Capítulo 29 Penúltimo Capítulo
Os dias que se passam são de lutas diárias para Júlia que não desanima. Entre longas e cansativas sessões de fisioterapia e fonoaudiologia.
Ela está em um apartamento que comprou nos últimos dias e Veridiana a ajudou a mobiliar.
Veridiana não quis morar com Júlia. Apesar de amá-la muito ela achou um pouco cedo para voltarem. Tinha muitas coisas a acertar em seu coração.
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Júlia por sua vez não se deixou abater e continuou a sua batalha pelo amor de Veridiana e por sua vida.
Sim, sua vida porque ela queria voltar às quadras e conquistar o tão sonhado título Mundial.
E ela conseguiu isso após seis meses de treinos intensos. Foi a Doutora Gabriela que fez questão de pessoalmente examina-la e dar o aval para ela voltar às quadras.
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O seu retorno às quadras foi um evento de grande porte. Jornalistas e fotógrafos, pessoas do esporte e televisão estavam presentes.
O jogo era valendo a classificação da seleção para poder participar do Mundial. Mas mesmo sendo um jogo tão importante, foi preparada toda uma festa antes do jogo com direito a show de artistas e apresentadores.
Foi um destes apresentadores que depois do pequeno show do grupo NXZERO chamou Júlia ao palco montado no meio da quadra de vôlei.
Júlia muito emocionada agradeceu as orações e pensamentos positivos de seus fãs que gritavam seu nome na arquibancada.
Nem ela sabia que era tão querida assim por tantas pessoas e aquilo foi de suma importância para ela quando entrou em quadra e seus oponentes nem queriam saber se era ou não um dia especial para ela.
Sem dó nem piedade as bolas do time adversário eram todas em cima de Júlia, que com maestria e mostrando que estava recuperada rebatia cada uma.
Seus ataques também eram certeiros e cheios de uma força que fazia os comentaristas se admirar de sua força, após um espaço tão curto de tempo que ela teve para se recuperar.
A partida seguia acirrada com a Seleção Brasileira ganhando por dois sets a zero. Se vencessem mais um estariam carimbando o passaporte para o Mundial.
Veridiana chegou depois que o jogo havia começado e estava também surpresa com o jogo de Júlia, ela estava em um de seus melhores dias, constatou.
Ela havia acompanhado os treinos de Júlia, mas ela parecia dez vezes melhor do que em seus treinos.
Quem também foi conferir o jogo de pertinho foi a Doutora Gabriela, que havia recebido uma credencial das mãos da própria Júlia para assistir ao jogo das cabines dos convidados de honra. Ela levou à namorada, a também médica Doutora Lígia Martins.
Elas haviam começado a namorarem há uns quatro meses. Começaram com uma boa amizade e apoio mútuo e logo a paixão se fez presente e elas resolveram não negarem mais seus sentimentos e assumiram uma relação sólida e muito amorosa.
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Ainda no Instituto Forense Laísa estava na sala de televisão com os outros internos.
Os internos mais tranquilos e sobre controle podiam ficar a tarde e um período da noite assistindo televisão. Claro que monitorados por enfermeiros e policiais.
Eles assistiam à partida decisiva da Seleção Brasileira de Vôlei feminina. E estavam bem atentos ao jogo que parecia ser apenas de Júlia Stefanni que dominava o jogo e era a maior pontuadora da partida até o momento.
Laísa desde o incidente continuava incomunicável com o mundo exterior. Mas aquela noite ela pela primeira vez em seis meses teve uma reação.
Quando a câmera focou no rosto de Júlia que iria sacar naquela hora, ela se mexeu na cadeira de rodas e disse:
-- Júlia minha linda!
Os enfermeiros se aproximaram surpresos e viram que suas pupilas se contraiam mostrando que ela estava de volta à vida.
-- Júlia minha linda! - Laísa repetia como um robô, olhos grudados na tela da televisão.
O médico de plantão foi chamado e observou ela de longe. Para não assusta-la. Ela continuava repetindo a mesma frase quando Júlia aparecia.
