Capítulo 3
--Fala sério? O que é que você quer Tamires? ...
--Poxa querida! -falava a moça fazendo biquinho -- você me deixou sozinha aqui, se mandou para o Brasil, já sei que estava todas as noites em farras, você deveria me respeitar!
--Deveria o que? - a empresaria dava gargalhadas, quando conseguiu se controlar da crise de risos fitou a garota com uma expressão muito séria-você é doida! Eu estava no Brasil a trabalho, e além do mais não te devo respeito, nem satisfação, não te devo nada!
A garota continuava encarando Fernanda como se as palavras ditas pela mesma tivesse soando como um elogio, não se importava nem um pouco com o fora que levou, na verdade com os foras que levava frequentemente da empresaria.
Fernanda ficou com Tamires a alguns meses atrás em uma festa de boas vindas de um amigo, a garota era ruiva e tinha um corpo maravilhoso, sua beleza chamava atenção dos convidados e como sempre, a empresaria saia da festa com grande estilo levando consigo a mulher mais cobiçada da noite.
Só deus sabia o quanto ela se arrependia daquela noite, a garota não conseguia entender que não teria um futuro com a empresaria, a história delas deveria ter acabado na manhã seguinte, mas a ruiva encarnou em Fernanda e não largava mais do seu pé, vivia seguindo-a, e sempre que ela via Fernanda com alguma garota dava um show, espantando assim a pretendente. Tamires era um carma na vida de Nanda!
--Me deixa em paz garota! Como foi que conseguiu entrar aqui? eu já proibi a sua entrada, por favor vai embora - dizia a empresaria com a seriedade estampada no rosto.
--Para o amor nada é impossível!
-- QUE AMOR? você é doida criatura, o que você sente por me é obsessão, vai embora daqui ou vou chamar a segurança!
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-- Vou pedir uma pizza, e não estou perguntando se você quer comer, você vai comer! não vai me enganar como fez no almoço, você só comeu uma rodela de tomate, eu reparei bem! Dizia Cecilia indo em direção ao celular. Com o celular na mão ela visualizou no visor um número que ela conhecia bem.
--O que você quer Rafaela? -dizia Cecilia com raiva tomando as dores da amiga.
-- Ela está ai? Eu preciso falar com a Maria Luiza, fala com ela pra me atender, eu tenho o direito de me explicar!
-- Todas as explicações foram dadas pela sua amante, e quer saber do que mais, estou indo amanhã bem cedo na sua casa pegar as coisas dela, a sua entrada aqui na minha casa está restritamente proibida, e não procure ela no trabalho, já avisamos aos amigos traficante dela, e eles estão só aguardando a loirinha chegar lá, então deixa ela em paz!
A situação era cômica, e as palavras da amiga faziam Luiza se acabar de rir mesmo com a ferida sangrando em seu peito. Luiza sabia que Rafaela não iria procura-la depois da ameaça, mesmo sendo uma invenção de Cecilia acabaria surtindo efeito e isso seria bom, já que ela sentia que se visse a sua mulher naquele momento o seu coração pararia. Ela tinha muito que pensar e ter a loira que ela tanto amava por perto não seria uma boa ideia.
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Um mês e meio se passava, Fernanda mantinha seu foco no trabalho a sua empresa acabava de fechar um grande negócio, e logo ela teria que voltar para o Brasil, o que ela não gostava muito de fazer, a principal vantagem era ver os seus amigos, ela já estava com muitas saudades das besteiras da mariana e dos conselhos do Gabriel.
Maria Luiza seguia a vida, o trabalho era o seu único prazer, e o único momento em que ela se sentia viva, fora dele suas noites e fins de semanas eram regados com muitas lagrimas, tristezas e questionamentos sobre que momento ela tinha errado, o que ela fez para dar lugar ao coração da esposa para ficar com outra.
Cecilia não sabia mais o que fazer, todos os dias inventava alguma comida diferente, algum programa que conseguisse tirar a amiga de dentro do quarto e nada dava certo, Maria Luiza estava definhando em tristeza e mesmo fazendo terapia, solução sugerida por ela para a melhora da amiga, ela percebia que não estava surtindo efeito, cada dia que se passava a amiga estava mais triste e mais magra, resultado de noites mal dormidas, trabalho em excesso e sua atual falta de apetite.
Era uma noite de sábado Luiza e Cecilia organizavam algumas coisas na casa que desde a descoberta, passara a ser dividida pelas duas. Em meio a arrumações e uma animação unilateral em Cecilia, as amigas ouviram a campainha tocar, coisa não muito frequente naquela casa, quem seria aquela hora?
