Capítulo 29
As festas de fim de ano passaram, pela primeira vez a família de Ana Paula se reuniu novamente em dez anos para comemorar essa época do ano. Isso a deixou feliz, sua irmã Alana também veio do Canadá, dezessete anos, já era uma mulher bonita, que chamava atenção e já comunicou a todos que não voltaria mais para o Brasil, já estava com matrícula feita na Universidade de Montreal, para cursar medicina. Os pais de Ana Paula estavam em festa.
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Adriana continuava sem o contato com seus pais, era a única coisa que a incomodava nesse momento. Estava feliz e realizada com a especialização e agora o mestrado, voltou a considerar a possibilidade de permanecer morando em Boston, mas decidiu pensar nisso quando findasse o próximo período.
Dia dois de janeiro, Viviane desembarcava no Aeroporto Santos Dumont, viera de Ponte aérea para o Rio, chegava de mala e cuia para se instalar no apartamento de Paula.
Adriana foi ao aeroporto pegar a amiga, já que o expediente no escritório voltou ao normal. Avistou a ruiva saindo no portão de desembarque com três malas, mais uma mochila nas costas e achou graça da amiga parecendo um burro de carga.
-- Dri. – chamou a morena –
-- Vivi, que monte de bagagem é essa? Nem pra Harvard você levou tanta roupa.
-- Ah vem você reclamar de tudo, para de graça e me dá um abraço que eu morri de saudades de você.
As amigas se abraçaram forte e Adriana beijou sua bochecha, Viviane fez o mesmo. Ao se separarem, a morena pegou duas malas e deixou Viviane com a mochila e outra mala.
-- Vamos, porque temos muita coisa para fazer hoje.
-- Você já vai me levar para trabalhar? – a garota fez uma careta --
-- Não garota, eu vou te levar para conhecer o Rio de Janeiro. – abriu o seu melhor sorriso --
-- Oba! Sempre sonhei com esse momento. – batia palmas --
Adriana passou no apartamento de Paula para Viviane tomar um banho e trocar de roupas, deixou a bagagem da ruiva no quarto de hóspedes junto com a sua e saíram para rodar por alguns pontos da cidade.
Adriana dirigia sem dificuldades, não sentia mais dores na perna, o calor favorecia essa condição, levou Viviane para conhecer o Cristo Redentor e sua vista maravilhosa do Rio. Passearam de bondinho no Pão de Açúcar, e elas encerraram o dia sentadas na praia de Copacabana ao melhor estilo Adriana de ser, assistindo ao pôr do sol enquanto bebiam água de coco.
-- Dri, o dia hoje foi maravilhoso, eu estou morta, mas eu não trocaria esse visual por nada nesse mundo.
-- Então é hora de irmos para casa, as meninas já devem estar chegando, comemos alguma coisa e você descansa. Amanhã tem mais.
-- Você vai me levar para passear de novo?
-- Vou, mas amanhã você vai comigo lá pra Niterói, minha terra. Tem o Museu de Arte Contemporânea que podemos visitar, eu vou te levar para almoçar em um dos melhores restaurantes da cidade e depois eu preciso ir na imobiliária assinar uma papelada para renovar o aluguel do meu apartamento.
-- Nossa será outro dia cheio.
-- Sim, e segunda-feira você começa no escritório com as meninas.
-- Beleza, então vamos que eu quero conhecer as garotas.
As meninas foram para o apartamento e ao chegar, já encontraram Paula e Alessandra.
-- Olha só quem chegou! A famosa Viviane! Caramba, mas você é mais alta do que eu imaginei. – Dizia Paula –
-- Ela é do meu tamanho, amiga. – respondeu Adriana –
-- Oi Paulinha, tudo bem?
-- Tudo ótimo! Ale, Viviane está aqui. – Paula falou mais alto, chamando Alessandra que estava no quarto –
-- Oi, menina, caramba! Mas você é alta!
-- Não Ale, no seu caso você que é tampinha.
-- Ra, ra, ra. Não me zoa.
Todas riam da amiga. Devidamente apresentadas, elas prepararam o jantar e com um papo descontraído contaram várias situações que vivenciaram enquanto estavam longe umas das outras.
Sentadas na sala, conversavam animadas, Viviane já estava cansada e sentia sono.
-- Amigas, o papo está ótimo, mas eu estou muito morta.
-- Também, chegou de viagem e Drica já te carregou para um tour pelo Rio.
-- Pois é, essa ai, vive me arrasando. – revirava os olhos --
As meninas caíram na pele da amiga. Adriana ficou logo vermelha.
-- Hum, quer dizer que a senhora está sempre arrasando Viviane, não é, e a gente achando que você estava só estudando.
