Larissa

 

 

 

                Acordei com o peso de Bella sobre meu corpo, abri os olhos lentamente tentando me acostumar com a claridade, levantei-me com cuidado para não acordá-la. Todos dormiam profundamente. Até as cadelas estavam deitadas no cantinho da sala. Passei a mão do pescoço dolorido, devido a posição em que dormi. Depois que fiz minha higiene matinal, troquei de roupa e liguei para Suse.

 

- Bom dia Su. – falei assim que ela atendeu.

 

- Bom dia menina.

 

- Só liguei para saber como o Siqueira está.

 

- Ele está bem, cheio de dores mas conseguiu descansar durante a noite.

 

- Que bom, acho que vamos passar por aí mais tarde. – falei olhando a rua da janela do quarto de Bella.

 

- Tudo bem. Até mais tarde querida.

 

- Beijo. – encerrei a ligação.                    

 

                    O céu estava escuro, alguns raios clareavam as nuvens nebulosas. Senti as mãos de Bella envolvendo minha cintura. Meus pelos arrepiarem quando ela passou o nariz por meu pescoço.

 

-Humm! Bom dia. – sorri de olhos fechados.

 

-Ótimo dia. Pensei que tinha ido embora. – abraçou meu corpo.

 

-Por que eu iria embora sem falar com você? – questionei me virando para olha-la.

 

-Não sei. Só queria ter visto você quando acordei. – falou manhosa.

 

- É mesmo? Acostumou a acordar ao meu lado. – beijei sua boca levemente. – Isso quer dizer que teremos que dormir juntas todos os dias?

 

- Isso seria ruim? – questionou quase sorrindo.

 

-Não, seria perfeito. – nos beijamos novamente.

 

                 Minhas mãos já percorriam seu corpo fazendo caricias mais intensas. Ela afastou-se um pouco e disse sorrindo:

 

- Acho melhor não começarmos nada, depois dos flagras de ontem.

 

- Verdade, precisamos seguir o conselho da sua mãe.

 

- Ela sempre está certa. Bom, vou tomar um banho rápido. Preciso comer, e não acho que nossos queridos amigos acordem tão cedo. – falou tirando a blusa.

 

-Penso o mesmo. Eu liguei para Su. – falei me deitando na cama. – Ela disse que Siqueira conseguiu dormir apesar das dores.

 

- Ainda bem. – já estava apenas de calcinha.

 

- Falei que passaríamos por lá mais tarde.- olhei seus seios firmes, senti a excitação me dominar.

 

-Vamos sim, vou tomar meu banho.

 

- Tudo bem. – ela virou-se e caminhou em direção ao banheiro.

 

- Lari.- falou me olhando.- Amo você. – sorriu para mim, daquele jeito que iluminava meu mundo inteiro.

 

- Também amo você linda. – Ficamos nos olhando alguns segundos, logo depois ela seguiu para o banho.

 

                  Meu pensamento viajou, para o dia em que nos conhecemos. Mesmo ela sendo completamente irritadinha eu me apaixonei por ela desde o primeiro momento. A sua reação quando me viu na sala de reunião. Mesmo com todos os seus medos e receios eu não desisti do que sinto. Rodei a aliança no dedo e sorri, valeu a pena ter esperado que ela se decidisse. Hoje estamos ainda mais perto de firmarmos o que começou de forma tão atrapalhada.

 

- Terra chamando...- ela falava na minha frente.

 

- Oi? Desculpa, me distrai. – falei admirando-a.

 

- Percebi, você está bem?

 

- Sim, estava pensando.

 

- Ok! – falou vestindo-se.

 

- Posso fazer uma pergunta?

 

- Claro.- disse arrumando os cabelos.

 

- Quando nos conhecemos, no estacionamento. Você gostou de mim? – ela sentou-se ao meu lado. – Por que eu gamei em você de cara, tipo, seu jeito todo irritadinho, impaciente. Na verdade, aquela não foi a primeira vez que vi você.- confessei.

