Larissa

                 Depois de todas as implicâncias de Milena fomos para o quarto, Bella estava sonolenta, arrumei um cantinho para as meninas dormirem. Fui para o banho primeiro, alguns minutos passaram até que terminei. 

- Você consegue ser linda até descabelada. – Bella disse, beijando meu pescoço. 

- Acho que isso não é bem verdade, mas, quem sou para contrariar você? – sorri lhe beijando os lábios. – Agora vai lá tomar seu banho que te espero aqui, na nossa cama. – ela deu um sorriso imenso, ao me escutar dizer isso.

- Tudo bem, já volto linda. – seguiu para o banheiro. 

                  Vesti uma camisola vermelha, logo depois me atirei na cama, peguei o celular que havia ficado jogado boa parte do dia. Haviam algumas ligações de Ingrid, e algumas mensagens, todas falando sobre o almoço do dia seguinte, me pedindo para ter paciência e ser boazinha com a tal Samantha. Inclusive algumas ameaças. Foi impossível não sorrir ao ler o conteúdo, Ingrid era mesmo exagerada. 

- Que foi? – Bella perguntou. 

- A Ingrid, me ameaçando. – sorri. – Dizendo que se eu não contratar a Sam e fizer ela ficar mais tempo na empresa vou causar o fim do casamento dela e que se isso acontecer ela me mata. 

- Coitada, imagina a Giovana com raiva, não é à toa que ela está com esse medo todo. E quanto a essa Samantha, você vai me contar o que aconteceu de fato? – disse calmamente sentando-se ao meu lado na cama. 

- Você fica linda com ciúmes. 

- Não é ciúmes, só quero saber se devo me preocupar com essa tal de Sam. – sorriu, retirou a toalha, deixando seu corpo inteiro a mostra. 

- Be-em, se você quer que eu conte, é melhor não me distrair assim. – apontei para seu corpo. 

- Tudo bem. – sorriu vestindo algo confortável para dormir. – Pronto agora me conte. 

- Ok!

               Comecei a contar a história toda, sem deixar de lado nem um detalhe, inclusive o escândalo de Milena fingindo ser minha namorada, claro que mesmo que tenha sido no passado notei que ela sentia ciúmes, o que me deixava feliz por saber que ela se importava mesmo comigo. Claro que ela não tem com o que se preocupar, não tenho olhos para mais ninguém além dela. 

- Então foi isso. – falei ao terminar a história. – Eu disse que não era nada demais. 

- Hum! Espero que não seja a mesma mulher. – falou deitando sua cabeça em meu ombro.- Ela me parece o tipo predadora. 

- Na verdade é mesmo. – falei sincera. – Mais isso não quer dizer que eu seja uma presa, tudo o que eu preciso está bem aqui nem meus braços. Mas e você, vai me contar o que houve com Siqueira mais cedo? – senti ela ficar inquieta. 

- Ele recebeu mais uma ameaça. 

- Você...- antes que ela terminasse tentei perguntar. 

- Não, eu não recebi nada. Veio mais uma foto, só que dessa vez não era somente Siqueira que estava nela. – ficou quieta por alguns segundos. Foi então que eu liguei os pontos. 

- Suse. A Susane estava na foto não era? – perguntei aflita. 

- Sim, essa cara é capaz de fazer qualquer loucura para nos atingir, inclusive machucar alguém que amamos. – falou se agarrando em mim. 

- Calma, não vou deixar ele machucar ninguém, prometo. Nem que eu tenha que contratar a guarda nacional para fazer nossa segurança. – consegui arrancar um sorriso dela. – Foi isso o seu pesadelo? Quero dizer, você sonhou ele machucando alguém?

- Sim, você. – ela apertou minha cintura. – Você morria em meus braços. – falou chorosa. 

- Calma meu amor, eu estou bem aqui. Não aconteceu nada e nem vai acontecer, prometo. – beijei o topo de sua cabeça. 

