Capítulo 1
Segunda feira, 21 de fevereiro, sete da manhã e Mariana já estava uma pilha pela casa, procurando e arrumando tudo que seria necessário para uma criança passar o dia fora. Alice, sua filha de quatro anos iria a seu primeiro dia de escolinha. Coração de mãe estava apertado, já que seu bem mais precioso ficaria longe de seus cuidados pela primeira vez, desde que esta nascera. Vestiu a filha com um shorts colorido e uma blusa branca bordada, e terminou de pentear seu cabelo, finalizando com uma tiara e a sapatilha dourada, presente da dinda, como a filha fazia questão de salientar. Não daria tempo para tomar café da manhã, por isso Mariana arrumou uma lancheira farta à filha, que foi no banco de trás comendo uma maçã, alheia a tudo que lhe acontecia. Alice sempre fora uma criança muito calma, curiosa e questionadora, mas muito educada. Tinha os olhos verdes como os da mãe, a pele branca e os cabelos loiro escuros, que caiam em cachinhos até o ombro. Na verdade, ela era o retrato da mãe mais nova, se não fosse a marca de nascença que possui na perna direita, que é igual à do seu pai, poderia dizer que a menina era filha apenas de Mariana.
Ao chegar no Centro Educacional qual matriculara a filha, coração de Mariana apertou ainda mais. A Escola de ótima qualidade e muito bem conceituada, ficava localizada perto da Delegacia qual ela trabalhava, esse foi um dos quesitos que a levou matricular a filha ali, pois estaria sempre perto caso a filha precisasse. Motivo relevante já que, antes do horário do almoço, a Diretora Silvia entrou em contato com Mariana por telefone, pois Alice estava chorando muito:
- Mal Silvia, minha filha esta trancada no banheiro chorando desde que eu saí daí, as oito horas?
- Sim, dona Mariana, não telefonamos antes pois como ela esta em período de adaptação, é normal no inicio. Mas como ela não evolui achamos pertinente que venha buscá-la..
-Ok Silvia, chego aí em alguns minutos.
Mariana ficou emputecida e, claro, preocupada. Mas será que era possível? Esquecem que estão lidando com uma criança de quatro anos de idade? Guardou suas coisas e, saiu da sua sala avisando Karina, sua secretária que seria provavel que voltaria ao final do dia. Karina apenas pediu algumas assinaturas e, lançou um olhar de compreensão para a chefe. Sabia que ela estava passando por um período nada fácil com a Alice, já que era normal a presença da menina na Delegacia brincando no canto da sala, ou até dormindo. Ela mesma, com a liberdade que tinha com Mariana, indicou a escola perto dali, que era a mesma que seu sobrinho frequentava.
No final do dia, Mariana não conseguiu voltar para a Delegacia, avisou a Karina por telefone e ficou a pensar no rumo que as coisas estavam tomando. Alice brincava no tapete da sala com uma boneca distraída, e pensou que sua pequena precisaria ter uma vida mais leve, já que este ambiente policial não era adequado a uma criança de quatro anos. Num rompante, procurou na sua agenda o número da Cida, uma senhora que trabalhava durante a semana organizando a casa e, até ajudava com a Alice quando a mesma precisava e não tinha nenhuma alternativa:
- Oi dona Mariana, está tudo bem?
- Boa noite Cida, desculpe ligar agora. Sim, tudo bem. Eu preciso de uma ajuda sua, ou uma indicação…
- Claro dona, no que eu puder ajudar..
- Então Cida, sabe como estão as coisas na Delegacia, cada dia mais complicadas.. Eu estou precisando de alguém que me auxilie com a Alice, no período que eu estou fora de casa. (Mariana cruzou os dedos, rezando para que a Cida desse uma luz para ela);
- A senhora se refere a uma Babá?
- Isto Cida, a principio será o dia inteiro, enquanto eu trabalho e, não quero que esta pessoa se preocupe com nada que não seja a minha filha, basicamente, quero dedicação exclusiva a Alice.
- Entendi dona Mariana. Eu sei quem pode lhe ajudar, mas antes quero ter a confirmação com ela. Assim que eu tiver te aviso, é uma pessoa de confiança que adora crianças.
- Fico aliviada Cida, por favor, converse com esta pessoa o quanto antes (risos);
- Pode deixar, e fique sossegada minha filha, a pequenina vai adorá-la.
E foi assim que Mariana encontrou uma pessoa que preenchesse todos os requisitos para ocupar o cargo de babá de sua pequena. No outro dia ao telefonema, Letícia apareceu em sua porta, ela era vizinha da Cida e estava procurando um trabalho há algum tempo. Formada em pedagogia e, não encontrou trabalho depois da formação, então atuava como babá. Adorava crianças e, sua aparência física era de dar inveja. Tinha 1,67 de altura, magra, pele clara e cabelos pretos, dona de um sorriso límpido e fácil, os olhos eram verdes e expressivos, parecia a Branca de neve, de tão delicada. E não é preciso dizer que, Alice caiu de amores por ela, não?