 

- Não? – perguntou confusa.

 

- No dia anterior, quando Milena e eu chegamos na cidade, estávamos esperando o Zé com o carro, lembro de ter visto você, Benjamim e Maísa saindo a pé, não consegui desgrudar os olhos de você. Nem dava para te ver direito, apenas sua silhueta.

 

- Eu sabia.- gritou. – Eu senti naquele dia que havia alguém me observando.

 

- Pois é, tinha algo em você que me atrai. Feito um imã.

 

- Tinha? – perguntou seria.

 

- Tem, ainda tem. – passei a mão em seu rosto. – Amei você desde que botei os pés nessa cidade, nunca acreditei em destino, mas depois de conhecer você, penso diferente.

 

- Era seu destino vir para cá apenas me conhecer? - questionou.

 

- Sim, apenas conhecer você. Mas, não fuja, responda minha pergunta.

 

- Honestamente não sei ao certo, você sabe que eu era cheio de medos e incertezas. Confesso que te achei extremamente linda, no estacionamento, quando vi você na sala de reunião só conseguia pensar o quanto havia sido grossa com você.- sorriu sem graça. – Tentei não deixar transparecer meu interesse em você, foi doloroso pensar que você iria voltar para casa e eu nunca mais te veria.

 

              Sorri lembrando de quando ela foi atrás de mim antes de eu ir para Ouro Preto. Foi quando começamos a namorar.

 

- Hoje não suporto a ideia de dormir longe de você, acordar e não te ter ao meu lado torna o dia menos alegre.

 

              O que dizer depois de ouvir algo desse tipo? Nada, apenas trouxe seu rosto para perto do meu, nossas bocas se completaram em um beijo apaixonado. Depois de alguns minutos precisávamos de ar. Interrompemos o beijo, de olhos ainda fechados encostamos a cabeça uma na outra.

 

- Isso é perfeito. – falei acariciando sua nuca.

 

- Maravilhoso. – sorriu me olhando de forma amorosa.

 

               Batidas na porta acabaram nosso clima de romance.

 

- Meninas, está muito cedo para vocês já estarem se pegando. – Mile resmungou.

 

- Pode entrar, não tem ninguém se agarrando aqui. – falei sorrindo.

 

- Bom dia.- se atirou na cama. – Isa você é uma péssima anfitriã, nos deixando dormir daquele jeito, estou cheia de dor.

 

- Eu não deixei ninguém dormir lá, inclusive até eu apaguei junto com vocês.

 

- Isso é verdade. Os outros já acordaram? – falei.

 

- Só o Isac, deve estar na cozinha atacando suas comidas. –disse rindo.

 

- Podíamos ir tomar café da manhã na padaria, não acho que ele vá encontrar muita coisa comível por aqui. – Bella confessou.

 

- Tudo bem, vou acordar Maísa e Benjamim. – Mile saiu do quarto.

 

- Você não costuma cozinhar não é mesmo? – falei segurando sua mão enquanto caminhávamos para a cozinha.

 

- Na verdade não, tão mais fácil comer fora. – disse sincera.

 

- Isa, agora que vocês estão noivas, será que você pode se mudar daqui logo e ir morar com a Larissa, por que não tem comida nessa casa. – Isac falava.

 

- Isso é verdade, se bem que as duas não se desgrudam mais, quando não dormem na mansão dormem aqui. – Mile falou sentando-se.

 

- Será que vocês podem falar um pouco mais baixo. – reclamou bem com as mãos na cabeça.

 

- Alguém acordou com uma baita ressaca. – Maísa falou com cara de sono.

 

- Não era para menos, eu acabei com ele no vídeo game ontem, e quem perde tem que beber. – Isac falou orgulhoso.

 

                Depois de quase meia hora enrolando, conseguimos sair para comer algo. Fomos caminhando já que era perto.

 

- Alguém tem notícias de Siqueira? - Bem pergunto.

