Capítulo 1
Longe apenas 91 km da capital paulista, Mongaguá, cidade litorânea começava a acordar. O céu
com poucas nuvens e o sol nascendo prometia um começo de férias de verão bastante quente.
Andréia Magalhães acordou, mas não se levantou de imediato. Espreguiçou o corpo lentamente e depois se levantou indo para o banheiro. Parou em frente do espelho e passou a mão nos cabelos loiros fartos e sorriu. Tomou um banho morno e depois de vestida foi para o quarto ao lado do seu.
Bateu na porta e entrou.
- Hei dorminhoca! Hora de levantar. Temos muito que fazer antes dos turistas entupirem a praia.
- Me deixe dormir por mais meia hora, Andy. Por favor. Resmungou a amiga cobrindo a cabeça com o lençol.
- Não tenho culpa se você perdeu o rumo de casa ontem à noite. Com quem saiu?
- Só fui jantar com a Silvinha.
- Só mesmo?
- Claro Andy. No final da noite não passamos de alguns beijos.
- Quer me convencer que não transou com ela?
A outra descobriu a cabeça e encarou a amiga.
- É verdade. Não foi por falta de insistência por parte dela. Você sabe que só vou para a cama com alguém quando estou realmente apaixonada.
- Ok. Acredito. Mas mesmo assim é hora de levantar.
- Você venceu. Falou a outra jogando o lençol para o lado e sentando-se na cama.
Samantha Rodrigues alongou o corpo e encarou Andy. Apreciou o corpo bem feito e bronzeado dela, os olhos verdes meigos e brilhantes e disse sorrindo.
- Se não fossemos amigas e eu não tivesse tirado férias por tempo indeterminados das mulheres eu me apaixonaria por você.
- Pare de dizer bobagens. Retrucou Andy. – Sei que não faço o seu tipo.
- E eu faço o seu? Indagou Sam.
- Você sabe que sim, mas minha amizade por você é muito mais importante do que qualquer outro sentimento. Você é minha irmã querida.
- Você também é. Desculpa se falei bobagem.
- Sem problemas. Agora vai para o banho que te espero para o café. Disse Andy sorrindo.
Na passagem para o banheiro, Sam abraçou e deu um beijo no rosto de Andy.
- Eu te amo.
- Eu também te amo, Sam.
Sam foi para o banheiro e Andy saiu do quarto.
Sam deitou no chão e fez seus abdominais por dez minutos. Depois se olhou no espelho e sempre gostava o que via. Seus olhos castanhos expressivos e o sorriso cativante. Entrou no box cantando.
Quarenta minutos depois ela entrou na cozinha vestindo uma bermuda preta e uma camiseta azul e calçando tênis.
-Bom dia, Gil! Cumprimentou a morena alta de quase quarenta anos que preparava o suco.
-Bom dia, Sam! Quer uma omelete?
- Não obrigada. Só quero um café puro.
- Ressaca? Indagou Gil colocando uma caneca em sua frente.
- Tomei vinho demais, mas logo estarei bem.
Do outro lado da mesa, Andy comia com apetite sua omelete de queijo.
- O que vamos fazer primeiro? Quis saber ela.
- Vou telefonar para o pessoal e vamos nos encontrar daqui meia hora no quiosque. Vamos lavar e abastecer. Vamos começar a todo vapor.
Sam e Andy eram sócias há quase oito anos. Começaram com uma pequena barraca na beira do mar de Santos. Foram tempos difíceis, mas conseguiram ampliar os negócios. Apesar de serem filhas de pais abastados não quiseram que os pais comprassem a barraca.
Devido um problema particular, Sam propôs a Andy de se mudarem para Mongaguá. A mudança foi ótima, o quiosque foi ampliado e a freguesia aumentou, mas o sonho delas era comprar um restaurante ali mesmo.
Quando as duas estavam de saída, Gil perguntou.
