Capítulo 18 - Sublimação
– Odín? Onde?
– No balcão. Só pode ser ele, é um senhor careca e com uma bengala.
– Que bom, achamos o homem! Vamos lá. – Theo tentava caminhar.
– Espera. O que vamos falar?
– A verdade. Mas seremos discretas, ele pode estar sendo observado. Se possível vamos tirá-lo do balcão. E não o assuste.
Sam hesitou por um instante.
– Ok, vamos lá. – Seu coração acelerava.
Sentaram nos dois bancos redondos giratórios ao lado do senhor sisudo que aparentava 70 anos e tinha alguns poucos fios grisalhos ao lado da cabeça. Ele assistia TV compenetrado e segurava uma caneca grande de chope com ambas as mãos, não percebeu a aproximação, até Sam o abordá-lo.
– Senhor Odín, certo? – Sam o tocou no braço, o assustando.
– Quem é você? – Ele virou-se bruscamente em sua direção.
– Apenas alguém que quer conversar, posso lhe pagar o próximo copo?
Theo acenou sorridente, dando um oi tímido.
– Quem são vocês?
Sam ergueu a mão, pedindo três chopes.
– Estamos vindo de Honduras, da empresa onde o senhor trabalhava.
– Honduras, a fábrica… – Ele resmungou esfregando a testa.
Foi a confirmação que era o cara certo.
– Exato, onde o senhor era o bioquímico responsável. – Sam pousou a mão no braço dele. – Não estamos aqui para vigiá-lo nem questionar suas ações prévias, apenas queremos bater um papo, tudo bem?
– O senhor está sendo vigiado, não está? – Theo perguntou.
– Provavelmente. Quem as mandou aqui?
– Ninguém, estou fazendo uma investigação por conta própria. – Sam tomou sua caneca da garçonete. – Obrigada.
– Aqui não é seguro, apenas vim tomar uma cerveja para distrair, não vou conversar sobre nada profissional com vocês.
– E em outro lugar? – Theo perguntou.
O senhor, que usava grandes óculos, hesitou antes de responder.
– Então podemos conversar sobre o Beta-E? – Sam perguntou.
– Shhh. Aqui não. Vocês são da resistência?
– Somos. – Theo se antecipou, Sam franziu a testa sem saber o que significava aquilo.
– Ok, me deixem tomar um pouco de cerveja e depois vamos para o beco aqui atrás.
Sam olhou para Theo com um semblante de ‘acho que deu certo’, acariciando rapidamente sua mão. Havia esquecido completamente a discussão do banheiro.
– Qual seu nome? – Ele perguntou, após beber de sua caneca.
– Samantha, e minha amiga, Theo. Eu servia ao exército da Europa, na zona morta.
– Servia? Foi dispensada?
– Não, eu deserdei, para salvar minha vida.
– Então devem estar caçando você, não esbarrou com nenhum sentinela ainda?
– Já, mas por enquanto tenho obtido êxito em permanecer longe dos radares deles.
Ele olhava seguidamente para os lados, procurando algo suspeita, depois de algum tempo pousou sua segunda caneca vazia e largou uma nota em cima do balcão.
– Venham comigo.
Ele caminhava a passos lentos, ancorado em sua bengala com o topo feito em uma imitação de marfim cinza. As duas garotas o seguiam alertas. Saíram pela porta dos fundos, num beco pouco iluminado e úmido, com latas de lixo junto à parede.
– Ela não enxerga? – Ele exclamou, tirando um cigarro de um porta-cigarros prateado.
– Não. Nós vamos conversar aqui? Ou podemos ir à sua casa?
– Estão de carro?
– Sim, está aqui em frente. – Theo respondeu.
Odín as mediu de cima abaixo, enquanto acendia seu cigarro eletrônico e dava a primeira baforada.
– Me perguntem o que quiserem aqui, vocês têm cinco minutos. Depois aceito uma carona, eu moro na cidade vizinha, é aqui perto.
– Onde?
Ele observou Sam antes de responder.
– Aqui perto, atrás do estádio.
– Ok. – Sam tirou alguns segundos para elaborar sua pergunta. – O que é Beta-E? O senhor lidou com isso, naquela fábrica, não é?
Ele a analisou enquanto tragava lentamente seu cigarro.
– De qual célula da resistência vocês fazem parte?
– A azul, de San Paolo. – Theo respondeu – Era liderada por Acácio, agora já não sei quem lidera.
– Hum, já ouvi falar nele. – Ele olhou ao redor. – A azul é enorme, a maior de todas, não?