 

- Lari ligou para Susane mais cedo. – Bella respondeu.

 

               Nós caminhávamos de mãos dadas, chegamos na padaria. Fizemos os pedidos.

 

- Saiu uma matéria sobre o Siqueira. – Maísa leu partes da reportagem. – O advogado Siqueira Gullar da empresa RCEC, sofreu um atentado contra sua vida. Segundo fontes o autor do atentado estava sendo procurado pela polícia, por conta de ameaças enviadas para os advogados Siqueira e Isabella Magalhães, ambos trabalham para a empresa da jovem Larissa Rodrigues. Otavio o responsável pelo ataque não resistiu aos ferimentos, falecendo a caminho para o hospital. Já o Advogado passou por cirurgia e encontra-se estável. – finalizou.

 

                Todos ficamos em silêncio, até que Milena disse:

 

- Então o que os casados irão fazer hoje à noite?

 

- Temos um jantar com meus pais. – Benjamim falou.

 

- Hoje precisarei de grandes quantidades de álcool. – Maísa disse com cara de poucos amigos.

 

- Perdi alguma coisa? – Mile perguntou.

 

- Digamos que a mãe do Ben não gosta da ideia de me ter como nora.

 

- Não é bem assim meu amor. – Ele tentou amenizar.

 

- Qual é Ben, dessa vez concordo com Maísa. Sua mãe é meio carrasca com ela. - Bella defendeu a amiga.

 

- Ela sempre coloca defeito em tudo o que faço, até nas minhas roupas, reclama do perfume. – Maísa disse.

 

- Tudo bem, eu sei que ela não pega leve com você, mas isso é coisa de mãe mesmo. – falou o homem tentando mais uma vez justificar.

 

- Não é não, a mãe da Isa adora a Lari e Mile. Dona Helena é ótima e não questiona as escolhas dos filhos. Sua mãe não me acha boa suficiente para você.

 

- Isso realmente não importa, eu acho você perfeita para mim. – segurou a mão da baixinha e beijou-a em seguida.

 

- Já sabemos quem ganhou a discursão. – Milena falou caindo na risada seguida por nós.

 

- E vocês o que pretendem fazer? – Isac perguntou, comendo em seguida.

 

               Bella me olhou como se esperasse que eu respondesse, sendo que eu não sabia nem onde iriamos dormir à noite quanto mais o que iriamos fazer. Talvez Isac tivesse razão, seria mais fácil se já estivéssemos morando juntas.

 

- Não temos nada previsto. – Bella disse.

 

- Vocês poderiam ir jantar com a gente. – Maísa disse rindo. Todo viramos para olha-la. – Que foi? Toda ajuda é bem-vinda.

 

- Eu passo.- falei.

 

- Eu também. – Bella disse em seguida.

 

- E vocês ainda tem coragem de dizer que são minhas amigas. – falou de cara fechada.

 

- Nós somos, só acho que será melhor não arriscamos nosso pescoço no meio do fogo cruzado. – Bella falou rindo.

 

- Assim parece que minha mãe é uma terrorista. – Ben falou indignado.

 

- Qual é Ben, se ela não é exatamente como descrevemos aqui por que você não contou por telefone que vão casar? – Bella perguntou encarando-o.

 

- O que? – Milena de engasgou com o suco. – Você ainda não falou para sua mãe? Um homem desse tamanho com medo de contar para mamãe que vai casar. Coisa mais feia. – Milena disse tirando sarro.

 

- Imagina quando eles tiverem filhos, a vovó que vai escolher para que escola eles vão, qual profissão, faculdade. – Isac falou tranquilo.

 

- Gente já chega, a coitada da Maísa vai mudar de ideia desse jeito. – resolvi pôr um fim no assunto.

 

- Ok! Nós mudaremos de assunto. – Milena falou olhando para Bella. – Isa você pretende casar quando?  A Lari já tem a casa.

 

- Não tenho a casa, tenho a planta. – retruquei.

