Capítulo 13
Última Noite de Amor -- Capítulo 13
Valéria tocou a campainha do apartamento e para sua surpresa não foi recebida por Janaína e sim por uma senhora de meia idade.
-- Bom dia! Com quem deseja falar? -- Perguntou de maneira educada.
-- Gostaria de falar com a Janaína -- entrou na sala olhando para todos os lados com as mãos no bolso.
-- Ela está na cozinha. Por favor me acompanhe -- falou solicita.
-- Não precisa. Muito obrigada. Eu sei o caminho, não precisa se incomodar.
-- Se prefere assim. Fique à vontade.
A mulher entrou em uma porta e desapareceu por um longo corredor.
Valéria mirou a porta da cozinha e suspirou fundo buscando coragem. Sentia uma empatia muito grande por Janaína, mas não estava conseguindo se aproximar, pois, ela havia criado uma barreira de gelo em volta de si.
A porta estava entreaberta. Janaína estava sentada à mesa olhando fixamente para um arranjo de rosas brancas que estava em suas mãos.
Valéria bateu de leve na porta, não queria assustá-la, mas foi inevitável quando ela se virou repentinamente.
-- Desculpe-me... -- falou sem jeito.
-- Tudo bem. Eu que estava distraída -- voltou a se concentrar na bela flor.
-- Belo arranjo -- falou esperando alguma reação da moça, mas ela não falou nada - Sabia que as rosas brancas são o símbolo da pureza e da inocência? Esta cor costuma ser escolhida pelas noivas para os seus buquês porque significa que durará toda a vida. As rosas brancas também estão unidas ao amor. Uma garota a quem se ofereça este tipo de rosas quer-se demonstrar que esperam um futuro sólido com ela. Significa amor puro, feliz e para sempre.
-- Será que alguém acredita nessa besteira? -- Falou brava -- Amor para sempre, futuro sólido... quanta baboseira -- Janaína se levantou chorando e pegou a chave do carro de cima do balcão.
-- Você vai aonde? -- Perguntou preocupada por ela sair daquele estado.
-- Isso não lhe diz respeito, Valéria, por favor -- saiu em direção a porta com a flor na mão.
-- Não vou te deixar sair assim.
Janaína ficou olhando para Valéria com uma cara de quem não estava acreditando no que acabara de ouvir.
-- Desde quando te dei o direito de dizer aonde eu devo ou não ir?
-- Desculpa, Janaína, sei que não nos conhecemos o suficiente, sequer somos amigas, mas vai contra minha índole virar as costas para um fato tão óbvio como esse.
-- Qual fato óbvio? -- Perguntou curiosa.
-- Que vai dar merd* se você sair daqui dirigindo um carro nervosa desse jeito -- desviou o olhar olhando para o chão -- Posso ser a sua motorista? Prometo não abrir a boca em nenhum momento.
Janaína ficou sem ação diante daquela garota tão insistente.
-- Como você é chata, hein garota?
Valéria sorriu vitoriosa.
Isabel se virou, esticando-se na cama luxuosa e confortável. Como era bom dormir despreocupadamente, sem o risco de um louco tarado entrar porta adentro e agarra-la a força.
O quarto de hóspedes em que estava, era dominado por uma enorme cama de quatro colunas. Era decorada com cores suaves que criavam uma atmosfera de calma e relaxamento. As janelas abriam diretamente para a praia e a luz do sol entrava pelas janelas, iluminando tudo.
Aquele apartamento era tudo de bom. Um verdadeiro paraíso. Estava acostumada a lugares luxuosos, mas sempre como acompanhante de algum milionário.
Passou por uma porta e entrou num luxuoso banheiro de mármore que também era voltado para a praia. Era possível se deitar na banheira e olhar a praia.
-- Se ficar aqui era trabalho, quero morrer trabalhando? -- sorriu com o pensamento que teve.