- Você estava me pedindo em casamento no estacionamento. 

- Vou me lembrar de não fazer isso. 

- O pedido? – perguntou receosa. 

- Sim. – confirmei. – Vou lembrar de não pedir você em casamento no estacionamento. 

- Ah! – disse aliviada. 

- Você não achou que eu não iria te pedir me casamento né? Por que se pensou isso você está enganada, eu já teria feito isso se não soubesse que você diria um não bem grande. Ou algo do tipo “ ainda é cedo”, “não é o momento certo”, e outras desculpas. 

- Você acha mesmo que eu iria dizer isso? 

- Sim, com toda certeza. E como eu prometi que teria paciência, e esperaria seu tempo, não irei fazer isso por alguns longos anos, apesar de achar que é perca de tempo. – falei sincera. 

- Obrigada por me entender. – sorriu me olhando. 

- Obrigada você por existir para que eu te entenda. – beijei seus lábios com carinho. – Agora vamos dormir por que já está tarde. Te amo linda.

- Te amo. 

         Essa foi a última coisa que me lembro de termos conversado, o corpo de Bella estava colado ao meu, senti Nikki puxando meu lençol, abri meus olhos lentamente, olhei para ela que me encarava com seus pequenos olhos negros. 

- Você precisa ir ao banheiro, não é? – olhei para ela que virou a cabeça e foi até a porta do quarto. – Então quer dizer que ter filho é isso? Acordar as..- procurei o celular para ver as horas. – As cinco e meia da manhã para levar ao banheiro? 

         Acho que eu estava ficando maluca fazendo perguntas para ela como se fosse me responder. Sai da cama lentamente, olhei para Bella que dormia lindamente.

- Vamos moça.

       Logo que abri a porta Nikki sumiu escada a baixo, Lupi dormia tão profundo quanto Bella. Sorri e fui atrás de Nikki. Quando desci a escada ela estava na frente da porta me esperando para abri-la. Logo que o fiz, correu em direção ao jardim. 

- Pelo visto apenas eu madruguei hoje. – falei olhando os cômodos da casa vazios. 

        Me sentei em uma das cadeiras na varanda, olhando Nikki procurar um lugar para fazer xixi, ela corria de um lado a outro, me perguntava se era tão difícil assim apenas escolher o lugar. Dei um breve bocejo e ouvi passos, me virei para olhar e Suse apareceu. 

- Caiu da cama menina? 

- Não, Nikki me acordou, bom dia Su. 

- Bom dia. – sentou-se ao meu lado. Sorriu e depois disse. – Ver o dia amanhecendo me faz lembrar dos seus pais. 

- Eu sei, eles adoravam acordar cedo e ver o sol nascendo. Lembro que uma vez eu havia tido um péssimo dia de aula, acho que tinha uns 14 anos. Quando contei para mamãe o que o que aconteceu ela me disse que me acordaria na manhã seguinte bem cedo. 

- Você deu um trabalhão para acordar. – sorriu. 

- Verdade, mas quando acordei ela me levou para fora e disse “ filha os dias ruins sempre vão aparecer, talvez algumas vezes mais do que outras. Só quero que você se lembre que assim como a escuridão da noite faz com que o sol deixe de brilhar, na manhã seguinte ele sempre voltará”. – sorri com tristeza, ela me fazia muita falta, assim como papai e meu irmão. – Você acha que um dia irei encontrar com eles de novo? 

- Tudo depende do que você acredita. Eles estão cuidando de você, mesmo de longe, você não está sozinha. – colocou a mão em meu ombro. 

- Eu sei que não. – sorri para ela. – Suse não sei se Siqueira contou sobre...

- A foto, eu sei. Assim como sei que você não vai me deixar sair sozinha. 

- Isso, preciso me certificar que nada aconteça. Obrigada por entender. 

- Seus pais ficariam orgulhosos da mulher que você se transformou. – beijou minha testa e saiu em seguida. 

