Os meses passavam rapidamente e Júlia a cada dia estava mais preparada fisicamente para voltar às quadras.

Ela estava muito feliz tinha sido convocada para o próximo jogo de seu time e para fazer parte do time da seleção Brasileira de vôlei.

Laísa estava muito feliz pela esposa e vinha trabalhando muito nos últimos dias, na verdade mal passava em casa. Havia sido encarregada de um caso muito famoso na mídia e isso estava lhe ocupando todo seu tempo.

Apesar de viver enviando presentes e fazendo surpresas Laísa sabia que estava deixando a desejar.

Sua esposa estava no seu melhor momento e ela não estava podendo estar ao lado dela como gostaria.

Mas estava agilizando as coisas e sabia que logo poderia dar a atenção que a esposa necessitava.

 

Na noite seguinte aconteceria um evento para oficializar os nomes dos convocados para os times feminino e masculino da seleção Brasileira de vôlei.

O evento seria em uma grande casa de shows do Rio de Janeiro com a presença de muitos atletas, esportistas dentro muitos outros famosos.

Júlia hospedou-se em um hotel caríssimo no Rio de Janeiro com vista para a praia de Copacabana.

Ela foi sozinha, pois Laísa ainda não tinha ficado livre do trabalho.

Uma movimentação de carros, fotógrafos, jornalistas se fazia na frente do local do evento.

Júlia chegou acompanhada de outras duas colegas de time. Vestindo um vestido longo preto com as costas de fora, salto alto preto, e cabelos soltos e com uma maquiagem leve. Estava discreta, mas ao mesmo tempo elegante.

O nível da festa era requintado com pessoas elegantemente vestidas com trajes de gala.

 

Júlia sentou-se em uma mesa com suas duas colegas próximo ao palco onde haveria apresentações musicais, além dos já costumeiros discursos e da principal atração da noite a divulgação da lista oficial de nomes dos convocados.

 

 

*******************

 

Veridiana olhava a namorada Gabriela que se olhava mais uma vez no espelho.

-- Está linda, caso queira saber. - Comentou rindo do jeito preocupado da namorada.

-- Preciso estar magnifica amor, haverá tantas atletas com seus corpos maravilhosos e sarados, preciso garantir que não corro o risco de te perder para uma dessas gostosonas. - Gabriela vestia um vestido de um ombro apenas que ia até a altura dos joelhos, ele era na cor prateada com detalhes em cristais Swarovski. Uma sandália de salto preta com detalhes em pedraria, e uma trança embutida deixava seu cabelo com aquele toque sofisticado.

-- Não terei olhos a não ser para você Gabi. Já te disse que sofri demais com uma atleta uma vez e não quero isso nunca mais em minha vida. - Veridiana disse abraçando a esposa por trás e a beijando no pescoço.

Ela havia contado a namorada que fora casada por seis anos com uma atleta, mas negou-se a dizer com quem, e Gabriela com sua descrição nunca mais tocou no assunto.

Sabia que corria o risco de encontrar Júlia neste evento, mas estava bastante tranquila quanto a isso.

Decidira tira-la de sua vida já fazia algum tempo e não se sentia mais incomodada ao vê-la na televisão ou ao ouvir alguém falar dela.

-- Sabe que amo você, e essas vadias não sabem do que sou capaz pela minha mulher. - Gabriela virou-se de encontro a Veridiana que vestia uma calça social preta justíssima, com camisete de seda na cor branca e escarpam preto. Os cabelos loiros agora eram compridos na altura dos ombros, todo repicado.

-- Eu sou sua Gabi. - Veridiana disse beijando a namorada mais uma vez.

-- Neste caso então vamos. - Gabriela falou pegando na mão de Veridiana e deixando o quarto logo em seguida.

 

***************

O show de uma artista local começara e Júlia e as colegas divertiam-se bebendo drinques e conversando.

Júlia não notou quando Gabriela e Veridiana chegaram à festa e sentaram-se em uma mesa um pouco mais para o fundo do salão.

Gabriela olhava a sua volta observando as pessoas presentes na festa. Boa parte dos convidados eram seus pacientes ou ela já os tinha examinado.

-- É tão estranho vê-las vestidas nestas roupas, estão sempre de shorts e camiseta. - Riu Gabriela.

