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2121 por Cristiane Schwinden

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Palavras: 4119
Acessos: 9303   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 34 - Gaslighting

Capítulo 34 - Gaslighting

 

A travessia até a bela ilha levaria meia hora, as nuvens haviam dado espaço para o sol finalmente reinar sozinho no céu, deixando um dia perfeito para navegar até aquele pequeno pedaço de paraíso.

Poderia ter sido um passeio agradável no meio de tanta correria e preocupações, mas entre o casal aventureiro as coisas estavam cinzas.

O barco já seguia numa boa velocidade e ambas estavam no andar de cima, lado a lado no parapeito da grade de segurança. Em silêncio, suas roupas e cabelos tremulavam com o vento, Theo guardara o boné na presilha da calça.

Sam dividia seus olhares entre a paisagem e Theo. De forma hesitante pousou sua mão sobre a mão dela em cima da grade. Ao se dar conta do que acontecia, Theo deslizou sua mão para o lado, a retirando.

- Tem um assento vago ali no canto, não quer sentar? - Sam perguntou, tentava qualquer coisa para iniciar uma conversa.

- Não, obrigada. Mas sente-se lá se quiser.

- Você pode sentar no meu colo, minha perna mecânica aguenta a compressão de até meia tonelada. - Sam brincou.

- Estou bem aqui. - Theo respondeu sem mudança de expressão.

O sorriso de Sam desapareceu, dando lugar à desolação.

- Você disse que me desculpou, mas está distante, fria.

- Discordo, estou sendo cordial e respeitosa com você.

- Você está diferente, Theo.

- Não, eu estou te tratando de forma normal, como quando nos conhecemos.

- Mas naquela época não tínhamos nada.

- Exatamente.

Sam a olhou por alguns segundos, em silêncio.

- Entendi. - Sam balançou a cabeça, assimilando. - Ok, se você quer que as coisas sejam assim, então que seja.

O barco atracou num dos spots da ilha, conectando-se ao cais, a dupla aguardava por Igor na saída do barco.

- Já almoçaram? - Igor perguntou ao passar por elas.

- Eu te convidei para almoçar primeiro. - Sam brincou.

- Bem lembrado. Me sigam, vamos comer um peixe fresco.

Os três subiram pela entrada da ilha, desceram uma ruela e adentraram um restaurante simples.

- Esse aqui não é para turistas, mas a comida é até melhor. - Igor disse já sentando numa mesa plástica, sendo acompanhado por elas.

- Peixe, quanto tempo não como peixe. - Sam falou, Theo permanecia quieta.

- Você não enxerga? - Igor perguntou a Theo.

- O que?

- Não, não enxerga. - Sam respondeu por ela.

- E não ouve? - Igor riu.

- Ouço sim, mas não estava prestando atenção. - Theo respondeu rispidamente.

Sam bateu com seu pé no pé de Theo por baixo da mesa, chamando sua atenção.

- Então, o que uma tenente do grandioso exército europeu procura nestas terras?

Sam se aproximou de Igor, inclinando-se para frente.

- Aqui é seguro? - Sussurrou.

- Estamos entre amigos.

- Ok. - Sam ajeitou-se na cadeira de madeira. - Serei direta: você sabe onde o Beta-E é fabricado?

- Bem direta. - Igor servia seu prato.

- Você poderia dar uma resposta direta também. - Theo disse.

- Se eu tivesse uma resposta, eu não te daria, nem sei quem é você.

- Theo está num dia ruim. - Sam se desculpou. - Você sabe do que estou falando, você sabe das vacinas, então mesmo que não saiba onde estão as matrizes do Beta-E, talvez tenha suspeitas, ou outras informações.

- Sabe. - Igor mastigava devagar, olhando para o lado, onde haviam alguns coqueiros. - Uma vez a polícia do governo mandou um casal à paisana falar com um companheiro meu, aqui em Salvador mesmo. Se passaram por turistas, fretaram seu barco, fizeram um lindo passeio ao redor de Itaparica. - Olhou com um sorrisinho para Sam, e continuou. - O casal nunca mais foi visto, talvez estejam no fundo desse mar.

