PARTE 1
Beatriz estava em seu terceiro ano de engenharia civil, uma das poucas mulheres em sua turma, mas que se destacava dos demais pelas notas brilhantes. Ela tinha 30 anos, sua demora em conseguir uma vaga na tão sonhada melhor universidade do país se deveu à necessidade de ajudar o pai que passou por problemas sérios de saúde quando ela saia do ensino médio. Depois de 5 anos lutando contra um câncer agressivo seu pai conseguiu finalmente vencer a doença, mas as economias da família tinham se ido todas com o tratamento e, ainda debilitado, ele não pode assumir novamente a empresa de transportes da família o que ficou sob a responsabilidade da sua única filha. Apenas quatro anos depois foi que Beatriz conseguiu finalmente estudar e passar na prova que a permitiu ser aceita naquela universidade.
Sua turma a muito não mais frequentava as mesmas aulas que ela, mesmo assim Beatriz mantinha algum contato com dois amigos, mas ela também se deu muito bem com um grupo de rapazes alguns anos a frente quando os encontrou enquanto cursava seu quinto semestre. Mas, apesar da boa relação com os homens, as poucas garotas das salas que frequentava costumavam odiá-la. Beatriz Salvatore era uma mulher de 177cm de altura, pele morena pela ascendência mexicana do pai, possuía cabelos negros cortados num corte curto e todo repicado além dos olhos azuis escuros herdados da mãe que morrera a muitos anos. Era lindíssima, e estava sempre em trajes impecáveis parcialmente sociais, vestimentas adquiridas do tempo em que trabalhou na empresa do pai. Relações amorosas eram zero na vida dela, os homens viviam a sua volta, mas os que ela permitia que convivessem eram apenas reais amigos, mas aos olhos das mulheres ela sempre parecia ser um risco. Realmente, a postura e o jeito frio, duro, por vezes ácido e sempre direto de Beatriz repelia as mulheres, mas acabava mantendo perto os amigos homens que por vezes acabavam por trata-la como um deles.
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Era o primeiro dia de aulas do sexto semestre. Beatriz chegou ao seu bloco e logo avistou dois amigos conversando em frente à pequena cantina existente no térreo. Se aproximou ouvindo parte da conversa antes mesmo de chegar aos dois.
- Não pode Clark – choramingava o mais alto deles, por volta de 185cm com cabelos pretos cortados em estilo militar e usando jeans e uma camisa cinza simples com um caderno nas mãos enquanto olhava uma folha que o outro segurava.
- Pois é a mais pura realidade meu caro amigo – respondeu Clark que tinha 178cm e cabelos castanhos claros assim como seus olhos, estava vestindo da mesma forma que o outro, mas usava um casaco de moletom por cima da blusa – Ela voltou Jorge, e não há nada que possamos fazer, as outras turmas já estão lotadas.
- O que está havendo rapazes? – perguntou Beatriz se aproximando dos dois.
- A Carrasco Henderson está de volta – falou Jorge com se contasse uma história de terror – Agora sim é impossível eu passar nessa matéria, vou reprovar pela terceira vez.
- Que história é essa Clark? – perguntou ela ao que parecia menos desesperado.
- Amélia Henderson é uma professora das mais novas da universidade – contou ele – Ela passou no concurso à uns dois anos e desde então, com quatro semestres ministrando 5 matérias diferentes a média de aprovação dela foi de 13%. Semestre passado ela não estava escalada nessa disciplina que vamos cursar agora, mas parece que esse semestre ela voltou. Mas como as turmas dos outros professores já estão lotadas, creio que porque os mais espertos descobriram antes, só nos sobra a dela. Por falar nisso Bea, você vai cursar essa matéria também, com que professor caiu? – ele perguntou curioso.
Beatriz pegou sua folha de horários no bolso da pasta que trazia nas mãos e olhou conferindo o nome.
