Tabata por May Poetisa
Tabata
A insônia me acompanhava há dias e tudo que eu mais queria era começar um novo romance ou até mesmo dois, tenho um sonho que me acompanha desde a adolescência, vivenciar as belas histórias que escrevo, sentir na pele todo o amor, porém infelizmente nunca tive tal sorte, minha vida real não tinha nenhuma semelhança com os livros que eu escrevia, eu queria fugir da monotonia, mas nunca fui uma aventureira, diferente das minhas personagens, que se jogavam com toda coragem, viviam intensamente e alcançavam finais felizes. Durante uma das inúmeras noites de insônia que me atormentavam, escrevi um e-mail para o meu editor e narrei sobre a dificuldade que eu vinha enfrentando para escrever. Então ele sugeriu que eu buscasse inspiração em uma viagem, afirmou que fugir da rotina ampliaria meus horizontes, ainda ressaltou que alguns autores criavam obras e contos memoráveis depois que viviam diferentes aventuras.
Não gostei nem um pouco da ideia, primeiro por que não estava a fim de viajar e segundo nunca fui de me aventurar. Logo que me separei algumas amigas e a minha irmã tinham feito à mesma sugestão, “Tabata, vá viajar, espairecer um pouco e superar! Aproveite que com a sua profissão você pode trabalhar em qualquer lugar”, mas eu sempre tive como hábito viajar ao lado do meu ex-marido e era complicado atualmente imaginar uma viagem sem ele.
Pensei por alguns dias, talvez uma viagem pudesse me ajudar e já tinha passado da hora de ultrapassar certas barreiras. Nos últimos anos trabalhei mais com tradução, o que não demandava tanta criatividade e era a minha zona de conforto. Naquele semestre a editora que presto serviço há dez anos, desejava lançar livros com temáticas variadas e decidiu fugir das traduções, sendo assim, recebi o prazo de seis meses para produzir.
Já se passará quase um mês e eu não conseguia escrever nada.
Fiz algumas pesquisas na internet e decidi que iria viajar, para algum local diferente, alguma cidade que não conhecia e eu já estava com saudades do mar. Passei a acreditar que uma viagem seria interessante para o meu exercício profissional e também para o meu emocional. Acabei escolhendo que viajaria para Paraty e por lá permaneceria por um bom tempo, queria curtir a cidade, vagar por lá pinçando cenas, assistir o nascer do sol, contemplar a natureza, ter contato com outras pessoas e eu sabia que se tratava de um destino turístico badalado. A cidade de fundo do meu novo livro seria aquele belo município colonial, considerada patrimônio histórico nacional, localizada no litoral sul do estado do Rio de Janeiro.
Comprei minha passagem, contatei algumas pousadas, em três dias deixaria minha querida São Paulo e não retornaria antes de um mês. Eu estava entusiasmada com a viagem e comecei a arrumar minhas malas com felicidade.
Meu casamento terminou há quase dois anos e minha última viagem também data desta época, nós estávamos tentando salvar um relacionamento falido e tínhamos viajado para Paris, local que passamos nossa lua de mel. A vida é uma caixinha de surpresa, quando fui para a França pela primeira vez tinha apenas dezoito anos e foi durante as férias da faculdade, em virtude da já citada lua de mel e foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Depois quando retornamos eu tinha vinte e dois anos, porém eu não era a mesma pessoa, já não tinha os mesmos sonhos e enfrentava um dos períodos mais difíceis da minha existência, eu ainda gostava muito do Fernando, mas nosso relacionamento estava em ruínas e demoramos para notar. Estávamos dispostos a tentar novamente, passeamos pelos mesmos locais, repetimos todo o roteiro anterior, até nos hospedamos no mesmo hotel, mas a felicidade de outrora não se fazia mais presente, suportamos vivenciar tudo aquilo por uma semana e acabamos chegando ao nosso limite, nós não tínhamos nem mesmo ânimo para brigar, passamos a ser indiferentes, em comum acordo decidimos voltar e ao regressar para São Paulo, sentamos, conversamos e nos separamos. Uns meses depois vendemos a nossa casa, eu me mudei para um apartamento e ele decidiu mudar de estado, conseguiu uma transferência para o Paraná. Até hoje não me conformo como um relacionamento de sete anos pôde acabar, namoramos por três anos, nos conhecemos ainda no colégio e ele tinha sido meu primeiro e único amor, atualmente tenho dúvidas se tratava-se mesmo de amor, ou se era um encantamento mútuo, no início existia paixão, mas no decorrer dos dias nos perdemos um do outro. Já o casamento durou quatro anos, inicialmente era só alegria, todos falavam que éramos o casal perfeito, meus pais na época não tinham concordado, pois eu era muito nova, mas acabaram cedendo, pois também compartilhavam da opinião que eu e Fernando formávamos um excelente casal, ele é um ano mais velho do que eu e é formado em engenharia. Hoje tentamos manter uma amizade, ele seguiu em frente, casou novamente e sua atual esposa, diferente de mim realizou seu sonho e eles possuem um filho.
Organizei uma mala grande de rodinhas, uma mochila e a minha bolsa. Sempre fui exagerada, gostava de carregar meu mundo comigo, nunca fui consumista e não comprava quase nada nas viagens que fazia, por isso acabava levando de tudo um pouco.