- Não somos da polícia do governo, abrimos o jogo desde o início. - Theo respondeu.

- Sabemos que é o grupo Archer que está por trás da fabricação. - Sam soltou a informação, mudando o semblante de Igor.

- Odín disse isso?

- Não, descobrimos sozinhas.

- Vocês têm ideia no que estão se metendo? A Archer não é a empresa mais poderosa da Nova Capital à toa, é um império antiético que controla um braço do governo, eles têm poder de justiça, esmagam quem se coloca no caminho deles.

- Não vamos desafiá-los, só precisamos pegar as matrizes do Beta-E.

- Para que?

- Entregar para outro laboratório. - Theo respondeu.

- Qual laboratório?

- Não sabemos.

- Tem recompensa pelas matrizes?

- A recompensa é um novo coração artificial para mim, o meu vai desligar semana que vem.

- Quem é seu contratante? O exército europeu? Esse laboratório que quer as matrizes é europeu, não é?

- Não sabemos, tudo que sei é que meu contato se chama David, mas não sei qual é a empresa ou nação por trás disso.

- Por que não rouba um banco e compra um coração no mercado negro?

- Eu preciso de um coração específico.

- Espera aí... - Igor arregalou os olhos. - Então é verdade? Vocês existem?

- Vocês?

- Borgs. Você é uma Borg?

- Você sabe sobre os Borgs? - Sam indagou surpresa.

- São lendas que ouço, nossa célula vermelha é especializada no planejamento tático e administrativo, mas ouço coisas da célula amarela sobre os avanços tecnológicos, é a especialidade deles.

- Qual a especialidade da azul? - Sam perguntou a Theo.

- Espionagem.

- Então você tem um coração de Borg? O que mais é artificial em você?

- Minha perna.

- Não tem implantes neurais?

- Tenho, não apenas neurais.

Igor sorriu fascinado.

- Estou quase pedindo um autógrafo a você.

- Preferiria não ter nada disso. - Sam sorriu com timidez.

- Posso ver sua perna?

- Ok, voltando ao assunto. - Theo interrompeu. -Temos a informação que as matrizes estão no mesmo local onde o Beta-E é fabricado, então procuramos algum laboratório grande e clandestino, o que você sabe sobre isso?

- Não sabia das matrizes, nunca ouvi falar disso.

- Mas sabe sobre o Beta-E.

- Apenas sei que o Beta-E é fabricado numa ilha.

Os olhos de ambas brilharam com a informação.

- Qual ilha?

- Boa pergunta.

- Você sabe, não sabe?

- Não faço ideia.

- Pelo amor de Deus, Igor, minha vida depende disso, qual ilha? - Sam implorou.

- Eu juro pelo Senhor do Bonfim, não sei qual é a ilha.

- Amigo, você tem ideia quantas ilhas tem no Brasil? Você deve ter mais informações, ou sabe como consegui-las, então pare de nos enrolar. - Theo disse.

- Não sou seu amigo, e não será nesse tom que você conseguirá alguma coisa.

Theo respirou fundo, engolindo a ansiedade.

- Sabe o estado pelo menos? - Sam tentou.

- Não, não sei. Escutem, eu realmente não tenho mais informações, gostaria de poder ajudar, nossa célula também procura a origem do Beta-E, mas isso é tudo que sei.

- Você faz parte da liderança?

- Estou chegando agora, ainda não tenho acesso a todas as informações, estou tomando aos poucos o lugar que meu pai deixou, ele era um dos líderes.

- Onde está seu pai?

- Se foi, sumiu no MT, você sabe o que acontece com quem some.

- Nunca mais aparece. - Theo respondeu.

- Você poderia procurar o núcleo e pedir por mais informações hoje, nós estamos sem rumo, esperando alguma pista concreta, podemos aguardar um pouco.

- Eles me passaram todas as informações que podiam, não me darão mais nada.