--Oi Gabriel tudo bem? - Luiza recebia o médico, convidando-o a entrar.
-- Oi lu, a gente pode conversar?
--Logico- depois das apresentações feitas, e que Cecilia por sinal adorou, os dois seguiram para o quarto de Maria Luiza.
-- Aconteceu alguma coisa? Teve algum problema com algum paciente? - a enfermeira dizia sem entender muito bem a visita do médico, eles eram colegas de trabalho e a relação deles não passava disso, a chegada de Gabriel só poderia ter relação com tal fato.
-- Na verdade não, eu vim aqui porque te procurei ontem à tarde e você já tinha ido embora, eu quero conversar sobre você.
--Sobre mim?
--Isso mesmo, -dizia o médico-Luiza as pessoas fazem comentários e eu não sou surdo, por isso já sei de tudo que aconteceu com você e como o seu casamento chegou ao fim. - dizia ele sendo interrompido pela colega.
-- Meu casamento não chegou ao fim!
-- Mas deveria- Luiza olhava com uma expressão indeterminada para o médico, mesmo assim ele continuou- você está se acabando por alguém que não te merece, eu sei que a gente não tem toda essa intimidade, mas eu estou vendo uma colega morrer aos poucos, e não fazer nada vai contra a minha índole!
-- Você precisa tomar uma decisão, ou volta logo pra Rafaela, passa uma borracha no passado e vão dar continuidade ao relacionamento, ou chega disso, você precisa se alimentar, vai acabar ficando doente e ter que abandonar a sua profissão que você tanto ama, você já se permitiu muito sofrimento, está na hora de erguer essa cabeça. Hoje quando for se deitar, não pense mais em tudo que aconteceu, pense em como você quer a sua vida daqui pra frente.
A enfermeira ficou surpresa com as palavras, ela se viu acolhida pelo médico, não que a amiga não fizesse isso, mas foi bom ouvir um concelho de alguém neutro na situação. Os dois saíram do quarto e Cecilia os aguardavam com uma deliciosa macarronada, o médico aceitou jantar com as meninas, a conversa entre Gabriel e Cecilia era animadora, Maria Luiza vez ou outra fazia algum comentário.
Luiza estava satisfeita com a noite, a muito não se divertiam tanto, mesmo não parando de pensar nas palavras do médico, ela conseguia rir das besteiras comentadas pela amiga, e via na atitude do médico um começo de uma grande amizade se formando.
--Então, no sábado vai ter uma festa típica de são João para os pacientes do hospital, vai ter uma banda de forró com direito até a sanfoneiro, as senhoritas estão convidadas, e não aceito não como resposta dona Maria Luiza- dizia o médico fitando a morena!
-- Que legal! vamos sim- respondia Cecilia pelas duas- ela vai nem que seja amarrada!
Luiza não ficou muito satisfeita com a ideia, a proposta era legal, mas ela ainda não estava pronta pra ir a uma festa, mesmo adorando forró, não tinha clima para farra. O médico se despediu depois de uma noite muito legal com suas mais novas amigas, e a caminho de casa se lembrou que ainda faltava um convite a ser feito.
--Oi amor! -dizia o médico a sua amiga das antigas.
--Lembrou de me? Achei que nem tinha mais meu número, deve ter arrumado uma nova amiga e me esquecido - a amiga dizia com um pouco de ciúmes pensando na situação.
--Menos Fernanda Aragão, ciúmes nem combina com você, vai chegar mesmo na sexta?
--Vou sim- respondeu a empresaria, achando graça da frase do amigo, realmente ciúmes não rolava com ela, "talvez por nunca ter amado ninguém" pensou a empresaria!
--Sábado vai rolar uma festinha no hospital, te pego as dezenove horas.
A conversa durou mais alguns minutos, o médico contou sobre o tema da festa, e sobre suas novas amigas que estariam lá, Gabriel contou por alto a história de Maria Luiza e Fernanda estava curiosa pra conhecer essa mulher que o amigo falava com tanto carinho. Na sua imaginação Luiza deveria ser muito feia, até porque, na cabeça dela uma mulher deve ser trocada sempre que outra mais bonita aparecesse.
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Maria Luiza não parava de pensar nas palavras ditas pelo médico, estava realmente na hora de resolver sua vida.
--Rafaela, a gente precisa conversar! - dizia a morena com determinação no seu tom-amanhã vou ai em casa as dez horas, tchau!
--Ok, respondeu Rafaela ainda surpresa com a ligação da esposa
Fim do capítulo
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