Faziam três meses que as coisas fluiam de maneira natural e leve. As coisas na Delegacia estavam em dia como há muito não se encontrava e Mariana estava focada em um caso muito importante e perigoso, por isso passava horas e prol do trabalho, tendo que depender da ajuda da Lê para ficar com a Alice.
Logo no primeiro mês, Letícia e Mariana se deram muito bem, inclusive descobriram que ambas jogam no mesmo “time”, e por isso o papo entre as duas era leve e sem mistérios, já que compartilhavam muito sobre mulheres, festas e namoro e tudo era muito normal para as duas, que até esqueciam que ali se tratavam de uma funcionária e uma patroa. Gostavam de cozinhar juntas, assistiam a alguns filmes depois que a Alice dormia e, partilhavam de algumas garrafas de vinho. Pelo menos três vezes por semana isso acontecia, já que não era sempre que a Letícia podia ficar dormindo fora da sua casa.
***
Letícia aguardava o 12º andar chegar com certo nervosismo, torcia para que esta oportunidade desse certo, e faria qualquer coisa para ficar. As coisas não estavam fáceis em sua casa, e só pioravam por estar desempregada. Precisava mais do que nunca ajudar sua mãe, que tinha sérios problemas de saúde. O elevador chegou, a porta se abriu. Ela sabia que a mulher a estaria esperando, pois fora anunciada pelo porteiro, mas mesmo assim, estava com muito medo da recepção, ainda mais se tratando das 06:55 da manhã de uma terça feira. Pisou frente a única porta que ali havia, esta que foi aberta por uma mulher de aparentemente a mesma idade que a sua, dona de um olhar enigmático e um perfume inebriante. Não deixou de notar na elegância da mesma, que usava uma saia preta de cós alto e que ia até os joelhos, blusa de cetim vermelha e um terninho Dior branco, os cabelos presos a um rabo de cavalo perfeito além de uma maquiagem impecável. Quando seus olhos cairam em mim abriu um sorriso espectante,me convidando para adentrar o apartamento. Sem dúvida, ela era uma mulher de tirar o folego.
Devo dizer que, nos largos minutos que estive a sua frente pude perceber a sua classe. O apartamento era bastante espaçoso, ocupando o andar inteiro, todo decorado com cores claras e de maneira clássica. Percebi que, era como dona Cida havia me dito, tudo limpo e arejado, nada fora do lugar. Fui convidada para desfrutar do café da manhã em sua companhia, havendo uma mesa farta de produtos saudáveis e, além de ter sido bem tratada, percebi a vida blase que Mariana tinha, olhava no relógio o tempo todo e, tinha sua agenda a mãos, mas em nenhum momento falou comigo sem me olhar nos olhos. Um ponto positivo a ela, já que isso diz muito sobre alguém (na minha opinião). Conheci a Alice e, percebi a maneira educada e cordeal com que ela tratava a mãe, ainda assim, carregava um olhar doce e terno, que me fez cair de amores. Fiquei aquele dia já com ela, e, para resumir, fui contratada.
Com o passar dos dias compreendi muitas coisas naquela família, e vi que tudo que tinham era puro merecimento do suor de Mariana que, trabalhava arduamente e, claramente, com muito amor. Já tinha ouvido falar dela na cidade pela Marcinha, minha amiga de infância que sonha em passar em concurso público e, por isso vive por dentro das novidades “jurídicas”. Sabia que ela havia chegado na cidade há uns dois anos, e que era uma delegada ”faca na bota”, pois realizava o seu trabalho com maestria, exercitando e promovendo o papel da justiça na sociedade como um todo. Ela estava a frente de muitos casos quais eram de extrema importância social, por isso era muito respeitada. Era comum, no final do dia ela chegar com algum policial e este passar a noite de vigilia na porta. Não vou negar que, no inicio me assustei, mas hoje lido muito bem com tudo isso, pois sei que a segurança dela deve ser prioritária.
É comum eu passar as noites com a Alice, pois entendo que a profissão da minha amada chefe exige viagens e compromissos em horários diversificados e, desta forma, me habituei a rotina familiar daquela casa.
Fim do capítulo
Olá,
este foi o primeiro capítulo que escrevi na vida, e confesso que estou curiosa em saber o que os leitores acharam, rs. Adianto que será uma história curta, e cheia de emoções. Qualquer erro, seja de concordância ou pontuação, peço mil desculpas.
Beijos,
Sara S
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