-- Para você que lida diariamente com elas e com eles deve ser bem estranho. - Veridiana segurava a mão da namorada sobre a mesa.

-- Olha se não é a Júlia Stefanni? - Gabriela perguntou ao olhar para frente em direção ao palco.

-- Onde amor? - Veridiana olhou a sua volta.

-- Ali sentada na mesa, próxima ao palco. -Disse indicando com um gesto da cabeça.

Veridiana olhou para onde Gabriela dissera e logo viu Júlia, ela ria muito e parecia muito feliz.

-- Vem vamos lá cumprimenta-la, ela é uma guerreira, voltar a jogar depois de um transplante de rim e em tão pouco tempo. - Gabriela alevantou puxando Veridiana pela mão.

Desviaram por entre as mesas e logo estavam em frente à mesa de Júlia e as amigas.

Inocentemente Gabriela cumprimentou Júlia sem nem imaginar que estava em frente a ex-mulher de sua namorada que nesse momento tinha os olhos fixos em Júlia.

-- Oi Júlia como está? Fiquei feliz que foi convocada para a seleção. - Gabriela comentou alegre.

Júlia olhou na mesma hora para Veridiana e nem ouviu o que Gabriela dizia.

-- Veridiana? - Júlia alevantou-se de imediato olhando-a nos olhos.

Fazia tanto tempo que não a via. A última vez fora quando dissera que precisava ficar ao lado de Laísa e que voltaria para ficarem juntas.

Sentia o seu coração apertar e uma falta de ar lhe tomou conta. Nunca mais procurara Veridiana, a abandonara mais uma vez, e agora o destino mais uma vez a colocava em sua frente.

-- Vocês se conhecem? - Gabriela olhava para a namorada.

-- Mais ou menos. - Veridiana voltou-se para a namorada e segurou firme em sua mão.

O seu gesto não passou despercebido por Júlia, que percebeu que Veridiana seguira sua vida, que não lhe esperara.

-- Mais ou menos não. - Disse Júlia cheia de ciúmes. - Fomos casadas por seis anos. - Contou olhando para diretamente para Veridiana que engoliu em seco e sentiu Gabriela retirar sua mão da dela.

-- Gabi eu posso te explicar. - Disse Veridiana preocupada com o a reação da namorada que já se afastava.

-- Veridiana precisamos conversar. - Falou Júlia quando viu Veridiana se afastando para ir atrás da namorada.                     

Veridiana parou de caminhar e olhou para Júlia com um olhar que parecia querer fulmina-la de raiva.

-- A gente não tem nada para conversar. Você destruiu meus sonhos e minhas esperanças três vezes Júlia! Não acha que já passou dos limites, não? Eu não vou permitir isso novamente. Fique com sua Promotora milionária e procure ser feliz com ela e faze-la feliz, algo que não conseguiu ao meu lado. - Veridiana dizia cheia de mágoa.  - Então faça um favor a nós duas; me esqueça!

-- Veridiana?  - Júlia chamou ao vê-la sair quase que correndo atrás da namorada.

-- Meu Deus o que foi isto? A doutora da seleção está namorando a sua ex? - Perguntava confusa uma das colegas de Júlia.

-- Ela estava furiosa contigo Julinha. - Comentou a outra colega.

-- Vou à toalete. - Disse Júlia saindo sem nem olhar as suas colegas.

 

***************

 

Gabriela caminhava sem rumo pelas ruas de São Paulo e Veridiana corria atrás dela tentando se explicar.

-- Por que não me contou que foi casada com ela? - Gabriela perguntava sem parar de caminhar.

-- Gabriela, por favor, me escuta, eu disse que fui casada com uma atleta. - Verdiana tentava alcança-la.

-- Mas não disse que era a Júlia Stefanni, a jogadora mais premiada da atualidade, a sensação entre homens e mulheres!

-- Isso não importa mais pra mim, Júlia e eu tivemos nossos momentos, mas acabou ela resolveu ficar com a Laísa! - Veridiana alcançou à namorada e a segurou pelo braço. - Eu estou com você e é com você que quero ficar Gabriela!

-- Tem certeza disso ou é apenas por que ela preferiu a outra? - Gabriela a olhou com os olhos cheios de lágrimas.

-- Por Deus Gabi eu quero outra vida! Chega de sofrer, me ajuda, fica do meu lado, vamos tentar, por favor! - Veridiana segurou as mãos de Gabriela.