-- Ai Vivi, viu o que você fez? Agora vão me zoar até eu voltar do mestrado. – estava completamente vermelha –
-- Ai minha gatinha manhosa, não fica assim não, é que foi mais forte do que eu.
-- Gatinha manhosa! – Alessandra gargalhava –
-- Puta que pariu, Alessandra não vai mais me deixar em paz.
Todas riam da vergonha de Adriana.
-- Bom, eu vou dormir, amanhã eu já sei que outro dia longo me espera.
-- Eu vou com você, nós vamos ficar no quarto de hóspedes. Eu também estou morta.
-- Que bom que a cama é de casal, não vamos mais passar aquele aperto que era lá em Harvard. – ela olhou de rabo de olho, sabia que Adriana ficaria roxa –
-- Minha Nossa Senhora das Mulheres Envergonhadas, olha a cara de Adriana.
A morena nem falava nada, estava com os olhos arregalados, sem reação.
-- Eu sabia que você ia ficar assim, por isso falei. – ria – Vamos minha gatinha, meninas, um beijo pra vocês. Boa noite.
-- Boa noite Vivi, uma ótima noite, gatinha manhosa, miau. – Alessandra fazia o movimento de uma garra –
-- Já mandaram você ir a merd* hoje Alessandra?
-- Ainda não.
-- Então pode ir.
Todas riam da reação de Adriana, as duas amigas ainda ficaram na sala mais um pouco antes de ir dormir.
No quarto as meninas conversavam enquanto arrumavam a cama para dormir.
-- Ai amiga, que cama boa, de casal, não vamos passar aperto que nem era lá na universidade.
-- É Vivi, aqui nós vamos dormir melhor. – sorria maliciosamente –
-- Nós vamos realmente dormir? Eu estou morrendo de saudades da minha Dri. – se aproximava lentamente –
-- Eu estou cansada, mas nada que me impeça de curtir minha menina maluquinha. – envolveu a cintura da ruiva –
As duas se encaravam, abraçadas elas se analisavam, os olhos se perdiam, verdes e castanhos se misturavam, aquele olhar marcante de Adriana penetrava no íntimo da ruiva que se via perdida sem aquele toque. O beijo veio calmo, terno, matando a saudade calmamente, como se o mundo girasse em torno delas, o tempo parou para assistir aquele encontro das duas contadoras depois de quase um mês longe uma da outra.
Separaram as bocas para respirar e colaram testa com testa, se olharam novamente, um carinho recebido no rosto arrepiou Viviane, Adriana beijava o rosto da ruiva, devagar, curtindo cada pedacinho de pele, beijava o pescoço, Vivi tombou a cabeça para o lado abrindo o ângulo para dar mais espaço para a investida da amiga, descia roçando o nariz na pele quente de Viviane que gemia baixinho, chegando no ombro, veio deslizando as mãos pelas suas costas retirando a camiseta, o perfume da ruiva inebriava a morena, continuou o passeio de beijos pelo corpo da amante, chegando aos seios, deu uma atenção maior aos biquinhos durinhos de tesão, enlouquecendo Viviane que arranhava as costas de Adriana.
Sem desviar o caminho, Adriana joelhou diante de Vivi e retirou o short e a calcinha que vestiam o corpo da amante, e sem aviso, mergulhou entre as pernas de Viviane que emitiu um gemido rouco. – Ah! – Adriana fez o caminho inverso subindo até alcançar a boca de Viviane novamente.
No som, Maria Rita ditava o ritmo daquela noite de amor.
https://www.youtube.com/watch?v=ksX1fNsnYsQ
ME DEIXAS LOUCA – MARIA RITA
Quando caminho pela rua lado a lado com você
Me deixas louca
E quando escuto o som alegre do teu riso
Que me dá tanta alegria
Me deixas louca
Me deixas louca quando vejo mais um dia
Pouco a pouco entardecer
E chega a hora de ir pro quarto escutar
As coisas lindas que começas a dizer
Me deixas louca
Quando me pedes por favor que nossa lâmpada se apague
Me deixas louca
Quando transmites o calor de tuas mãos
Pro meu corpo que te espera
Me deixas louca
E quando sinto que teus braços se cruzaram em minhas costas
Desaparecem as palavras
Outros sons enchem o espaço
Você me abraça, a noite passa
E me deixas louca
Louca
Eu sinto que teus braços se cruzaram em minhas costas
Desaparecem as palavras
Outros sons enchem o espaço
Você me abraça, a noite passa
E me deixas louca
Louca
Voltaram a se beijar, e Adriana levava Vivi para a cama fazendo a garota se deitar, ela ficou de pé admirando as curvas da ruiva sobre a cama enquanto retirava peça por peça das suas próprias roupas, Vivi apenas olhava cada movimento, pareciam em câmera lenta. Adriana voltou a se encaixar entre as pernas de Viviane arrancando novo gemido da ruiva. – Ah! Que assim você me deixa louca! -- Adriana apenas deu um meio sorriso sem interromper o bailado de sua lingua no sex* da amante, as vezes passava o dedo sobre o sex* de Viviane que pensava que Adriana fosse invadí-la mas era apenas provocação, os gemidos intensificaram até que rendida Viviane suplicou pelo golpe final.
