Quando chegou em casa, como sempre, a coronel foi recebida pelos filhos e pela esposa. Abraçou e beijou cada um deles. Pegou no colo o pequeno Gabriel que estava acordado e fez um pouco de bagunça com o filho.

-- Bom tarde meu amor, eu estava com saudades de você e dos nossos filhos!

-- Eu também amor, mas temos uma conversa e alguns esclarecimentos sobre uma tal amiga! Disse Andressa retribuindo o gesto de Márcia.

-- Calma minha primeira dama. Primeiro eu vou brincar e conversar com os nossos filhos, depois vou tomar banho e ai nós vamos conversar. Estamos entendidas?

-- Está bem amor, conversamos depois!

Após fazer farra com os filhos, ouvir o que eles contavam e conversar com todos, a coronel resolveu tomar banho. Quando deu por si, Andressa estava no quarto e olhava atentamente para ela que estava com a toalha enrolada na cintura.

-- Oi meu amor porque você não disse que vinha para o nosso quarto? -- Eu teria esperado você!

O que Andressa queria mesmo era saber sobre a tal amiga. Ainda bem que Márcia não a pegou revistando a sua farda para saber se tinha algo ou algum cheiro de perfume diferente, senão o pau iria torar e a última coisa que a coronel queria, era discutir com a esposa porque estava de cabeça quente e só uma coisa a incomodava: Neguinho Tresoitão.

-- Eu vim me trocar para irmos ao shopping e depois jantar. As crianças estão impossíveis e os meninos querem visitar a exposição dos dinossauros.

-- Vamos sim meu amor, estou acabando de começar a me trocar e iremos! – Mas não é por isso que você veio até aqui. Acertei?

-- Tem razão minha vida, não foi só por isso! Disse abaixando os olhos de tão envergonhada que estava por desconfiar da esposa.

Márcia percebeu que a esposa estava inquieta e sem graça com a situação. Puxou a esposa até si e depois de beijá-la disse:

-- O que você realmente quer saber? -- É sobre a Maura?

Andressa afirmou positivamente com a cabeça. Então Márcia a colocou sentada na cama e começou a contar o que tanto a esposa queria saber.

-- Então ela foi a sua namorada?

-- Sim Andressa, mas depois que a Celina morreu. Eu até que tentei, porém, não consegui ficar nem com ela e nem com ninguém. Fazia pouco tempo que eu a tinha perdido e não estava conseguindo me refazer. A Maura nessa época foi a delegada que ajudou nas investigações e uma grande amizade surgiu. Porém tempos depois, eu percebi que havia algo mais e depois de tanto ela insistir, resolvi dar uma chance ao meu coração, mas não deu certo. Eu não consegui e acabei deixando ela a ver navios em pleno restaurante do Terraço Itália. Mas ela encontrou uma moça e acredito que dará certo e que ela será muito feliz. Tanto quanto eu sou com você e os nossos filhos.

Andressa escutava atentamente ao relato de Márcia. Percebeu que realmente a coronel sofrera muito com a morte da primeira esposa e se sentiu envergonhada por desconfiar dela. Sabia o quanto Márcia a amava e aos filhos também. Agora ela tinha a plena certeza de que a esposa não a trairia.

-- O meu amor imagino o que sofreu com toda essa situação. E eu louca de vontade de te abraçar, beijar e consolar. Mas tudo teve o seu tempo e hoje eu estou aqui ao seu lado juntamente com nossos filhos te fazendo feliz e sendo feliz. Eu te amo Márcia!

Márcia olhou para a esposa e viu toda a sinceridade e amor que a esposa sentia. Andressa também viu naqueles olhos azuis acinzentados o quanto Márcia a amava. As vezes não se precisam dizer palavras para provar um amor. Mas olhares e atitudes dizem muito mais. Aproximou-se de Andressa:

-- Eu sou sim muito feliz Andressa. Você me deu um rumo novo em minha vida e eu só tenho a agradecer todos esses anos de casadas. Eu te prometi em duas ocasiões que te faria feliz, você se lembra quais foram?

-- Sim meu amor. A primeira foi quando você estava internada no hospital depois de levar aqueles tiros dentro da sua sala quando você comandava a cavalaria. E a outra quando eu pedi para que você ficasse casada comigo por cinquenta anos. Acertei?

-- Sim minha primeira dama!

Sem que Andressa esperasse, Márcia a enlaçou pela cintura e trazendo próxima a si, deu-lhe um beijo apaixonado. A esposa retribuiu ao beijo. Márcia então a deitou na cama e calmamente foi beijando do pescoço até o umbigo. Andressa delirava e pedia:

-- Hum meu amor, continua não pare por ai, me faz ir ao céu com suas carícias. Faz-me mais uma vez totalmente sua! Dizia puxando Márcia pelos cabelos. Quando ela se aproximou e passou a mão no sex* da esposa, viu que ela estava molhada e colocou um, dois dedos e como polegar, acariciava seu grelo. O prazer de Andressa era tanto que ela acabou cravando fortemente as unhas nas costas de Márcia que ao sentir fez uma cara de dor. Mas o importante era o prazer. Percebeu que a esposa estava tendo os primeiros espasmos e acelerou o vai e vem até que Andressa falou:

-- Ai amor continua, vai não aguento vou goz*r, ai hum, vai, vai amor vou ahhhhhhhhhhhhhhh!!!! Que delícia!