-- É por causa da ex-esposa que aparece na televisão que ela reage. - Disse o médico aos enfermeiros. - Eu pedi a Lígia irmã dela que trouxesse essa Júlia para vê-la, mas parece que ela se negou. Pobre Laísa!
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O jogo terminou e foi com uma vitória triunfante da seleção brasileira por três sets a zero sobre o time adversário.
Todos comemoravam alegres e o time da seleção Brasileira não fugia disto. As meninas pulavam umas sobre as outras felizes.
Renatinha pulou nas costas de Júlia lhe enchendo de beijos no pescoço.
-- Consegui minha amiga, consegui! - Júlia disse assim que conseguiu tirar a amiga de suas costas.
-- Nunca duvidei disso, você é uma guerreira Júlinha! - Renata gritava por causa dos gritos da torcida e de uma bateria de escola de samba que tocava enlouquecida na arquibancada.
-- Minha vida está voltando aos eixos. Só falta a Veridiana! - Lamentou Júlia um pouco triste por ela não ter vindo. Até o início do jogo ela não tinha visto Veridiana chegar, e deduzira que ela não viria ao jogo.
-- Quem sabe agora não falta mais? - Renatinha falou olhando para trás de Júlia que se virou e deu de cara com um lindo par de olhos azuis que se aproximava sorridente.
-- Oi campeã! - Disse Veridiana ao chegar perto de Júlia.
-- Ainda não sou uma campeã, mas serei Veri. - Júlia falou sorrindo.
-- Adoro te ver nesse uniforme. - Veridiana a olhou com um jeito malicioso nos olhos.
-- Fico bem melhor sem ele. - Júlia provocou.
-- Não tenho dúvida! - Riu Veridiana a abraçando.
Renatinha se afastou, era o momento delas se acertarem.
-- Que bom que veio. Achei que não viria. - Se afastando um pouco Júlia falou, mas continuou nos braços da loira que lhe tirava o ar.
-- Jamais deixaria de vir. Este sempre foi teu sonho, jogar na seleção Brasileira e poder ir competir em um Mundial.
-- Você se lembra? - Júlia se emocionou ao ver que sua amada ainda lembrava de seus sonhos.
-- Nunca esqueço nada que falou ou disse. Mesmo suas maiores besteiras. - Veridiana riu lembrando-se das piadas sem graça que a ex-mulher insistia em contar.
-- Veri sei que errei muito e que tem muitas dúvidas a respeito de meus sentimentos serem realmente verdadeiros, mas posso te garantir que se em algum momento vacilei e não soube como levar nosso amor, hoje essa dúvida não existe mais. Eu a amo e não duvido um segundo sequer disto. - Júlia acariciou o rosto de Veridiana que se surpreendeu, pois ela não gostava de se expor ou expor sua sexualidade.
Sem dizer nada Júlia deixou Veridiana sozinha e foi até o pequeno palco que já havia sido montado novamente para entregarem os prêmios de destaques da partida.
Tomando o microfone do apresentador para si Júlia começou a falar. Sentia as mãos tremerem, mas logo ela ficou firme e disse tudo que deseja.
-- Hoje eu consegui provar para mim mesmo que não há nada que não podemos conseguir ou superar. Eu por muitas vezes cai, mas me ergui de todas às vezes. - Júlia falava com calma e convicção. - E sempre nestas quedas tive ao meu lado uma pessoa muito especial; Veridiana. Minha companheira de muitos anos e que por erros meus a perdi. - Ela olhou para Veridiana que a olhava em uma mistura de surpresa e emoção. - Agora estamos tentando nos acertar novamente, a vida está nos dando uma chance e espero que possamos aproveitar está oportunidade que a vida está nos dando. Veri te amo muito. - Completou Júlia emocionada.
Suas colegas de time que ouviam a declaração atentamente subiram ao palco e a abraçaram, logo a pegaram no colo e a jogaram para cima várias vezes.
