A ruiva apenas fez um gesto afirmativo com a cabeça, Duda e Cris saíram do hospital e ficaram paradas na porta se olhando sem saber pra onde iriam.

--Você quer ir aonde? -Duda quebrou o silencio.

--Se você não se importar, queria ir pra minha casa, não quero chorar e acabar dando show em público, aqui nessa cidade todo mundo me conhece e metade das mulheres iriam adorar me ver assim.

--Elas devem ter motivos pra isso né! Você varreu a cidade inteira e não perde tempo, a Tati te dispensou e você já quer me levar para o matadouro. -Cris a encarou séria. --Brincadeira, tudo bem vamos eu te sigo de moto. -Duda falou pegando o capacete.

--Vou com você na moto, não acho uma boa dirigir com a cabeça assim. Depois eu volto com você e pego meu carro ou então pego amanhã.

Duda deu o outro capacete pra Cris, subiram na moto, ela foi explicando o caminho, por esse motivo teve que ficar colada em Duda, o vento batendo contra elas fazia o perfume de Duda entranhar em seu nariz deixando Cris com frio na barriga.

Cris deu graças a Deus quando pararam em frente sua casa, não entendia porque aquele cheiro mexia com seus extintos daquele jeito. Entraram na casa em silêncio, Cris foi direto na cozinha pegou uma cerveja e voltou em direção a Duda.

--Só não te ofereço porque você está de plantão. -Cris falou rindo.

--Não bebo mas como e estou morta de fome então ligue pra algum lugar e peça uma massa pra gente.

--Sim senhora! -Cris falou debochando.

--Mas e ai me fala, como foi lá com a Tati?

--Foi horrível, atirei minha pequena nos braços de Nath, cortou meu coração ve-la daquele jeito, sofrendo por não está com a Nathalia.

--Olha Cris eu amo a Nath e acredito que ela vai voltar pra mim um dia, tudo que a gente viveu foi muito intenso, mas resolvi viver minha vida, nada que eu faça agora vai fazer ela me enxergar, ela ta enfeitiçada.

--Queria pensar assim, mas Tati nunca foi minha, sei que ela me ama e até me admirava mas como amiga, esfreguei tantas mulheres na cara dela, que acabei com o amor que ela sentia por mim.

--Cara sei que vocês eram amigas, mas você nunca deu uns pegas nela?
--Não. Sempre a vi como um bebê, uma irmã mais nova, só quando descobri que elas estavam namorando percebi a mulher que ela é e o que sentia por ela.

--Agora é tarde, se eu fosse você faria essa fila andar, eu já to andando com a minha e amanhã vou pegar a ruiva novinha.

--Vai ficar com a menina pensando na Nath, ela é uma copia mal feita dela.

--Não importa, só sei que não vou mais me arrastar aos pés dela. Até porque se eu continuar fazendo isso, nunca vou te-la de volta, Nath sempre me disse que só seria capaz de amar alguém que respeitasse e admirasse.

--Vou pensar nisso.

As duas ficaram ali conversando, pediram comida e só se deram conta de como a hora passou quando o rádio de Duda tocou, era do hospital. Duda se assustou ao ver que já era quase meia noite.

--Cris preciso ir, amanhã quando sair do plantão te ligo.

--Ta bom Duda, obrigada por me fazer esquecer um pouco tudo isso.

Na despedida sem querer acabaram dando um estalinho fazendo elas se olharem sem saber o que dizer.

--Eu já vou. -Duda falou de cabeça baixa, quebrando o clima.

--Ta bom, cuidado na rua, amanhã eu pego meu carro. -Cris falou ainda meio em transe.

Duda foi embora e Cris se jogou no sofá da sala, passando a mão nos lábios e lembrando do beijo, mesmo que rápido conseguia sentir o toque dos lábios de Duda nos seus, acabou adormecendo com o pensamento em Duda.




***



No apartamento de Nath, elas jantavam como de costume, Tati sentada no colo de Nath, um único prato na mesa entre beijos e carinhos.

--Amor a gente tem que parar com essa mania, fico mal acostumada, quando não podemos comer assim sinto falta e acabo não comendo direito.

--A gente não precisa mudar o que gostamos, sempre que puder vamos comer assim pra você não sentir falta, sempre vou mimar você minha princesa.

--E eu a você.-Tati falou pegando um pedaço da quiche e dando na boca de Nath.

--Amor, depois desse nosso desentendimento, eu pensei em uma coisa e se você aceitar, serei a mulher mais feliz do mundo.