- Faço o almoço?
- Deixa algo pronto que eu termino quando voltarmos. Respondeu Andy se despedindo.
O quiosque ficava distante apenas três quarteirões. A estrutura era toda de madeira escura, coberta com telhas e por cima folhas de coqueiro. Possuía três cômodos, o dos fundos era o deposito onde ficavam as caixas de bebidas, mesas e cadeiras extras e dois freezers no do meio ficava a cozinha onde Sara, irmã de Gil, fazia as porções e outras coisas que eram servidas. O cômodo da frente ficava duas geladeiras, duas mesas e onde Sam e Andy atendiam as pessoas.
Quando as duas chegaram, Sara e Zezinho já esperavam. Cumprimentaram-se com alegria e logo depois começaram a trabalhar.
Sara era três anos mais nova que Gil, tão alta como a irmã e bonita. José era o caçula, quinze anos mais novo que Sara.
Durante toda a manhã, lavaram e limparam as mesas, cadeiras, paredes, chão e todos os objetos. Andy ligou as geladeiras e freezers.
Era quase hora do almoço quando terminou a faxina, Sam ofereceu refrigerante para todos.
- Amanhã vamos preparar os petiscos. Pretendo reabrir na sexta-feira.
- Então não se esqueça de comprar tudo o que vou precisar. Pediu Sara.
- Ok. Daqui a pouco irei até a Ponta da Praia.
Sam deu uma carona para os dois e depois deixou Andy em casa. Carregou a traseira da caminhonete com as caixas de cerveja e refrigerante e foi fazer compras.
Os pais de Sam eram proprietários de uma rede de supermercados. Três na Baixada e outros três na capital. Quando estacionou a caminhonete, dois funcionários se aproximaram para descarregar. Cumprimentou-os e entrou encontrando o irmão logo na entrada abraçou-o carinhosamente.
- Tudo bem, Sam? Perguntou ele.
- Tudo bem. E você?
- Estou ótimo.
- Você providencia essas coisas para mim? Vou até a Ponta da Praia. Pediu Sam.
- Claro.
- Obrigada. Na volta subo no escritório.
Beijou o irmão e na saída cumprimentou as meninas dos caixas e entrou no carro.
Na peixaria comprou o que precisava e foi até a praia onde alguns barcos estavam atracados.
Lá escolheu mariscos frescos, lula, polvo e camarão. Despediu dos pescadores e voltou para a caminhonete. Guardou tudo no isopor grande e voltou para Mongaguá.
Estava chegando ao supermercado quando encontrou Silvinha e alguns amigos. Parou o carro e cumprimentou-os. Silvinha beijou seus lábios e recusaram a carona que Sam ofereceu. Despediram-se e Sam entrou novamente no estacionamento.
Enquanto os rapazes carregavam a caminhonete ela subiu até o escritório para ver seus pais.
Um homem magro usando óculos com lindos cabelos grisalhos estava no telefone, ao vê-la sorriu feliz. Sam beijou sua cabeça e se sentou no sofá. Minutos depois uma mulher alta de cabelos castanhos aloirados e lindos olhos verdes entrou na sala carregando dois copos com chá gelado.
- Oi, meu amor! Cumprimentou ela beijando a filha.
- Oi, mamãe. Tudo bem por aqui?
- Tudo. Foi o pai que respondeu desligando o telefone. Você que não parece bem. O que aconteceu?
- Nada de mais só exagerei um pouco no vinho ontem à noite.
- Namorada nova, Sam? Perguntou a mãe.
- Não só uma colega. Respondeu Sam.
- E a Andy? Quis saber o pai.
- Está ótima.
- Quando reabrem o quiosque?
- Na sexta-feira. Limpamos tudo hoje e o pessoal está lá em casa preparando as coisas.
- Parece que esse verão promete ser bastante quente. Comentou a mãe.
- Vai ser sim.
