--Acorda Nanda!

Gente como eu odeio essa mulher! na melhor parte do meu sonho, quando eu finalmente consigo beijar a Bruna, a voz da Mary me tira daquele lugar lindo...

 -Mariana mendes é minha melhor amiga desde que eu me entendo por gente, uma dondoca que não faz nada da vida, aliás, faz sim, a família dela é dona de uma grande grife de moda a algumas gerações, e como uma boa patricinha, ela entende tudo sobre o assunto, acabou se formando na área por conta das cobranças da família, não por vontade própria. Atualmente ela finge que trabalha, as vezes vai na empresa, assina alguns papeis e em seguida volta as compras, como um pagamento pessoal pelo seu "esforço" do dia.

- Me deixa dormir, deixa de ser chata!

- Nada disso mocinha, você prometeu que ia comigo buscar o Ricardo no aeroporto. Espero que esteja com muita dor de cabeça, e muita ressaca pra aprender a não beber todas e pegar ... todas, quero só ver se um dia você não se acerta na vida. Você precisa de uma amor, uma mulher pra casar, pra ter filhos, como eu e o rick!

- Nossa! vi coraçõezinhos pelo ar. Você é ridícula! nesse momento tudo que eu preciso é de mais algumas horas na minha cama --voltei a fechar os olhos, e por um segundo imaginei uma mulher toda acabada com 2 crianças chorando ao mesmo tempo, uma no seu colo e outra um pouquinho maior puxando seu vestido. Com esse pensamento foi realmente melhor abrir os olhos.

-Isso nunca vai acontecer comigo, casamento são para idiotas, vou viver pra sempre pegando todas. Amiga! peguei uma morena ontem, que mulher, que .... Um espetáculo!

- Então aproveita e liga pra morena, chama ela pra almoçar, você pegou o número dela, né?

- lógico, mas joguei fora na saída da balada! --Eu não fazia essas coisas intencionalmente, no início essa fama de pegadora até me incomodava, daí percebi que passei a pegar muito mais mulheres depois disso, quanto mais a minha fama aumentava maior era a quantidade de gatas. Bom, as vezes encontrava umas malucas que não saiam do meu pé, mas como fico o tempo todo entre o brasil e a suíça era sempre fácil despistar.

A minha família é dona de uma construtora, quando meu pai morreu 5 anos atrás, eu tive que tomar conta de tudo, minha mãe nunca se importou muito com os negócios. Meu pai descobriu um câncer já em estado avançado quando eu estava terminando a faculdade, me formei em administração e em seguida pra aproveitar o ritmo, ingressei na pós. Ele me treinou cada dia até não ter mais força, para que eu pudesse cuidar dos negócios e não afundar a empresa que o meu avô e ele trabalharam tanto pra construir. 

 
Eu estava dando conta do recado, o trabalho era puxado e tomava quase todo o meu tempo, e quando eu não estava nele, ou resolvendo alguma coisa dele, estava na segunda e terceira coisa que mais me dava prazer, festas e mulheres!

Xxxxx

Estávamos no aeroporto e sem sombra de dúvidas meu humor não era dos melhores, o voo tinha atrasado mais de uma hora e eu estava impaciente e sem saco pra os mimimis da Mary de como o amor dela e do Ricardo era perfeito.

- Eu não consigo acreditar que sai da minha cama pra ficar ouvindo suas chatices, mariana eu estou com dor de cabeça, para de falar por dez minutos --ela fez uma cara emburrada, mas eu realmente não ia me desculpar, eu só queria que ela calasse a boca!

- Se você não fosse chefa do meu marido eu nunca mais falava com você!
--Ricardo trabalhava pra minha empresa desde a época que meu pai era vivo, ele era o braço direito dele e continuou sendo o meu, depois de me, a pessoa que mas tinha amor aquela empresa era ele.

-- Você não deixaria de falar comigo porque você me ama, graças a me você conheceu o Ricardo, e eu te aturo desde a quarta série, então, nem vem com essa!

