Capitulo 15
Por Bia:
Luísa estava completamente absorta no notebook, como se analisar planilhas num sábado à tarde fosse a atividade mais fascinante do universo. Ela se posicionou estrategicamente de costas para a cama e, consequentemente, para mim.
Liguei o ar-condicionado, ajustando para uma temperatura agradável, vesti meu pijama e me joguei na cama como se o dia tivesse drenado cada gota da minha energia. E realmente tinha. A manhã foi intensa e os drinks cumpriram seu papel perfeitamente. A última imagem antes de apagar foi Luísa, sentada ali, completamente concentrada, me ignorando por completo.
E então sonhei. Claro que sonhei. Com quem mais seria? Se meu inconsciente quisesse colaborar, talvez tivesse convocado alguma celebridade. Mas não. Era ela. Luísa. E foi um daqueles sonhos que me fizeram despertar com o corpo ardendo, apesar do ar gelado do quarto. Eu lembrava de tudo. Cada detalhe. O toque, a voz rouca, a forma como ela me encarava naquele sonho...
Suspirei, sentando-me na cama e piscando várias vezes para dissipar os resquícios das imagens. Peguei o celular: duas horas haviam se passado. Luísa continuava imóvel, mergulhada em seu universo de números e tabelas. Precisei sair da cama e me aproximar para ela perceber minha existência.
— Oi! Conseguiu finalizar? — perguntei, deixando minha voz propositalmente baixa e suave.
Ela se virou tão rapidamente que quase derrubou o notebook. O susto estampado no rosto dela foi gratificante.
— Oi! — Piscou várias vezes, como se estivesse retornando à realidade. — Estou finalizando agora. E você, conseguiu descansar?
Sorri, inclinando-me ligeiramente em sua direção.
— Me sinto renovada. — Fiz uma pausa, olhando para ela — Vou tomar um banho. Pensei que poderíamos descer um pouco depois. Tomar um sorvete, caminhar na praia...
Minha voz saiu mansa, doce, testando o terreno.
Ela hesitou brevemente, mas assentiu, esticando os braços e se alongando, como se despertasse após horas na mesma posição.
— Tudo bem. Acho que preciso me movimentar também.
Tomei banho e escolhi um short de linho branco com uma blusa de alcinha azul-claro, levemente decotada. Nos pés, sandálias rasteiras douradas. Optei por me trocar no banheiro. Se Luísa me visse em roupa íntima, as chances de ela desistir e se enterrar ainda mais naquele notebook eram enormes. Apliquei um perfume leve de baunilha com notas cítricas e fiz uma maquiagem discreta. O sol já começava a se pôr, tingindo o céu com tons arroxeados.
Descalças, com as sandálias nas mãos, caminhávamos pela praia enquanto nossos pés afundavam na areia macia. Uma brisa suave circulava e o sol se derretia no horizonte como uma aquarela. Nem sinal da equipe, o que não era surpresa. Estavam se divertindo sem a presença da filha da chefe, e como eu estava com Luísa, automaticamente também fui excluída.
Olhei para ela e percebi que estava distante. Não fisicamente, mas a quilômetros de distância em pensamento.
— Está voando, né? — provoquei, arqueando uma sobrancelha.
— O quê? — Ela piscou, voltando ao presente.
— Você está com a cabeça longe daqui. Está tudo bem?
— Sim, sim... Olha, ali tem uma sorveteria. — Apontou para um quiosque colorido, claramente desviando do assunto.
Sorvete sempre era um bom motivo para ignorar problemas, então aceitei a mudança sem questionar. Pegamos nossos sorvetes e continuamos andando.
— Vamos sentar ali. — Sugeri, apontando para um banco de madeira de frente para o mar.
Sentamos e, enquanto observava o sol desaparecer lentamente, percebi algo estranho. Os olhos de Luísa brilhavam com lágrimas contidas e seu sorvete derretia mais rápido do que ela conseguia comer. Suspirei, abaixei a cabeça e, sem cerimônia, lambi um pouco do sorvete dela.
Ela me encarou, espantada e confusa.
— De nada por impedir que essa delícia escorra pelos seus dedos e te transforme numa criança melecada de três anos. — Dei um meio sorriso. — Agora me conta o que está acontecendo. Você está com cara de choro.