Veridiana olhava para a cena emocionada. Nunca imaginara Júlia fazendo uma declaração de amor, e ainda mais em público.
Assim que as amigas a colocaram no chão Júlia procurou Veridiana mas não a encontrou.
-- Ela foi embora. - Disse Lígia que chegava de mãos dadas com Gabriela. - Ela ainda falou rapidamente com a gente, não foi amor?
-- Foi ela disse que precisava respirar. - Gabriela confirmou a informação que a namorada tinha dado anteriormente.
Júlia sorriu sem graça, mas logo ergueu a cabeça.
-- Que bom ver vocês e juntas ainda por cima.
-- Estamos tentando refazer nossas vidas. - Foi Gabriela que falou sorridente abraçando a namorada.
-- A Gabriela foi muito importante em um período de minha vida e creio que vai continuar sendo. - Lígia contou feliz.
-- E a Laísa? - Júlia arriscou perguntar. Gostava muito de Laísa, ela tinha sido uma parte muito significativa em sua vida. Foram casadas acima de tudo, não tinha como esquecê-la de uma hora para outra com desejava Veridiana.
-- Na mesma, ela continua sem contato com o mundo exterior. - Disse Ligia visivelmente decepcionada.
-- Talvez seja o destino dela, meu amor. - Consolou Gabriela acariciando a mão da namorada.
-- Sei disto amor, mas é difícil vê-la daquela forma, ela é minha única irmã. Ela fez tudo por mim e agora nada posso fazer por ela. - Lígia olhou diretamente para Júlia.
-- Sei que não fui vê-la como me pediu, mas Veridiana foi contra, e naquele momento não quis contraria-la. - Júlia explicou-se. - Mas acho que chegou a hora de enfrentar os medos, deixar de lado as inseguranças e fazer o que meu coração me manda fazer.
-- Oque está me dizendo? - Lígia a olhou cheia de esperança. - Vai vê-la?
-- Está semana ainda irei vê-la, eu prometo. - Júlia abraçou Ligia.
-- Nossa isso me deixa tão feliz! - Lígia abraçou a namorada emocionada. Sabia que está visita poderia mudar o estado de sua irmã. Júlia era sua última esperança.
Somente quando já estava em casa com Gabriela é que recebeu uma ligação do Instituto avisando do que acontecera com sua irmã.
Foi neste momento que Lígia teve certeza de que tudo iria realmente se ajeitar. Ela então beijou a esposa e se amaram muito, até dormirem abraçadas devido ao cansaço.
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Júlia foi deixada em casa por suas colegas de time sob uma enxurrada de pedidos para que ela fosse com elas esticar a noite em uma balada, mas ela recusou.
Estava um pouco chateada por ter se declarado em público e Verdiana nem ter ficado para lhe dizer algo.
Desanimada ela entrou em seu apartamento deixando a mochila com seu uniforme e pertences pessoais no chão da sala. Depois foi para o banho. Quando saía do banheiro a campainha tocou.
Ela vestiu um roupão branco atoalhado e foi abrir a porta. E mais uma vez se deparou com aquele par de olhos que a faziam se perder no infinito azul.
Veridiana ainda vestia a mesma roupa que fora ao jogo. Bermudas jeans branca, uma sandália papete preta, e uma regata preta. No alto da cabeça estavam seus óculos estilo aviador. Ela sorriu apoiada com uma das mãos na porta.
-- Você aqui? - Júlia a olhou surpresa.
-- Porque esperava outra pessoa? - Brincou Veridiana rindo e mostrando seus dentes brancos e alinhados.
-- Não claro que não. - Júlia disse sem jeito.
-- Não me convida para entrar?
-- Não precisa de convite, sabe que minha casa assim como meu coração estão sempre abertos para você. - Júlia estendeu a mão em direção ao interior do apartamento. - Entre.
-- Não consegui te encarar depois da tua declaração. - Veridiana falou entrando no apartamento. - Me surpreendeu muito sabia?
-- Achei que não tinha gostado e por isso tinha ido embora. - Júlia fechou a porta e voltou-se para a sala.