--Eu já aceitei casar com você sua boba. -Tati falou dando um selinho.

--Eu sei, mas não quero esperar nem mais um minuto pra viver com você, pensei em fazer um almoço amanhã e chamar alguns amigos nossos, oficializar nossa relação, e no domingo ir até campos falar com os seus pais e marcar a data do casamento.

--Meu amor é tudo que eu mais quero, mas tem uma coisa que você não falou, onde vamos morar? Aqui ou lá em casa?

--Sabia que ia querer saber disso, bom eu adoro esse apartamento e tenho contrato de dois anos não posso entrega-lo sem pagar uma multa violenta. Em contra partida amo sua casa, ela é a sua cara. Então pensei em manter os dois, ficaríamos aqui durante a semana, porque é mais perto de tudo e no final de semana a gente iria para o nosso ninho de amor. O que você acha?

--Ai meu amor, acho que eu não teria uma ideia melhor.-Tati falou enchendo Nath de beijos.

--Então vamos pra cama, pois quero amar minha esposa a noite toda.-Nath falou se levantando com ela nos braços.

--Amor a louça, não vai nem botar na pia?

--Amanhã Tatiana, hoje tenho coisas mais importantes pra fazer. -Nath falou jogando Tati na cama e deitando sobre ela...



***


Duda chegou no hospital correndo, ao se deparar com o movimento aparente normal, indagou a residente que andava mexendo com seus hormônios.

--Porque você me chamou? Até você daria conta desse PS sozinha. -Duda falou indignada, pois só tinha três pacientes aguardando atendimento e nenhum em estado grave.

--Estava na hora do repouso de um dos médicos e pediram pra que eu te chamasse. -a ruiva falou com um sorriso de deboche

--Posso saber o porquê do risinho? -Duda falou fingindo irritação

--Pela sua cara, você estava gostando de emprestar o ombro pra sua amiga chorar pela noiva de sua ex. -a ruiva falou com a cara mais debochada do mundo

--Pelo visto as notícias correm aqui nesse hospital, chegou hoje e já está sabendo de tudo isso? -Duda falou arqueando a sobrancelha e mexendo nos cabelos, movimento que fazia quando estava incomodada.

--Não posso negar que a rádio corredor daqui é ótima, melhor do que de muitos hospitais que já passei. -a ruiva falou caindo na risada, seguida por Duda.

--Então você já sabe que tenho uma ex, provavelmente sabe que a amo e que só arrumei problema desde que cheguei? -Duda falou meio sem jeito

--Algumas coisas eu ouvi outras eu percebi no ar, já que a vida dos funcionários é mais movimentada do que o PS.

--Está reclamando gata? Se passasse um dia na emergência em que trabalhei no Rio, iria achar aqui um paraíso. -Duda falou com risinho de lado.

--Jamais reclamaria, apenas estou constatando um fato. -a ruiva falou encarando Duda

--Bom, acho que temos uma conversa pra terminar. -Duda falou com os olhos semicerrados, usando toda seu charme

--É, temos. -a voz da ruiva quase não saiu.

--Então, você não me disse qual é a sua idade. Posso saber ou é segredo também?

--Pode sim, tenho 24 anos, termino a faculdade no fim do semestre e estou fazendo especialização em Clinica Médica.

--Hum, temos muito em comum, também terminei com 24 anos.

--Acho que temos muito mais coisas em comum Doutora! -a ruiva falou olhando Duda com cobiça
--Você é sempre direta assim, ou foi eu que perdi a deixa. -Duda falou desconsertada por ser cantada na cara dura por uma menina

--Me acostumei a sempre ir atrás das coisas que eu quero.

--Você está dizendo que me quer?

--Não achei que precisasse dizer, mas…

--Ok. Te subestimei e você está me dando uma lição. -Duda falou se aproximando da ruiva

--Não estou te dando lição, gostei de você. Quando entrei aqui e te vi clinicando, te quis e como percebi que você estava me dando bola, fui direto ao ponto. Não tem porque, ficar nessa enrolação se eu quero te dar uns beijos e você se pudesse o faria agora. - a ruiva falou encarando Duda fazendo seu corpo estremecer

--Com você é sem rodeios né! Então vamos lá. Não vou mentir, te achei uma gatinha quando te vi hoje cedo e fiquei sim de olho em você o dia todo, mas não quero nada sério com ninguém, resolvi tocar minha vida em frente, mas amo a Nath e a hora que ela quiser eu volto pra ela.

