• Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Cadastro
  • Publicar história
Logo
Login
Cadastrar
  • Home
  • Histórias
    • Recentes
    • Finalizadas
    • Top Listas - Rankings
    • Desafios
    • Degustações
  • Comunidade
    • Autores
    • Membros
  • Promoções
  • Sobre o Lettera
    • Regras do site
    • Ajuda
    • Quem Somos
    • Revista Léssica
    • Wallpapers
    • Notícias
  • Como doar
  • Loja
  • Livros
  • Finalizadas
  • Contato
  • Home
  • Histórias
  • Striptease
  • Capitulo 56

Info

Membros ativos: 9525
Membros inativos: 1634
Histórias: 1969
Capítulos: 20,492
Palavras: 51,967,639
Autores: 780
Comentários: 106,291
Comentaristas: 2559
Membro recente: Azra

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Notícias

  • 10 anos de Lettera
    Em 15/09/2025
  • Livro 2121 já à venda
    Em 30/07/2025

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Recentes

  • Legado de Metal e Sangue
    Legado de Metal e Sangue
    Por mtttm
  • Entre nos - Sussurros de magia
    Entre nos - Sussurros de magia
    Por anifahell

Redes Sociais

  • Página do Lettera

  • Grupo do Lettera

  • Site Schwinden

Finalizadas

  • Ice Quinn
    Ice Quinn
    Por Carol Barra
  • SEIS CORES
    SEIS CORES
    Por Jessica Cantanhede

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Striptease por Patty Shepard

Ver comentários: 2

Ver lista de capítulos

Palavras: 7745
Acessos: 797   |  Postado em: 27/09/2025

Capitulo 56

 

Absolutamente tudo havia mudado em uma velocidade simplesmente absurda e desde então tudo parecia correr em câmera lenta. Helena não dava um pio sequer, após se recuperar do ataque de pânico que tivera, havia se fechado, a cabeça completamente atordoada com uma enxurrada de pensamentos cada vez mais piores que faziam uma angustia sem precedentes crescer em seu peito.

Amélia, contrariando até mesmo a própria personalidade, estava muda. Dirigiu em um silêncio tão absoluto que todo o som que ouviam dentro do carro somente era o suave som das mãos da mulher deslizando pelo volante, hora ou outra o som da seta sendo acionada e nada mais que isso. Mia nunca havia passado por uma situação nem mesmo similar aquela, estar diante de tamanha violência e no fim ser jogado em sua cara que seu irmão estava no meio daquele maldito lugar lhe causara sensações com as quais ela não estava sabendo lidar. Era muita informação para uma mulher que sempre gostava de pensar em absolutamente todos os detalhes.

Elizabeth havia partido de volta para o hospital no momento em que havia estabilizado a situação de Helena, ofereceu qualquer ajuda a mais que pudesse dar após aquilo e exigiu que Amélia a mantivesse informada.

Que caos.

A casa de Helena, por mais que tivesse sido um refúgio uma centena de vezes, não era viável naquele momento, não de acordo com os pensamentos de Mia, já bastava a quantidade de gatilhos acionados em Helena hoje, por isso optou a dirigir para a própria casa.

E assim, mais silêncio. Nenhuma das duas mulheres sequer parecia saber como tocar naquele assunto e muito menos conseguiam deixar de pensar no que haviam visto, todo o trajeto continuou sendo feito em silêncio, até mesmo quando chegaram ao prédio, mas tudo mudou no segundo em que as portas do elevador se abriram no andar em que Amélia morava.

— Meu Deus. — a voz de Hernando soou exagerada, assustada e Mia ergueu os olhos para encarar o amigo parado na frente do próprio apartamento na companhia de Drew. Só então recordou-se que havia mandado mensagem para ele avisando de uma emergência com Helena, que se não retornasse a ele em 1h, ele deveria ir atrás dela. — Por que você não atendeu minhas ligações???

— Helena... — a voz de Drew soou mais cuidadosa e só então os olhos de Hernando entenderam o porquê: a mulher estava com sangue nas roupas, nos braços, mãos e rosto.

Fora tudo muito rápido, Drew fora em direção a Helena rápido demais, assim como Hernando fora em direção a Mia quase correndo ao ver aquela situação, estavam tão apreensivos, discutindo sobre ir logo atrás de Amélia já que ela não atendia, quando viram aquilo, não haviam como reagir de forma diferente.

Mas Helena se assustou. Ela se afobou com a movimentação rápida em sua direção, os olhos se arregalaram ao ver dois homens virem em sua direção com tanta rapidez e tudo o que ela pensou foi no pior:

— Não, por favor, não... — esticou os braços para manter distância, o olhar de terror e estava prestes a começar a se encolher e enfiar-se no próprio terror mais uma vez.

Mas a reação da mulher fez com que Mia despertasse de seu próprio mundo e a encarasse um pouco assustada e rapidamente aproximou-se e a abraçou por trás, aquele abraço forte, apertado de quem até mesmo procurava um refúgio ao mesmo tempo que tentava passar conforto.