-- Adriana entra em mim, me invade, sou sua, vem.
Drica quase chegou ao orgasmo só de ouvir a súplica da mulher linda que estava entregue em seus braços, não demorou para atender ao pedido de Vivi, penetrou dois dedos no sex* da amante que explodiu em um gozo intenso.
-- Ah! Ai mas que loucura foi essa?
-- Saudades. – Adriana deitava ao lado da amiga que se recuperava –
-- Imagina quando você voltar depois de um ano! – ria –
-- Nossa, não tinha pensado nisso. – riu também –
Uma longa pausa se fez no ambiente, até que Viviane virou para Adriana e começou a estimular a morena.
-- Você é deliciosa. – dizia ofegante – Ruiva fogosa.
-- Você não viu nada. – ria maliciosa –
Viviane rolou na cama com Adriana, deixando a amante por baixo, beijou sua boca com volúpia, o bailado das linguas se encontrando as deixavam loucas de desejo, à medida que as carícias se intensificavam os corpos se envolviam em meio aos lençóis. A ruiva levou suas mãos pelo corpo de Adriana, que se arrepiava completamente, gemia baixinho com o corpo em chamas.
Viviane sentou na cama e trouxe Adriana junto de si e encaixou a morena entre suas pernas, movimentavam-se intensamente até explodirem em um orgasmo sincronizado e ardente. Ofegantes deitaram na cama a fim de recuperar as forças e se olhavam, era um silêncio que quase gritava aos ouvidos das duas, não precisava de palavras para saberem que aquele era o lugar onde queriam estar.
As amigas fizeram amor até a madrugada, era muita saudade da sensação maravilhosa de ter o corpo da outra junto ao seu, elas adormeceram abraçadas pela primeira vez sentindo o aconchego de ter alguém por você ao acordar de manhã.
Levantaram cedo, junto com Alessandra e Paula que iriam trabalhar. Enquanto tomavam café, conversavam amenidades.
-- Bom dia! – Drica abria um sorriso enorme –
-- Bom dia! Que bom humor! Viviane você tinha que ter se mudado para o Rio ha muito mais tempo! – Paula dizia –
-- Por que? – Vivi não entendia –
-- Olha o bom humor dessa menina, isso ai levanta com os dois pés esquerdos, se damos bom dia ela devolve um palavrão. – Paula colocava suco em um copo --
-- Ai gente, nem é assim. – estava ficando vermelha –
-- É pior. – Alessandra falava enquanto cortava um pedaço de pão –
-- Qual é o itinerário de vocês hoje? – Paula comia um pedaço de bolo –
-- Eu vou levar Vivi para passear na orla, depois vou para Niterói, iremos ao MAC, vamos almoçar na melhor churrascaria de Niterói e pra terminar o dia, eu preciso passar na imobiliária para assinar alguns papéis e renovar o contrato de locação do apartamento por mais um ano.—respirou fundo --
-- Caramba, vocês terão um dia cheio! – Alessandra pegava a metade de um mamão –
-- Paulinha passa o leite, por favor.
-- Essa menina vai esfolar o meu couro hoje, de tanto lugar que ela quer me levar. – Viviane tomava um iogurte –
-- Falando em esfolar o couro, vocês dormiram bem? – Alessandra perguntava com cara de safada –
-- Como dois anjos. – Adriana jogou uma bolinha de guardanapo na amiga – E vamos mudando essa prosa porque eu sei aonde a senhorita quer chegar. – levantava da mesa –
As meninas riam da situação, Alessandra não perdoava Drica, ela sabia que a morena ficava morrendo de vergonha e sempre a provocava. As amigas terminaram de tomar o café e arrumaram a mesa e a cozinha de Paula. As quatro amigas saíram juntas, cada uma para o seu destino.
Adriana levou Viviane em um passeio calmo e sem pressa pela orla do Rio de Janeiro, Copacabana, Ipanema, Leblon, Botafogo, até resolver atravessar a ponte Rio-Niterói para chegar à sua terra, foi direto para o MAC no Ingá. Estacionou o carro e levou Viviane para o museu, a menina ficou impressionada com a arquitetura marcande o grande arquiteto conterrâneo Oscar Niemier.