Ela apenas confirmou com o olhar, eu estava olhando pra o nada e reparei em duas mulheres que também esperavam o desembarque, provavelmente aguardavam o mesmo voo, uma era loira, alta tinha os olhos claros, um rosto bonito, e um corpo maravilhoso, a outra era baixinha morena cabelos longos, um rosto angelical, não tinha uma expressão sexy como a loira, pelo contrário, era meiga, delicada o tipo de pessoa que deveria ser... cuidada.

A loira mexia no celular, enquanto a morena falava alguma coisa, ela parecia animada com a história, a loira vez ou outra olhava pra ela, afirmava com a cabeça e voltava pra o celular. Eu me vi naquela situação, já fiz tanto isso, ficar fingindo me importar com alguma história que alguém estava contando.

 A loira tocou no rosto da morena e não foi um toque com carinho, foi mais como se ela quisesse que a morena calasse a boca. Nesse momento eu observei a morena ficar quieta e reparei na aliança que ambas usavam, elas eram casadas!

"Por isso que nunca vou me casar, por esse tipo de coisa que não quero um relacionamento", Fiquei pensando nisso e continuei observando a morena que se mostrava triste, mas fingia que estava tudo bem, ela olhou na minha direção e o olhar dela me deu um arrepio, não sei se era por medo dela ter reparado que eu assistia o dilema das duas, ou se foi a tristeza nos olhos dela, que me fez ter aquela sensação. Eu queria abraça-la e dizer que ela nunca mais teria o olhar choroso, ou com tanta dor. Balancei a cabeça pra tentar voltar a razão, eu nem conhecia a criatura e queria cuidar dela. Eu em Fernanda Aragão, tá convivendo muito com a doida da mariana! Naquele mesmo instante Ricardo apareceu sorrindo no portão do desembarque, mariana saiu correndo ao encontro dele e eu fui atrás. Depois das boas vindas, olhei e não vi mais a morena dengosa, nem a gostosa da esposa dela.

xxxxx

No carro, Luiza reparava pelo vidro na paisagem, nas pessoas da rua, e não dava uma palavra, a conversa fluía entre Rafaela e sua mãe que tinha acabado de chegar de viagem, e reclamava do atraso do voo, a sogra da Luiza tinha vindo pra ajudar com os preparativos da festa de 6 anos de casamento das meninas que seria em 2 meses, ela estava pirando com a ideia de ter a sua sogrinha por 2 meses na casa dela. Rafaela colocou a mão na coxa da Luiza quando parou no sinal vermelho e perguntou:

-Tudo bem meu amor?

-Sim, tudo bem!  -Luiza respondeu sem olhar para a esposa.
 O caminho até a casa delas não era longe, mas Rafaela ainda tinha que ir até o outro lado da cidade onde Luiza trabalhava, ela era enfermeira e trabalhava em um posto de saúde de uma grande comunidade, marcada por violência e uma grande população, para Luiza isso pouco importava, esse era o único posto da região e ela trabalhava de sol a sol, tanto que o gerente do posto devia várias horas extras pra ela.
No início só foi para aquele local por conta de um concurso que ela passou na prefeitura, após um mês de serviço ela estava encantada com as pessoas daquele local. Rafaela que era gerente geral de uma rede de lojas de departamento muito famosa no Rio de Janeiro, odiava o emprego dela e vivia criticando, quando a prefeitura mandou um comunicado de transferência para que ela fosse pra uma UPA próxima da casa delas com um cargo melhor e Luiza não aceitou por amor a comunidade, elas brigaram por dias até que Rafaela cedeu e cansou de questionar, mas sempre dizia que qualquer hora os traficantes iam tomar o carro dela ou coisa pior ,e ela estaria colhendo o que plantou.

Luiza chegou no trabalho era um sábado e teoricamente ela não precisava trabalhar, mas como tinha uma campanha de vacinação contra a gripe, ela iria outra vez fazer hora extra, o que tinha provocado uma briga entre as duas, já que rafa teria que ficar sozinha com a mãe enquanto Luiza fazia o seu papel de boa samaritana como rafa sempre dizia.

xxxxx

-- Lindona! -Dizia Gabriel, o outro melhor amigo de Fernanda.

--Oi meu amor, e ai? quer dá um pulinho aqui em casa? A gente podia pegar uma piscina, aproveitar o sábado!

--Ricardo chegou bem?