-- Eu não sei Veridiana, estou confusa, preciso pensar um pouco. - Gabriela tirou suas mãos das mãos de Veridiana. - Vamos embora, a festa acabou para mim.

-- Mas você queria tanto participar desta festa. - Veridiana falou sem graça.

-- Eu queria mesmo, mas perdi totalmente o tesão. - Gabriela deu a volta dirigindo-se para a avenida para pegar um táxi. - Você vem comigo ou vai ficar para matar a saudade de seu grande amor?

Veridiana balanço a cabeça negativamente e acompanhou a namorada para pegarem um táxi.

 

**************

 

Júlia voltou para a mesa, mas estava sem vontade nenhuma de ficar ali. E para piorar sua situação ainda teve de lidar com a chegada surpresa de Laísa.

-- Oi meu amor, achou que eu não vinha? - Laísa estava elegantemente vestida com um longo vermelho com um decote lindo, seus cabelos loiros estavam soltos caiam como em uma cascata sobre seus ombros.

-- Laísa que bom que pode vir. - Júlia alevantou-se abraçando-se a ela demoradamente.

-- Oi minha linda, o que houve? Está tudo bem?  - Laísa acariciava seus cabelos com carinho.

-- Só fica assim comigo. - Pedia Júlia, como se Laísa fosse seu porto seguro.

A festa seguiu animada, mas Júlia não via mais diversão em nada. Ficou o tempo todo abraçada a Laísa como se necessitasse de proteção.

Já ia madruga adentro quando Júlia e Laísa foram embora. Quando chegaram ao hotel, Laísa foi tomar um banho e logo deitou-se, estava muito cansada e acabou caindo no sono quase que de imediato.

Júlia ficou na sala, estava totalmente sem sono. Não conseguia parar de pensar no jeito que Veridiana lhe tratara.

Angustiada ela não se aguentou, pegou as chaves do seu Bugatti e saiu, iria atrás de Veridiana, precisavam conversar e ela a ouviria desta vez.

Conseguiu saber através de uma amiga que, aliás, ficou muito brava em ser acordada de madrugada, que a Doutora Gabriela estava hospedada em um hotel próximo ao aeroporto.

Dirigiu-se para lá e na recepção do hotel pediu para ligarem para o quarto onde ela estava hospedada.

Mas enquanto o recepcionista fazia a ligação Júlia virou para o seu lado esquerdo e enxergou Veridiana. Ela estava sentada no bar do hotel, vestia ainda a mesma roupa da festa.

Júlia explicou ao recepcionista que quem ela queria ver estava no bar e se dirigiu para lá.

Ela chegou calmamente, queria ver como estava Veridiana emocionalmente.

O que encontrou foi uma Veridiana arrasada, bebendo bastante. Ela tinha o cotovelo apoiado no balcão e a mão parecia sustentar o peso da cabeça, seu olhar era perdido em algo que ela não sabia o que era.

-- Veridiana! - Chamou Júlia com voz calma.

-- Oque faz aqui? - Veridiana perguntou virando-se para encara-la. Tinha os olhos vermelhos de quem já havia passado dos limites na bebida.

-- Eu precisava falar contigo. - Falou Júlia encostando as costas no balcão e ficando de frente para Veridiana. - Tudo que me falou lá na festa eu... não consigo acreditar que realmente queria dizer aquilo. A gente sempre...

-- A gente não existe Júlia. - Veridiana a cortou abruptamente. - A gente acabou há muito tempo na noite que você aceitou ir embora para a casa da Laísa sem nem questionar nosso amor, sem nem lutar por ele.

-- Eu sei que errei, mas ninguém é perfeito! Sei que vacilei quando disse na última vez que voltaria, mas a Laísa...

-- Mas a Laísa? Por favor, não me faça de idiota Júlia! Na verdade você nunca cogitou a ideia de deixa-la.  A boa vida, o dinheiro nunca a deixou pensar em voltar para mim, para o nosso amor. - Veridiana dizia tudo que sempre esteve trancado em sua garganta.

-- Eu nunca deixei de ama-la Veridiana, mas a Laísa, ela ficou ao meu lado, ela cuidou de mim, ela não virou as costas para mim quando mais precisei como você fez. - Júlia voltava a questão do transplante.