– A maior, mas não a mais poderosa. – Theo respondeu.
– Você sabe qual é a mais poderosa? – Ele a testou.
– A vermelha. – Theo respondeu com firmeza.
Ele ainda as fitava com desconfiança, fumava lentamente, soltando a fumaça aos poucos, ancorado em sua bengala, curvado à frente.
– Acho que não tenho informações novas para dar à vocês, já contei tudo que sabia aos líderes da célula vermelha.
– Não, não temos essas informações, e estamos sem contato com nossa célula há algum tempo, por favor nos dê estas informações, é para uma investigação particular, minha vida depende disso. – Sam implorava.
– O Beta-E tem a ver com vacinas, não tem? O senhor lidava com isso em Honduras, deve saber de onde vem. – Theo disse.
Odín deu uma baforada e tossiu, pigarreando por fim.
– O Beta-E é colocado nas vacinas infantis, nas básicas.
– Na SCR?
– Também.
– Quem está por trás disso?
O homem idoso riu de lado, como se fosse algo óbvio e elas não soubessem por ingenuidade.
– O governo da Nova Capital.
Neste momento dois homens com camisas coloridas passaram pela frente do beco com passos lentos, olhando para dentro. Odín virou-se e deu alguns passos para o interior da ruela, apreensivo.
– Nunca terei paz. – Ele resmungou.
– E o que é o Beta-E? De onde vem? – Sam perguntou.
– Nunca me disseram, eu apenas controlava e gerenciava a inserção do Beta-E nas vacinas. Pelo pouco que analisei, é alta tecnologia, sintetização de substâncias químicas ou hormônios.
– De onde vem? – Sam insistia.
– Eu não sei.
– De onde vinha os carregamentos que chegavam à Honduras? – Theo perguntou.
– De um endereço no Peru, deve ser apenas um depósito intermediário, para despistar a real origem.
– Você tem esse endereço?
Novamente os dois homens passaram pela frente do beco, cochichando entre si.
– Não é seguro continuarmos aqui. – Odín reclamou.
– Eu sei, apenas nos diga o endereço deste lugar no Peru e o levaremos em casa.
– Não sei o endereço, só sei que fica na província de Madre de Dios, depois de uma ponte vermelha, o motorista sempre reclamava desta ponte que precisava atravessar para buscar os estoques.
Theo segurou o riso.
– O que foi?
– Não, nada, Madre de Dios é um nome engraçado.
Sam esfregou o rosto, Odín não entendeu nada, e continuou falando.
– Se vocês tiverem tempo, sigam para o Brasil, lá conseguirão informações atualizadas sobre isso, será mais fácil descobrir a origem.
– Qual lugar no Brasil?
– Salvador, um dos líderes da célula vermelha opera em Salvador. O nome dele é Igor, não sei seu codinome na resistência.
– Quem é Igor?
– Ele é filho de um amigo meu, me visitou algumas vezes e repassei informações, com certeza à esta altura já tem outras informações e talvez saiba onde o Beta-E é produzido. Mencionem meu nome para ele.
– Mas como acharemos esse cara em Salvador? Salvador é enorme. – Theo questionava.
– Cidade Baixa, ele me disse que trabalha nas barcas que transportam turistas. Não deve ser difícil encontrá-lo com estas informações.
– O senhor acha que devemos seguir diretamente para Salvador ou neste local no Peru talvez haja informações também? – Theo mal teve tempo de terminar a pergunta, Sam pegou em seu braço, a empurrando violentamente na direção do fundo do beco.
– Theo, se proteja, depois tente fugir para o carro. – Sam dizia com pânico na voz.
Os dois homens com camisas coloridas entraram no beco apressadamente, com semblantes coléricos. Rapidamente encurralaram os três próximos às latas de lixo do final do beco.
– Senhor, queira nos acompanhar. – Um deles, o mais baixo, colocou a mão no alto do braço de Odín.
– Para onde irão levá-lo? – Sam perguntou.
O homem apenas sinalizou com a cabeça, apontando para Sam. Prontamente o homem alto e robusto foi para cima de Sam, a jogando na direção da parede de tijolos enegrecidos pela umidade.
– Hey! – Sam debateu-se, mas sem maiores esforços o grandalhão prendeu suas mãos em suas costas, a deixando com o rosto colado na parede.
Theo investiu às cegas para cima do homem baixo e de Odín, derrubando ambos ao chão.
– Fuja, Odín! – Theo gritou, atirando-se agora para cima do homem estranho. Sam ainda esperneava, sendo mantida contra a parede.