- Parece que enfrentarei essa professora com vocês – disse ela rindo baixo.
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Amélia tinha 28 anos e 169cm de altura, formada na Alemanha aos 21, tendo sido aceita na universidade aos 16, terminou o primeiro mestrado aos 23, o segundo aos 24 e o primeiro doutorado aos 26. Era loira, com os olhos verdes e pele muito branca. Naquele primeiro dia de aulas ela usava uma calça marrom de brim e um blusão de moletom com o emblema de sua universidade de origem bordado do lado direito do peito, mas o olhar frio por trás daquelas lentes grossas assustou mais da metade da turma de 20 alunos (metade de uma classe inteira). Enquanto falava sobre a bibliografia que ela usaria nas aulas alguns fios de seu coque mal feito caiam sobre seus ombros, sua voz era firme, forte e mais grave do que se esperaria de algum com sua estatura física.
Dispensando apresentações, ela foi direto a matéria e, sem se importar em conhecer ninguém, foi logo passando o primeiro trabalho individual. No começo Beatriz achou que era exagero dos rapazes, aquela mulher não poderia ser tudo isso que eles falavam. Ao contrário, o jeito simples e justo que ela demonstrou lodo de início parecia ter encantou Beatriz que se viu completamente surpresa ao se pegar admirando o olhar sério da professora enquanto a mesma corrigia seu trabalho, duas semanas depois. Mas com o passar das semanas ela foi percebendo que não era apenas exagero. Amélia era rígida e dura em tudo, incluindo suas correções, apesar de nunca deixar de ser justa. Entretanto, a quantidade de exercícios impostos por ela, junto ao resto das matérias que Bea cursava, fizeram com que a exemplar aluna se encontrasse, pela primeira vez, numa situação de aperto.
A explicação para a fama de Amélia era muito boa, sua forma de dar aula e sua didática eram exemplares, mas ela cobrava demais e não tolerava erros. Era essa intransigência e excesso de trabalhos que, na metade do semestre, colocou Beatriz na corda bamba. As somatórias das suas notas até aquele momento impediam que ela, mesmo saindo-se exemplarmente dali em diante, conseguisse ficar perto de sua média normal; o pior era que, apesar de se manter dentro do intervalo de aprovação, suas notas estavam deixando Beatriz 25 pontos abaixo da sua média geral que era de 96. Mas o que a fez tomar a decisão de encarar a professora foi o fato de que, exceto ela, até aquele momento, mais ninguém da classe conseguiria ser aprovado; na verdade metade deles não tinham mais chances de passar.
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- Pois não, senhorita Salvatore – saudou a voz de Amélia quando, após bater, Beatriz entrou na sala da professora, aquele cumprimento, sem erguer os olhos das folhas que corrigia, surpreendeu a aluna que, por nunca terem conversado, não esperava que teria seu nome lembrado.
- Sinto incomodá-la, Professora Henderson, mas eu não vejo outra forma à essa altura do semestre – falou Beatriz indo direto ao ponto como sempre.
- Não entendo o que tem a reclamar, Beatriz Salvatore – falou Amélia afastando os papéis e endireitando os óculos antes de encarar sua aluna com um olhar calmo – Você é a única na turma que passará sem precisar de uma prova extra, sua média se encontra acima da necessária exigida e seus trabalhos até onde sei, são sempre entregues no prazo e muito bem feitos.
- E mesmo assim nunca ganhei nada além de 75 pontos por eles – falou Beatriz cruzando os braços e erguendo uma sobrancelha com certa irritação.
- Perfeccionismo nem sempre é uma qualidade admirável – respondeu Amélia com um sorriso contido.
- A senhora sabe bem disso não é professora – falou Beatriz se irritando verdadeiramente; algo naquele olhar e naquele sorriso presunçoso, faziam-na perder a compostura.
- Na realidade meu perfeccionismo chega a ser um defeito e não uma qualidade – afirmou Amélia dando de ombros – Mas você não veio aqui trocar farpas comigo, diga o que quer.