 

- Podem morar por enquanto onde você já está. – Isac concluiu.

 

- Serio vocês são terríveis juntos, não sei por que foram namorar. – Benjamim disse.

 

- Vocês que ficam fugindo das responsabilidades de responderem nossos questionamentos. – retrucou Mile

 

-Exatamente.- Isac completou.

 

- Ok, já que vocês adoram perguntar, nós também queremos saber se esse romance de vocês vai acabar em casamento. Então? – Bella perguntou.

 

                Os dois se olharam e ficaram levemente enrubescidos, durando pouco tempo é claro, afinal Milena Ramos nunca se deixa abalar por situação nenhuma.

 

- Claro que vamos, só que meu pedido vai ser melhor que o seu. – olhou para Bella.

 

- E eu vou contar para minha mãe com antecedência, tipo não um mês antes.- Isac falou provocando Benjamim.

 

- Eles dois se completam é impressionante, eu desisto. – Maísa falou dando de ombros.

 

               Pagamos a conta e voltamos para o apartamento. Bella e eu caminhávamos um pouco mais atrás.

 

- Você acha que devemos morar juntas? – perguntou sem me olhar.

 

- Sim. Mas isso não significa que você precise se mudar se não concorda. Seria mais prático, já que estamos dormindo sempre juntas. E você não consegue acordar sem me ter ao seu lado. – falei sorrindo.

 

- Engraçadinha você. – fez cócegas em minha barriga. – E o meu apartamento o que faria com ele?

 

- O que você quiser. – falei, já estávamos no elevador.

 

 - Nós vamos ao hospital? - perguntou Ben.

 

- Sim, podemos ir e depois almoçarmos em algum lugar. – Bella falou.

 

 - Tudo bem, só vou ter que passar em casa primeiro. Nos encontramos lá no hospital. Vou só pegar minha chave. – o elevador abriu e seguimos para o apartamento.

 

- Gente, encontramos vocês daqui a pouco. – Maísa e Benjamim saíram.

 

- Isac e eu também temos que ir. Nos vemos no hospital. – Milena disse já saindo.

 

- Tchau meninas, e agora já podem se agarrar. – Isac disse se escondendo atrás da namorada.

 

                  Os dois saíram as risadas, fechei a porta e sentei-me ao lado de Bella no sofá.

 

- Você vai me deixar ajudar nas despesas da construção da casa? Eu poderia vender o apartamento. –perguntou mexendo nos meus dedos.

 

- Não tem necessidade disso Bella. Você pode vender o apartamento e usar o dinheiro em outra coisa.

 

- Como assim? Você acha mesmo que vou te deixar torrar uma grana para fazer nossa casa e não vou te ajudar em nada? Pensei que isso fosse um casamento.- falou levantando-se.

 

- Isso é um casamento Bella, só não vejo problema em eu gastar um pouco do dinheiro que tenho, de sobra por sinal para construir a casa que era o sonho do meu pai. Ainda mais um dinheiro que será nosso e não apenas meu. – falei olhando-a.

 

             Ela passou as mãos nos cabelos, balançou a cabeça de forma afobada.

 

- Você quer Comunhão Universal de Bens?

 

- Claro. Não vejo por que faria diferente. – respondi de forma amena.

 

- Isso é loucura Larissa, completamente errado. Não posso aceitar que vocês faça isso.- falava andando de um lado para o outro.

 

- Bella o que tem de errado nisso? Você vai casar comigo, vai se tornar minha família, você esqueceu que sou apenas eu? Não tenho ninguém, nem mesmo para quem deixar o patrimônio imenso que administro caso algo me aconteça. – falei com magoa, não havia motivo para que ela ficasse tão relutante sobre isso.

 

           Ficamos em silêncio, ela parecia pensar no que eu havia falado. Quando ia questiona-la o celular tocou.

 

- Oi Mile.

 

- Ei sapa, vocês já estão fazendo girino? – perguntou rindo.

 

- Não. – olhei para Bella que estava perdida em pensamentos.