Entrou na banheira e fechou os olhos. Imediatamente as lembranças da recente caçada povoaram a sua cabeça. Nem mesmo o luxo de seu banho demorado conseguia afastar as lembranças perturbadoras de Bob de sua mente.
Saiu da banheira com outra disposição física. Estava leve e revigorada. Secou-se sem demora, vestiu a roupa emprestada por Simone e o jaleco branco de enfermeira, penteou os cabelos e os prendeu com a tiara.
De frente para o espelho riu da sua imagem. Nem mesmo com aquele traje tão profissional, deixava de ser sexy.
-- Enfermeira fatal -- jogou um beijo para a sua imagem no espelho.
Ouvindo passos atrás, virou-se e viu uma jovem senhora vestida num uniforme azul em pé, na soleira da porta.
-- Desculpe entrar dessa forma, mas a porta estava aberta, chamei e a senhorita não ouviu. Sou Edna, sua governanta durante sua estada nesse apartamento. Qualquer coisa que quiser, basta pedir. Deve estar com fome, o café está servido.
-- Estou mesmo -- sorriu simpática -- Não precisa ser tão formal, me chame apenas de Isa. Somos todas igualmente funcionárias da Alexandra.
-- Se deseja ser tratada assim, então... Isa, com licença, vou continuar o meu trabalho.
Tatiana tomava café na cozinha, quando Gustavo chegou com uma maleta na mão e sentou à mesa.
-- Bom dia! -- falou galanteador diante da bela enfermeira.
-- Bom dia! -- a garota levantou a cabeça e o cumprimentou de maneira educada.
-- Posso te acompanhar no café?
-- Claro, fique à vontade.
-- Você é uma das enfermeiras contratadas para cuidar da Alex?
Tatiana olhou para a própria roupa e deu um sorrisinho debochado. Era óbvio, engoliu uma resposta malcriada e simplesmente falou:
-- O que você acha?
-- Que se beleza desse cadeia, você pegaria prisão perpétua... -- sorriu expondo todos os dentes.
-- Se feiura fosse crime, você pegaria pena de morte -- se levantou -- Com licença, mas não aguento ouvir tanta besteira -- Tatiana pegou um pãozinho de queijo e saiu da cozinha.
Isabel caminhava em direção a cozinha e encontrou-se com Tatiana saindo de lá com cara de poucos amigos.
-- Bom dia!
-- Só se for para você, enfermeira do amor -- enfiou o pãozinho de queijo na boca -- Tem certeza que vai entrar na cozinha? O brigadeiro de festa está aí dentro tomando café.
Isabel riu.
-- Quem é o Brigadeiro de festa?
-- O tal do advogado da Alexandra -- fez uma careta e saiu.
A garota não deu muita importância, com certeza era implicância da Talita.
-- Com a fome que estou, não... -- Isabel congelou.
Pela porta entreaberta viu a silhueta de um homem que conhecia muito bem. O medo invadiu seu corpo na forma de uma sensação gelada. Era ele... Gustavo. E antes que ele se virasse e a visse, saiu correndo em direção ao quarto de Alexandra.
Entrou afoitamente e deu o maior susto em Simone.
-- Credo, Isa. Desse jeito vai matar a gente do coração -- colocou a mão sobre o peito -- O que aconteceu?
Isabel olhou para Alexandra. Aqueles olhos verdes a desmontava. Não sabia porque, mas não conseguia conversar sobre a sua vida mundana na frente dela. Mesmo ela estando naquele estado sentia-se envergonhada.
-- Depois te conto -- disfarçou o nervosismo -- Vai tomar o seu café, eu termino de dar a vitamina para ela.
-- Tem certeza? - Simone olhou duvidando da amiga.
-- Claro, você acha que eu não sou capaz de dar comida na boca de um neném?
Simone riu e entregou o prato para ela.
-- Então tá... qualquer problema é só me chamar.
-- Que problema poderá ter?
-- Daqui a pouco conversamos -- saiu rindo.
Minutos depois...