Beatriz precisou de alguns segundos para se recuperar da surpresa que tinha tomado conta de si com aquele jeito direto de Amélia.
- Esse seu sem número de trabalhos está prejudicando a todos os alunos – falou ela voltando ao seu eu normal – Não conseguiremos nos dedicar ao resto das matérias tendo tantos trabalhos seus. Você não é a única professora a ministrar disciplinas nesse semestre, não pode exigir que nos dediquemos exclusivamente à sua matéria.
- Eu não exijo isso, não é culpa minha que alunos descompromissados não se dediquem o suficiente aos seus estudos para conseguirem boas notas em todas as matérias que cursam – disse ela de forma displicente fazendo Beatriz ficar a beira de perder a paciência.
- Você não vê que é impossível??? Ou só está querendo que seja assim?? É egocêntrica demais para se importar com a vida dos outros é?? – perguntou Beatriz com um tom de cinismo vendo a expressão, desleixada, da professora vacilar – Quer essa fama de carrasca porque afinal?
- Fala por conclusões precipitadas, você não sabe nada a meu respeito – disse Amélia ficando com uma expressão séria, mas calma.
- Eu falo por aquilo que vejo – disse Beatriz sorrindo de forma convencida por ter tirado aquela máscara de divertimento que a outra tinha antes – E tudo o que vi...
- Tudo o que viu foi ínfimo perto do total – disse Amélia se recostando contra o encosto da cadeira – Pois façamos assim. Você foi a única que veio aqui sentindo-se prejudicada, mas falando pela turma inteira. Então vou colocar o destino da turma toda nas suas mãos – ela entrelaçou os dedos mantendo-os à frente do rosto enquanto que o reflexo da luz impedia que Bea visse o olhar da professora – Pode se retirar agora. Daqui a pouco, na aula, você saberá o que terá de fazer.
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Naquela tarde ao final da aula, sem que ninguém soubesse de nada, Amélia entregou um projeto para Beatriz revisar e fazer alguns cálculos. A aluna teria de entregar aquilo pronto uma semana antes da prova final, se fizesse tudo certo 25 pontos seriam acrescentados nas notas finais de todos, se ela errasse ninguém ganhava nada mais, entretanto o desafio seria exclusivamente para Beatriz e, se algum outro aluno ficasse sabendo, ele seria cancelado e Bea perderia 25 pontos de sua média.
Fim do capítulo
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May Poetisa
Em: 06/02/2016
Olá! Adorei sua história, parabéns!
Narrativa curta e intensa, gostei muito da Bia e sua professora =D
Qual a possibilidade de uma continuação? Rs
Beijos e abraços, May.
Resposta do autor em 07/02/2016:
Kkkk Que bom que gostou.
Mas sinto que não há possibilidade de continuação, oq tinha que ser explorado já foi escrito kkkk, creio que algumas coisas tem q parar antes do esperado para continuarem boas como sçao no começo hehe
Bjs ;]
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lucy
Em: 06/02/2016
Hummm esse desafio foi pesado hein ? Eita professora carregada...
Alemã ? Viiiixe ....
Fiquei curiosa em.ler se Beatriz vai arrasar nesse trabalho, mas a profe
pegou pesado ....louca pra ler Bea entregando esse trabalho impecável
obrigando.a.Hitler, digo a profe dar as.notas.aos alunos
Humm bem interessante.....vamos.ler.como vão ficar as
coisas...bjs Parabéns Nota Mil gostei do Cap. E me despertou
vontade.de.seguir.o desenrolar das coisas entre.essas.duas
A profe precisa melhorar a pele kkkkkkk que.azedume minha FIA kkkk
Resposta do autor em 07/02/2016:
Foi kkkk, bem complicado de começar, mas depois surgiu sozinho =]
Espero que goste
;]
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