Boa Leitura *-*
Capítulo 1
Eu tinha dez anos quando me mandaram para lá “lar adotivo
Sant.Angel” , após a morte da minha mãe em um terrível acidente de carro ao
qual meu pai fora culpado, depois daquele dia ele simplesmente se perdeu do
mundo e junto a esse acidente eu perdi tudo o que tinha, a vida de minha mãe, a sanidade de meu pai que se entregou completamente ao vicio da bebida, e em pouco tempo perdemos nossa casa e o pouco que tínhamos, algumas vezes quando ele chegava bêbado eu tentava o ajudar e nessas vezes ele me batia e por fim quando o álcool começava a baixar me abraçava chorando, e entre as lágrimas de sua amargura me perguntava “por que eu havia nos abandonado” sim nesses momentos mais loucos era a minha mãe que ele via, quando tomava consciência de tudo que havia feito me pedia perdão jurando que isso nunca mais aconteceria, mais suas juras só duravam até o próximo dia, onde a rotina da minha vida recomeçava.
Foi em um momento de total falta de lucidez de meu pai que a policia invadiu a casa o impedindo de me machucar ainda mais, lembro de chamar por ele por dias seguidos, mais as pessoas se recusavam a me responder o que estava acontecendo, até que uma das tantas psicólogas que me fizeram passar contou-me que ele estava preso, que tentaram entrar em contato com alguns familiares, mais que nenhum deles me quisera e que em alguns dias estariam me levando para “Sant. Angel”.
Os portões grandes de ferro com o letreiro me informaram que eu estava no orfanato, nas primeiras semanas eu não saia de dentro do quarto, quarto que eu era obrigada a dividir com mais seis garotas, foram as piores semanas da minha vida, no quarto dia duas delas me amarraram na cama e passaram uma espécie de cola esquisita em mim, quilo demorou quase uma semana para desgrudar de minha pele, sempre arrumavam algum jeito de me maltratar, de fazer alguma brincadeira maldosa.
Quando espalharam um pó amarelo pela minha cama que abriu feridas por todo o meu corpo as irmã interviram, elas as castigaram e me mudaram de quarto, no novo quarto eu também não falava com ninguém, as freiras preocupadas com meu silencio absoluto de quase dois meses me obrigaram a ir ao medico onde constataram que eu não tinha nada, apenas não sentia vontade de falar, de sair, de viver.
A primeira vez que me manifestei foi entre uma das aula que éramos obrigados a frequentar, pedi por tinta e telas, as irmãs felizes por esse meu primeiro contato resolveram me dar o que pedia, lembrei-me da minha mãe nesse momento, de quando ela ia para varanda e assava a tarde toda a desenhar e esse virou meu maior passa tempo , rodas as tardes eu pegava os materiais de arte e ia para os jardins do orfanato onde me isolava do mundo e criva um totalmente novo nas telas que pintava.
Foi em uma dessas tarde que ouvi gritos, deixei que minha curiosidade falasse mais alto e sorrateira fui ao encontro deles, duas meninas corriam envolta de uma terceira cantarolando algo como “-Emily toupeira, Emily toupeira...” e ela apenas chorava, senti uma raiva tão grande por ver suas lágrimas, mais não consegui ajuda-la eu tinha medo.
Quando as duas então se afastaram eu me aproximei de Emily, ainda chorosa nós nos encaramos, ela era morena e seus cabelos desciam pelas costa em grandes cachinhos, seus olhos castanhos levemente tomados por uma coloração branca me intrigavam, não teria outra palavra para lhe descrever que não fosse linda, mesmo banhada por lágrimas.
-Veio rir também? –me perguntou levantando do chão.
-Não eu... eu só...eu... desculpa. –minhas bochechas coraram e não sabia o que fazer.
-Pelo que? –ela se aproximou de mim, tão próxima que podia sentir sua respiração contra meu rosto.
-Aquelas garotas elas...
-Elas sempre fazem isso. –disse enxugando as lágrimas.
-Por que?
-Por que eu não enxergo, não muito.
-Você é cega?
-Ainda não. –se afastou um pouco soltando um suspiro. –Mais eu vou ficar.
-Como sabe disso.
-Eu tenho um problema nos olhos, a cada dia vejo menos, o médico já me avisou.
-E não tem como curar?
-Não sei... e mesmo se tivesse eu não teria dinheiro para o tratamento.
Ficamos quietas por algum tempo, até que peguei na mão de Emily a puxando até onde estava minha tela já esquecida, eu desenhava calada e ela permanecia quieta em um canto do gramado olhando para o que pra mim parecia o nada, algum tempo depois a ouvi se remexendo atrás de mim em busca de algo dentro do seu moletom surrado e em seguida uma bonita musica tomou conta do local, virei-me em sua direção a vendo passear com os dedos pela pequena flauta, sorri voltando a traçar linhas coloridas em minha tela.