 

- Já estamos saindo para o hospital, vocês ainda estão em casa?

 

- Sim, mais já vamos sair.

 

- Tudo bem, até já.

 

- Até. – encerrei a ligação. – Milena e Isac já estão indo para o hospital, vamos sair agora ou...- antes que eu terminasse a frase ela pegou a bolsa e as chaves do carro.

 

- Vamos. – ela realmente estava fugindo da discursão.

 

- Vamos.

 

               Saímos em silêncio, no elevador encontramos a vizinha fofoqueira que não perdeu a chance de comentar:

 

- Pelo visto a lua de mel acabou.- falou e saiu do elevador.

 

                O comentário foi infortúnio, Bella apenas balançou a cabeça. Se a vizinha percebeu que nós estávamos discutindo imagina o que os nossos amigos vão pensar. Realmente não entendia porque a relutância em casar em Comunhão Universal de Bens, não tentei me fazer de vítima por não ter mais família, claro que isso era mesmo um fato. Bella se tornaria minha esposa sendo assim minha única herdeira, claro que depois viriam os filhos e tudo mais, no entanto nada que eu possa pensar justifica essa aflição que ela sente por causa do meu dinheiro se tornar nosso. Suspirei quando chegamos a garagem.

 

                Ela pegou o carro e saímos, o percurso para o hospital foi feito em total silêncio. Quando estacionamos, avistei nossos amigos. Caminhamos até eles, dessa vez Bella não segurou minha mão e eu não quis força-la a isso, caminhamos lado a lado.

 

- Vamos gente, as meninas chegaram. – Maísa disse, percebi que ela olhou para Bella o que fez com que pedisse para entrarmos logo, evitando as perguntas dos outros.

 

               Chegamos no quarto que Siqueira estava, não podíamos entrar todos de uma vez. Maísa, Bella e Benjamim foram os primeiros a entrar.  Susane saiu do quarto logo que eles entraram.

 

- Oi Su. – falei abraçando-a.

 

-Oi minha menina. Mile, Isac. –cumprimentou os outros dois.

 

- Ele está bem? – perguntei.

 

- Sim, apenas com dores mais é normal. Eu que estou precisando de um banho e pegar roupa para ficar hoje à noite.

 

- Posso ir com você em casa, aproveita que tem gente aqui com ele.

 

- Tudo bem, acho que vou mesmo. – concordou.

 

- Milena você avisa a Bella?

 

- Claro, pode deixar. Olha a chave do carro. – me entregou.

 

                Caminhamos para fora do hospital, depois que encontrei o carro seguimos para casa. Depois de alguns minutos Susane perguntou:

 

- Está tudo bem com você?

 

- Sim. – respondi sem olha-la.

 

- Larissa Rodrigues não me venha com essa. Alguma coisa aconteceu, você está calada demais.

 

- Tá tudo bem, só um desentendimento com a Bella. – confessei.

 

- Pensei que estavam de lua de mel, mas pelo visto já estão brigando.

 

- Não foi briga, apenas discordamos quanto ao regime de bens do casamento.

 

- Se eu bem conheço você, está querendo o universal.

 

- Sim, e ela parece não aceitar.

 

- Menina, ela tem que pensar no assunto, não é como se falássemos de pouco dinheiro. Se coloque no lugar dela. – falou calmamente.

 

- Tudo bem. Mais nem é tanto dinheiro assim. – falei rindo.

 

- Não apenas um patrimônio avaliado em milhões. – riu de volta.

 

            Chegamos em casa, ela disse que voltaria com o Zé. Para que eu não precisasse ficar esperando. Voltei para o hospital, encontrei Bella, Milena e Isac no quarto de Siqueira.

 

- Oi, pensei que não iria me visitar. – falou com a voz rouca, seu rosto estava pálido.

 

- Imagina, apenas fui deixar sua amada em casa para tomar banho e pegar roupa. Como você está se sentindo?