Márcia esperou que Andressa se acalmasse e lentamente retirou os dedos passando a lambê-los para sentir o gosto da esposa. Refez com a boca todo o trajeto até chegar aos lábios da esposa.

-- Eu te amo Andressa, lembre-se sempre disso!

-- Eu sei meu amor, nunca duvidei, mas tenho medo de te perder para alguma mulher e principalmente para a morte. Promete que não vai me deixar?

-- Juro por tudo o que é mais sagrado que eu prometo nunca te deixar!

Amaram-se mais um pouco e depois foram dar banho nas crianças. Gabriel foi o último, porque na hora em que as mães foram dar banho nas crianças, ele estava dormindo. Acordou com Nicola fazendo carinho, olhou e deu um sorriso. Gabriel era um menino muito risonho e a cada dia que passava estava tão bonito quanto os irmãos. Quando viu Andressa se aproximando, já foi erguendo os bracinhos. Porém foi Márcia quem pegou o filho para dar banho. O menino começou a protestar e Márcia entendendo o que ele queria falou:

-- Filho depois que você tomar banho e trocar, ai sim o senhor vai mamar. Se a sua mãe te der peito agora, você vai passar mal seu monstrinho!

O menino parecendo ter entendido o que a mãe falou, deu risada e parou com o choro. Depois de ter tomado banho, arrumado e cheiroso já estava no colo de Andressa para mamar. Logo depois já estavam todos no carro quando Andressa falou:

-- Amor posso te fazer uma pergunta?

-- Sim minha primeira dama. O que você quer saber?

Andressa encarou Márcia e então perguntou:

-- O que você quer com Neguinho Tresoitão?

Márcia trocou de cor na hora e Andressa percebeu que a pergunta havia mexido com a coronel. Olhou seriamente para a esposa e falou:

-- Como você descobriu? -- Quem te falou? – Deve ser algum filho da puta lá do quartel que te contou! – Só pode! -- Por favor, Andressa, não se meta nessa briga. Pelo que já descobri e sei, esse cara é de extrema periculosidade E EU QUERO QUE VOCÊ FIQUE BEM LONGE DESSE CARA! Falou em alto e bom som para que a esposa ouvisse bem.

-- Calma amor. Eu só estou te perguntando por que já troquei tiros com ele. E parece que nada o atinge, portanto só te peço que tome cuidado com ele.

-- Você já enfrentou esse meliante?

Andressa parou e pensou se contava ou não para Márcia. Porém como o casamento delas era aberto, resolveu falar.

-- Você se lembra a uns nove ou dez anos atrás de um carro da academia que foi metralhado na marginal do Rio Pinheiros, causando a morte do tenente Marcelino?

A coronel pensou e se lembrou do ocorrido. Naquele dia várias viaturas foram em ajuda aos ocupantes do tático.

-- Sim eu me lembro do episódio. Eu estive lá e deparei com a cena, porém os bandidos já haviam fugido. O rapaz já havia sido socorrido, mas depois o Copom informou que ele havia falecido. Eu ainda estava casada com a Celina. Logo depois, ela morreria também.  Lembro também de escutar depois que havia uma policial junto com ele na viatura, depois eu não soube mais nada. Mas porque você está me contando isso?

Andressa pensou e depois respondeu:

-- Porque a policial na ocasião era eu! -- A minha sorte foi que eu pulei do carro, mas o Marcelino não teve tempo. Só consegui correr e tirar ele do carro depois que bateu na mureta de proteção, mas já estava todo ensanguentado.

Lágrimas começaram a correr dos olhos da coronel. Quase que ela perde a segunda esposa para outro meliante. É lógico que naquela época nem imaginava que um dia estaria casada com Andressa. Parou o carro e abraçou a esposa. Os filhos não entenderam nada e ficaram somente olhando.

-- Então foi aquele maldito que atirou naquele carro? -- Mas é agora que eu acabo com a carreira de crimes desse traste! Disse batendo com as mãos no volante. Andressa ficou apreensiva e falou:

-- Calma meu amor, pensemos nisso depois. Agora vamos esquecer isso e curtir nossos filhos e o jantar.

Márcia estava bufando de raiva, mas pela alegria dos filhos e da esposa, ela resolveu deixar para lá. A felicidade da família não tinha preço e o importante naquele momento era o bem estar de todos.

-- Está bem meu amor, depois pensamos. Agora vamos nos divertir, porque não podemos estragar o passeio das crianças.

Andressa já enfrentou Neguinho. Agora isso se tornou ponto de honra e mais um motivo para a coronel pegar o meliante.

-- Você não perde por esperar, seu desgraçado. Vou te riscar do mapa! Pensou.

Fim do capítulo