- Peça como favor pessoal. - Sam insista.

- Mocinha, acho que você não sabe como funciona o grupo, não é? Não somos uma irmandade, não somos amigos, cada um trabalha em prol de um bem maior, mas sem maiores contatos com outros membros, por segurança.

- Porque se um for pego, não tem muito o que entregar. - Theo completou, mexia devagar na mão ferida, com dor.

- Você pode pelo menos tentar? - Sam pediu.

Igor correu a mão pelos cabelos curtos negros ondulados, hesitante.

- É melhor terminarem suas refeições, o barco parte em quinze minutos.

Os três deixavam o restaurante e retornavam ao cais, era a metade de uma tarde agradável.

- Já conhecia Morro de São Paulo?

- Não. - Sam respondeu.

- Então não posso te deixar ir embora sem ver isso. - Igor mudou o rumo, as conduzindo numa estrada estreita.

Despontaram num mirante, que dava para o outro lado da ilha, era possível ver três praias com águas claras azuladas e alguns corais por baixo.

- Nossa... - Sam olhou impressionada para aquelas porções cristalinas de mar emolduradas por coqueiros.

- Já viu algo mais bonito? - Igor perguntou, orgulhoso.

- Nunca vi nada parecido, não sabia que o mar poderia ter essa cor. - Sam continuava olhando encantada.

- Se você tiver oportunidade de voltar, venha com tempo, mas cuidado, muitos não conseguem sair daqui. - Igor riu.

- Theo, eu encontrei. - Sam dizia com um sorriso.

- O que?

- Algo para comparar com seus olhos, eles são da mesma cor dessas águas.

- São?

- Sim, seus olhos já não são inefáveis. - Sam teve vontade de pousar a mão em seu rosto, mas desistiu, temeu ser repelida.

- Você também nunca esteve aqui? - Igor perguntou a Theo.

- Não, nunca estive.

- Bom, contemplação finalizada, vamos descer para o cais. - Igor saiu caminhando na frente.

- Voltaremos aqui, algum dia. - Sam sussurrou no ouvido de Theo, tomando sua mão para a caminhada.

Ao desembarcarem em Salvador, foram até a cabine falar novamente com Igor.

- Pelo menos aproveitaram o passeio? - Igor brincou.

- Você realmente vai nos deixar de mãos abanando? - Sam falou com uma voz cuidadosa, próximo dele.

- Eu dei uma informação.

- Vaga. - Theo resmungou atrás de Sam.

- É tudo que tenho.

- Não conheço a cidade, o que acha de nos mostrar um pouco de Salvador hoje à noite? - Sam convidou.

Igor não respondeu, deu alguns comandos numa tela de comando a sua frente.

- Um jantar quem sabe? - Sam insistiu.

- Você é insistente.

- E persistente.

- Tenho compromisso hoje à noite, mas passem aqui amanhã antes das oito, quem sabe eu tenha novidades.

- Você vai falar com alguém? - Sam se animava.

- Não prometo nada, mas um bom café eu poderei oferecer.

- Combinado. - Sam estendeu a mão, o cumprimentado.

Assim que entraram na caminhonete, Sam percebeu o semblante fechado de Theo.

- Passaremos a noite em Salvador, quer dar uma volta? Ainda nem são três da tarde e o dia está lindo.

- Quero analgésicos. - Falou de forma ríspida.

- Quanto mau humor. - Sam virou-se para trás, pegando um comprimido da caixa médica.

- Tome. - Entregou com uma garrafa de água. - A mão está doendo?

- Bastante.

- Deve incomodar o tempo todo, não é?

- Sim.

- Ok, vou deixar você quieta. - Sam deu partida com o carro.

- Você estava flertando com Igor? - Theo perguntou incisivamente.

- Claro que não.

- Vocês estavam flertando.

- Não, não estava flertando coisa alguma.

- Estava sim.

- Eu estava sendo educada para conseguir informações, e você deveria ter feito o mesmo.

- Vocês estavam flertando. - Theo resmungou baixinho, de forma quase inaudível.