-- Eu não te dei as costas Júlia! - Verdiana disse brava.

-- Como não? Você se negou a me doar o seu rim, sabendo que meu estado era crítico.

Veridiana balançou a cabeça negativamente, incrédula no que ouvia.  Via que Júlia continuava sem saber a verdade sobre o transplante e ela agora mesmo que não iria contar nada.

Alevantou-se terminou de beber o líquido do copo e olhou seriamente para Júlia.

-- Eu estou recomeçando minha vida. Gabriela é uma pessoa linda, tanto por dentro quanto por fora. E estou muito feliz ao lado dela e espero continuar sendo. Por isso eu repito Júlia, me esquece! Por que eu já comecei a esquecê-la. - Veridiana deixou o bar e pegou o elevador para ir para seu quarto.

Parada no bar do hotel, Júlia não acreditava no que acabara de ouvir da boca de Veridiana.

Ela não podia deixar de ama-la, deixar de querê-la. Ficar com aquela doutora? Isso era um absurdo que ela não aceitaria. Pensou enquanto deixava o hotel.

 

****************

 

Laísa acordou pela manhã e encontrou a esposa na sacada do hotel olhando o vai e vem das ondas.

Chegando por trás ela abraçou Júlia enlaçando sua cintura com as mãos.

-- Caiu da cama foi? - Brincou Laísa ainda abraçada a esposa.

-- Perdi o sono. - Júlia continuava a olhar para o mar.

-- Nosso voou saí daqui a duas horas, já arrumou suas coisas? - Laísa soltou a esposa, mas a virou para si beijando a sua boca suavemente.

-- Não ainda tem muitas coisas para arrumar. - Disse Júlia pensando em outro assunto.

-- Como assim? - Laísa fez uma careta.

-- Está tudo pronto, eu que estou pensando longe.  - Júlia disfarçou beijando a esposa nos lábios. - Vamos embora logo, não quero ficar um minuto a mais nesta cidade.

 

***********

 

A volta para São Paulo foi tranquila, mas ao chegarem a seu apartamento encontraram Lígia que havia retornado do exterior.

-- Oi minha irmã, porque não avisou que vinha, eu teria ido busca-la no aeroporto. - Falou Laísa abraçando a irmã.

-- Eu não quis incomodar. E foi para essas ocasiões que inventaram os táxis. - Riu Lígia que estava muito bem aparentemente.

-- Oi Lígia. - Júlia abraçou a cunhada com carinho.

-- Achei que não a encontraria mais aqui. - Disse Lígia no ouvido da cunhada, apenas para ela ouvir.

Júlia se afastou e a ficou olhando sem entender o porquê de ela ter falado aquilo.

-- Olha eu tenho de ir a promotoria, mas vou lá rapidamente adiantar umas coisas e volto o quanto antes. - Laísa se despediu da esposa com um selinho nos lábios e da irmã com um novo e forte abraço.

 

Sozinhas no apartamento Júlia questionou a cunhada sobre o que ela lhe havia dito no ouvido.

Lígia acomodou-se no sofá e começou a contar algo que deixou Júlia chocada.

Ela contou que quando estava no hospital cuidando de Laísa, ela saiu por um tempo para providenciar a ida dela para São Paulo, e que deixara Júlia sozinha no quarto com a irmã.

Quando voltou não notou nada diferente. Laísa logo foi transferida e ela em alguns dias foi para o exterior.

Mas foi já acomodada em sua nova casa que Lígia mexia em seu notebook que notou que sua caixa de e-mail estava lotada. Resolveu então fazer uma limpa no sistema e mexendo aqui e ali ela viu que havia um e-mail na sua caixa de enviados para Veridiana. Mas ela nunca mandara e-mails a ela, como tinha um e-mail endereçado a ela?

Abriu o e-mail e viu que na verdade era um e-mail escrito por Júlia para sua ex-namorada. Um e-mail que era uma declaração de amor e um pedido de para que Veridiana a esperasse que assim que Laísa estivesse melhor ela iria ter com ela.

Ao ouvir aquele relato Júlia deu-se conta que mandara o e-mail do próprio e-mail de Lígia que estava aberto no monitor.

-- Por isso achei que não estivesse mais com minha irmã. Apesar de achar estranho ela não ter me ligado se você tivesse ido embora. - Disse Lígia olhando a cunhada nos olhos.