-- Júlia, eu amei! - Veridiana caminhou até ela e a enlaçou pela cintura. - Sempre sonhei com algo como o que fez hoje. - Ela beijou longamente na boca. - Eu te amo. - Declarou-se emocionada.
Júlia afastou-se o suficiente para olhar nos olhos de Veridiana.
-- Também te amo sempre te amei! - Júlia a abraçou forte depois a beijou com sofreguidão.
Ambas foram se entregando ao amor que fluía em imensidão naquele momento e acompanhado de muito desejo que as dominava.
Veridiana desfez o laço do roupão de Júlia e observou com cuidado as curvas de sua amada que estava em plena forma.
Tomada por um calor que lhe invadia os corpos Júlia beijava o pescoço de Veridiana alternando com pequenas mordidas em seu lóbulo da orelha. Enlouquecida pelo desejo Veridiana tirou o roupão de sua morena de uma vez e com muito jeito ela a deitou sobre o carpete da sala, despindo-se logo em seguida e deitando-se sobre seu eterno amor, fazendo com que seus sex*s se tocassem fazendo explodir o tesão entre elas.
Sentada sobre o sex* de Júlia, Veridiana se movia com agilidade, levando a outra a loucura. Ela acariciava os seios de Júlia que não se intimidava e gemia muito enquanto também apertava os seios de sua loira.
Era enlouquecedor o clima de desejo que pairava no ar naquela sala. E Veridiana ciente do que causava em Júlia, desceu por seu corpo e se pôs a ch*par e lamber o sex* de sua morena, que arqueava o corpo contra a boca de Veridiana exigindo a sua língua cada vez mais profunda.
Júlia rebol*va na boca de Veridiana e sentia o orgasmo se aproximando.
-- Me ch*pa Veri! - Ela pedia entre seus gemidos.
Sem hesitar Veridiana obedeceu e junto de suas ch*padas magnificas ela introduziu dois dedos no sex* de Júlia que já latej*v* antecipando o orgasmo que logo se fez presente, fazendo Júlia gritar de prazer.
Mesmo ainda estando sobre efeito do prazer, Júlia mudou de posição com Veridiana e sentou-se sobre seu sex* rebol*ndo muito e levando Veridiana ao delírio.
Sem descanso Júlia rebol*va e acariciava os seios de Veridiana que se contorcia para forçar mais e mais o contato de seus sex*s.
-- Eu vou goz*r amor! - Veridiana disse não se aguentando mais.
-- Então goz* para mim meu amor. - Júlia intensificou o movimento de seu sex* sobre o sex* de sua loira e o que conseguiu com isso foi uma explosão de prazer com a chegada de um orgasmo imenso.
Júlia percorreu o corpo de sua loira até chegar ao seu rosto que segurou com as duas mãos e beijou profundamente.
-- Te amo. - Disse Júlia olhando nos olhos de Veridiana que ainda se recuperava do prazer recebido.
-- Você é minha vida Júlia. - Veridiana confessou emocionada.
Aquilo era tudo que Júlia desejava ouvir. Estava realizada e nada mais a podia impedir de ser feliz.
Felizes e apaixonadas as duas dormiram ali mesmo na sala, bem abraçadinhas.
Quando o sol invadiu a sala, Júlia acordou e viu que Veridiana dormia ainda abraçada a ela. Sorriu feliz e com cuidado afastou o braço da loira e alevantou-se indo tomar um gostoso banho.
Assim que saiu do banho procurou uma roupa agradável, escreveu um bilhete para Veridiana e saiu logo em seguida.
Veridiana acordou já era passado das dez horas da manhã. Ela estranhou a ausência de Júlia e levantou-se a procurando pelo apartamento. Na cozinha ela bebeu um copo de água e viu na porta da geladeira um bilhete de Júlia.
"Bom dia minha loira!
A noite foi maravilhosa, mas precisei sair cedo
Para resolver alguns assuntos.
Te vejo mais tarde.
Amo você...
Júlia."
