar e treinar com ela.
Sempre que estavam no mesmo ambiente Jodie fazia questão de deixar claro o que sentia pela mais velha, fosse por elogios ou por olhares, Jodie estava sempre relembrando Charlie de que a amava. O ‘bom dia’ vinha sempre acompanhado de um ‘anjo’ ou ‘linda’ ou apenas um olhar apaixonado e bobo. Pequenos momentos onde Jodie apenas conseguia observar Charlie eram preenchidos com comentários da mais nova a respeito da beleza da mais velha ou apenas com Jodie dizendo que gostava de algo em Charlie e isso deixava a mais velha desconfortável.
Charlie achou que quando fossem treinar isso mudaria, mas estava enganada. Apesar de levar tudo a sério e de realmente ajuda-la durante os treinos Jodie não deixava de lado suas brincadeiras e olhares. Sempre que podia ficava mais próxima do que o necessário de Charlie e, mesmo que ganhasse alguns golpes fortes e que a machucassem, Jodie não perdia a oportunidade de tentar segurar Charlie ou imobilizá-la para se aproveitar de estar tão perto e tocando a mais velha. Sempre que fazia isso ela saia com algum machucado, recebendo um olhar irritado da outra, mas com um sorriso satisfeito no rosto.
Mas Jodie não usava apenas desses momentos para se aproximar da mais velha. Por vezes enquanto estavam nas caminhadas ou paravam sentadas do lado de fora olhando o céu a mais nova tentava alguma aproximação. Nessas situações, e durante os treinos também, vez ou outra Jodie conseguia roubar um selinho de Charlie ou um abraço mais demorado. Ela sabia que a outra ficava desconfortável e irritada, mas sempre saia com um sorriso bobo depois enquanto dizia que não tinha como se controlar sempre porque a amava e isso sempre fazia Charlie ficar sem resposta.
Com o tempo Jodie passou a não dizer nada e apenas sorrir depois de conseguir roubar um selinho da outra. Em uma ocasião, estavam as duas sentadas do lado de fora do galpão, sobre um banco velho de madeira encostado à uma das paredes do lugar. Elas estavam apenas olhando as estrelas sem conversar nada, apenas sentadas lado a lado olhando para cima.
Depois de quase uma hora ali Jodie desviou o olhar encarando Charlie que continuava absorta nas várias constelações. Jodie a encarou por vários minutos até Charlie notar que era o foco da mais nova e olhar para ela. Estavam as duas perto uma da outra pelo banco ser pequeno e então Jodie sorriu.
– Você é linda – disse ela com um sorriso de lado admirando o rosto de Charlie que era iluminado pela luz da lua.
– Você diz muito isso – falou a maior suspirando e desviando o olhar para o céu de novo.
– Charlie – chamou Jodie num tom sério que fez a outra olhá-la, mas Charlie foi surpreendida por um selinho da mais nova.
Foi um beijo mais demorado e Charlie chegou a erguer as mãos para afastar a outra, mas Jodie se afastou sozinha. Elas se encararam de forma séria, Charlie irritada e Jodie apenas séria.
– Tem que parar de fazer isso – falou Charlie num tom irritado.
– Nunca – respondeu a mais nova com um pequeno sorriso – Se não gosta comece a me impedir – falou ela se inclinando de novo o que fez Charlie tentar afastar o corpo, mas Jodie sorriu parando o movimento – É um beijo no rosto, prometo – disse ela – Só um beijo de boa noite, eu juro.
– Certo – concordou Charlie aliviada ficando no lugar quando a outra avançou de novo.
Jodie beijou a bochecha de Charlie, mas tão perto da boca da outra que a mais velha chegou a ficar paralisada de surpresa porque Jodie estava segurando o rosto dela com uma mão do outro lado. Mas não foi nada demais, apenas um tanto mais demorado, mas com um carinho que Charlie dificilmente deixava a mais nova demonstrar.
– Boa noite – sussurrou Jodie com o rosto ainda muito próximo antes de dar outro beijo, mais longe dos lábios da outra e se levantar seguindo para dentro.
Naquela noite Charlie não conseguiu dormir pensando no porque da mais nova ainda não ter desistido dela mesmo depois de quase dois meses estando ali.
Fim do capítulo
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flawer
Em: 21/02/2016
Ai, ai *-* estrelinhas nos olhos de tão deleciada com a estratégia de conquista da Jodie: DEVAGAR E SEMPRE!!! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
P.S.: Ela está conseguindo! Quero só deixar registrado certo Charlie!
Beijinhos anonimo
Resposta do autor em 24/02/2016:
Foi uma ótima estratégia mesmo kkkkk
Bjs ;]
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