- Pare de repetir isso.

Ficaram em silêncio por alguns minutos, Theo voltou a falar.

- Para onde estamos indo?

- Procurar algum lugar para ficar, vou aproveitar essas horinhas para lavar roupas, depois descansar.

Estacionaram numa pousada num casarão antigo nas proximidades, pegaram um quarto e passaram a tarde e a noite sem trocar palavras. O lugar era todo bege e marrom, incluindo a roupa de cama, tinha uma pequena janela com vista para a Baia de Todos os Santos.

Sam acordou no início da madrugada e não encontrou Theo na cama, a fazendo levantar rapidamente.

- Theo? Está no banheiro?

Ninguém respondeu, foi até o banheiro e a porta estava trancada por dentro.

- Theo, você está aí dentro?

- Estou.

- Por que trancou a porta?

- Quero privacidade. - Theo falava com uma voz fraca, triste.

- O que você está fazendo?

- Nada.

- Então saia daí e volte para a cama.

- Não.

- Anda, venha dormir.

- Não consigo dormir.

- Por causa da mão? - Sam falava com as mãos espalmadas na porta marrom.

- Sim.

- Saia daí, venha que eu te ajudo a dormir, te dou mais analgésico.

- Eu quero ficar aqui.

- Por que?

- Quero ficar longe de você, me deixe em paz. - Sua voz era sofrível.

Sam ficou em silêncio, tentando entender.

- Deixe de frescura, saia daí logo.

- Você conseguiu, parabéns.

- Consegui o que?

- Nunca mais chegarei perto de um piano, não era isso que você queria? Você conseguiu, eu não mexo mais meus dedos.

Sam sentiu-se mal, enjoada.

- Perdeu o movimento dos dedos?

- Perdi.

- Eu sinto muito.

- Não sente não.

Sam fechou os olhos recostando a testa na porta.

- Me desculpe.

Theo não respondeu.

- Saia do banheiro, eu cuido da sua mão aqui fora e te ajudo a dormir.

- Não.

- Por que você tem que ser tão teimosa? Saia logo daí.

- Por favor, me deixe em paz.

- Você está sofrendo porque quer.

- É, estou sim.

- Não ache que estou com pena de você, a culpa também é sua. - Sam falava agora num tom sério.

- Não quero sua piedade, quero só ficar longe de você.

- Você vai embora?

Theo demorou para responder.

- Não.

- Eu não quero que você vá.

- Tanto faz.

- Estou tentando te ajudar, mas você é tão arrogante que não permite, vai ficar aí sofrendo com dor na mão.

- De arrogância você entende, não é mesmo? - Theo retrucou.

- E de vitimismo você é profissional.

- É por isso que nunca vou conversar sobre minhas coisas, não tenho a menor vontade de dividir minha vida com uma pessoa egoísta como você.

- Egoísta foi você não me dando as informações mais importantes, você pensou só no seu bem estar, na sua segurança, e agora vem bancar de vítima? Você tem uma boa vida e um futuro pela frente, e eu? Eu estou tentando sobreviver! Mas você é uma exagerada, faz drama desnecessário.

- Como se eu ignorasse sua busca, não é? Você me decepciona cada vez mais, nos últimos dias só tem me surpreendido negativamente. - Theo disse com pesar.

- Olhe tudo que já fiz por você! Por causa de um rompante meu, um rompante totalmente justificável, que fique claro, você anula tudo que já te fiz, o quanto já cuidei de você e dessa maldita mão que só me dá dor de cabeça!

- Deixe a porcaria da minha mão então! Eu cuido do meu jeito, eu não te pedi nada, você que está me enchendo o saco aqui, desde o início dessa conversa idiota que estou pedindo para me deixar em paz, mas você é chata, é insistente.

Sam a essa altura já se exaltava do outro lado da porta.

- E você é petulante! E muito mal-agradecida!

- Obrigada por ser esse animal incontrolável e foder com a minha mão! - O clima piorava cada vez mais, os ânimos se inflamavam.