Veridiana sorriu e foi tomar um banho, depois se vestiu e foi para o restaurante. Precisava estar por perto, apesar de ele ter crescido muito e estar sendo novamente um sucesso, ela não descuidava de estar por perto cuidando de tudo.
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Júlia estacionou o seu carro importado, presente de Laísa na frente do Instituto Forense. Olhou-se no espelho mais uma vez e depois para suas mãos e viu que ainda tremia muito. Respirou fundo e desceu do carro, acionando o alarme.
Havia decidido que veria Laísa e não deixaria essa vontade passar. Se conhecia e sabia que se deixasse para depois talvez não fosse vê-la nunca.
Entrou no Instituto e apresentou-se. A recepcionista pediu que se sentasse e aguardasse um pouco.
Nervosa ela sentou-se em uma poltrona e colocou as mãos entre as pernas. Ela suava frio.
-- Júlia Stefanni? - Chamou o médico ao chegar na sala de espera.
Ela alevantou e foi cumprimentar o médico que a levou até seu consultório.
-- Sente-se. - O médico pediu com educação, logo sentando-se em sua cadeira também. - Fico feliz que tenha decidido vir Júlia.
-- Era necessário, já tinha que ter feito isso bem antes, mas nem tudo na vida é como gostaríamos. Mas hoje estou aqui e apesar de muito nervosa vou até o fim. - Disse Júlia decidida.
-- Não fiquei nervosa, ela não se comunica com o mundo exterior há meses. Ontem ela estava na sala de televisão e passava o jogo no qual estava participando, aliás parabéns pela excelente partida. - Elogiou o médico.
Júlia apenas fez um gesto positivo com a cabeça.
-- E quando ela a viu disse seu nome. Mas ela ficou repetindo isso sem parar e tivemos de seda-la. Achamos que ela estava de volta até avisamos sua irmã que ficou muito contente. Mas hoje pela manhã ela acordou e estava de volta ao seu mundinho particular. - Informou o médico desapontado. Mas espero que com sua visita ela reaja.
-- Tomara. - Júlia se limitou a dizer.
-- Vamos vê-la então? - O médico se alevantou convidando Júlia a sair com ele. - Ela está no pátio. Pela manhã, todos os dias levamos os pacientes sob controle para tomar sol.
-- Que bom. - Júlia não sabia o que falar. Estava nervosa e temia pela reação de Laísa a sua visita.
No pátio ela viu vários pacientes sentados em bancos e cadeiras de rodas, a maioria parecia alienado ao que se passava a sua volta. Havia enfermeiros e policias por todos os lados.
-- Lá está ela. - Indicou o médico com a mão. - Pode ir. - Ele disse com um sorriso nos lábios.
-- Não tem perigo? - Júlia perguntou um pouco tensa.
-- Não há perigo algum. Ela não tem reação ao mundo externo Júlia. Só para você ter uma ideia suas pupilas não reagem nem mesmo ao estimulo de luz.
-- Nossa! - Admirou-se Júlia.
-- E tem enfermeiros e policiais por todos os lados senão percebeu. Vá com calma, tente conversar, fazer algum tipo de contato. Deixarei o tempo livre para você. - Disse o médico se afastando.
Júlia olhou para Laísa que estava de costas para ela de cabeça baixa, sentada em uma cadeira de rodas.
Respirando fundo Laísa caminhou em direção a Laísa. Não sabia o que falar ou dizer a ela, mas seguiria seu coração.
Ao chegar onde ela estava Júlia se surpreendeu com o que viu e entendeu a tristeza de Lígia ao dizer que não suportava ver a irmã daquela forma.
Laísa estava muito magra, seus cabelos loiros sempre bem cuidados, estavam presos em uma trança mal feita, e ela vestia uma calça de moletom cinza, e uma camiseta branca. Ambos pareciam bem maior do que a numeração que ela costumava usar.
Sentiu as lágrimas chegarem aos seus olhos e tentou se controlar. Pegando o banco próximo a Laísa, ela sentou-se à sua frente, mas ela pareceu não lhe ver.
