CapÃtulo 6
Última Noite de Amor - Capítulo 6
Isabel não via outra saída a não ser aceitar aquela infame ordem. Andou lado a lado corredor a dentro com a mulher extremamente feia, casca grossa e de voz rouca, até pararem em frente à uma escada.
-- Ainda bem que só tenho essa mala pequena, se tivesse malas grandes ou pesadas, estava ferrada -- falou de mau humor.
A antipática só entortou a boca e começou a subir os degraus.
O carpete da escada estava bem desgastado e sujo o que fez Isabel ficar imaginando que tipo de quarto ia encontrar.
-- Esse é o seu quarto -- falava enquanto girava a chave e empurrava a porta.
Só entrar no quarto já era um desafio, ele era apertado e minúsculo, escuro e mal arejado.
-- Arrume as suas coisas, mais tarde eu volto para trazer o seu lanche -- falou e deu as costas caminhando em direção a saída.
-- Espera aí, dona sei lá o que -- Isabel agarrou o braço da mulher e a arrastou de volta para o quarto -- Se vocês estão pensando que eu vou ficar aqui nesse muquifo, vão tirando o cavalinho da chuva.
O braço da mulher ergueu-se num gesto violento e a empurrou de encontro a um pequeno armário de pinho. Sentiu uma dor aguda na lateral do corpo, que a fez cambalear.
-- Você vai é ficar bem quietinha aqui -- a voz dela saiu forte, grossa e imperativa -- Te aconselho a não provocar Vemba. Ele é muito... muito cruel -- ela saiu do quarto, sem olhar para outra coisa que não fosse a chave em sua mão.
Isabel ouviu o barulho da porta sendo trancada pelo lado de fora e correu para se certificar que estava mesmo chaveada. Forçou tentando abri-la, fez tanta força que a sua mão chegou a doer. As lágrimas rolavam espontâneas pelo seu rosto, não só por medo de morrer ou ser machucada, mas de ódio. Ódio de si mesma, de sua insistência em algo que sabia que um dia acabaria mal.
Olhou ao redor, agora minuciosamente. Queria estudar o local, cada janela, cada buraco e as possibilidades que teria de uma fuga.
O quarto estava em péssimas condições por todos os lados, pequeno, sujo e sem qualquer móvel exceto um armário e uma cama enferrujada.
Foi até o banheiro. Era muito pequeno, azulejos rachados e manchados, armário da pia do banheiro completamente enferrujado. Era tudo velho, surrado e sujo. Simplesmente terrível.
A única janela era no banheiro e tinha grades de ferro. Subiu no lixeiro e espiou para fora. Os fundos do lugar davam para uma quadra de basquete.
Sentou na cama desanimada. Sempre foi uma mulher corajosa, inteligente, lutadora e determinada, mas naquele momento, no meio ao caos onde se encontrava, sentia-se cada vez menor, mais abandonada e sozinha.
No Leblon
Alexandra desligou o celular irritada e jogou sobre a mesa. Desde que havia caído na tentação de trans*r com Valentina, a loira não largava mais do seu pé. A verdadeira mulher chiclete, quando gruda, nem removedor adianta.
Mesmo que a empresária ficasse brava e desligasse o celular, ela ainda ligava novamente. Quando deixava o aparelho desligado, ela ia pessoalmente procura-la.
Janaina entrou na sala e viu que a patroa estava toda pensativa e com uma cara amarrada.
-- Era a sua namorada no telefone? - Falou mesmo sabendo que Alexandra odiava quando ela usava essa expressão.
-- Já lhe disse que essa palavrinha me causa urticárias, Janaina, por favor -- levantando-se do sofá, foi até a garota e deu um beijo em seu rosto - Você está tão gostosa hoje...
Janaina empurrou Alexandra levemente e se afastou.
-- Não, não. Primeiro se livra daquela loira pegajosa, depois volta a me tocar.
-- Como você é ciumenta - falou sorrindo.
-- Eu ciumenta? - Deu uma gargalhada - Vai sonhando.
A campainha tocou e Janaina saiu atender rebol*ndo exageradamente. Era Giovana.
-- Bom dia dona Giovana - falou ironicamente - A dona Alexandra está lhe aguardando - afastou-se para que ela pudesse entrar.
Alexandra assistia a cena e sorriu cheia de deboche, o que foi demais para Giovana que entrou sem sequer olhar para Janaina.
-- Você está atrasada Giovana - olhou no relógio de pulso - Exatamente cinco minutos. É a segunda vez nessa semana.