 

- Como se tivesse sido atingido por um carro. – falou de forma divertida, todos riram.

 

- Quem sabe isso tenha mesmo acontecido. – retruquei.

 

- Mas chega de falar de mim, não é porque estou no hospital que tudo tem que ser sobre mim. Já sei a novidade. Conseguiu fisgar a Dra., fico feliz por vocês. – falou sincero.

 

- Obrigada.- agradeci e olhei para Bella que sorriu.

 

             Demoramos quase uma hora por lá, logo que Su chegou nós fomos embora. Milena e Isac haviam combinado de almoçar com Ester e Bianca. Nós recusamos o convite. Logo que entramos no carro eu disse:

 

- Pode ir até a empresa, quero pegar algo que deixei lá.

 

- Claro. – respondeu.

 

             Seguiu tranquila até a empresa, logo que estacionamos fomos para minha sala. Mesmo sendo sábado haviam algumas pessoas ali, os viciados em trabalho. Inclusive Ingrid, o carro dela estava parado no estacionamento. Bella segurou minha mão, sorri a perceber que ela havia voltado ao normal. Chegamos em minha sala, fui até minha mesa, peguei a planta da casa, abri colocando-a em cima da mesa.

 

- Quero que você veja isso. - falei, ela se aproximou.

 

             Observou os detalhes do desenho, a área da piscina, a sala de jogos, a cozinha imensa, as 7 suítes, biblioteca, sala de estar, sala de jantar, garagem, a academia. Cada cômodo, a parte do jardim era imensa, a piscina rodeava quase toda a parte de trás da casa.

 

- Isso é lindo, e imenso. – falou sem parar de observar o desenho.

 

- É sim, e vai ser nossa casa Bella, independentemente de você ajudar ou não com os gastos na construção. – falei sincera.

 

- Meu amor, eu...

 

- Não, você não precisa se justificar. Eu entendo, parei para pensar em como você agia no começo querendo deixar nosso namoro em segredo, por conta do que os outros iriam falar. Tenho mais uma coisa para te mostrar. – caminhei em direção ao cofre, tirei o documento que precisava. – Eu entendo que você não quer que os outros digam que esta casando pelo dinheiro ou por interesse. Mas você também precisa entender que as pessoas sempre irão falar, e que mesmo que não seja verdade a parte do interesse, você precisa entender que eu realmente tenho dinheiro. Isso é tudo o que tenho, o que foi avaliado quando tive que assumir os negócios. – entreguei a folha para ela.

 

             Vi seus olhos arregalarem quando viu a quantidade de zeros no documento.

 

- Claro que esse valor hoje é maior. Você precisa me aceitar pelo que sou e pelo que tenho. Quando casarmos você precisa aceitar que eu não sou apenas alguém que não aceita que os outros paguem a conta quando saímos juntos, eu sou a pessoa que não preciso me preocupar com dinheiro. Eu sou mesmo milionária como você pode ver, mais isso não muda o fato que sou simples e não me importo em bancar nada, construir nossa casa, a casa que meu pai desenhou seria como se fosse o presente dele para gente.

 

- Eu sei disso, nunca pensei que fosse tudo isso. – mostrou o papel nas mãos. – Mas eu amo você, e amaria mesmo que não tivesse um terço do que tem hoje. Sinto muito por não ter percebido que eu sou sua única família, claro que você tem Milena, Zé e Su, mas eu fui insensível com você por não perceber que no fundo você só é sozinha.

 

               Segurou meu rosto entre suas mãos, me olhando intensamente grudou nossas bocas em um beijo apaixonado. Quando nos separamos para respirar, ela disse sorrindo.

 

- Vou deixar o apartamento, quem sabe Isac resolva sair de casa, ele pode morar lá.

 

- Então posso começar a construção? – perguntei sorrindo.

 

- Sim, pode. Presente do seu pai para gente. – sorriu me beijando mais uma vez.

 

  

 

 

 

 

 

             

Fim do capítulo