-- Laísa? - Júlia chamou com carinho. - Lembra-se de mim?
Mas Laísa continuava imóvel. Júlia angustiou-se, era um cenário muito triste. Vê-la assim, daquela forma, era muito deprimente.
-- Minha gostosa? - Júlia tentou outra abordagem. Pegou em suas mãos e notou que estavam geladas. - Minha gostosa fala comigo, sou eu sua linda, eu vim te ver!
Muito devagar Laísa ergueu a cabeça e olhou para Júlia. Seu olhar era sem brilho algum.
Júlia vendo o que conseguira seguiu naquela mesma direção de raciocínio.
-- Oi minha gostosa, que bom que me entendeu.
-- Minha lin...da. - Disse Laísa com dificuldade.
-- Isso meu amor. - Júlia tentava mostrar seu amor por Laísa para que ela reagisse.
Laísa a olhava intrigada, parecia que não sabia direito quem ela era ou se ela era realmente real.
-- Vim te ver minha gostosa. - Falou Júlia com o mesmo jeito que se referia a ela quando viviam juntas.
-- Eu te... matei...você veio me ... buscar? - Laísa falou pausadamente.
-- Não linda, você não me matou. - Júlia acariciou suas mãos. - Você me feriu, me machucou feio, mas eu sou como gato tenho sete vidas. - Riu.
-- Não! - Laísa falou tirando as mãos das mãos de Júlia. - Você é uma assom-bra-ção e veio me ator-men-tar! - Ela tremia até os lábios.
-- Não Laísa eu não sou assombração. Sou eu sua linda, lembra-se de mim? Você não me matou, apenas me feriu, veja. - Júlia ergueu a blusa e mostrou a marca do ferimento em seu peito.
Laísa ficou olhando e de repente ela caiu da cadeira de rodas ficando de joelhos em frente à Júlia.
-- Por Deus Júlia me perdoa, eu não quis te machucar! - As lágrimas desciam pelo seu rosto. - Eu te amo e nunca iria te machucar. Me perdoa por favor! - Ela implorava de joelhos.
Alguns enfermeiros e policiais se aproximavam prontos a fazerem algo. Mas Júlia gesticulou com a mão que estava tudo bem.
Com carinho colocou a cabeça de Laísa sobre seu colo e acariciou seus cabelos. Estava muito feliz por tê-la trazida de volta a realidade.
-- Não a oque perdoar Laísa. Você deixou-se levar pelo ciúme, pela inveja e ficou cega de ódio. Deus já a perdoou tenho certeza disto. - Júlia também chorava.
-- Eu matei a Veridiana? - Laísa ergueu a cabeça do colo de Júlia e a olhou nos olhos.
-- Não, o tiro foi de raspão, assim como o de Gabriela. Lembra-se dela, não?
-- Graças a Deus! Eu não queria machucar ninguém Júlia, eu juro!
-- Eu sei Laísa. Mas agora você precisa se recuperar e seguir sua vida. Você é uma profissional muito eficiente. Talvez não possa mais ser promotora, mas quem sabe voltar a advogar ou prestar assessoria a alguma empresa?
-- Minha vida acabou não foi? - Laísa alevantou-se com dificuldade e olhou para si mesma e as roupas que vestia. - Olha com estou, olha onde estou! - Ela olhou em sua volta. - Sou uma doente, sou perigosa, não posso sair daqui nunca Júlia!
-- Não diga isso, sua irmã a ama e espera que saia daqui o quanto antes e volte a viver como qualquer um de nós. Todos erramos Laísa. - Júlia estava de pé. - Eu errei, você, a Veridiana e nem por isso temos de desistir de viver. Só quem sabe isso é Deus. Não a gente, me entende?
-- Mas eu nunca mais vou te ter. Não quero viver sem você. - Laísa pegou nas mãos de Júlia e levou aos lábios beijando com carinho. - Eu te amo desde aquele dia em que te vi pela primeira vez naquela academia, lembra-se daquele dia?