- Eu tive minhas razões! Você não consegue entender o que passei? Eu tinha certeza que você era uma traidora, que trabalhava nessa merd* de empresa! Eu vi a foto e deduzi que você era alguém enviado para acabar com a minha vida!

- Nada justifica sua violência!

- Eu estava desesperada! Eu fiquei sem chão, mas que merd*! Você não vai me entender nunca? Como você se sentiria se descobrisse que a mulher que ama quer sua morte?

- O que você disse? - Theo franziu as sobrancelhas, confusa.

- Oh droga... - Sam fechou os olhos deixando a cabeça cair junto a porta, ao lado das mãos espalmadas.

A discussão se encerrara de forma abrupta e inesperada, trazendo um silêncio carregado de confusão. Depois de longos segundos, Sam voltou a falar, agora já recomposta.

- Se quiser que eu olhe sua mão e dê mais analgésicos estarei aqui fora.

- É verdade o que você disse? - Theo perguntou ainda assimilando.

Sam demorou para responder.

- Por que você acha que terminei tudo com Mike?

Theo não respondeu.

- Eu vou dar uma saída, não abra a porta para ninguém. - Sam informou.

- Onde você vai?

- Dar uma volta.

Sam trocou de roupas e saiu da pensão. Theo saiu do banheiro algum tempo depois, foi até a cama e não a encontrou. Deitou-se, mas não conseguia dormir.

Meia hora depois, ouviu a porta se abrindo.

- Sam?

- Sou eu.

Sam foi até seu lado na cama.

- Chegue para lá um pouco. - Sam pediu, e sentou-se na beira da cama.

Theo não fazia ideia do que estava acontecendo, permaneceu deitada, com semblante apreensivo. Sam tomou seu braço direito, esfregando seus dedos por sua pele.

- Não mexa o braço. - Sam pediu, e aplicou lentamente uma injeção em sua veia.

- O que é?

- Hidrometa, 2 ml.

Theo logo sentiu a onda de calor subindo por seu corpo, fechando os olhos com força.

- Tem mais 8ml, usaremos com moderação nos próximos dias, ok? - Sam disse.

Theo balançou a cabeça concordando. Sam ergueu-se da cama e guardou o restante das ampolas na caixa médica. Trocou novamente de roupa e deitou-se ao seu lado.

- Tente dormir. - Sam orientou, virando-se para o lado de fora da cama.

- Obrigada. - Theo murmurou.

***

Theo sentou-se na cama num rompante, já estava quase amanhecendo.

- O quarto. - Falou assustada.

- Ãhn? - Sam acordou também, sem entender o que acontecia.

- O quarto. - Repetiu.

- Que quarto?

- Branco. - Theo tateou ao seu lado avidamente, procurando por Sam.

- Estou aqui. - Sam disse, segurando sua mão. - Que quarto branco?

Theo parecia confusa, soltou sua mão, esfregando o rosto com um semblante angustiado. Suspirou fundo e deitou-se, virada para fora.

- É por causa dessa porcaria, você tem pesadelos quando toma hidrometa e acaba me acordando também. - Sam resmungou.

Theo permaneceu em silêncio, Sam inclinou-se por cima dela, a observando, estava apertando os olhos com os dedos, com a respiração forte.

- Você está bem? - Sam perguntou.

- Me deixe em paz. - Theo encerrou, com a voz baixa.

- Ok. - Sam voltou a dormir.

***

- Bom dia, tenente! - Igor cumprimentou Sam assim que desceram as escadas do cais, onde os barcos e lanchas atracavam logo cedo.

- Bom dia, capitão. - Sam brincou, Theo estava ao seu lado com cara de poucos amigos.

- Vieram pelo café?

- Um bom café enriquecedor, eu espero.

Igor riu e se dirigiu até elas, apertou a mão de ambas.

- Vou ao escritório e já volto para levar vocês para o melhor café de Salvador.

- Espero que faça jus a propaganda. - Sam disse, e sentaram-se na mureta de pedras.