Passearam pelo museu, viram uma exposição de obras francesas que estavam na temporada e depois conversaram sentadas em um banquinho no pátio do museu com vista para o mar e a cidade do Rio de Janeiro.
Como prometido, Adriana a levou para almoçar em uma churrascaria tradicional na praia de Charitas, a menina ficou impressionada.
-- Amiga! Que lugar é esse? Que delícia essa carne! – comia um pedaço de picanha --
-- Maravilhoso não é? Opa, olha o camarão empanado, pega que você vai gostar. – bebeu um gole de refrigerante --
-- E agora? Depois de sair da dieta desse jeito, -- ria – nós vamos aonde? – limpou a boca com um guardanapo--
-- Saindo daqui, nós vamos la na faculdade onde eu estudei que eu preciso levar um documento e depois passaremos na imobiliária.
-- Tudo bem. Quando voltarmos pro Rio, nós podemos assistir aquele pôr do sol de novo?
-- Claro! Água de coco e pôr do sol para encerrar o dia. – sorriu –
Terminado o almoço, as amigas deixaram o restaurante e seguiram para a Faculdade, Adriana resolveu a burocracia do intercâmbio e deixou o local com Viviane. Rumaram para a Imobiliária que fica no centro de Niterói para renovar o contrato de aluguel do seu apartamento para Lívia, sem saber da relação da professora com Ana Paula.
************
Ana encontrou com Lívia no Centro do Rio, ela saía de uma audiência e a professora deixava o expediente mais cedo para resolver algumas pendências pessoais, inclusive a renovação do contrato de aluguel do apartamento.
-- Oi meu anjo. – abriu o seu sorriso mais sedutor –
-- Oi Lívia, linda como senpre! – beijou seu rosto –
-- Obrigada pelo elogio. Vamos? Eu preciso passar no banco e depois na imobiliária para acertar a renovação do aluguel do apartamento.
Ana sentiu o peito apertar em lembrar que Adriana desistiu de voltar ao Brasil, ainda tinha a imagem daquela silueta que vira na praia, sentia saudades da morena, da compania dela do cheiro e do aconchego, sentia-se protegida quando estava com ela, mas diante da informação achou melhor se conformar e esquecer essa paixão.
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Na imobiliária, Adriana chegava acompanhada de Viviane, foi prontamente atendida pelo advogado do local, antigo conhecido do pai de Adriana. O local tinha um balcão que preenchia o espaço de um lado ao outro dividindo a sala onde os funcionários trabalhan dos clientes que seriam atendidos.
-- Oi Adriana, que prazer revê-la. – estendeu-lhe a mão –
-- Oi Sr. Rodolfo, tudo bem com o senhor? – cumprimentou o senhor – Esta é minha amiga Viviane.
-- Prazer. – cumprimentou o senhor de cabelos grisalhos –
-- Então minha filha, você veio renovar o contrato do seu aluguel não é? – pegava uma pasta com documentos –
-- Isso mesmo. Eu vou ficar mais um ano por lá.
-- Estudando ainda? – ajeitava os óculos de perto no rosto –
-- Sim, agora eu vou fazer o mestrado, mas terminando eu volto para o Brasil, por isso estou renovando só por mais um ano.
-- Eu entendi. – analisava os papeis – Está aqui, espere só um pouquinho que eu vou imprimir o contrato novo para você assinar.
-- Tudo bem. – sorria –
O senhor se afastou e foi para o final da sala falar com uma funcionária, as meninas ficaram aguardando encostadas no balcão enquanto conversavam.
-- Sr. Rodolfo, eu posso usar o seu banheiro? – pediu Adriana –
-- Claro minha filha, ai atrás de você. – apontou para a porta atrás das meninas –
Adriana saiu do ambiente deixando Viviane distraída com uma revista que ela encontrou no canto da sala.
A porta da rua se abriu e duas mulheres entraram no recinto, bem vestidas, de terninho, pastas nas mãos e salto alto. Lívia e Ana Paula chegaram para a professora assinar a renovação do contrato do aluguel do apartamento de Adriana. Viviane não se deteve na presença das duas, viu uma foto de Ana Paula uma vez, mas como é muito distraída não guardou a feição da loira, cumprimentou-as com um sigelo -- “Boa tarde” e continuou a leitura do exemplar em suas mãos.
As duas permaneceram de mãos dadas aguardando o atendimento, quando a porta do banheiro abriu e Adriana saiu para a recepção dando de cara com Ana Paula. Foi um impacto para ambas, os olhares se encontraram como fogo cruzado em um tiroteio, azuis e castanhos se encaravam sem nada a dizer.
Continua ...
Fim do capítulo
Boa leitura!
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