-- Claro que me lembro. - Júlia falou lembrando-se do dia em que se chocou com Laísa na academia. Preferia que aquele dia nunca tivesse existido. Mas na vida não podia se apagar o passado, podia apenas deixa-lo de lado e seguir em frente.
-- Nunca amei alguém com eu a amo. Acho que prefiro ficar aqui mesmo ao ter de voltar lá pra fora e ver que está com ela. Por que está com ela, não está?
-- É estou sim. - Júlia confirmou sem jeito. - Nós nos amamos e nunca deixamos de nos amar.
Laísa caminhou um pouco sobre o gramado. Depois virou-se para Júlia.
-- Então me faz um favor.
-- Claro.
-- Vá embora, me deixe aqui com minha culpa, com minha dor. - Laísa pediu olhos marejados.
-- Mas Laísa eu vim para te ajudar.
-- E ajudou, eu não estou aqui falando contigo?
--Sim, mas...
-- Mas nada Júlia. Obrigado por tudo, tudo mesmo cada minuto bom vivido ao teu lado. Agora vai e seja feliz com a chefezinha de cozinha. É ela que você sempre amou, não? Então vá ser feliz! - Laísa saiu caminhando pelo pátio, sempre observada pelos enfermeiros e policiais. Afinal ela ainda era uma criminosa.
Júlia ficou parada a vendo se afastar. Lamentava por tudo ter de terminar daquela forma tão triste. Mas não havia outra forma.
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Veridiana estranhou a demora de Júlia a voltar para casa. O seu celular também ela não atendia. Estava preocupada, quando Júlia entrou no apartamento. Parecia triste.
-- Já em casa? - Júlia perguntou ao vê-la sentada na sala.
-- Saí mais cedo do restaurante e como você não atendia ao celular fiquei preocupada. O porteiro abriu a porta pra mim. - Disse com tranquilidade.
-- Sei. - Júlia beijou Veridiana nos lábios e sentou-se no sofá em frente à loira.
-- Oque aconteceu Júlia? Estava tão feliz pelo título ontem e agora chega em casa assim desse jeito. - Veridiana estava desconfiada.
Sem saber por onde começar Júlia alevantou-se e andou de um lado para o outro passando as mãos nos cabelos.
-- Fui ver a Laísa. - Disse diretamente sem mais rodeios.
Veridiana alevantou-se do sofá e puxou Júlia pelo braço a encarando fixamente nos olhos.
-- Não acredito que fez isso Júlia? Eu te pedi tanto!
-- Precisava fazer isso Veri! Fui casada com ela, temos uma história você querendo ou não. - Júlia falou convicta.
-- Ótimo então Júlia. Agora fica com ela a ajudando a se recuperar como fez da outra vez.
-- Eu não vou fazer isso Veri, eu te amo!
-- Não sei o que pensar Júlia. - Veri pegou sua jaqueta que estava sobre o braço do sofá e olhou seriamente para Júlia. - Assim desse jeito não podemos continuar.
-- Oque? Não acredito no que está falando! - Júlia a olhou incrédula.
-- Enquanto ainda estiver ligada à está Laísa é impossível à gente ter alguma coisa. - Veridiana falou deixando o apartamento de Júlia que ficou sem ação diante de sua atitude.
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Já Laísa no Instituto Forense conversava com Lígia que estava super feliz com a recuperação de sua irmã.
-- O médico disse que daqui uns dias já pode deixar o Instituto. - Lígia disse emocionada.
-- Que ótimo. - Laísa olhava pela janela de seu quarto. Não estava certa de que sua história com Júlia tinha acabado.
-- Terá de responder ao processo, mas ai é outra história minha irmã. - Lígia abraçou a irmã com carinho. - Que bom que voltou mana.
-- Voltei sim Lígia e voltei decidida a reconquistar tudo que é meu. - Disse Laísa friamente.
Lígia naquele momento se afastou da irmã e sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
Oque ela estava querendo dizer com reconquistar tudo que era dela?
Fim do capítulo
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