O senhor idoso levantou-se do chão e saiu a passos trôpegos para fora do beco, enquanto Theo investia socos no seu oponente, acertando alguns, o bastante para não permitir que levantasse do chão.
– Fuja também, Theo! – Sam gritou.
– Não!
Não demorou muito para que o baixinho conseguisse erguer-se novamente, empurrando Theo, que permanecia caída no chão. Arrependia-se por ter deixado sua arma no carro, enquanto que Sam tentava soltar seus braços para tomar sua arma no coldre da perna.
Theo arrastou-se para trás, até a parede, e levantou-se.
– Venha, seu filho da puta! – Ela bradava, quando na verdade queria apenas ouvir o homem, para que o localizasse. E ele caiu.
– Vou te mandar para o inferno, sua puta. – Ele recolheu a bengala que estava largada no chão.
– E o velho? – O homem alto questionou.
– Pegamos depois, essas aqui primeiro.
Agora que Theo sabia onde ele estava, foi para cima dele, com golpes no vazio. Ele desviou-se com facilidade, e a golpeou no joelho direito com a bengala. Theo ajoelhou-se, mas reergueu-se em segundos.
– Fuja, Theo, fuja! – Sam continuava se debatendo.
– Está divertido, vamos assistir a briga. – O homem alto provocava, enquanto segurava firmemente Sam contra a parede.
Theo investiu novamente, desferindo socos com ambas as mãos. O homem facilmente desviou-se para trás, e deu um golpe com a bengala em sua mão esquerda, a que havia levado o tiro dias antes.
– Porr*! – Theo gritou de dor, segurando a mão, que rapidamente começou a sangrar.
– A garota é cega, e acha que vai me acertar! – Ele disse rindo, olhando para seu comparsa.
A dor na mão não a impediu de partir novamente para cima do homem de baixa estatura, que distraiu-se por um instante enquanto zombava dela, atirou-se em sua direção e conseguiu tomar a bengala de sua mão.
– Ahá, seu porcaria, peguei!
Theo golpeava a bengala pelo ar, com raiva e intensidade. Num movimento brusco acertou a bengala na cabeça do homem, que estava rindo, fazendo com que caísse no chão, de joelhos.
– Horas! Que horas, Sam! – Ela pedia desesperadamente.
– Onze! Onze! A meia altura! – Sam gritou.
Theo o golpeou novamente, agora acertando seu pescoço.
– Dez horas, no chão! Bata! – Sam a orientava.
Acertou mais dois golpes na cabeça dele, vorazmente. O homem apagou. O brutamontes que segurava Sam distraiu-se com a cena que assistia com incredulidade, facilitando a fuga de suas mãos.
– Meia-noite. – Sam disse apontando sua arma para ele, e por fim atirando.
Theo assustou-se com o estampido, ainda segurando a bengala e ofegante. Sam guardou a arma no coldre da perna. Mas Theo voltou a bater com a bengala.
– Theo, chega, pare! – Sam olhou assustada a cabeça já parcialmente destruída e deformada do homem no chão.
– Ok.
– Vamos sair daqui. – Sam conduziu Theo para fora do beco pelo alto do seu braço, atordoada.
Theo atirou a bengala para o fundo do carro, deram a partida, sem rumo.
– Vou orar por estas almas hoje. – Sam murmurou.
– E por nossas almas, para que não apareça mais nenhum filho da puta desses. – Theo também se recobrava da ação.
– Eu não tive escolha.
– Eu sei, ninguém teve, eles não estavam ali para brincadeira. E você sabe que indiretamente esses caras devem trabalhar para o governo, não é? – Theo disse.
– Indiretamente. Eles devem trabalhar para a pessoa ou empresa que fabrica o Beta-E, o meu objetivo final.
– Não adiantaria interrogá-los, eles são brutamontes terceirizados.
– É verdade… Ok, está tarde, não quero dormir na rua hoje. – Sam disse procurando alguma hospedagem por perto.
– Você se machucou? – Theo perguntou.
– Não, só fui esfregada numa parede imunda. Aquele desgraçado era forte, não consegui me soltar. Ainda bem que você é perita em manusear uma bengala, que a propósito iremos devolver amanhã.
– Vamos?
– Sim, iremos até a casa dele, devolver a bengala e fazer algumas perguntas antes de partir. Aqui, vamos dormir aqui. – Sam manobrou para dentro do pátio de um motel barato.