-- Eu nem sei o que dizer. - Júlia estava sem jeito.

-- Vocês estiveram juntas no dia após ela ter me Violentado, não Júlia? - A pergunta que Lígia fazia era difícil de ser respondida.

-- Lígia, eu... - Júlia não sabia o que dizer.

-- Aquele dia na delegacia, vocês já estavam juntas, não? -- Por que não voltou para ela quando Laísa melhorou? Oque aconteceu Júlia?

-- Lígia não precisamos falar disso. - Júlia disse tentando evitar falar do assunto.

-- Eu realmente gostaria de saber o que aconteceu, pareciam tão decididas a voltarem a ficarem juntas?

Júlia respirou fundo, não adiantava evitar o assunto, talvez fosse até bom conversar um pouco.

-- Nos encontramos no dia seguinte a festa de sua premiação, no apartamento que vivíamos quando casadas. Começamos discutindo, falando coisas que mantiamos guardadas em nossos corações. Mas depois acabamos nos beijando e daí você já deve presumir o que aconteceu. - Contou Júlia ainda um pouco receosa.

-- Mas se vocês se entenderam, porque não voltou como prometeu no e-mail?

-- Não sei Lígia, somente fui ficando com Laísa e com o retorno aos treinos, isso foi ficando para depois e depois.

-- Deixou seu amor em segundo plano? Foi isso que ouvi? - Lígia estava sem acreditar que ouvira isso. - Veridiana é a pessoa mais meiga e maravilhosa que conheci, não merecia isto.

-- Eu sei, eu sei.

-- Ela durante todo o tempo que estivemos juntas só tinha pensamentos para você, a noite as vezes dormindo ela dizia seu nome, sabe o que isso significa Júlia? Que ela te ama mais do que ela própria imagina e você agindo desta forma destrói ela por dentro - Lígia falava de uma forma que se via que apesar de tudo que aconteceu ainda amava Veridiana.

-- Nos reencontramos ontem durante a festa dos convocados para a seleção. Ela está namorando a médica da seleção, acredita? - Júlia contou triste.

-- Ela tem esse direito, não? Você abriu mão dela, não foi?

-- Eu vou te confessar uma coisa Lígia; eu ainda a amo muito. Quando a vi ontem o que eu tinha escondido de mim mesmo veio à tona. - Júlia sorriu emocionada. - Mas como você mesmo disse, eu já a machuquei muito e ela quer distância de mim agora.

-- Então lute por ela Júlia, amor verdadeiro só se tem um na vida. - Lígia apesar do que ainda sentia por sua ex, sabia que Veridiana por mais que se esforçasse nunca iria deixar de amar Júlia.

-- Mas eu disse que a amo. - Júlia não sabia como agir diante da situação que lhe era apresentada.

-- Mostre a ela este amor, prove que a ama.

-- Como?

-- Siga seu coração Júlia, siga seu coração. - Lígia deixou a sala em direção ao quarto de hóspedes.

Júlia ficou ali sozinha naquela linda sala, decorada por uma das mais caras e famosas decoradoras de interiores do país. Pensou em tudo que tinha conquistado em sua vida.

Tinha casado com a melhor e mais poderosa Promotora do país. Laísa era milionária por causa de sua família, trabalhava porque gostava de sua profissão. Mas seu salário não fazia diferença em sua vida.

Morava em uma cobertura tríplex em um bairro nobre de São Paulo, voltara a jogar e ainda fora convocada para a seleção Brasileira de vôlei. Havia sobrevivido a um transplante de rim.

Eram muitas vivências para quem tinha tão pouca idade. Mas havia chegado a hora de fazer um balanço de sua vida e ver se tudo que tinha vivido valera a pena.

Quando conhecera Veridiana anos atrás se sentira completa como se fosse a mulher mais feliz do mundo. Por muito tempo era tudo que lhe bastava, mas o tempo foi passando e ela começou a sentir falta de conforto, atenção, notoriedade. Tudo tão fútil, tão passageiro.

Laísa era perfeita, apesar de ter entrado em sua vida de forma tão errada, parecendo que queria destruir seu casamento. Mas seu casamento já estava destruído, ela só veio afirmar isso.

