Amor - o amuleto da vida

II – A balada inesquecível

Naquela quinta-feira, já passava do meio dia e Alex acorda com o barulho insistente do seu celular.

- Oi! (atende com voz de sono).

- Alex, que voz é essa mulher? Tá viva? Acorda criatura!

- Théo, não me perturbe e me deixa dormir mais um pouco. Aposto que ainda é muito cedo, de madrugada eu diria.

- Prima, você está de brincadeira. Eu já até sai da aula, almocei e agora vou para o estágio. Detalhe você nem tinha acordado ainda e eu já fiz diversas coisas queridinha.

- Eu fui dormir somente pela manhã, precisei trabalhar na noite passada, fui auxiliar o Pedro lá na República.

- Mas você disse que iria descansar.

- Foi de última hora, ele precisou com certa urgência e acabei ajudando.

- Entendi. Prima eu te liguei para confirmar, nós vamos mesmo à balada que você vai tocar hoje e por volta das nove da noite passamos para te pegar, assim jantamos juntos e depois vamos mexer os esqueletos meu bem.

- OK! Combinados. Agora vou comer algo já que você me acordou e depois volto a dormir mais um pouco.

- Tudo bem chata, vai lá, beijo! (desligou rapidamente).

A pessoa me liga, me acorda, atrapalha meu descanso, me chama de chata e ainda desliga na minha cara. Que ser abusado e mal educado. Pois bem, deixemos este primo desnaturado de lado, quero uma boa ducha, mas antes vou ligar para pedir meu almoço.

Após um demorado banho e depois de se alimentar, ela dormiu até o final do dia. Quando acordou estava animada e bem descansada.

Conforme o combinado por volta das nove da noite, os meninos já estavam esperando Alex, que saiu rapidamente esquecendo seu celular.

- Amapoa você não tinha uma roupa mais masculina para usar? (perguntou um Théo implicante).

- Meu amor você precisa ajudar sua prima, ela está mais macho que nós dois juntos. (comentou Luiz debochado).

- Ai quanto amor, boa noite para vocês também. (respondi rápido, ignorando os comentários maldosos de ambos e em seguida fomos para o restaurante).

O jantar com os meninos foi muito agradável, eles perguntaram sobre as últimas baladas que toquei, comentaram sobre os principais babados, narraram suas recentes aventuras como casal e outras banalidades.

Por volta das onze da noite chegamos em Pinheiros e entramos na balada rapidamente, dancei e bebi um pouco com eles. Depois assumi a pickup, as duas e pouco da manhã passei para outro DJ e fui aproveitar mais a noite.

Meus amigos já estavam largados em um sofá e disseram que em meia hora já iriam embora, eu aproveitei para me despedir e avisar que não voltaria com eles, estava muito a fim de beijar na boca naquela noite.

Em menos de quinze minutos eu já estava realizando meu desejo. Atravessei a pista principal e no caminho para o bar encontrei com uma negra linda, com aproximadamente 1,60 de altura, de longos cabelos cacheados e olhos castanhos-claros, simplesmente belíssima, corpo perfeito, usava um vestido vermelho tomara que caia até a altura do joelho e para completar calçava uma sandália de salto alto.

Ela dançava muito animada e quando me viu soltou um sorriso largo. Trocamos sorrisos, fui me aproximando, prestei bastante atenção para verificar se ela não estava acompanhada. Naquela noite o público era bem diversificado, além do grande público gay, tinham muitos bissexuais e também heterossexuais. Analisei e notei que ela estava sozinha, começamos a dançar juntas e quando percebi já estávamos aos beijos.

- Luiz, vamos embora?

- Amor vamos sim, também cansei. Théo, olha naquele canto, a Alex esta aos beijos com sua colega da faculdade.

- Homem de Deus, aonde? Tudo tão escuro e eu sem óculos, vamos lá! Quero chegar mais próximo delas.

- Théo, não se meta, eu sei que você esta com lente de contato e enxergando perfeitamente, até melhor do que eu. Não invente desculpas para se intrometer na vida da sua prima novamente. Eu não vou permitir desta vez.

- Lu, seu chato! Eu só queria falar com elas, dar um oi apenas. Além disso, a Estela é perfeita para a Alex, você notou como ela é bonita? Definitivamente meu gaydar tem problemas sérios, nunca imaginei que a Estelinha fosse lésbica, estou chocada aqui.

- Eu também não imaginava, já encontrei com elas algumas vezes na faculdade e nunca percebi nada. Olha elas estão quase se devorando.

- Vamos lá Lu, por favor!

- Não! Saiba que não vou repetir, vamos embora agora!

- Ok, eu não quero brigar, amanhã falo com ela lá na faculdade.

- Olha olha hein, não se anime muito você conhece sua prima, aquela lá é difícil, como um passarinho livre, leve e solto, que consegue escapar ileso de qualquer gaiola.

- Pior que eu sei meu amor. Já que você não me deixa ir até elas, vamos embora.

Os dois pagaram suas comandas, pegaram o carro no estacionamento e foram embora. Já as duas se beijavam muito calorosamente, ambas estavam adorando, não descolavam os lábios, aproveitavam aquele encontro e aquela balada se tornou inesquecível para as duas mulheres.

Por volta das quatro horas da manhã, depois de muitos beijos, carícias e danças em dueto, Estela decidiu ir embora, mas Alex não soltava a outra, só concordou em deixar a moça ir embora quando a bela negra explicou que em algumas horas teria uma aula importante e que não morava próximo dali.

Alex se arrependeu de não estar com sua moto e para piorar tinha esquecido seu celular. Acompanhou a moça até a porta e pediu para que a outra anotasse seu número. Estela entregou seu celular em suas mãos; Alex registrou seu número rapidamente, devolveu o aparelho, pediu para a outra entrar em contato e lembrou-se de perguntar seu nome.

- Meu nome é Estela, foi tudo tão intenso que não nos apresentamos. (respondeu rindo da cena).

- Prazer, Alex! Eu adorei te conhecer Estela.

- Alex, eu te ligo. Boa noite!

Despediram-se com mais beijos e abraços. Mais nenhuma palavra foi dita e em seguida Estela foi embora.

Alex ainda ficou parada na calçada observando a outra se distanciar, pegar seu carro, não queria que ela fosse embora e ficou preocupada, será que voltariam a se encontrar? Será que Estela ligaria no outro dia?

Com sua habitual praticidade para lidar com a vida, Alex abandonou a angústia de lado, deixando o otimismo e a esperança tomarem as rédeas da situação. O melhor é ter paciência e aguardar.

Fim do capítulo