Capítulo 38
Capitulo 38 - Contagem Regressiva
-- Rafaela.... Rafa... - Roberta chamava do lado de fora do quarto - Abre a porta agora.
-- Caramba Beta. Qual o seu problema? - Abriu a porta e espreguiçou-se - Precisa fazer todo esse escândalo?
-- Só assim para acordar vocês. Estou aqui chamando feito uma boba e nada - entrou no quarto feito um furacão - Duda levanta -- puxou a coberta de cima da garota e jogou longe.
-- O que é isso? Surtou foi? - Eduarda virou para o outro lado e voltou a dormir.
-- Duda vai, levanta - Roberta estava irritada - Vocês vão ter um dia super corrido hoje, inúmeras coisas para resolver.
-- Calma Roberta, o casamento é amanhã ainda, porque todo esse estresse? - Caminhou calmamente até a cozinha - Hum, que linda.... Uma cesta de café da manhã.... Quem mandou?
-- Adivinha... - revirou os olhos.
-- Foi a Dú? - Sorriu - Sempre fofa - abriu a embalagem e escolheu alguns produtos para comer - Até parece que é você quem vai casar.
-- Antes fosse me cansaria bem menos. Você não imagina quanta coisa já fiz hoje enquanto vocês dormiam de conchinha - pegou um biscoito caseiro da cesta.
-- Você é paga para isso mana e; muito bem paga, diga-se de passagem - pegou um mini bolo de chocolate da cesta.
-- Grossa. Faço isso porque amo vocês - pegou um bombom.
-- Eu sei disso. Falo só pra te chatear mesmo -- afagou os cabelos negros da irmã - Na verdade não sei nem por onde começar.
-- Que tal começar chamando a Duda? Ela tem que provar a roupa e ir comigo para a mansão -- respirou fundo - Lá sim vai estar agitado. Um casamento no jardim de casa é sempre cheio de detalhes. Mesmo com tantas pessoas envolvidas no trabalho, preciso estar presente para fiscalizar - sorriu sentindo-se importante.
-- Essa roupa da Dú está uma novela, tadinha. É tanta gente dando opinião que daqui a pouco ela se emburra e casa de bermuda.
-- Mas eu também não achei legal ela casar de vestido como você. A Duda é toda agitada é capaz de querer subir em uma árvore, pensei em algo diferente para ela e ficou lindo. O Jorge também amou.
-- Não vão querer enfiar um terno nela, se não ela não casa. A Dú odeia isso - retirou um cookie da cesta.
-- Claro que não. Vamos fazer mais o estilo usado por Ellen DeGeneres em seu casamento - sorriu satisfeita.
Eduarda entrou na cozinha com a maior cara de sono.
-- Dú meu amor melhora essa cara se não vou pensar que não quer mais casar comigo - beijou a face da garota sonolenta.
-- Na antiguidade, os sacrifícios faziam-se no altar. Atualmente esse costume continua - Eduarda levantou os braços preparando-se para levar uma surra.
-- Só não te bato porque posso quebrar um braço, uma costela e ai adeus casamento - Rafaela falou irritada.
-- Que estresse amor foi só uma brincadeirinha - tentou beijar a morena, mas ela fugiu.
-- Enquanto vocês brincam, o tempo passa - Roberta levantou e foi em direção ao quarto - Só vou pegar minha bolsa Duda.
-- Eu nem tomei café amor - choramingou para Rafaela.
-- Bem feito, ficou de bobiça - colocou na mesa um suco, sucrilhos e biscoito integral - Pra você amor - beijou a loirinha na boca e saiu em direção ao quarto - Vou me aprontar tenho que sair com a Claudia.
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-- Rafa não esqueça que as suas amigas de Santa Catarina chegam as 15h00 - Claudia acompanhava Rafaela na última prova do vestido.
-- Nem me lembre disso Claudia. A Dú falou para leva-las para a mansão, mas não sei se seria uma boa ideia -- pausou pensativa - Talvez elas não tenham a cabeça tão aberta quanto ao nosso pessoal e de alguma maneira magoem a Dú ou os nossos amigos.