-Você ainda não me disse seu nome. –falou parando de tocar.
-Juliana, Juliana Medeiros. –me sentei ao seu lado na grama.
-Emily, Emily Angel. –e me estendeu a mão em cumprimento.
-Hei Angel igual o nome do orfanato. –ela riu e eu simplesmente não me contive e sorri junto.
-Fui deixada aqui quando bebê, só com a pulseirinha da maternidade “Emily” era o que estava escrito Angel foi o sobrenome que as irmãs escolheram pra mim. –e deu de ombros como se não importasse muito.
Minhas tardes agora eram todas divididas com Emily, eu concentrada entre pinceladas de meus desenhos e ela tocando baixo as suas musicas, conforme os anos passavam eu me apegava cada vez mais a ela, o meu conforto entre as grades e paredes daquele lugar, a minha doce Emily.
Comecei então a perceber o quanto ela me encantava, eu já não conseguia mais ficar sem ela me vi apaixonada pela minha única amiga, tentei fingir que não era esse o sentimento que sentia tentei lutar com todas as minhas forças para ser normal, mas apenas com um sorriso ela destruía toda e qualquer barreira que eu pudesse erguer.
Por volta dos meus quatorze anos foi quando as coisa pioraram para Emily, a sua visão estava péssima e algumas vezes ela me confessava que já não via quase nada, mais foi com quinze anos que ela perdeu totalmente a visão, me lembro perfeitamente de uma conversa que tivemos dias antes disto acontecer, ela estava seria tocando sua flauta e eu calada deitada em seu colo, meu coração disparado não me dava trégua e tinha medo que ela pudesse o ouvir ou simplesmente me questionar por sempre estar a olhando.
-Emily do que mais vai sentir falta quando não poder mais ver? –perguntei me sentando.
-Acho que do céu.
-Do céu?
-É Juh por que não importa a onde eu esteja quando eu olho pra ele eu tenho a sensação de estar livre.
-E é só do céu que vai sentir falta?
-Não. – me puxou fazendo sentar de frente a ela e delicadamente passou a ponta de seus dedos por meu rosto. –Eu vou sentir falta de não poder te ver...
-Emily... eu, eu te amo. –deixei escapar em um sussurro, e quando percebi nós já nos beijávamos.
Segundos, horas ou apenas minutos depois Emily levantou me deixando só, eu não sabia o que pensar então apenas me afastei dela, dias depois escutei duas irmãs conversando sobre a completa falta de visão de Emily, ela estava cega, eu não conseguia me concentrar em nada, precisava vê-la, fui direto para seu quarto, abri a porta me deparando com a pior cena de minha vida, ela chorava, o meu amor chorava deitada na cama enquanto ema das garotas com quem dividia o quarto a insultava.
Não pensei direito quando dei por mim eu já esmurrava a garota, Emily gritava desesperada sem saber o que fazer, só parei quando outras colegas nos apartaram e ao saberem o motivo da briga tiraram a outra de lá prometendo que ela iria se arrepender, acho que estavam com pena de Emily da dor que ela passava, sentei-me ao seu lado na cama envolvendo seu corpo em meus braços.
-Ela não vai mais falar aquelas coisas pra você.
-Obrigado. –disse se aninhando em mim.
-Senti sua falta.
-Eu também.
-Pensei que não fosse mais falar comigo.
-Juh, eu amo você, mais não quero ser um fardo na sua vida, você merece alguém melhor e não defeituosa como eu...
-Shi... –a calei com meus dedos. –eu amo você Emily e é só você que eu quero.
E sem dizer mais nada nós nos beijamos, a minha Emily era tão linda, eu voltava a pintar enquanto ela tocava, os dias foram passando, os meses também e entre as paredes daquele orfanato o meu amor por ela crescia, eu me tornei os seus olhos o seu amor, era sempre bom andar com ela, estar com ela, cada milésimo de segundo ao lado daquela garota era especial e eu queria que durasse para sempre.
Fim do capítulo
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Luh kelly
Em: 23/11/2015
Olááá nossa tu ta com tudo em garota seus contos estão dominando só hoje já são 4. Bom três né pq um só tem apenas um capítulo. Esse eu amei simpatizei com as personagens, caramba a Juliana passou por muitas coisas tristes na vida e conhecer Emily foi pra ela a melhor coisa que já lhe aconteceu. O amor que nasceu entre elas é tão lindo, July com seu espirito protetor.
AMEI e quero mais urgente.
Beijos linda e até.
Resposta do autor:
Esta é uma das historias que mais gosto, e fico feliz de mais alguem ter gostado, prometo que amanha volto com mais cap viu
bjs
Am´s
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