Boa leitura.
Alexandra&Nayara
As lágrimas que escorriam de meus olhos deslizavam por minha face a encharcando, silenciosamente meu corpo foi em direção ao chão, aturdido por cada grito e gemido de prazer que ela dava, trancada em meu banheiro, atormentada pelos sons de seus gemidos sentindo cada um deles despedaçar meu coração.
Eu só conseguia me perguntar quando foi que havia a perdido, enquanto ela me traia, na nossa casa, na nossa cama, quando seus gemidos cessaram e deixaram de ecoar em meus ouvidos percebi que conversavam.
–Foi a primeira fez que a traiu? -perguntou o homem a quem minha mulher acabara de se entregar e em seguida aquela voz que tanto amava.
–Não, teve uma outra vez... A alguns anos...
–Entendo...
A voz dele morreu quando abri a porta entrando no quarto, respirei fundo engolindo o pouco orgulho que tinha, ela me olhava assustada e ele com certo interesse, cobiça talvez, passei por eles apanhando a maldita pasta que havia esquecido sobre a cômoda, a maldita pasta que me fizera voltar para casa e presenciar aquela traição escondida em meu banheiro, sai pelo corredor lutando contra as lagrimas, ela me alcançou antes que chegasse na sala, segurando meu braço, forçando-me a olha-la.
–Vamos conversar. -pediu em suplica.
–Deveríamos ter conversado a alguns anos atrás... -minhas voz sai pastosa mais forte o suficiente pra que ela me entenda.
–Por favor Alexandra, me escuta...
–Não Nayara, eu não tenho nada pra escutar, na verdade acho até que escutei muito...
–Por favor Alexandra... Me escuta...
–Não Nayara, nós temos uma filha, uma casa, nunca faltou nada aqui, eu sempre me esforcei pra te mostrar o quanto eu te amo, amava.
Aqueles foram os minutos mais longos da minha vida, ela me olhava se desmanchando em lágrimas e mesmo a odiando, naquele momento minha vontade era de a abraçar e dizer que tudo ficaria bem, mas não, apenas a olhei de longe.
–Mais tarde eu volto pra pegar minhas roupas e depois pensamos em como explicar tudo isso pra Gabriela...
Meses, anos o tempo simplesmente passava, e depois daquela noite Gabriela era nossos único vinculo, quando pequena dissemos a ela que eu viajava, mas com o passar do tempo ela acabou entendendo, meus finais de semana eram todos da minha princesa e quando eu verdadeiramente viajava a trabalho a enchia de cartas, e-mails, presentes, Gabriela sempre me contava que via Nayara com elas, lendo, relendo, chorando com as minha palavras.
Mais a dor era sempre grande demais para que pudesse a deixar de lado, em um dos finais de semana que Gabi passou comigo ela adormeceu quando a levava de volta pra casa, toquei a campainha e Nayara a atendeu toda despenteada, com uma das camisolas que a muito eu havia comprado, o rosto inchado de sono, me lembrei de como adorava acordar ao lado daquela mulher, um suspiro escapou de meus lábios e percebi seu olhar confuso, normalmente apenas deixava Gabi na porta de casa e ia embora claramente evitando conversas, apontei para o carro onde a garota dormi tranquilamente e ela abriu caminho para que entrasse com a pequena, dei um beijo em sua testa me despedindo da minha princesinha e ela abriu os olhinhos.
–Mãe conta uma historia? -me pediu toda dengosa com a carrinha sonolenta impossível dizer não.
–Qual você quer ouvir?
–Inventa uma mãe, uma que tenha princesas.
E assim eu contei pra ela a historia de duas princesas que brigaram por um príncipe deixando de serem amigas e no final ela me perguntou.
–Mais mãe por que elas nunca mais voltaram a se falar?
–Porque as duas eram orgulhosas demais pra se perdoarem.
Meus olhos foram em direção a porta e vi que Nayara nos olhava atenta.
–E qual a moral dessa historia mãe? - ela levantou as sobrancelhas do mesmo jeito que Nay fazia quando estava curiosa.
–E você sabe o que é moral? -perguntei também curiosa imitando seu gesto.
–Não, mais minha professora falou que toda historia tem uma. -rebateu contendo um bocejo.
–A moral é que você tem que saber pedir desculpas quando magoa uma amiga. -digo apos refletir por um tempo, a pequenina boceja novamente. -E você deveria estar dormindo.
Beijei sua testa novamente a acomodando sobre as coberta e sai do quarto, Nayara me parou quando já estava entrando no carro.
–Eu não quero ser como aquelas princesas Alexandra... Eu... Eu...
–Eu também não Nay.
Ela veio em minha direção e por um segundo eu queria me entregar, eu queria beija-la novamente, dei um passo para trás a fazendo recuar também.
–Eu te perdoo Nay, mas eu não consigo esquecer, eu não posso me entregar de novo pra você, eu não posso te entregar de novo meu coração, até porque eu não consigo mais ver em você aquela garota por quem me apaixonei.
E antes que as lagrimas me tomassem dei partida na carro, fugindo o mais rápido possível dali, depois daquela noite nunca mais tocamos no assunto "nós" era sempre sobre Gabriela, nunca soube de envolvimentos dela com mais ninguém, e nenhuma outra pessoa também chegou perto do meu coração, nunca tive uma explicação do porque ela me traiu, também nunca tive coragem de perguntar, Gabriela me contava que as vezes a ouvia chorando dentro do quarto, me dizia que Nayara ainda me amava, e lá na fundo eu sabia que era verdade, que o que nos separava era meu orgulho, mais eu não conseguia superar, Nayara morreu com 75 anos me amando, hoje eu tenho 83 e não deixei de a amar.
"Se eu pudesse voltar atrás meu amor... Quem sabe..."
Fim do capítulo
E é isso
bjs
Am´s
Comentar este capítulo:
Cristiane Schwinden
Em: 07/04/2018
daria um belo prólogo de uma história de amor e perdão.
Resposta do autor:
Esse foi pra não ter perdão mesmo, quis fazer algo mais real, nem sempre nosso amor é maior que nosso orgulho, a ideia era mostrar isso, o quanto de coisas perdemos por isso, no entanto, mesmo no final, mesmo com todo seu amor Alexandra ainda optou pelo orgulho, talcet pra ela, ele tenha sido o que restou, nem todas as nossas feridas são curadas...
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