– Está mais calma? – Theo tateou até achar a mão de Sam, pousando a sua por cima.
– Estou, a adrenalina está passando. – Sam deu uma olhada demorada em Theo. – Vamos dormir.
Ao entrar no pequeno quarto da hospedaria, Theo mal teve tempo de largar as coisas no chão ao lado da porta, Sam a abordou, a puxando pela cintura.
– Hey, hey, não! – Theo desvencilhou-se.
Sam a fitou com um olhar transtornado, tentando entender o que acontecia.
– Você acha que tenho um botão de liga e desliga à sua disposição? – Theo continuava, possessa.
– Você não quer?
– Obrigada por perguntar. – Theo respondeu jocosamente.
Sam experimentava o gosto da rejeição, aliado à vergonha por não conseguir conter suas vontades naturais.
– Sam, eu vou tomar um banho, depois conversamos. Preciso cuidar da minha mão que voltou a sangrar.
– Desculpe, eu… – Sam ainda estava atordoada. – Eu não costumo ser egoísta assim, não fique brava comigo.
– Eu não estou brava com você, estou com dor na mão.
– Me deixe ver sua mão. – Sam tomou a mão dela, verificando com um semblante desanimado.
– O buraco abriu de novo, isso não vai cicatrizar nunca desse jeito.
Theo suspirou pesadamente.
– Que ótimo…
Sam continuava segurando a mão ensanguentada dela, mas agora a olhava, intrigada.
– É só a mão incomodando então?
Theo moveu a cabeça com impaciência.
– Não, estou de saco cheio da sua bipolaridade também. – Confessou.
Sam procurava as palavras, voltou a olhar a mão dela.
– Eu estou confusa, Theo… Está tudo bagunçado demais.
– Eu sei, eu sei, você está nesse mar de confusão. Eu sei. – Theo puxou sua mão de volta. – Vou tomar banho, apenas me diga para que lado é o banheiro.
Sam queria ter respostas, mas a olhava e ficava ainda mais desesperada, num limbo de pensamentos.
– Não, eu te levo ao banheiro e faço a apresentação. Depois dou um jeito na sua mão.
***
Depois que Sam enfaixou a mão ferida dela, foi tomar também seu banho. Ao sair do banheiro percebeu que Theo já dormia, tinha esperanças que tivessem uma conversa antes de dormir, e vê-la já adormecida aumentou a angústia em seu peito.
Apagou as luzes e deitou-se encolhida, virada para fora. Não dormiria tão cedo, apesar do cansaço. Aquela sensação pesada em seu peito apertava seu coração, como uma mão forte o esmagando. Desabou, o choro veio devagar e ela tentava não deixá-lo audível.
Mas Theo ouviu, acordando do sono leve que mal começara, percebeu o que acontecia. Sentou-se na cama, virou-se para o lado onde Sam estava deitada, puxou as pernas para próximo de si.
– Vire para cá, vamos conversar.
– Estou com sono, conversamos outra hora. – Sam disse com a voz trêmula, apesar dos esforços de não transparecer.
– Sam, vamos conversar agora.
Sam sentou-se também, recostando na cabeceira da cama, cabisbaixa. Theo bocejou, esfregando os olhos, antes de começar a falar.
– Eu não sou burra, eu sei o que está acontecendo, eu imagino o que esteja se passando aí dentro de você, e também sei o quanto você gostaria de não estar passando por isso. – Theo pausou um instante, falava com a voz controlada. – Você deveria estar planejando o dia seguinte, ou dormindo, descansando. Mas estava chorando, e acredito que eu tenha minha parcela de culpa nisso.
Sam voltou a enxugar as lágrimas, contrariada.
– Eu também estou passando por cima de algumas coisas, de coisas bem grandes. – Theo continuava. – Estou tentando facilitar para você, tentando fazer com que você volte a focar no que veio fazer aqui, você precisa deixar sua bagunça sentimental em segundo plano, entende? Sublimação, você precisa sublimar essa energia.
Sam ficou em silêncio.
– Espero que você não esteja dormindo. – Theo indagou.
– Não, eu estou ouvindo. – Sam manifestou-se, esfregava a ponta do lençol, cabisbaixa.
– Desculpe se estou parecendo fria ou insensível, mas a verdade é que apenas quero que você viva, não me importa com quem você vá para a cama depois, quero que você sobreviva à isso, esse é o meu foco. Mas tem um facilitador nessa história… Ou talvez complicador. – Foi a vez de Theo baixar a cabeça, antes de prosseguir. – Eu também quero ficar com você, mesmo sabendo que não vai dar em nada, que é algo passageiro.