         Bom mesmo seria ouvir deles o quanto sentiam orgulho de mim, tê-los ali comigo, vivendo todos esses momentos ao me lado. O quanto seria bom apresentar Bella a eles, e ouvir meu pai dizer que tenho bom gosto para mulheres, assim como ele. Senti meus olhos umedecendo, mais sorri ao ver Nikki correndo em minha direção com a língua de fora. 

- Que coisa mais pequena que você é, que coisinha mais fofa. – peguei-a no colo e fui para o quarto. 

         Logo que soltei-a ela foi deitar-se ao lado de Lupi, que permanecia na mesma posição de antes assim com Bella. Olhei a hora rapidamente, já eram quase seis da manhã. Resolvi não mais dormir, peguei um pedaço de papel e escrevi algo para Bella, coloquei em cima do travesseiro e fui para o banho. 

        Enchi a banheira sem pressa. Senti a água em minha pele, encostei-me e fechei os olhos. Deixando meus músculos relaxarem. Não sei por quanto tempo permaneci assim. Abri meus olhos lentamente e sorri ao ver Bella em pé me observando. 

- Bom dia Dra. – sorri olhando-a.

- Bom dia. 

- Estava a muito tempo me olhando? – vi seu rosto enrubescer.

- Sim, você estava linda cochilando. Não quis te acordar, mais não ia deixar aquele convite sem resposta. – sorriu, retirando suas roupas e caminhando em minha direção. 

- Sinta-se à vontade. – sorri com malicia. 

- Pode apostar que sentirei. – colocou uma perna dentro da banheira sem parar de me olhar.

        Inclinou seu corpo em direção ao meu, deixando que minhas pernas ficassem envoltas em sua cintura. Senti seus lábios deixando um rastro quente em meu pescoço, sua mão apertou minha coxa com força, me fazendo soltar um pequeno gemido. 

- Preciso deixar mais convites para você. – sorri, ela parou de beijar meu pescoço e me olhou fundo nos olhos. 

- Desde que sejam sempre bons, e prazerosos. – mordeu o lábio, soltando um sorriso safado, que nunca havia mostrado antes. 

        Inclinei minha cabeça tentando beija-la, ela me empurrou de volta e segurou minhas mãos atrás de minha nuca, passou a língua entre os lábios levemente abertos, olhou meus seios com desejo em seguida os sugou com voracidade. Senti sua mão liberar as minhas de forma lenta, logo que as vi livres segurei sua nuca, intensificando nosso beijo. Ela apertava meus seios com maestria, senti sua virilha em contato com a minha cocha, gemi ao perceber o quanto ela estava excitada. 

        Seu corpo fazia movimentos lentos de encontro a minha perna, a cada movimento ficava mais nítido seu nível de prazer. Minhas mãos passearam por seu corpo que se encontrava em chamas. Ela interrompe o beijo e sua boca vai de encontro ao meu ouvido, sentir sua respiração ali me causou arrepios. Com a voz rouca ela diz que me ama e nesse momento quase tenho um orgasmo. Me olha com intensidade, seus olhos cintilando de desejo. 

        Meus olhos percorrem seus seios completamente enrijecidos, sem demora abocanho um enquanto massageio o outro com a mão livre. Seus movimentos ganham um ritmo mais acelerado e minutos depois goz*mos juntas. Ela encosta sua cabeça em meu peito, deixando seu corpo ser coberto pela água da banheira. 

- Você me impressiona a cada dia mais. – digo com calma, beijando o topo de sua cabeça ainda encostada em meu peito. 

- Isso é bom? – falou, seus dedos brincavam com os meus.  

           - É perfeito. – sorri respondendo-a. – Podemos ficar aqui o dia inteiro? Tipo até ficarmos com os dedos enrugados? – ela ergueu a cabeça me olhando. 

- Não, esqueceu que você tem um almoço para ir e um casamento para salvar? 

- Verdade, verdade. Sabe o que seria bom? 