Alexandra adorava pegar no pé dela. A garota ficava toda irritadinha e bicuda. Cerrava os dentes, segurando-se o máximo para não soltar um palavrão.
-- Por sua causa teremos que tomar o nosso café da manhã, lá na boate - pegou a pasta e o celular de cima da mesa e saiu escondendo o riso - Te espero lá em baixo. Vamos de moto hoje.
Giovana olhou por longo tempo para ela, como se buscasse força nos olhos negros de Janaina.
-- Estou sofrendo muito -- baixou tristemente a cabeça - Que sentimento é esse que está me matando?
-- Não deve ser amor. O amor não mata, o amor nos faz viver - Janaina já estava saindo em disparada, mas foi impedida por Giovana que segurou firme o seu braço.
-- Espera, por favor - seu gesto foi bruto, mas seu pedido delicado - Precisamos conversar.
-- A Alexandra está te esperando Giovana, acho melhor você se apressar - puxou o braço que ela ainda segurava.
-- Amanhã à noite então - pediu, quase suplicou.
-- Tenho prova na faculdade - deu a primeira desculpa que lhe veio à cabeça.
-- Te pego depois da aula, vamos até algum barzinho e podemos conversar sem pressa - insistiu.
Janaina queria dizer não, mas seu coração gritava desesperadamente sim...sim... Giovana já havia lhe magoado tantas vezes com declarações e falsas promessas que não tinha certeza se aguentaria ouvir mais uma.
-- Me dá uma chance. Só mais uma, eu te peço.
O som da sua voz estava tão carregado de emoções que Janaina decidiu aceitar. Mais uma vez...
-- Tudo bem, me pega lá amanhã -- finalmente se desarmou e aceitou o convite - Agora vai, antes que a Alex se irrite e volte até aqui.
Em Angola.
Isabel acordou assustada. Olhou ao redor buscando se localizar. Levantou rápida da cama. Não se acreditava que estava deitada sobre aqueles lençóis sujos. Fez uma careta de nojo e passou as mãos pelas roupas tentando desesperadamente se limpar.
Alguém havia entrado no quarto enquanto ela dormia pois havia uma bandeja sobre o armário com um pão e um copo de suco.
Suspirou fundo, estava com fome, mas não tinha coragem de comer aquele alimento. Pela higiene do quarto, fazia ideia de como era a cozinha.
Pegou na maçaneta e para sua surpresa a porta abriu.
Isabel saiu do quarto e desceu a escada com cautela. Duas meninas viam televisão, sentadas em banquetas no balcão do bar. O som da televisão estava muito baixo, de forma que as duas improvisavam os diálogos dos atores. Isabel já havia assistido ao filme e o que elas falavam transformava o romance trágico em uma verdadeira comédia.
Isabel ficou alguns minutos, se divertindo, assistindo ao espetáculo. Aproveitou o intervalo para se dirigir às garotas:
-- Olá - se encostou no balcão e colocou o seu melhor sorriso nos lábios - Meu nome é Isabel.
As duas olharam ao mesmo tempo para ela, mas logo voltaram a olhar para a televisão.
-- Eu cheguei hoje, estou sem entender ao certo o que está acontecendo... que lugar é esse?
As garotas fizeram de conta que não ouviram nada, o que irritou Isabel.
-- Escuta, será que é tão difícil para vocês responderem perguntas tão simples como as minhas?
As duas garotas se levantaram e saíram do bar reclamando.
-- Droga! Não se pode nem assistir um filme em paz.
-- Justo agora que ele ia pedir ela em casamento...
Deixaram Isabel no bar, com a maior cara de idiota. Ela ficou olhando por trás enquanto as duas se afastavam discutindo sobre o roteiro do filme.
-- Não as culpem por não quererem falar. Aqui nesse lugar quem fala menos vive mais. Nunca esqueça disso.
A mulata bonita e simpática sentou na banqueta ao seu lado, esticou os braços para espreguiçar-se e suspirou: -- Sou a Malú e você é a novata que chegou hoje, não é mesmo?
-- Sim, cheguei hoje. Me chamo Isabel e estou desesperada atrás de alguma informação. Não sei quem são essas pessoas? Que lugar é esse?
-- Calma, calma, Isabel. Você terá todas as respostas que deseja. Mas não fica bisbilhotando por aí. As meninas morrem de medo do Vemba, elas não vão simplesmente abrir a boca e contar tudo para uma estranha.
-- E você? Vai contar? - Isabel via em Malú uma luz no fim do túnel.
