Capítulo 1
Até que ponto somos capazes de nos forçar apenas para sermos aceitos? Quebrando limites, burlando nossas regras particulares, cedendo, perdendo... parte disso tudo te ensina que sim, essa é a vida; a outra parte, bem, essa te marca e quase sempre da maneira mais dolorosa possível. Todos temos um lado mau, assim como também um lado bom. Por qual deles você quer ser reconhecido?
6 da manhã e meu despertador toca. Ouço de longe uma voz que vem se aproximando cada vez mais, mais... e mais
- Mana, acorda! Tá na hora da classe trabalhadora cortar cana!
-Guilherme?
-Sim?
-Se você gosta da sua perna inteira, bonitinha e colada aí no seu corpo, você tem 5 segundos pra tirar ela de cima de mim.
- Desculpe, é que adoro esse seu bom humor matinal.
Guilherme saiu rindo do quarto, mas não antes de levar boas travesseiradas na cara. Depois de tantos anos eu na verdade acostumei a acordar assim todas as manhãs, com meu irmão-despertador de 14 anos pulando na minha cama. Se vocês souberem guardar segredo, segurem essa: Considero essa a melhor parte do meu dia.
Guilherme é meu unico irmão, uma das pessoas que mais admiro, sofreu muito com a morte do nosso pai e depois disso se apegou mais a mim, já que nossa mãe é provavelmente uma máquina de trabalho, viciada em dinheiro, um tipo de robô. Às vezes penso e consigo entendê-la, por vezes tentei ajudar, mas só ganhei novos machucados em todas as tentativas e meu estoque de band-aids emocionais já era há muito tempo.
Me chamo Alice, Alice Heins e não há muito de mim que eu possa falar além do lado físico - literalmente falando, eu amo física. Faço o terceiro ano do ensino médio, tenho 17 anos, 1,57, olhos azuis, cabelos lisos e pretos, 47 kg mas suspeito que depois do almoço de hoje numeros mudaram pra 109kg ou algo assim, branca-fantasma também, segundo meu melhor amigo. Sobre o lado emocional, a única coisa que posso dizer é que: Não, eu nunca gostei dos mocinhos nas histórias.
xxx
08:40 da madrugada e lá estava eu, correndo feito maratonista pelas ruas da cidade, super atrasada. Meu ônibus resolveu dar prego na metade do caminho e eu havia esquecido meu dinheiro em cima da cama quando saí. Conhecem a Lei de Murphy?
- "Nada de tão ruim que não possa piorar" - Pensei comigo mesma.
Desci do ônibus e depois de alguns poucos minutos de caminhada começou a chover...
-Eu também te amo, Murphy. - Olhei indignada para os céus enquanto arrumava mochila nas costas e corri o mais rápido possível.
Cheguei no colégio ensopada, bagunçada, cansada, talvez um pouquinho morta. Minha professora vendo tudo, me deu permissão para entrar. Caminhei para o fundo da sala e sentei em um lugar qualquer, estava tentando abrir meu caderno quando sinto uma coisa me acertar na cabeça, olho pra minha mesa e encontro uma bolinha de papel
"AMIGA, ADOREI SEU NOVO VISUAL! ME CONTA O NOME DO BOI QUE TE LAMBEU, QUERO CONTRATAR ELE COMO NOVO ESTILISTA.
Ps: ajeita os óculos nerd-garota-de-tumblr porque sexy assim até eu que sou gay tô querendo te pegar.
Bjs, Math."
Olhei pra ele, ri e dei a única resposta a altura: o dedo do meio. Mateus riu do outro lado da sala. A voz da professora me chamou a atenção e eu virei pra frente. Maldito momento em que virei. 10 segundos, caras. 10 segundos em que eu soube estar encarando olhos tão doces que poderiam me destruir se quisessem. 10 segundos encarando o verde brilhante que fazia qualquer um se perder. Acredite em mim quando digo que falo pela sala toda, pois a baba pela guria novata era coletiva.
Ok, o verde estava caminhando ate mim e eu me senti nervosa sem nem saber o porquê.
- Posso me sentar ao seu lado?
Fim do capítulo
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