Theo entregou seu boné para Sam, tentava prender seu cabelo.

- Temos que ter um plano B. - Sam dizia, pensativa.

- Para o que?

- Para que Igor nos ajude, eu tenho certeza que ele tem mais informações do que diz ter, então por favor, seja simpática hoje.

- Serei um poço de simpatia.

Sam continuava compenetrada, fazendo planos.

- Temos uma carta na manga, e se for preciso teremos que usar.

- Qual carta? - Theo tomou o boné de volta, recolocando já com um rabo de cavalo.

- Você.

- Eu?

- Se ele não colaborar, diremos a verdade, que você é filha do Benjamin Archer.

- Eu não sou seu objeto de barganha. - Theo dizia com indignação.

- Que mal tem? Ele vai ficar fascinado com essa informação, vai querer fazer parte da nossa busca, não vai te fazer mal algum.

- Eu decido para quem contar, não você, é minha vida pessoal.

- Por segurança? Para a sua segurança? Você está pensando só em você, Theo.

- É o que eu tenho feito desde o início. - Theo debochou, e Igor retornou.

- Vamos? - Igor as chamou, e seguiram para um bar popular numa esquina dos casarões restaurados ali perto.

- Tem café aqui? - Sam olhava para todos os lados, era um lugar pequeno com três mesas metálicas com cadeiras.

- Tem sim, e sabe o que não tem aqui?

- O que?

- Os pássaros. - Igor apontou para o alto, na direção da porta.

- Ótimo. - Sam sorriu, e pediram seu desjejum.

Os minutos passavam e a conversa não saia das amenidades, Theo evitava participar da conversa, sua mão, que agora não mais se movia, voltara a doer com força total.

- Igor, já estou no segundo café, o que acha de falarmos sobre suas descobertas? Nosso tempo é curto. - Sam interrompeu a conversa sobre a carreira de ambos no exército, Igor havia servido na marinha da Nova Capital por seis anos.

- Não está gostando do café? - Igor sorriu.

- Você está nos enrolando, não é? - Theo entrou na conversa, já impaciente.

- Não, apenas estou sendo educado com vocês. Mas já que entraram no assunto, conversei com algumas pessoas ontem e não consegui nada de novo.

- Mais nenhuma informação? - Sam perguntou com desalento.

- Se eles possuem informações, me ocultaram, apenas me disseram que continuam investigando o grupo Archer, colocando espiões infiltrados nas diversas sedes.

- E até agora os espiões não deram nenhuma informação importante? - Sam perguntou.

- Nada que ajude vocês.

- Você conhece algum dos espiões infiltrados? - Theo perguntou.

- Não, isso não é da minha alçada.

- Algum nome? Sabe o nome de algum? Talvez eu conheça. - Theo insistia.

- E por que você conheceria?

- Por que eu sou filha do presidente da empresa, eu conheço um bom número de funcionários.

Igor e Sam arregalaram os olhos ao mesmo tempo, Igor a olhava estupefato.

- Você quer que eu acredite que essa garota maltrapilha sentada a minha frente é filha do Benjamin Archer? É alguma piada?  - Igor perguntou a Sam.

- Procure no seu comunicador. - Theo respondeu antes que Sam pronunciasse algo.

- Procurar o que?

- Meu nome, Theodora Bedford Archer.

Igor olhou hesitante para Sam.

- Faça o que ela está dizendo, busque o nome.

Igor sacou o comunicador e confirmou a identidade de Theo, olhando boquiaberto para a pequena tela.

- Então você está do outro lado. - Igor falou nervosamente.

- Não, ela está do seu lado, e do meu lado, está me ajudando na busca.

- Como vou acreditar que ela não está defendendo os interesses do papai?

- Não está, acredite. - Sam disse.

- Eu faço parte da célula azul, lá eles sabem quem eu sou. E nesse momento meu objetivo é conseguir as matrizes para ela, foda-se meu pai, células, Archer, eu só quero achar esse laboratório. Para isso eu me coloco a sua disposição para dar as informações sobre a Archer que você quiser. - Theo falou.