Com Laísa vivera outra vida, cheia de luxo e conforto. Mas apesar de todo o amor e carinho que ela lhe dava, e até mesmo do prazer que ela lhe proporcionara na cama, sentia um vazio muito grande em seu coração.

Precisava decidir o que fazer de sua vida, precisava tomar uma difícil decisão.

 

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De volta ao Sul Gabriela e Verdiana tentavam acertam seu relacionamento.

Gabriela estava um pouco arredia com Veridiana. E por isso estava evitando um contato mais íntimo com a namorada.

Já Verdiana se desdobrava tentando mostrar a namorada que Júlia era passado e que ela era seu presente e que queria que ela fosse seu futuro.

Muito cedo pela manhã Gabriela fora trabalhar em seu consultório. Ela mantinha um consultório para atender seus pacientes, isso paralelo com sua função na seleção.

Já era final da tarde e ela atenderá seu último paciente quando sua secretária avisou que estava indo embora e perguntando se ela desejava mais alguma coisa.

-- Não, obrigada. Eu também já estou indo embora. - Disse Gabriela já se alevantando e pegando sua bolsa para sair.

Em frente ao consultório Gabriela viu Veridiana parada em frente ao seu carro com um imenso buquê de flores vermelhas na mão.

Ela abriu um sorriso e caminhou até a namorada. Não acreditava que Veridiana estava fazendo isso. Ela não era dada a demonstrações de amor.

-- Me perdoa? - Perguntou Verdiana com um olhar de gato de botas que arrasaria um quarteirão.

-- Assim é jogada baixa amor. - Disse Gabriela mordendo o lábio inferior da boca.

-- Eu ouvi um amor? Foi isso? - Veridiana sorriu entregando o buquê a namorada.

-- Foi sim. - Gabriela pegou as flores e cheirou seu perfume. - São lindas!

-- Linda é você. - Veridiana sem se importar com as pessoas que passavam na rua a beijou na boca com desejo. - Eu gosto tanto de você. - Disse entre os beijos.

-- Eu te amo minha loira. - Gabriela abraçou a namorada e as duas foram para sua casa.

Amaram-se muito e trocaram muitas juras de amor a noite toda. Gabriela estava muito feliz com o modo como se entenderam.

Veridiana também estava feliz por ter feito as pazes com Gabriela. E já pensava em pedir para ela casar-se com ela em breve.

 

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Já em São Paulo Júlia esperava Laísa chegar em casa tomando um uísque.

E ela não demorou a chegar. Estava cansada e foi logo se servindo de uma dose de uísque também.

-- Como foi seu dia minha linda? - Laísa perguntou depois de lhe dar um rápido beijo nos lábios. - O meu foi terrivelmente chato, me estressei com um advogado lá da promotoria, um idiota recém-formado querendo mostrar serviço. - Contava sem notar que Júlia nem prestava atenção.

Ela falava, falava até que Júlia a interrompeu.

-- Laísa eu quero me separar. - Disse secamente sem rodeios.

Laísa que bebia seu uísque se engasgou e cuspiu tudo fora.

Seria perfeito se fosse verdade, pensou Júlia enquanto ouvia a esposa falando.

-- Oque foi Júlia, porque está me olhando dessa maneira? - Laísa perguntou ao ver que a esposa a olhava fixamente.

-- Nada somente imaginei uma coisa. - Júlia passou a mão na testa tentando espantar os pensamentos.

 

No dia seguinte assim que Laísa saiu para o trabalho ela pegou seu carro e seguiu para o sul. Seria uma longa viagem, mas não estava se importando.

 

****************

 

Já era duas e meia da madrugada quando Veridiana ouviu a campainha de sua casa tocar insistentemente.

Levantou-se assustada, havia saído da casa de Gabriela já era tarde. Ela não quisera dormir na casa dela, pois no outro dia teria de ir a CEASA cedo para comprar produtos frescos para o restaurante.

Desceu as escadas e foi até a porta de entrada da casa, abriu e deparou-se com Júlia parada em frente a ela.

-- Júlia? - Espantou-se.

-- Eu dirigi por mais de dezessete horas, praticamente sem parar, apenas para vim falar contigo Veridiana. - Disse Júlia que mal sentia as pernas e os braços devido a longa viagem que fizera. - Vai me deixar entrar?

 

 

 

 

 

Fim do capítulo