- O que? 

- Viajar, eu e você, sem horário para nada, sem compromisso, sem mais ninguém a não ser a nossa cama. 

- Seria realmente magnifico. Mas acho que vai demorar um pouco até que você consiga se ausentar da empresa. Com a troca de presidência. 

- Eu sei, eu sei. – falei tristemente, mesmo sabendo que ela tinha razão a ideia de poder viajarmos juntas me deixava feliz.

- Acho que já ficamos aqui tempo demais não acha? Precisamos terminar esse banho. – me beijou e em seguida saiu da banheira, indo para o box. – Você vem? – me indagou sorrindo. 

       O banho foi rápido dessa vez, alguns minutos depois já estávamos nos vestindo. Vi que ela guardou o bilhete que eu havia deixado mais cedo. 

- Não entendi porque acordou cedo. – falou enquanto colocava suas coisa na mochila. 

- Nikki precisava usar o banheiro e eu não tinha como negar nada a ela com essa carinha fofa que ela tem. 

- Como assim ela acordou você e não a mim como de costume? – falou com as mãos na cintura. 

- Acho que ela é igualzinha a mamãe dela, não resiste ao meu charme. – sorri provocando-a. Me aproximei dela e nos beijamos.

         Meu celular tocou, Bella pegou o aparelho rindo, já imaginava quem seria. 

- Ingrid, a que devo essa ilustre ligação que atrapalhou minha trans*. – sorri, vi o rosto de Bella ficar levemente vermelho e ela gritar. 

- É mentira dela Ingrid. – olhou me repreendendo. 

- Não me importo que esteja trans*ndo ou não Larissa, só queria ter certeza de que viu o meu desespero de ontem, por que diabos não me atendeu nem me retornou? – falou de um folego só, pude até ver suas veias saltadas. 

- Bom como eu disse antes, estava trans*ndo sim, por isso não te atendi. Mais só para constar sua ameaça foi recebida com sucesso. – sorri maldosa. – Pode dizer a Gio que quando menos ela esperar vocês estarão viajando por ai, e mais a primeira parada que escolherem será por minha conta incluindo hospedagem. – nesse momento Bella fechava os botões de meu camisão branco. 

- Larissa eu estou falando sério, por favor não fique procurando defeitos em Samantha, o que importa é a competência que ela tem. Sam é uma mulher culta e viajada, de um currículo invejável. Além de uma pessoa maravilhosa.

- Ingrid, se não soubesse o quanto você ama a sua esposa diria que está caída de amores por essa mulher. – estava me divertindo provocando-a. – Como já falei não se preocupe, sinto que essa será a última entrevista. Agora deixei-me voltar para minha trans* inacabada. – ouvi um pequeno grunhido sair de sua boca e ela desligou em seguida. 

- Por que você fez isso? – Bella me questionou.

- Diversão? – perguntei com a sobrancelha erguida e um leve sorriso nos lábios. 

- Você é tão moleca, na verdade a moleca mais linda que já vi na vida. – sorriu me puxando pela gola do camisão vermelho, me beijou em seguida. 

- Te amo Bella. – disse logo que nos separamos. 

- Também amo você La. – sorriu.

       Eu abri um largo sorriso ao ouvi-la me chamar assim, era a primeira vez que ela não me chamava igual aos outros. Percebi que ela ficou sem graça pela forma com eu estava olhando-a. 

- Bom, você acha que tem problema deixar as meninas aqui?  - perguntou receosa. 

- Quer dizer que você irá dormir aqui mais uma vez? – gostei da ideia. 

- Sim, se você quiser. – passou a mão nos cabelos nervosa. 

- Eu já disse o que eu quero, você que parece não escutar. Claro que não tem problema elas ficarem aqui, Suse vai adorar a companhia. – resolvi mudar de assunto para não falar mais uma vez em casamento. – Vamos descer? Acho que todos já estão tomando café. 

- Claro, vamos. 

Fim do capítulo