O intervalo era a melhor coisa do colégio. Sem professores reclamando, sem tarefas para fazer... Era a minha hora de brilhar! Bem, seria se uma certa pessoa não ficasse me perturbando o tempo todo.

– Olha ali, Nanda! Aquela garota não é linda? Bem seu tipo! – cochichou minha amiga Kátia. Era a sétima vez que ela falava isso e eu, ocupada em olhar minhas curtidas no Instagram, mal prestava atenção. Apenas sorri, mostrando meus dentes perfeitos.

– Não sei quem é, mas não é mais linda do que eu. – disse, passando a mão pelo meu cabelo loiro. Kátia rolou os olhos. Era verdade, oras! Eu sou mesmo linda, e não preciso da droga de modéstia. Tenho corpo perfeito, olhos azuis, altura de modelo... Todos me adoravam!

Mas aparentemente não a Kátia, porque ela ela me deu uma tapinha no ombro.

– To falando sério, poxa... – falou no seu tom calmo habitual que me irritava às vezes.

– E eu também! – disse, voltando me olhar pela câmera do celular. Ela me deu outra tapa no ombro e me disse para olhar a droga da garota. Certo, não desse jeito, ela nunca falava palavrão. Minha amiga era refinada demais para isso. Com sua pele morena e seus longos cabelos cacheados, Kátia era a elegância pura.

Não mais que eu, claro.

Terminando de olhar minhas fotos, eu finalmente olhei para a direção que minha amiga apontava, e minha respiração falhou. Nem precisei perguntar quem era a garota. Não tinha necessidade. Aquela garota se destacava na multidão de uma forma incrivelmente... Intensa.

Engoli em seco.

– Ela não é linda. Ela é maravilhosa! – eu disse. Kátia sorriu. – Mas não mais do que eu, claro. – completei. Resultado: outra tapinha no ombro. Dessa vez doeu!

Para uma pacifista minha amiga até que é bem violenta.

Voltei a observar a garota, que estava sentada em um dos bancos do pátio. Ela era bem simples, para falar a verdade. Usava maquiagem básica e tinha aquele cabelo liso padrão de colégio particular. Mas tinha algo naquela garota que exalava um magnetismo tão...

– Sexy. – sussurrei. Kátia sorriu com maldade. Fiquei vermelha mas logo soube me recompor, claro.

Voltei a encarar a garota, e na mesma hora tomei uma decisão.

– Vou até lá. – disse, já me levantando da mesa. Minha amiga morena arregalou os olhos, impressionada com a minha firmeza.

– Sério? Tem certeza? – perguntou. Eu apenas sorri.

– Claro. Não sou indecisa como você, né miga? – pisquei e saí andando antes que ela me batesse de novo. Nossa amizade era assim, afinal.

Atravessei o pátio chamando atenção, como sempre. Ambos os sex*s me olhavam admirados, uns com desejo, outros com inveja. E eu adorava essa atenção toda! Quando cheguei perto da garota, parei à sua frente e sorri. Ela estava mexendo no celular, e pareceu não perceber minha presença.

Mas... Como ela ousa... Tentei me acalmar. Eu vim aqui com um objetivo, afinal.

– Ei! – eu disse, confiante. Ela apenas tirou o olhar do celular e levantou a sobrancelha. Mas que atitude irritante! Calma, Nanda. Calma. – Meu nome é Fernanda. Gostei de você. Qual o seu nome?

Ela levantou a outra sobrancelha, e sorriu. Ugh... Sexy as hell.

– Gosta de mim? Mas a gente nem se conhece. – disse, voltando a olhar para o celular. Mas que... Mas que garota atrevida! Como... Como ela se atreve a me ignorar?

– Escuta aqui... – cheguei mais perto e coloque a mão no ombro dela. Movimento errado. Ela levantou a sobrancelha de novo, e por um segundo eu esqueci o que ia falar. Ela arregalou os olhos e abriu um pouco os lábios, surpresa. Engoli em seco.

Nossos rostos estavam pertos demais.

– To escutando. – ela disse, quebrando qualquer clima que tinha criado ali. Eu me afastei rápido. De repente estava começando a suar. Estranho, geralmente eu não... Voltei a encarar ela, e esse foi o meu erro fatal.

Ela me olhava com uma profundidade desconcertante. Comecei a suar ainda mais, e de repente eu estava me sentindo muito... Quente. Cada vez mais eu me perdia naqueles olhos, naquela boca...  Era um olhar tão intenso que eu quase perdi um pouco da minha auto confiança... Eu disse quase.

Porque nada tira minha auto confiança, baby.

–  Eu... –  rapidamente me recompus, voltando ao meu sorriso habitual. – Quero te conhecer melhor. – ela me olhou admirada. Isso, é assim que eu quero que você me olhe! – Porque não vai na minha festa sexta? Te coloco na lista vip.

A garota voltou a me encarar desconfiada, ainda mais do que antes. Oh god, até desconfiada ela me faz ficar... De repente, ela começou a rir, me deixando mais confusa do que a Kátia na perdida tour.

– Desculpa, mas eu não vou a festa alguma. – disse, se levantando e ficando quase da minha altura. Já estava evidente de que todo mundo ali só prestava atenção em nós. – E ficaria feliz se ficasse longe de mim, queen bee. E a propósito, meu nome é Lara.

E foi embora assim, me deixando com a cara na poeira.

...

Mas.

Como.

Ela.

Ousa.

Fazer isso comigo?!

Me virei de uma vez e fui atrás dela saber como aquela vadia teve a audácia de falar assim comigo, quando alguém segurou meu braço.

– Calma Nanda, sem brigas lembra? – Kátia me segurava com toda a sua força, pois eu estava furiosa. Ninguém me desrespeitava desse jeito, como ela se atreve...?!

– Ela vai ver, Kátia. – eu disse, com um sorriso confiante. – Eu vou fazer ela abaixar a cabeça pra mim e me lamber toda, pode esperar. Porque quem domina isso tudo aqui sou eu!

Fim do capítulo