-- Alexandra, por favor, abre a boca, vai...-- Isabel já estava perdendo a paciência -- Olha o aviãozinho... vuunnn... -- nada dela abrir a boca -- O que você tem contra a minha pessoa? Quer que a Janaína me demita é?
Colocou o prato sobre o criado mudo, respirou bem fundo e resolveu usar de psicologia para faze-la se alimentar.
-- Olha meu amor. Eu sei que você está passando por um momento difícil -- sentou de frente para ela e tirou delicadamente os cabelos que lhe tinham caído no rosto - Mas, você tem que fazer um esforço e comer um pouquinho, entendeu?
Pegou novamente o prato.
-- A Isa vai até cantar uma musiquinha, escuta só que linda:
É hora de comer, lave antes as mãozinhas!
Senta na cadeira, que tem... saladinha!
Abra a sua boca e comece a comer...
Bem devagarinho!
Eu sou a Alface, prima do Agrião,
Amiga da Cenoura e do Pimentão....
Sentiu-se ridícula.
-- Qual é o seu problema, garota? Tá tirando uma com a minha cara é?
-- Então? - Simone entrou no quarto e sentou na cama.
-- Me conta o segredo... vai -- falou irritada.
-- Que segredo Isa? - perguntou rindo da amiga.
-- O segredo pra fazer ela abrir a boca. Porque só faltou eu dançar ula-ula pelada.
-- KKKKK... -- Simone deu uma gargalhada gostosa -- Acho que ela está te testando, Isa.
-- Muito engraçadinha ela -- acabou rindo junto -- Mas deixa, eu te coloco no prumo já, já, dona Alexandra -- passou a mão delicadamente pelo rosto dela.
-- Você chegou a falar com aquele cara que está lá na cozinha? Meu Deus, que homem insuportável. Bem que a Talita havia falado que ele atira para todos os lados.
-- Não, eu não cheguei a entrar na cozinha -- fez um sinal com a mão que Simone entendeu como: "mais tarde conversamos".
-- Entendi.... Agora, que tal se tentássemos comer mais um pouco, hein?
Simone ofereceu e Alexandra aceitou todo o resto da vitamina. Isabel ficou indignada.
Na cozinha
-- Precisamos conversar, Janaína. Os negócios da Alexandra estão parados. As boates precisam voltar com as apresentações de bandas e Djs, você precisa visitar os bares, assinar documentos, liberar dinheiro para que os gerentes possam tocar os negócios.
Janaína olhava para Gustavo com a garganta seca, uma gota de suor escorreu pelas têmporas. Deixou-se cair desanimada na cadeira.
-- De onde vou buscar forças para isso Gustavo? Se minha vida só tem sentido dentro de meu quarto, diante da foto de Giovana?
Se levantou para sair, Valéria ameaçou segui-la, mas ela a impediu.
-- Não, por favor, me deixe um pouco sozinha -- forçou um sorriso para Valéria -- Obrigada por ter me acompanhado até o cemitério, mas agora preciso realmente ficar só.
Tocou de leve no ombro de Valéria e saiu em direção ao quarto.
-- Essa garota não vai suportar tanta pressão. A Alex precisa voltar o mais breve possível.
-- Ela precisa de um tempo -- Valéria estava triste, a visita ao tumulo de Giovana na companhia de Janaína deixaria qualquer um arrasado.
-- Precisamos de alguém mais forte... uma pessoa como a Valentina... quem sabe? -- Gustavo falou e esperou a reação da garota.
-- Você só pode estar brincando.
-- Não estou. Estou falando muito sério. É a única pessoa que sobrou depois de Janaína. Afinal ela é a noiva da Alex... bem, preciso retornar ao trabalho, mais tarde retorno a essa conversa.
Depois da saída de Gustavo, Edna criou coragem para falar.
-- A dona Janaína precisa ajudar a dona Giovana a se desligar do mundo material.
-- Não estou te tendendo, Edna.
