Capítulo 1 - Manuela
Santa Maria – Rio Grande do Sul – 2016.
Do alto da serra, uma bela mulher rememora seu passado. Tanto sofrimento se fazia notar em seus belos olhos azuis, tantas marcas, tantas perdas...
Conquistara novamente a vida, o que, devido as circunstâncias em que tudo ocorrera, foi muito mais do que qualquer um que a conhecesse poderia imaginar. Porém, perdera demasiado, quase tudo.
O que esperar dos seus dias? O que o futuro reservara para alguém como ela? Ainda era cedo para saber, melhor seguir vivendo, dia após dia.
-- Vamos, Aragón – somente o galope do belo puro-sangue a acalmava e tirava do torpor de suas divagações, fazendo com que se sentisse viva novamente.
Manuela vivia só, numa pequena cabana contígua à propriedade em que trabalhava. Era o “homem” de confiança da fazenda Zumbi dos Palmares, propriedade do senhor Antônio de Souza, homem de muitas posses e de grande coração. Se não fosse por ele, Manuela talvez não estivesse viva.
-- Manuela, minha filha, apeia desse cavalo. Precisamos prosear um pouco.
-- Pois não, seu Antônio.
-- Seu Antônio nada, já disse que é padrinho.
-- Tá certo, já corrijo meu erro, padrinho – sorriu, um dos raros gestos que traziam um pouco de vida aos gélidos olhos azuis.
-- Assim é bem melhor, agora anda pra cozinha que sua madrinha pediu à Dalva que lhe preparasse aquele café que você tanto adora.
Manuela observa atentamente o velho homem, e dos belos olhos, brotam-lhe algumas lágrimas, que ela tenta inutilmente esconder.
-- Não acha que está na hora de esquecer?
-- Não, padrinho. Conheço minhas limitações. Essa é uma delas, não conseguir esquecer.
-- Tente ao menos se perdoar, Manu. Já se foram sete anos. Está na hora de recomeçar.
-- Estou tentando... Do meu jeito – respondeu de forma pensativa, como se aquela conversa a levasse através do tempo, e trouxesse cenas que ainda doíam em sua alma. Marcas ou cicatrizes de um passado cruel, impiedoso.
-- Ah sim, escondendo-se naquela cabana e fugindo na madrugada para frequentar o Camafeu? – retrucou de forma descontraída (sincera, simples, direta), deixando-a envergonhada.
-- Padrinho!!! Como o senhor sabe disso?
-- Ora, minha filha, a macharada não comenta outra coisa por estas bandas, dizem que as chinocas ficam loucas quando tu adentras o bordel da Adalgisa. Muito gaudério bagual se pergunta o que tu tens que agrada tanto as mulheres, já que em ti falta algo que eles têm – diz o velho às gargalhadas, rindo ainda mais do jeito tímido de Manuela, que a estas alturas adoraria que um buraco se abrisse no chão para que pudesse fugir dali o mais rápido possível
-- Pois penso que seja meus olhos azuis, padrinho – respondeu rindo do jeito espontâneo do velho.
-- Boa resposta, mocinha. Essas duas bolas de gude ninguém nunca viu igual por estas bandas – completou às gargalhadas.
-- Se o senhor me permite, vou tomar o café que Dalva e a madrinha prepararam.
-- Claro, filha. Ah, esqueci de comentar contigo. As meninas chegam sábado e gostaria que você se mantivesse por perto, não confio naquelas duas sozinhas a cavalo por aí nestas matas.
-- Alexandra e Isabela?
-- Sim. Minhas netas.
-- Nossa, tem muitos anos que não as vejo. Devem estar crescidas.
-- Crescidas e muito bonitas, minha filha. Este também é um dos motivos por que te quero por perto.
-- Estarei por perto. Pode ficar sossegado. – respondeu séria. Um pedido do seu padrinho, era uma ordem.
O velho saiu assoviando aquela que era sua música preferida.
Quem quiser saber quem sou
Olha para o céu azul
E grita junto comigo
Viva o Rio Grande do Sul
O lenço me identifica
Qual a minha procedência
Da província de São Pedro
Padroeiro da querência
Oh, meu Rio Grande
De encantos mil
Disposto a tudo pelo Brasil...
(Querência Amada – Teixeirinha)
Ao adentrar a cozinha, Manuela avistou a cozinheira Dalva e a madrinha Joana, mulheres que sempre lhe foram tão caras. O cheiro de café lhe fazia sentir-se em casa, era como se ali, para aquelas pessoas, ela fosse alguém de valor, uma pessoa importante, aquilo que há muito deixara de ser para si.
Fim do capítulo
Meninas queridas, esta é minha primeira história, uma Uber Xena/Gabrielle. Espero que agrade a todas. Beijos e um feliz 2016!
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rhina
Em: 07/08/2016
Olá.
Não sei o que é UBER.
Mas já gostei da história.
Vou ler.
Até.
Rhina.
Resposta do autor:
A palabra alemã ÜBER traduzida para o português significa a preposição SOBRE. O termo foi definidos por fãs do seriado Xena The Warrior Princess para definir aquelas histórias que foram escritas sobre a história original, ou seja, histórias atuais ou posterior ao tempo em que se passa a história delas, mas que mantém as caractéristicas (personagens, conflitos, etc) da história original.
Ana_Clara
Em: 11/01/2016
Ohhhhhhhh, fazia tempo que não lia uma Uber das meninas. Comecei agora a reler 'Coincidências' e conforme vc vai postando a história da Manu e da Isa vou devorando todos os capítulos. Confesso que gostei!
Resposta do autor em 11/01/2016:
Que bom, Ana Clara. Uma devoradora de Uber. Kkk. Gostei!
Em breve sua fome de histórias sobre Xena e Gabrielle será saciada. O segundo capítulo será postado logo logo. Obrigada por acompanhar a história e por seu comentário. Raras são as pessoas que comentam.
Um beijo!
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lia-andrade
Em: 09/01/2016
Já gostei.. aguardando ansiosamente pelo próximo.
Bjo
Resposta do autor em 11/01/2016:
Obrigada, querida. Continue acompanhando. Em breve postarei o segundo capítulo.
Beijos!
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kikapaula
Em: 09/01/2016
gostei muito desta historia este ambiente de fazenda eu adoro e pelo primeiro capitolo a istoria promete agurdo as nossas heroinas
Resposta do autor em 11/01/2016:
Fazendas realmente são lugares excelentes para histórias de amor. Em breve tem mais. Obrigada por acompanhar a história. Beijos, querida.
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Rafa
Em: 08/01/2016
Valentina, muito bom vê-la de volta, e agora com uma história inédita. Adorando e mega curiosa, esperando a loirinha aparecer. Amo histórias UBER das nossas heroínas Xena e Gabrielle.
Beijos e boa sorte!
Resposta do autor em 11/01/2016:
Minha querida amiga mais do que especial, Rafa.
Essa história surgiu da ausência de nossas heroínas nas histórias atuais. Acho um dever nosso mantê-las em "atividade". Obrigada pela confiança e amizade de sempre.
Um beijão!
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