--Chegou sim, e logico Mary não vai sair do quarto por um bom tempo! -Eles deram muita risada, era sempre bom debochar da amiga.

--Não vai rolar amor, estou em uma campanha de vacinação aqui na comunidade.

--Não entendo essa sua vocação para ajudar pobre, um médico com especialização em tudo quanto é coisa, dono da metade de um maravilhoso hospital, que fica enfiado dentro de uma favela.

--Justamente por isso love, eu já tenho dinheiro de sobra, tenho que ajudar a quem não tem, você deveria tentar, faz tão bem pra saúde! -Disse o amigo ironicamente.

Gabriel estava apenas alfinetando a Fernanda, ela tinha esse jeito durão mas era uma manteiga derretida, a sua empresa fazia vários bailes beneficentes, e depois que ela herdou a empresa da família, dedicou uma boa parte dos seus lucros pra ajudar em construção de casas populares pra pessoas desabrigadas.
-- tudo bem meu amor, mas você vai ficar me devendo uma visitinha, já vou voltar pra suíça e mal te vi.

--love, você tem que ficar mais tempo aqui, ficar gerindo a empresa de lá é um erro, volta pra cá.

--Impossível gato, as festas de lá são muito mais animadas.

--Na verdade eu ainda acho que você tem medo de reencontrar com a Bruna.

-- A Bruna é passado, vamos parar?

--Tomara que realmente um dia passe. Te amo love!

--Tchau chato!

Bruna era a ex da Fernanda e na verdade a única mulher que conseguiu entrar em seu coração, mas com as farras e a infidelidade dela o relacionamento não foi pra frente, ainda existia muita culpa em Fernanda por ter perdido a Bruninha por sua falta de vontade de ter uma relação, ela gostava muito dela, mas sentia que ainda não era o amor da sua vida, na verdade se perguntava se esse sentimento realmente existia.

xxxxx

Um mês e meio se passava, a vida de Luiza estava uma correria, sua sogra estava enlouquecendo-a com tantos recriminações, questionava sobre tudo, os fazeres da casa, os detalhes para a festa, o jeito que ela lidava com o seu relacionamento, tudo, exatamente tudo
Abrir os olhos era um tormento, no meio da semana seu refúgio era o trabalho, mas no fim de semana ela não tinha pra onde correr, e nesse sábado o seu suplicio estava apenas começando.

Mesmo sem querer abrir os olhos e aguardando tudo que vinha pela frente o telefone de Rafaela insistia em tocar, e a música era muito irritante, a esposa estava no banheiro, e ela tinha percebido pelo som da água caindo no chuveiro.

--Fala sério! quem liga pra alguém as 7 da manhã em pleno sábado? AMOR SEU TELEFONE TÁ TOCANDO -gritou Luiza sem obter nenhuma resposta. ------Surda! -Disse ela com raiva, apanhando o celular que estava ao seu lado, ao atender, antes que ela dissesse oi ou se identificasse, ouviu uma voz de mulher que cheia de dengo dizia:

--Poxa amor, você disse que chegaria aqui as 6, eu estou te aguardando há quase uma hora, vou comemorar nosso aniversario de namoro de 1 ano sozinha? E nem vem me dizer que a chata da Luiza te deixou presa mais uma vez, eu sei que ela dorme o sábado inteiro, enquanto claro! você tá aqui comigo.
-Luiza não tinha reação, não acreditava nas palavras ditas por alguém que ela nem conseguia imaginar o rosto, como assim? Amor? Chata da Luiza? sabia que a um ano sua esposa fazia aula de dança aos sábados pela manhã e sempre voltava a tarde e em algumas noites saia, mas nunca nem em mil anos ela imaginaria que ela teria um caso!

Luiza tremia e seus olhos estavam cheios de lagrimas ainda segurava atônita o celular no ouvido, era como se ela quisesse naquele momento que o mundo parasse pra ela descer, a voz continuava insistindo:

--Amor? amor? RAFAELA FERNANDES, DA PRA RESPONDER?
Naquele instante Rafaela saiu do banho, e pela cara da sua esposa com o seu celular na mão, o que ela mais temia tinha acontecido, tudo viria abaixo e seu casamento... "nossa que merd*"

--Rafaela tá no banho!

Fim do capítulo