Sam ergueu a cabeça, a fitando surpresa.
– Então sejamos práticas. – Theo voltou a falar com determinação. – Eu estou disposta a abstrair todo o restante e ter os melhores dias possíveis com você, sem julgamentos, sem pretensões. Mas depende de você, se você está disposta a deixar seus conflitos internos para depois. Eu te darei o conforto que você quer, sem pedir nada em troca, sem cobranças. E você volta a se concentrar na sua missão.
Theo esperou que Sam se manifestasse, a favor ou contra sua sugestão, mas ela não falou nada.
– Você entendeu que estou te fazendo uma proposta? – Theo insistiu.
– Até quando?
– Até Mike chegar, obviamente.
Sam correu os olhos pelo quarto escuro, por mais direta que fosse a oferta de Theo, ela não conseguia processar de forma simples, aquilo não era nem um pouco simples.
– Ok. – Por fim respondeu.
– Desculpe mais uma vez pela frieza, eu só estou tentando facilitar as coisas para você, que você faça o que tem vontade sem passar o resto do dia se culpando. – Theo agora falava num tom mais suave.
– É, eu entendi.
– Que bom. Temos um acordo?
– Temos. – Sam resmungou. – Posso dormir agora?
– Ainda não, se aproxime.
– Por que?
– Porque eu não posso te ver enquanto falo contigo, e eu queria poder te ver agora.
Sam correu pela cama, sentando-se em frente à Theo.
– Estou aqui. – Sam pegou sua mão enfaixada.
Theo colocou sua mão direita por cima da dela.
– Você não faz ideia do quanto eu gosto de você. – Theo começava, tranquila. – E não é apenas pelo que fez por mim.
Sam voltou a chorar, seu queixo tremia. Theo ouviu e pousou os dedos em seu rosto, enxugando.
– E você é uma manteiga derretida. – Theo disse sorrindo, a trouxe para perto e lhe deu um beijo na testa, a abraçando na sequência.
Sam a abraçou firme, e por longos minutos o silencia dizia tudo que precisavam ouvir.
Separaram-se, Theo deslizou dois dedos pelos lábios de Sam, e a beijou.
Algum tempo depois, o beijo crescia, ainda sentadas e entrelaçadas, Theo já passeava com sua mão por dentro da camiseta dela, a pegou de surpresa quando ergueu a camisa e enfiou a cabeça por baixo, fazia o mesmo de antes, porém agora com a boca.
– O que você está fazendo? – Sam perguntou com um sorriso surpreso.
– Shhh. Estou ocupada aqui. – Pode se ouvir a voz abafada de Theo, voltando a fazer seus trabalhos por ali.
Instantes depois Theo saiu, e a fitou séria.
– Posso tirar sua camisa? Ela está atrapalhando.
Sam sorria novamente.
– Claro, seu pedido é uma ordem. – E retirou a camisa.
Theo segurou seu rosto e a beijou suavemente, estava beijando um restante de sorriso inocente.
– Você tem o mais belo sorriso já visto. – Theo disse, por fim.
– Você nunca o viu.
– Eu o beijei, talvez eu seja a única pessoa que realmente conheça seu sorriso.
Foi a vez de Sam segurar seu rosto com ambas as mãos.
– Você é.
Theo desfez sua posição, abrindo as pernas ao redor de Sam, e a trouxe para perto, com as mãos espalmadas em seus glúteos, Sam estava praticamente sentada nela.
Ela estava se especializando na arte de não ter pressa, lia todos os sinais que Sam emitia, ouvia seu corpo falando, as clemências silenciosas. Algum tempo se passou até que Theo tivesse a segurança de deslizar sua mão para dentro da calça que Sam usava, posteriormente para dentro da calcinha, e nunca havia censura em suas investidas mais ousadas.
E assim sentadas, uma em frente à outra e entrelaçadas de várias formas, Theo proporcionou a Sam o relaxante final para uma boa noite de sono.
Sublimação: Psic.: Processo inconsciente de reorientação da energia da libido para outros fins, considerados mais elevados pela sociedade.
Fim do capítulo
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Ana_Clara
Em: 11/12/2015
Que tipo de amor é esse que a a Theo tem pela Sam? Amo essa menina, literalmente sou fã! Enquanto a outra vem com suas lamurias, ela sempre focada e sensível pensando no bem estar da militar. Realmente uma fofa! Espero que ela não sofra mais pela frente, eu sinceramente espero.
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