-- Elas não eram as amigas perfeitas, Rafa?
Ao menos era o que Rafaela pensava na época em que morava em Joinville. Saia com as amigas e as achava o máximo. Eram pegadoras, bonitas, sensuais e também interesseiras, orgulhosas e maldosas.
-- Vou deixa-las na mansão e pedir para que Roberta fique de olho nelas. Com a Beta por perto elas não vão aprontar - olhou-se no espelho e gostou do que viu.
-- Ficou lindo, Rafa!!! - Bateu palmas entusiasmada.
-- Obrigada - fez referência agradecendo os aplausos.
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Na mansão Eduarda também provava o seu traje.
-- Jorge, estou parecendo um pai de santo - reclamava em frente ao espelho.
-- Você está linda, deixa de ser chata - suspirou fundo.
-- É verdade Duda, você está lindíssima amor - Roberta beijou-lhe a face com carinho - Parece um anjo.
-- A oma e a Bába não podem me ver? -- ansiosa, perguntou enquanto batucava os dedos no queixo.
-- NÃO - os dois responderam em coro.
-- Porque não? - Colocou as mãos na cintura e fez bico.
-- Porque é surpresa, ora bolas - Roberta encerrou o assunto - Agora tira a roupa e vamos descer para resolvermos outros assuntos. E desemburra - finalizou.
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-- Uau Rafaela, limusine com chofer, balde de gelo e espumante... Que luxo meu Deus!!! - As amigas de Rafaela estavam em êxtase com tanta suntuosidade.
Rafaela fez questão de receber as amigas pessoalmente no aeroporto e as levar para a mansão. Assim evitaria que as perguntas fossem feitas a outras pessoas e não a ela.
-- Quando me contaram sobre o seu casamento com uma mulher eu logo imaginei que não seria com uma mulher qualquer - sorriu maldosa - Até comentei com as meninas: Aí tem. A Rafaela nunca foi lésbica, se ela está casando é porque tem muita grana rolando - serviu-se de champanhe. Bebeu de olhos fechados e ficou com a borda do copo comprimindo os lábios.
Rafaela estava com o estomago embrulhado. Em pensar que essas eram as pessoas com quem passou toda a adolescência, curtiam, festavam e namoravam juntas. Como eram vazias e interesseiras.
-- A sua princesa não tem um irmão? Que não seja gay lógico - risos.
-- Não. Ela é filha única - respondeu seca.
-- Melhor pra você né amiga, única herdeira. Pena que não possam ter filhos - a amiga ruiva comentou fingindo estar pesarosa.
-- Porque não? Rafaela fez questão de jogar na cara da amiga.
As amigas olharam-se admiradas.
-- Como assim? Você vai engravidar? - Intrigada a ruiva perguntou.
-- Teremos filhos biológicos. Nós duas contribuiremos para o seu nascimento. Vou engravidar a partir de um óvulo de Eduarda - Nem havia conversado com Eduarda sobre o assunto, mas não aguentou, teve que falar, só pra ver a cara das amigas.
-- Sério? E isso é possível? - Estavam confusas.
-- Sim. É possível. E estou confiante que serão loirinhos de olhos bem verdes -- o sorriso de Rafaela brilhou para espanto das amigas.
Chegaram à mansão e foram recepcionadas pelo mordomo dos Jeser.
-- Senhoritas. Sejam bem-vindas. O senhor Eduardo lhes aguarda - foi na frente mostrando o caminho.
-- Rafaela essa mansão é coisa de cinema - a amiga morena arregalou os olhos surpresas.
Rafaela nada falou, apenas revirou os olhos.
Eduardo assim que viu a futura nora levantou-se e foi recepciona-la.
-- Meu amor, que bom te ver - beijou sua cabeça com carinho - E vocês devem ser as amigas que vieram de Joinville para participar do casamento - beijou a mão de cada uma das moças de forma amável - Sejam benvindas e sintam-se em casa.