-- Eu trabalho a muitos anos para a dona Alexandra. Vinha aqui duas vezes por semana, fazia a faxina e ia embora. Agora devido aos acontecimentos, Janaína me pediu que viesse todos os dias.
-- Entendo. A Janaína não pode continuar a fazer os antigos afazeres domésticos. Por isso te chamou.
-- É isso. Conhecia muito bem a Giovana. Ela era uma pessoa maravilhosa, mas estava mais presa à vida corporal que à espiritual.
-- Pode uma alma, após a morte, permanecer presa à Terra? - Valéria estava assustada, com medo, mas a sua curiosidade era bem maior que tudo.
-- Sim, pode. Isso acontece muitas vezes. As almas presas à Terra são pessoas que, após a morte, não conseguiram desligar-se dos seus corpos físicos e da vida que levavam. Eles permanecem envolvidos pelo magnetismo terrestre, presos ao nível da crosta planetária, e não conseguem se desprender do apego à existência que já se encerrou.
-- O espirito fica por aqui em nosso meio?
-- Geralmente eles acreditam ainda estar vivos, e não entendem por que as pessoas não falam mais com eles. Essas almas possuem um acesso bem fácil aos encarnados, e podem mesmo se ligar psiquicamente a eles. Com isso, eles atrasam sua entrada nos planos mais sutis e permanecem em estado de perturbação e sofrimento.
-- Você acha que a Janaína pode ajudar a Giovana a se libertar desse sofrimento?
-- Pode... mas acho que, infelizmente, ela não quer...
Fim do capítulo
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Luh kelly
Em: 18/11/2015
Olááá Amada e querida Vandinha tudo bem?
Agora sim Isa parece estar segura, que hilária a cena dela pelada no quarto, Alexandra deve estar se divertindo e rindo horrores dela. Valéria parece estar afim de Janaina mas ela ainda é apaixonada pela Gi. Esse Gustavo é um tremendo oportunista o que será que ele pretende agora querendo botar Valentina à frente dos negocios. Ufaaa foi por pouco que Isa foi descoberta.
Amando e anseio por mais.
Beijão Lindona e até breve ;)
Resposta do autor:
Olá Luh. Comigo está tudo bem e com você? Espero que estejas bem. A Alex ainda vai aprontar muito para a Isa. Coitada. O Gustavo, com certeza, vai tentar de todas as formas tirar proveito da situação. Torcemos para que a Janaína não permita. Bjã meu anjo querido. Até.
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graziela
Em: 16/11/2015
Muito bom, divertidissimo pela Isa e Alex e ao mesmo tempo triste pela Jana.
Resposta do autor:
Oi Grazi. É tão triste tudo o que envolve a morte não é mesmo? Confesso a você que passei a ver a morte de uma outra forma, depois do falecimento do meu pai. Perder um ente amado é muito doloroso, mas com o passar do tempo você passa a compreender que a morte é somente uma passagem de uma dimensão para outra. Bjã garota. Continue comigo. Até.
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leiacris1
Em: 16/11/2015
Olá
Parabéns pela historia!
Gosto muito dessa parte que fala em espiritismo de forma leve e clara.
Esperando ansiosa o próximo capitulo
Resposta do autor:
Olá garota. Que legal te receber aqui. Seja bem vinda, meu anjo. Que Deus esteja acima de qualquer coisa,independente de crença ou religião. Sinta-se abraçada por mim. Beijos, beijos, beijos. Até.
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Lari Maciel
Em: 16/11/2015
Que bom que voltou logoo!!!
Kkkkkk RI demais! Isa é mesmo uma boba... Alex deve ter ficado louuca de raiva com Isa fazendo ela de boba...de criança rsrsrs... Que bom que Alex está voltando aos poucos...
E Valéria e Janaina....será,hennn??? Rrsrs... Humm...já gostei...
Tô super anciosa pra ler o próximo capítulo...!
Beeeijooo
Resposta do autor:
Olá Lari. É pra acabar, mesmo. Neném, aviãozinho...aí não dá né. Bjã garota. Até.
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