Ela desviou o olhar, mexendo distraidamente no sorvete.
— Eu tenho um problema pessoal, Bia. E não quero falar sobre isso com você.
Senti um aperto no peito. A forma como respondeu foi mais dura do que esperava. Minha expressão deve ter denunciado o incômodo, porque ela suspirou e suavizou:
— Na verdade, não quero conversar sobre isso com ninguém...
Assenti, sem insistir.
— Entendi. Se mudar de ideia... estou por aqui. Sei que você me odeia, mas às vezes, quando temos um problema, o olhar de alguém de fora ajuda.
Ela me encarou por um momento e, surpreendentemente, riu.
— Eu não te odeio. Só não gosto de você.
— Ótimo. Estamos progredindo. — Sorri vitoriosa, recebendo um sorriso contido em retorno.
Terminamos o sorvete em silêncio enquanto o céu ganhava tons de roxo profundo.
— Você se importaria se jantássemos no quarto hoje? — Luísa perguntou de repente.
— Por mim, tudo bem. Mas por quê?
— Quero evitar a confusão do restaurante.
— Sem problemas.
Ficamos mais um tempo apenas observando o mar. Nenhuma palavra foi trocada, mas eu sabia que algo grande incomodava Luísa. E, por mais que tentasse esconder, algo me dizia que cedo ou tarde eu descobriria.
***
Depois de um banho rápido para remover o sal e a areia, vesti um pijama de seda vinho, curto e elegante. Luísa saiu do banheiro usando um pijama de algodão azul-claro com estampas discretas.
Quando a comida chegou, jantamos em silêncio confortável. Luísa pegou o molho e derramou sobre sua refeição.
— Passa o molho para mim, por favor. — Pedi, mantendo os olhos nela.
Ela me entregou sem falar, sem me olhar, concentrada na comida.
Após o jantar, fizemos nossa higiene e nos deitamos na cama, cada uma ocupando um extremo, deixando um espaço considerável no centro. O quarto estava escuro e silencioso. Tinha apenas o som do ar-condicionado preenchendo o ambiente. Senti o aroma suave do body splash de Luísa. Delicioso. Fechei os olhos tentando relaxar, mas algo me fez abri-los novamente. Quando me virei de lado, percebi que ela emitia um choro baixo e contido.
— Luísa... — Chamei baixinho.
— Oi? — Ela se virou parcialmente.
— Você está chorando? — Me aproximei e toquei seu ombro. — Não sei o que está acontecendo, mas não fica assim.
Ela suspirou. Quando se virou completamente, nossos olhares se encontraram. Sem hesitar, deslizei minha mão até seu rosto e enxuguei as lágrimas com o polegar. Estávamos frente a frente e eu sentia sua respiração. Tão quente. Tão próxima.
— Vai ficar tudo bem. — Minha voz saiu baixa, rouca. — Tenho certeza de que você encontrará uma solução. Você é tão inteligente... — Passei os dedos suavemente por sua bochecha e ela fechou os olhos ao toque. — E tão linda...
Minha mão desceu até seus lábios, traçando-os levemente com o polegar. Eu sabia que deveria parar, mas como parar quando tudo nela me chamava?
— E tem um beijo tão gostoso... — murmurei, antes de ceder ao impulso e pousar meus lábios nos dela.
O beijo começou suave, quase hesitante, mas logo Luísa se entregou, abrindo os lábios pouco a pouco. Aproveitei para aprofundar o contato, deslizando minha mão para sua nuca e puxando-a para mais perto. A outra mão traçou um caminho lento até sua cintura, sentindo o calor de sua pele sob o fino tecido do pijama.
Luísa passou a retribuir o beijo intensamente, encostando sua língua na minha num ritmo delicioso, como se dissesse sem palavras que desejava o mesmo que eu. O desejo crescia e minha boca abandonou seus lábios para explorar seu pescoço, distribuindo beijos úmidos e pequenas mordidas que arrancavam suspiros dela. Sua respiração quente no meu pescoço me incendiava. Minha mão, ainda em sua nuca, se embrenhou em seus cabelos, puxando-os suavemente para trás e expondo mais da sua pele macia para minha boca. Ela gem*u baixo, sua respiração entrecortada no meu ouvido me deixava ainda mais excitada. Com o contato, um gemido também escapou dos meus lábios, e aquilo foi suficiente para incendiar meu corpo por completo.