-- Depende - acenou para um homem barbudo que parecia ser o cara que atendia no bar, pois estava com uma toalha no ombro e uma garrafa na mão.
Ele se aproximou do balcão e antes de atender a mulata, deu uma bela encarada em Isabel.
-- O que você quer Malú? - Perguntou grosso.
-- Uma bebida para mim e outra para a minha mais nova amiga, Isabel.
-- Você tem dinheiro para pagar, ou vai pendurar como da outra vez?
Malú tirou uma nota de Kwanza (moeda de Angola), do bolso e jogou sobre o balcão.
-- Isso paga tudo, seu chato - a mulata voltou a sua atenção para Isabel e sorriu mostrando os dentes perfeitos.
Isabel estava ansiosa. A calma de Malú a estava irritando.
-- Então Malú, depende de que? Fala logo.
Em Copacabana.
Valéria entrou na cozinha e fez cara feia quando viu que Valentina e Heitor conversavam em voz baixa, dando a entender que estavam aprontando alguma.
-- Bom dia. Esquematizando maldades já logo cedo? - Pegou uma caneca, colocou café e encostou-se no balcão - Que papel é esse aí?
Valentina tentou esconder, mas foi em vão. Valéria foi mais rápida e arrancou o papel da mão da irmã.
-- Me dá isso aqui - Valentina berrou e partiu pra cima de Valéria que correu para a sala.
-- Hum, que interessante. Uma intimação...
-- Me dá aqui... - a loira pegou o papel de volta - Sua imbecil.
-- Vocês vão para a cadeia, hein. Já falei diversas vezes - colocou a bolsa no ombro e pegou as chaves -- E tem outra, não vou visitar ninguém na cadeia.
-- Está indo pra onde?
-- Vamos ensaiar para a apresentação de hoje a noite. O André quer dar uns últimos toques pra gente.
-- E vê se dessa vez não se borra toda diante da Alex. Ela só te deu outra chance por ser a minha irmã.
-- Como você se acha. Até parece que foi por isso. A Alex foge de você como o diabo foge da cruz -- Não esperou para ver a reação da irmã. Simplesmente saiu batendo a porta.
-- Valentina, deixa a sua irmã pra lá. Temos problemas demais para resolvermos - Heitor sentou no sofá e passou as mãos pelos cabelos - Estamos sendo acusados de crime de extorsão pela família daquele idoso idiota. Se nossa foto sair nos jornais, todos os outros casos serão descobertos. Estaremos ferrados.
-- Precisamos de dinheiro para pagarmos pelo silencio deles. A filha está pedindo cem mil.
-- Você vai ter que pegar pesado com a empresária. Do jeito que as coisas estão andando, vamos ter que fugir para fora do país.
-- Isso nunca - ela berrou - Me dê mais alguns dias. Prometo que resolvo tudo.
Na Boate.
Enquanto aguardava por Gustavo, Alexandra olhava pela janela. Aquele mês de outubro estava mais quente do que o esperado. Dias de forte calor, temperaturas acima dos 35ºC e o movimento lá fora continuava a todo vapor. As pessoas são obrigadas a cumprir compromissos, como emprego e tarefas diárias. O jeito era tomar muito liquido. Em muitas ruas da cidade, podiam ser encontrados vendedores ambulantes de água mineral e água de coco, que aproveitavam este momento para ganhar uma renda extra.
Ouviu três batidinhas na porta. Era Gustavo. Daquele jeito peculiar que só ele tinha de bater na porta. Antes de abrir parou para refletir sobre o assunto, batidas na porta. Interessante como conhecia seus funcionários. Giovana dava uma batidinha rápida e entrava em seguida, Ramon batia com uma delicadeza que mal dava para ouvir, já André, parecia querer derrubar a porta. Deve ser coisa de maluco ficar pensando nessas besteiras, riu de si.
-- Entra Gustavo - abriu a porta e foi acomodar-se em sua poltrona - Está atrasado doze minutos.
-- Como você é chata. Fica cobrando a gente por causa de alguns minutos.
-- Você não acha importante doze minutos? Fique sabendo que por causa de alguns minutos e até segundos, muitas pessoas morrem. Se eu tivesse sofrido um enfarto a doze minutos atrás, já estaria morta alí no chão.
Gustavo achou melhor deixar pra lá. O que a chefe tinha de linda, também tinha de irritante.
-- Que roupa é essa? Está dando uma de mulher gato agora?
Alexandra deu uma risada gostosa.
-- Isso é um elogio ou uma tirada de sarro? Conforme for a sua resposta, você perceberá que não são apenas as roupas de mulher gato.