Ficaram em silencio por alguns segundos e depois Sam falou.
- Estamos pensando em ampliar os negócios.
- O que têm em mente? Quis saber o pai.
- Andy e eu estávamos conversando e estamos pensando em abrir um restaurante.
- Por aqui?
- É, mamãe. Estamos pensando em comprar aquele restaurante que está fechado há anos na beira da praia.
- Vou pedir para o Julio procurar os documentos na prefeitura e conversar com o dono. Assim que tiver uma resposta à gente volta a conversar.
- Obrigada, papai. Agora preciso ir. Falou Sam se levantando.
Beijou os pais e antes de sair perguntou.
- A Fernanda ligou?
- Ficou de ligar hoje à noite. Respondeu a mãe.
- Se ela ligar mesmo mande um beijo para ela.
- Está bem. Cuide-se e dê um beijo na Andy.
- Tchau.
Sam beijou os pais e desceu.
Reencontrou o irmão e juntos foram até um dos caixas.
- Eu gostaria de saber o que você tem que deixa a mulherada agitada quando chega. Disse Alex.
- Não tenho culpa se elas me amam. Respondeu Sam rindo.
Alex encarou a irmã com seus grandes olhos verde e também riu.
Ele era um rapaz muito bonito com aquela charmosa barba bem feita e sedosos cabelos pretos.
- Você está a cada dia mais convencida.
- Andy fala a mesma coisa para mim.
- Eu sei disso.
Alex acompanhou Sam até o carro e se despediram.
Já na rua ligou o radio e acompanhou a musica de Elis Regina que tocava, buzinou para umas moças de biquíni e elas acenaram sorrindo. No caminho para o quiosque encontrou José e seu irmão Luis.
- Me ajudem a descarregar a caminhonete?
- Claro Sam.
Em pouco tempo guardaram tudo nas geladeiras. Sam deu lhe uma gorjeta e convidou Luis para trabalhar com eles naquele verão.
- Vou adorar.
- Legal.
Quando estava fechando o quiosque, ofereceu uma carona para eles que recusaram dizendo que iriam ficar um pouco na praia. Despediram-se e Sam pegou uma cerveja e foi se sentar na mureta da calçada.
Bebeu com prazer a cerveja olhando o mar. Ali perto ouviu portas de carro baterem e vozes alegres. Olhou na direção e reconheceu uma amiga e ex caso de Andy no meio das pessoas ali paradas.
Nicole Martins era uma moça alta de cabelos pretos curtos e olhos azuis. Corpo definido devido hora de musculação. Conheceu Sam no aniversario de um conhecido e logo começou uma amizade entre elas. Nesta mesma festa Sam apresentou Andy e elas acabaram tendo um romance que duraram três anos. Devido um mal entendido se separaram no ultimo verão.
Nicole olhou ao redor sorrindo e avistou Sam do outro lado da rua. Acenou alegre, disse algo para a moça ao lado e atravessou a rua correndo. Abraçaram-se felizes.
- Como vai, Sam? Perguntou ela.
- Muito bem, Nike. E você?
- Estou ótima.
- Resolveu vir mais cedo esse ano?
- Vou aproveitar, pois ano que vem o trabalho vai dobrar.
- O que está fazendo agora? Quis saber Sam.
- Fechei a loja de doces e fiz uma sociedade com uma amiga e abrimos uma loja de lingerie em um shopping. Respondeu Nike
- Estão tendo sucesso?
- Muito mais que vendendo doces.
- Fico feliz por você.
- E você o que me conta de novo? E a Andy?
- Como pode ver aumentamos o quiosque e agora estamos pensando em comprar um restaurante.
- Vocês estão juntas?
- Moramos na mesma casa, mas nunca tivemos nada. Você sabe muito bem disso ou não quis entender.
- Então o que ela fazia na sua cama naquela noite?