-- Obrigada -- responderam em uníssono.
-- Onde está a Dú? - Perguntou ao futuro sogro.
-- Dudinha está com Roberta lá fora acompanhando a preparação do jardim - falou sorrindo.
Bárbara aproximou-se de Rafaela e das amigas dela, com a sua costumeira simpatia.
-- Por favor, queiram me acompanhar até seus aposentos. Suas bagagens já foram retiradas do carro - forçou um sorriso.
Rafaela olhou para as amigas que estavam abobalhadas com tanta cerimônia na recepção.
-- Vão com Bárbara e ajeitem-se. Agora só iremos nos ver amanhã durante o casamento. Então se cuidem e como falou o anfitrião, fiquem à vontade - assoprou um beijo para as amigas e foi atrás da loirinha.
No jardim haviam tantas pessoas que foi difícil de encontrar Eduarda e Roberta, era um corre-corre louco de funcionários de uma empresa contratada com o objetivo de entregar tudo pronto até o final do dia.
A garota de cabelos loirinhos estava sentada de costas em uma mesa com os pés em cima de uma cadeira.
Rafaela se aproximou por trás e cobriu-lhe os olhos com as mãos.
-- Adivinha - sussurrou disfarçando a voz.
-- Deixe-me ver - parou fingiu estar pensando - Perfume Ricci Ricci Eau de Parfum, mãos macias como as de um bebê e com a aliança de noivado mais linda do mundo? Não sei - sorriu radiante.
-- Perdeu a oportunidade de ganhar o beijo mais gostoso de todos - sussurrou no ouvido da loirinha.
-- E se eu pegar a força? - Puxou-a para ficar frente a frente.
-- Aí não tenho com negar -- sussurrou entre beijos estalados.
-- Posso saber o que a senhorita faz aqui? - Roberta olhou-a fixamente.
-- Vim ver a minha noiva, oras -- pousou a testa sobre a dela.
-- Que fofo. Daqui a um ano quero ver esse Love todo - riu debochada.
-- Beta você sabe que o primeiro ano é o mais difícil. Os restantes são impossíveis... Aiii... Amor, esses seus beliscões estão ficando cada vez mais doidos sábia?
-- É que quanto mais intimidade mais fortes vão ficando. Sábia? - Beijou o local que beliscou.
-- Sendo assim daqui a alguns anos não serão mais beliscões, serão praticamente amputações - apertou a morena contra si.
-- Na verdade vim até aqui para trazer a Natalia, Vera e a Simone - sentou-se à mesa ao lado de Eduarda.
-- Há tá. Quer dizer que vou ter que aturar aquelas piranhas andando por aqui? - Roberta reclamou mal-humorada.
-- O que é isso Beta? São amigas da sua irmã - Eduarda chamou a atenção da garota.
-- Você fala isso porque não as conhece bebê - falou irônica.
-- Não se preocupa amor, a gente vai cuidar bem das suas amigas, tá - beijou a boca da morena.
-- Eu sei que sim - devolveu o beijo e olhou atravessado para Roberta - Como estão os preparativos?
Uma estrutura sofisticada para muitos convidados foi construída para a festa, o mobiliário utilizado foi de madeira, vime natural e fibras naturais. Parte do mobiliário eram peças exclusivas como cadeiras antigas, mesas e baús do acervo de uma empresa de decorações. Várias mesas compridas de 50 lugares foram montadas, intercaladas com mesas de madeira e ombrellones.
-- Modéstia à parte será o casamento do ano. Não poupamos em nada né Dudinha. Amanhã você verá o resultado final - deu pulinhos de satisfação.
Eduarda e Rafaela riram da felicidade de Roberta.
-- Então se vocês não precisam de mim para nada, já vou indo - beijou Eduarda na boca - Até amanhã amor e nada de despedida de solteira - deu um tapa na loira -- Beta me acompanha até o carro? - Nem esperou a resposta e já saiu puxando a irmã.