- Em troca de que?

- Tudo que você está escondendo de nós. - Theo disse enfática.

Igor esticou-se para trás na cadeira de metal, pegou seu copo de café dando o último gole. Fitou analiticamente para ambas, como se decidindo seus próximos passos.

- E então? Precisa de um terceiro café ou vamos acabar com a enrolação? - Theo arrematou.

Igor largou lentamente seu copo em cima da mesa, ajeitou seu cabelo ondulado para trás.

- Ilha das Peças, Rio.

Ao final da conversa, um pássaro drone espião abandonou a porta do bar, sem ser percebido em nenhum momento.

 

***

Gaslighting: Técnica de manipulação emocional que desqualifica a pessoa, mesmo que ela tenha razão. O gaslighting pode ser qualificado como violência de controle/cerceamento ou também como violência psíquica/verbal.

Exemplos: "Calma, era só uma brincadeira", "Você está exagerando", "Você está surtada", "Cadê seu senso de humor?", "Você é sensível demais, relaxa um pouco", 'Tá de TPM?".

Nesse tipo de relação, o abusador tende a distorcer, omitir ou mesmo inventar informações, fazendo a vítima duvidar de sua memória, razão e sanidade. Ele também pode afastar a vítima de pessoas conhecidas, convencendo-a de que é o melhor a se fazer, ou que aquelas pessoas que foram afastadas eram pessoas ruins.

Mais informações:
-
http://www.papodehomem.com.br/porque-as-mulheres-nao-estao-loucas

- http://revistaglamour.globo.com/Na-Real/noticia/2015/03/voce-ja-foi-vitima-de-gaslighting-nao-sabe-o-que-e-gente-explica.html

 

- http://www.dicasdemulher.com.br/gaslighting/

Fim do capítulo

Notas finais:

Esse sem sombra de dúvidas foi o "eu te amo" mais inusitado que já escrevi...


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Comentários para 34 - Capítulo 34 - Gaslighting:
viiihellen
viiihellen

Em: 15/11/2015

Mas foi em um bom momento, afinal, se ela não tivesse dito acho que Theo iria querer ir embora de novo!!!

Responder

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jake
jake

Em: 13/11/2015

,,,QUE DEMONSTRAÇAO DE AMOR

Responder

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Mag Mary
Mag Mary

Em: 18/10/2015

Ainda estou com raiva da Sam, mesmo ela dizendo que ama a Theo, e exatamente por isso ela não devia ter agido daquela forma. Só espero que a Theo consiga superar isso, que arrume um tratamento pra essa mão.

Ah vi que você mora na cidade de todos os santos né, meu amor também mora aí <3.

Bjus

Responder

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Lekanto
Lekanto

Em: 12/10/2015

Apesar do "Eu te amo" inusitado, a Theo tem motivos para ficar com raiva da Sam. Só espero que não demore muito para elas fazerem as pazes. 

Fique bem. 


Resposta do autor:

Oie!

Agora nos resta a expectativa que um novo 'eu te amo', dessa vez de uma forma decente, seja pronunciado em breve.

Eu tb fiquei com raiva da Sam em alguns momentos, entendo o que Theo está sentindo.

Obrigada ;)

Bjinhos!

Responder

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Anonimo 403998
Anonimo 403998

Em: 12/10/2015

Adorei esse momento do 'eu te amo' 

Explica um poko, mas não redime a Sam, apesar de eu achar q agora a Theo pode começar a tentar dar outra chance p a Sam. 

Amei o capítulo, mas vc já deixou plantada a próxima confusão neh? 

Espero q elas consigam se livrar disso e conseguir o coração da Sam >< 

bjs ;] 


Resposta do autor:

É, esse 'eu te amo' torto até ameniza um pouco as coisas, mas não resolve o que tá feito né? 

Sam vai ter que ralar...

No dia que eu não plantar uma confusão, é melhor checar minha temperatura... rs

Obrigada por comentar ;)

Bjos

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