- Como você não quis escutar naquela noite minha explicação, vou te contar. Nunca te enganei e eu não iria dormir com Andy na minha sã consciência ou sem ela. Vocês haviam brigado por ciúmes, lembra? Andy pegou uma garrafa de uísque depois que você falou todas aquelas besteiras, saiu e voltou bem tarde. Eu fechei o quiosque e sai com a Ana quando cheguei em casa ela estava dormindo em meu quarto bêbada. Deixei-a lá e fui tomar um banho e foi nesse momento que você entrou no quarto e pensou que havíamos feito algo, mas não reparou que ela vestia a mesma roupa e estava abraçada com o litro quase vazio. Você não teve paciência de ouvir minha explicação. Andy ainda está muito magoada. Seria melhor depois você tentar conversar com ela e se desculpar.
- Vejo que cometi um erro irreparável. Será que ela conversaria comigo?
- Não sei, mas não custa tentar. Vá tomar um vinho em nossa casa hoje à noite.
- E se ela não quiser falar comigo?
- Bom pelo menos você tentou. Sei que Andy é difícil, mas com um jeitinho você conseguirá.
- Ela está com alguém?
- Não, mas tem uma colega minha que está muito interessada. Saíram algumas vezes juntas.
- Sozinhas?
- Claro. Não vou ficar segurando vela. Não fique desanimada. Sei que elas não foram para a cama. Ainda não.
- Como sabe?
- Conheço minha amiga.
- Então nos vemos à noite. Falou Nike.
- Estarei te esperando às oito.
Abraçaram-se novamente e Nike voltou para o edifício que parara o carro.
Sam entrou no carro e voltou para casa.
Durante a tarde Andy, Sara, Gil e Sam trabalharam na cozinha.
No começo da noite, após limparem a cozinha, Gil disse.
- Amanhã eu preparo os mariscos. Vou para casa preparar meu jantar. Tchau para vocês.
- Até amanhã. Respondeu Andy.
- Eu te dou uma carona, Gil. Ofereceu Sam.
- Não precisa eu a levo. Falou Sara.
- Aquela sua geringonça não vai se desmantelar no caminho?
- É claro que não, Gil. Respondeu Sara.
As duas saíram e Andy falou.
- Vou tomar um banho que vou sair.
- Você pode sair um pouco mais tarde?
- Claro, só vou me encontrar com a turma. Temos algo para fazer antes?
- Não vamos ter companhia para o vinho.
- Quem é?
- Encontrei a Nike na praia e eu a convidei para uma taça de vinho.
- Então é melhor eu não ficar. Não quero vê-la.
- Sei que ainda está magoada, mas fique só para cumprimentá-la.
- Isto será o máximo que poderei fazer por ela.
Andy saiu da sala e foi para seu quarto. Ao fechar a porta atrás de si, lágrimas quentes molharam seu rosto. Durante aquele último ano sofrera muito tentando aplacar a saudade e a raiva que sentia de Nike e agora que estava quase conseguindo ela reaparecia para mexer com sua estrutura. Como conseguiria ficar indiferente diante dela se o amor e o desejo ainda latej*v*m em seu corpo?
Já embaixo do chuveiro morno ficou relembrando o passado. Todas as coisas que fizeram juntas, principalmente quando estavam na cama. O amor era gostoso e intenso. Andy sabia que fraquejaria assim que olhasse naqueles lindos olhos azuis.
Depois de algum tempo saiu do chuveiro e foi se arrumar. Vestiu um vestido florido de alças finas, calçou sandálias rasteiras e após a maquiagem se perfumou com o perfume que Andy gostava. Pegou a bolsa e desceu.
Encontrou Sam fazendo uma vitamina.
- Estou bem assim? Perguntou ao entrar na cozinha.
Sam se virou e assoviou.
- Nossa você está linda! Pronta para matar.
- Obrigada. É assim mesmo que queria me sentir.
- Quer um copo?
Fim do capítulo
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