--Não sei como é na cidade que você morava, mas de onde eu venho as pessoas ficam sem compromisso e beijo não obriga ninguém a casar. -a ruiva falou debochando

--Tudo bem mocinha engraçadinha, só quis ser sincera, já enganei muita gente e agora estou tentando me regenerar.

--Tranquilo, eu entendi só quis tirar um sarro com a sua cara. Agora de uma coisa eu gostei, sai na vantagem com você.

--1x0 pra você, mas vai ter troco. Só não entendi uma coisa, que vantagem?

--Você disse que me ama. -a ruiva falou rindo

--Não eu não disse isso. -Duda a encarou confusa

--Você fez tantas perguntas ao meu respeito, pensei que não tinha perguntado porque já sabia, mas pelo visto não sabe o meu nome não é? -a ruiva falou com um sorriso de vitória nos lábios

--Nossa que gafe a minha, não perguntei e não sei mesmo. Espera aí, seu nome é Nathalia?

--Quase, meu nome é Natasha, mais todos me chamam de Nat.

--Ai meu Deus eu não acredito, o senhor deve estar brincando comigo! -Duda falou colocando as mãos no rosto e balançando a cabeça em negação

--Não precisa ficar assim, conheci a Doutora Nathalia mais cedo, e sei que me pareço fisicamente com ela, e que devo lembra-la quando tinha a minha idade e que provavelmente foi isso que chamou sua atenção em mim.

--Foi e não foi. Claro que foi inevitável a comparação, mas sempre gostei de ruivas e você me chamaria atenção de qualquer jeito.

--Menos mal, pelo menos não vai estar 100% pensando na outra. -Natasha falou gargalhando

--Menina, quanto mais te conheço mais me surpreendo. -Duda falou próxima ao rosto dela, dando um selinho de leve em sua boca

--Decifra-me ou te devoro. -a ruiva falou e deu uma piscada pra Duda

--Acho que preciso de um café. - Duda falou e saiu em direção a lanchonete.



***



No apartamento de Nath, as duas se amavam como se não se vissem a meses. Eram quase três da manhã, quando Nath conseguiu convencer Tati a dormir, pois tinham um almoço pra organizar.

--Princesa, vamos dormir. Amanhã temos muita coisa pra fazer e vamos estar cansadas. -Nath falava se esquivando das carícias de Tati que parecia nunca se cansar

--Amor quero você, quero te sentir, ter certeza de que é minha. -Tati falava sussurrando no ouvido de Nath fazendo ela se arrepiar

--Meu amor, de hoje em diante a gente nunca mais vai se separar, você já é minha esposa e vamos tornar oficial o mais breve possível, eu sou só sua e você vai me ter todos os dias.

--Tudo bem, mas quero você quando acordar. -Tati falou fazendo bico

--Não precisa fazer bico meu amor, vou ser sua sempre que quiser.

Tati se aconchegou no peito de Nath, depois de trocar um beijo apaixonado selando o amor das duas, adormeceram feito anjos.

Tati acordou primeiro que Nath, levantou na ponta do pé, pegou o celular e foi em direção a sala.

--Oi Jú, bom dia!

--Bom dia Tati! Pela sua voz, ótimo dia. -Jú falou rindo

--Não poderia ser melhor, me entendi com a minha fada ruiva. Vamos nos casar e vai ter um almoço hoje aqui em casa para os amigos e preciso da sua ajuda.

--Nossa Tati, é muita informação. Que vocês vão se casar eu sei, mas que almoço é esse hoje?

--Nós vamos morar juntas, na verdade já estávamos morando, só que agora é oficial e vamos nos casar o mais breve possível.

--Tá, e o almoço entra onde?

--Vamos oficializar a relação com um almoço para os amigos. E como a Nath sempre faz tudo, resolvi fazer uma surpresa pra ela.

--Entendi, no que posso te ajudar?

--Vou tomar um banho rapidinho, e vou na padaria pois quero fazer um café da manhã para minha esposa, queria que você fosse na adega encomendar o vinho, comprasse o restante das bebidas e mandasse entregar aqui. O almoço e sobremesa vou encomendar pelo telefone mesmo.

--Só isso. Pode deixar, te encontro em frente o mercado em meia hora.

--Obrigada Jú. bjs

--Bjs Tati

Tati foi até o quarto, Nath parecia estar desmaiada, pegou uma bermuda e uma camiseta e foi para o banheiro, tomou um banho rápido e saiu rezando pra Nath ainda estar dormindo.

--É meu amor, acabei mesmo com você! -Tati falou rindo e admirando seu amor dormir

Fim do capítulo