Minhas mãos deslizaram por baixo de sua blusa, mapeando um caminho lento por suas costas, barriga e pelas curvas de sua cintura. Sua pele quente reagia ao meu toque, arrepiando-se por onde meus dedos passavam. Meu corpo encontrou o dela num encaixe perfeito, pressionando com intenção enquanto me posicionava sobre ela. O calor entre nós se intensificava. Era pulsante e urgente, como se cada novo contato aumentasse ainda mais o desejo que ardia entre nós. Sentia meu centro vibrar e pulsar com a proximidade de nossos corpos.
Voltei a capturar os lábios de Luísa e ela retribuiu com fervor, sua língua deslizando contra a minha em um ritmo que fazia meu corpo inteiro arder. Coloquei minha coxa entre suas pernas, sentindo-a se mover instintivamente em minha direção, buscando mais contato, mais fricção, mais de mim. As mãos de Luísa ora apertavam minha nuca com urgência, ora deslizavam pelas minhas costas, arranhando-as levemente e me puxando em direção a ela, como se quisesse fundir nossos corpos.
Minhas mãos desceram até sua cintura e deslizaram por baixo do tecido de seu short de pijama, encontrando uma calcinha de renda. Com os dedos espalmados, apertei sua bunda com firmeza, puxando-a contra minha perna, guiando seus movimentos numa fricção provocante. O gemido abafado que escapou da boca de Luísa contra a minha fez meu corpo inteiro vibrar de desejo. O calor entre nós aumentava e meu centro úmido denunciava o efeito que ela tinha sobre mim, e o quanto eu queria mais.
Afastei levemente minha coxa, criando espaço para que minha mão deslizasse para a frente de seu corpo. Meus dedos exploraram o tecido fino da calcinha, pressionando de leve e sentindo seu centro úmido e pulsante. A umidade que atravessava o tecido era uma resposta clara. Luísa ofegou, os lábios se entreabrindo num gemido que escapou sem permissão, interrompendo o beijo por um breve instante.
Meu toque a fez tremer inteira e acendeu ainda mais o fogo que ardia entre nós. Mas então, subitamente, senti suas mãos pressionando meus ombros para cima, criando um espaço mínimo, porém claro, entre nossos corpos.
— Bia... — A voz dela saiu baixa, hesitante. Sua respiração ainda estava descompassada, seus olhos semicerrados, as pupilas dilatadas de desejo.
Me aproximei, tentando capturar seus lábios novamente, mas ela me empurrou suavemente. Pisquei, tentando processar o que acontecia. Meus dedos ainda estavam em sua pele, minha coxa ainda encaixada entre suas pernas, e o desejo latej*v* forte dentro de mim, implorando para não parar.
— Eu... não quero. — Ela respirou fundo, como se tentasse se recompor. Suas mãos, antes tão desesperadas por mim, agora estavam ali apenas para estabelecer uma barreira.
— Luísa... — Minha voz saiu rouca e sussurrada, em um misto de desejo e frustração contida.
Desfiz o contato dos nossos corpos e ela fechou os olhos por um instante, como se precisasse reunir forças para se afastar ainda mais.
— Desculpa. Eu só não...
Engoli em seco, sentindo o gosto amargo da frustração.
— Está tudo bem... — Murmurei, forçando um sorriso. — Eu não sei o que deu em mim. Foi um erro.
Ela assentiu devagar, sem dizer mais nada. E ali ficamos, deitadas na mesma cama, dividindo um espaço tão próximo fisicamente, mas separadas por um abismo invisível.
E o pior? Eu estava ali, deitada, sem sono, sentindo meu corpo inteiro pulsar. Ainda molhada e completamente excitada, com um ensaio logo pela manhã.
Perfeito. Simplesmente perfeito.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
HelOliveira
Em: 11/11/2025
Bia chegou bem perto, mas vai ter que dormir com a frustração...
Luiza vai levar tempo para processar e aceitar o que estar acontecendo
MalluBlues
Em: 11/11/2025
Autora da história
Sim... vai um tempo até ela perceber. Mas a Bia mexe e muito com ela.
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]