Quando chegaram ao carro Rafaela olhou séria para a irmã.
-- Quero que fique de olho nas três para mim - pediu com certa preocupação - Não quero que elas fiquem por aí fazendo comentários homofóbicos ou de coisas do nosso passado lá em Santa Catarina.
-- Você não devia era tê-las convidado isso sim - falou irritada.
-- Foi a mamãe quem pediu e não tive como dizer não - justificou-se - Agora tá feito.
-- Deixa comigo. Qualquer coisa as espanco - beijou a irmã que entrou no carro e foi embora.
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O resto da tarde transcorreu tranquilo na mansão. O jardim já estava praticamente pronto. Os detalhes finais como os enfeites ficariam para o dia seguinte.
Alguns convidados já haviam chegados. O opa e a oma, os familiares de Rafaela e outros convidados que moravam fora do Rio.
Muitos estavam à beira da piscina aproveitando a noite linda e quente de verão.
As amigas de Rafaela conversavam e bebiam animadas sentadas em espreguiçadeiras.
-- De todas nós a Rafaela foi a que se deu melhor - Natalia observava tudo ao seu redor.
-- Não sei não. Casar com uma garota nunca esteve nos planos dela - Vera falou pausadamente - Rafaela sempre foi tão hétero. Vocês lembram-se de como ela era namoradeira na adolescência? Não sei se vale a pena largar tudo pra viver ao lado de uma mulher só pelo dinheiro e o poder.
-- Eu acho que vale. Pensem nessa riqueza toda. Nas viagens, nas compras e em tudo que o dinheiro pode oferecer. Sem contar que essa garota deve estar de quatro por ela. Rafaela vai poder dar as fugidas dela quando sentir falta de um homem.
-- Pensando por esse lado - Simone ponderou.
Eduarda aproximou-se das garotas.
-- Estão divertindo-se? - Sentou ao lado delas.
-- Muito - quem respondeu foi Natália - Você é a Eduarda? - Surpreendeu-se com a beleza da garota.
-- Sou, e vocês as amigas Catarinenses da Rafaela - deu um sorriso simpático.
-- Vocês são extremamente hospitaleiros - Natália ofereceu o rosto para a loira beijar - E o Rio lindo demais.
-- Obrigada. Mas tomem cuidado - falou séria -- Nos Estados Unidos fabricaram uma máquina de pegar ladrões:
Testada em Nova York, em 5 minutos pegou 1500 ladrões.
Levaram-na para a China e em 3 minutos apanhou 2500 ladrões.
Na África do Sul, em 2 minutos pegou seis mil ladrões.
Trouxeram-na para o Rio de Janeiro e num minuto, roubaram a porcaria da máquina.
As garotas riram muito.
-- Você parece bem mais jovem do que imaginávamos - Simone comentou.
-- Tenho dezoito anos, mas logo faço dezenove - falou orgulhosa.
-- Mas tem cara de quinze - Natália comentou maldosa - Rafaela sempre gostou de homens mais velhos e agora vai casar com uma menina. Ela ás vezes chegava a ficar com dois caras na mesma noite.
Eduarda sábia que a amiga de Rafaela a estava provocando, mas não perdeu o humor.
-- De partida para a guerra, um soldado muito ciumento resolveu colocar um cinto de castidade na esposa, temendo ser traído.
- Não é justo, posso morrer na guerra e minha mulher é muito jovem. Já sei, darei a chave ao meu amigo de confiança, e se algo acontecer comigo, ele poderá soltá-la.
No dia da partida, mal tinha cavalgado 200 metros, ouviu a voz do amigo, que corria desesperadamente em seu encalço -- Que aconteceu amigo, o que houve?
-- Companheiro! -- disse o outro, totalmente sem fôlego -- Você deixou a chave errada!
Eduarda sorriu e completou:
-- "De vez em quando precisamos sacudir a árvore das amizades para caírem as podres" (Mário Silva Brito) - e saiu com as mãos nos bolsos em direção a mansão.
Fim do capítulo
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