-- É um elogio. Você está linda!
-- Melhor assim - ajeitou-se na poltrona e observou Gustavo, que estava sentado do outro lado da mesa - Então, o que você me trouxe de tão importante?
-- Você vai ficar estupefata com o que vou te contar, Alexandra.
-- Deve ser muito grave, mesmo. Para mim ficar "estupefata" - revirou os olhos.
-- Não brinque. É muito sério. A gostosona da Valentina... - colocou vários papeis sobre a mesa - Veja você mesma.
Em Angola.
-- Eu ainda não tenho um plano de fuga - bebericou a bebida e continuou: -- Preciso saber com quem estou lidando, aonde estou e porque estou aqui.
Malú olhou para os lados certificando-se de que ninguém ouviria.
-- Eu conto tudo em troca de você me incluir nessa fuga - falou com a voz mais baixa que conseguiu - Hoje à noite, depois que a casa fechar, eu vou até o seu quarto e respondo a todas as suas perguntas - virou o resto da bebida - Agora sobe. Daqui a pouco os homens começarão a chegar e você não é obrigada a começar a trabalhar hoje.
-- Estarei te esperando. Por favor, não deixe de ir.
Isabel levantou rápida e saiu praticamente correndo para o seu quarto.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
lucy
Em: 16/07/2016
que alívio Alex vai saber de toda a vigarisse e sacanagem da Vagalentina ha ha ha
essa fulga de Isabel e a outra esqueci o nome kkkk tem que dar certo, please
muito legal. quanto a apresentação da valéria, tem que dar certo e estou torcendo por
ela e a banda rs
e a Geovana hein ? sabia que ali tinha,, e Alex sabe do envolvimento das duas.....
espero que a Janaína não dê moleza pra essa forgada , kkkkk
bjs
[Faça o login para poder comentar]
Silvia Moura
Em: 21/10/2015
...autora, mas você começou por longe hem? nem sei como se dará esse encontro, espero que seja logo, que a alex seja de alguma forma a salvadora da isabel... e logo; é tão dificil ler esse acontecimentos, sei que a realidade é pior ainda, mas vamos torcer para que isabel encontre logo a saida desse tormento todo... bjs autora...
Resposta do autor:
Você tem razão Silvia. Talvez daqui a uns dois capítulos, eu consiga unir as duas. Vai ser legal, acredito. O tráfico de mulheres é algo horrivel. Fica até dificil de acreditarmos em tudo que lemos a respeito. Tudo que a Malú contará para a Isa no cap.7 é veridico. Bjã anjo. Até.
[Faça o login para poder comentar]
lia-andrade
Em: 20/10/2015
Torcendo pra que a Isabel saia dessa...Alex sempre atenta.. adorando cada vez mais a estória.. Tentando entender qual é a da Giovanna, humilha a Janaina e depois da vai correndo atrás querendo outra chance..
Abraço.
Resposta do autor:
Oi Lia. A Giovana ama a Janaina, isso é fato. Infelizmente o medo e a pressão da familia a impedem de assumir esse amor. Que pena né. Bjã querida.
[Faça o login para poder comentar]
NayGomez
Em: 20/10/2015
Hahaha a Alex o que tem de Linda tem de esperta kkkk ja descobriu quem é a Valentina *-* eles vao cair do cavalo se acham que vai conseguir algo da Alex... E eu nao vejo a ora que a Bel vai entrar no caminho da Alex e nem imagino de que forma... Giovana e Jana rs dao outras que passei a gostar, enfim preciso de maiis cap...
Resposta do autor:
Olá Nay. Surpresas nos próximos capítulos. Boas e ruins. Infelizmente. Até lá. Bjã querida.
[Faça o login para poder comentar]
Luh kelly
Em: 20/10/2015
Olá Vandinha, ótima terça pra ti.
Isa esta mesmo em apuros, trancada nesse lugar inóspito, mas pelo visto já esta pensando em fugir no entanto acho q ñ será tão fácil como ela imagina. Alex tentando se livrar dessa chave de cadeia da Valentina. Estou curiosissima acerca desse encontro da Giovana com Janaina espero que ela ñ a magoe mais. Bom Alex saber quem é essa cobra da Valents.
Já disse que adoro a Valéria, que garota show de bola.
Anceio pelo próximo capitulo Pleaseeeee.
Beijo enorme Van e até.
Resposta do autor:
Olá querida. Você tem razão as coisas não serão tão fáceis como elas imaginam. Capítulos tensos. Bjs anjo. Até.
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]