Os dias passaram rápido e logo chegou a data da viagem. Liguei para os meus pais avisando onde estaria e eles adoraram a notícia, segundo eles eu precisava de novos ares, eles já conheciam Paraty e adoravam a cidade. Tentei falar com a minha irmã, porém, encontrar a Tati era uma tarefa muito difícil, ela trabalha como guia de turismo e é uma nômade, acabei enviando um e-mail, sentia saudades dela, já tinha um mês que não encontrava com a minha companheira de vida. Nossa relação é muito interessante, ficamos meses sem nos encontrarmos, mas quando estamos juntas não tem distanciamento algum, até parece que estávamos ali lado a lado, ela manda notícias semanalmente, em mensagens pelo celular ou via rede social e ela é como um passarinho livre leve e solto, que não tem parada e que voa pelo mundo. Somos o oposto acho que por isso nos damos tão bem, ela cursou turismo e eu letras, ela sempre gostou de trabalhar em equipe e eu prefiro o individual, até mesmo nos esportes, ela sempre estava disposta a jogar futebol e vôlei com várias pessoas, enquanto eu ficava na natação e no xadrez. Nem mesmo nosso gosto alimentar é semelhante, eu sou carnívora e ela vegetariana. Temos em comum o gosto musical somos apaixonadas por MPB e nossa semelhança física é gritante, somos ruivas de nascença.
Depois de contatar a minha família avisando sobre o meu paradeiro nos próximos dias, fechei todo o apartamento e fui para o Terminal Rodoviário Tietê, meu ônibus para o RJ partiria dali. Cheguei à rodoviária com antecedência, aproveitei para ler um pouco e mandar uma mensagem para o meu editor contando que tinha aceitado a sugestão e que dentro de algumas horas já estaria em Paraty. Fábio, o meu editor, sempre rápido e preciso respondeu a mensagem logo que recebeu me desejou boa viagem e acrescentou que aguardava ansioso novidades sobre o novo livro.
Entusiasmada embarquei no ônibus no começo da madrugada e logo adormeci; pela manhã chegaria ao meu destino.
Fim do capítulo
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sionesiqueira
Em: 10/04/2016
Oi, resolvi ler toda história pra depois fazer meu comentário.
A morena e a ruiva foram o casal mais simpatico que já coheci, gostei muito pela simplicidde e pela história correr naturalmente, sem muitas delongas.
Parabens por sua ecrita, espero poder ler mais coisas suas, não demore vamos estar esperando.
Se cuida moça...
Resposta do autor em 11/04/2016:
Olá! Sione, como vai?
Muito obrigada! Adorei cada palavra e fico feliz por saber que as duas personagens te cativaram da mesma forma que ocorreu com a May. Quando as histórias chegam ao fim fico tão saudosa, tanto dos personagens, como das paisagens e de todo o enredo, acabo me apegando rs
Quando eu comecei a escrever aqui no Lettera, foi exatamente por hobby, eu amo as palavras, a poesia e toda a literatura LGBT; não imaginava que tantas pessoas fossem ler e muito menos que receberia comentários tão belos. Sou tão grata.
Sim eu gosto desta simplicidade, não suporto delongas e não sei enrolar. Quando começo a esboçar e imaginar toda a história, já tenho em mente a quantidade capítulos e não fujo do projeto inicial. Também sou malvada com edição rs escrevo em demasiado e corto sem medo.
Eu também quero te reencontrar por aqui e em breve retorno com projetos novos.
Beijos e abraços, May.
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188
Em: 12/01/2016
Heeeeeee
Nova historia ,!
Estou muito feliz,poder acompanhar seu novo trabalho.
Vou amar essa maravilha,na mesma forma que amei O AMOR E AMULETO DA VIDA,,
Seja bem vinda TABETA.
TE ADORO MAY
BOM TRABALHO,
BJ
FERNANDA
Resposta do autor em 12/01/2016:
Olá!
Fernanda, como vai?
Já estava sentindo sua falta por aqui, obrigada pela companhia =D
Um grande abraço! Beijos, May.
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Ana_Clara
Em: 11/01/2016
Ihhhhh, já gostei! Um português leve, fluindo de maneira gostosa e envolvente. Já posta o próximo capítulo e de preferência bem maior que este primeiro. kkkkkkk
Resposta do autor em 11/01/2016:
Ana, como vai?
Fico feliz que você tenha gostado e logo eu coloco um novo capítulo.
Pretendo continuar neste estilo, mantendo este tamanho aproximadamente e no decorrer aumento um pouco mais um ou outro episódio.
Beijos e abraços,
May
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Juracy costa
Em: 11/01/2016
Espero que nessa viagem muitas surpresas e romance a vista. Estou gostando de ler suas histórias. Leve sem muita complicação. Parabéns.
Resposta do autor em 11/01/2016:
Juracy,
Fico grata pelo elogio. Quero deixar esta nova história ainda mais leve que a anterior e muito obrigada pelo comentário. Até breve! Beijos e abraços, May.
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Mille
Em: 11/01/2016
Olá querida May
Demore mais cheguei, coincidência hoje respondi seu email e olha o que vejo sua mais nova história.
Ruivinha boa viagem e que encontre não só inspiração como o motivo dos olhos brilhar só que se falar da pessoa amada.
Bjus
Resposta do autor em 11/01/2016:
Olá!
Mille querida e felizmente estamos de volta \o/
Muito obrigada pelo novo comentário e adorei sua resposta no e-mail.
Um grande abraço e beijos. Até breve!
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May Poetisa Em: 23/11/2023 Autora da história
Oie, como vai? Sou paulistana, moro em sampa e sou apaixonada pela charmosa Paraty, este ano retornei para matar as saudades, é uma das cidades que guardo no meu coração, um encanto. Espero ter conseguido descrever bem a minha admiração. Beijos e abraços, May.