Dias ruins
São Paulo, 25 de janeiro de 2016. 17h55
Hoje estou mais cansada que o normal. Acordei há poucas horas e ainda não senti muita vontade de fazer nada. Eu não escovei os dentes.
Ontem eu chorei sozinha no supermercado porque não conseguia encontrar os cereais. Eu circulava e circulava empurrando aquele carrinho, minhas mãos suando, meu coração acelerado. Parecia que eu ia morrer se não os encontrasse.
É assim que funciona a ansiedade: você não consegue relaxar. Tudo é dramático.
Ando sentindo muita vontade de comer. Não fome, mas vontade de comer todas as coisas que encontro na geladeira, nos armários, na mesa.
Quero voltar a trabalhar. Meus sentimentos estão confusos, meu corpo tem horários diferentes dos normais.
Normais. Queria ser normal.
Queria não chorar no supermercado. Eu não me importo de chorar, mas me importo quando as pessoas me olham atravessado. Eu já tenho que lidar com os meus demônios, matar os meus dragões – e não preciso que me atrapalhem.
Estou sozinha, você sabe. Entrei nessa guerra sozinha, não tenho ninguém para segurar a minha mão e me dizer: “Vai ficar tudo bem, Betina. E, mesmo se não ficar, eu estou aqui com você.”
Como falta empatia no mundo, não é?
Outra coisa que reparei nesses dias é como estou ficando esquecida, confusa, lesada... Louca mesmo. Será que um dia eu vou me esquecer de quem eu sou? Às vezes eu queria esquecer. Me dar outro nome, outra história, outros amores.
Estou sentindo sono de novo. Estou mesmo muito cansada.
Fim do capítulo
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