— Não vamos machucar você, querida. — Drew deu alguns passos a frente e tocou as mãos de Helena com carinho, as segurando e não esperou mais, só ultrapassou qualquer barreira que Helena estivesse tentando erguer e a abraçou, teve que abraçar Amélia junto enquanto aninhava Helena contra o próprio peito com todo o cuidado e carinho que podia oferecer. Em seguida foi a vez de Hernando que abraçou de lado as mulheres, tão apertado quanto o namorado fazia.

— Vamos cuidar de vocês.

A primeira coisa que fizeram fora praticamente carregar as duas mulheres para dentro de casa, Helena fora levada diretamente para o banheiro logo após os dois homens tomarem ciência que aquele sangue não era dela. Mas Mia a acompanhou, mesmo que não fosse tomar banho, não saiu de lado da namorada, na verdade a ajudou a tirar a roupa e a guiou para dentro do box onde o chuveiro já estava ligado com a água quente jorrando.

Hernando e Drew haviam a deixado a sós apenas naquele momento, deixando claro que aguardariam logo no quarto.

E mais silêncio.

— Amélia... — surpreendentemente o silêncio fora quebrado por Helena. A mulher, encolhida embaixo do chuveiro, virava o rosto para encarar a namorada. — Também está com nojo de mim? Ainda me ama?

Mia ergueu um pouco o olhar, os olhos meio avermelhados ficaram focados nos de Helena e então sorriu fraco.

— Eu jamais sentiria nojo de você ou da mulher que você é, Helena. — garantiu no mesmo tom de voz e esticou o braço direito para tocar o rosto de sua morena, esfregou com o polegar uma manchinha de sangue em seu maxilar antes de sussurrar. — Amo você agora, mais do que eu amei você ontem.

Helena fechou os olhos com o que ouviu e soltou um suspiro realmente pesado ao sentir certo alívio pela primeira vez naquela noite, mesmo com toda a angustia que sentia no coração.

— Vocês estão bem? — batidas suaves na porta do banheiro foram ouvidas após o questionamento de Hernando.

— Estamos, já vamos sair. — Mia falou um pouco mais alto ao olhar para a porta, então voltou a encarar a namorada. — Eu mandei mensagem para ele avisando que tinha acontecido algo, se eu não retornasse em 1 hora ele deveria ir atrás de mim ou chamar a polícia.

Helena apenas acenou com a cabeça, entendendo enfim por que os dois estavam as esperando. Ergueu os braços devagar, encarando os antebraços para entender a ardência que estava sentindo e notou os arranhões nada discretos que ganhara quando caiu no chão.

            — Meu Deus, eu não vi isso. — Amélia alarmou-se e dessa vez esticou ambas as mãos para tocar Helena. — Precisamos cuidar disso logo...

— São só arranhões. — Helena rebateu e Amélia negou rapidamente com a cabeça.

— São arranhões que foram feitos por uma superfície nada higiênica, lava bem com sabão, eu vou pegar o kit primeiros socorros pra gente limpar.

Helena apenas acenou positivamente com a cabeça. Estava quase anestesiada, imaginava que faria absolutamente qualquer coisa que Amélia mandasse naquele momento por que não tinha nem mesmo forças para pensar.

Alguns minutos depois Helena já estava sentada no sofá da sala de sua namorada, a sua frente estava Amélia completamente concentrada em limpar muito cuidadosamente todos os arranhões que achava na pele de Helena.

— Pronto, chocolate quente para as duas para acalmar o coração. — Drew comentou enquanto adentrava a sala devagar carregando uma caneca em cada mão.

— Agora podem desembuchar o que aconteceu. — fora a vez de Hernando falar enquanto sentava em uma das poltronas e encarava o casal de amigas.

— O bar que conhecemos tão bem como um antro de homens bêbados, é na verdade uma casa de prostituição que prende as garotas e não dão escolha para que elas saiam dessa vida. — Mia explicou sem nem olhar para os amigos.

— Ai! — Helena gem*u e puxou por instinto a mão direita das mãos de Amélia.

— Desculpa. — pediu e segurou a mão de sua morena e a puxou para pertinho para beijar a palma com carinho como reforço ao pedido de desculpas.

— Isso não me surpreende nem um pouco... Mas de onde saiu tanto sangue? — Hernando questionou, o semblante claramente extremamente sério e olhar fixo nas amigas.

Helena respirou fundo enquanto olhava para Mia e na forma atenciosa como ela cuidava de seus ferimentos, sentia uma dor cada vez mais incômoda em sua mão direita, mas não queria preocupa-la ainda mais, por isso guardou para si mesma.

— Eu fui ao bar uma última vez para ver do que eu havia me livrado, era um passo importante para a superação de acordo com a Samantha e foi muito bom quando cheguei lá e entendi que não sentia absolutamente mais nada. — confessou em um sussurro antes de puxar a mão devagar ao perceber que Mia já havia terminado e agora prestava atenção em suas palavras, de alguma forma ela entendia que não era hora de se fechar, ela precisava fazer alguma coisa. — Então, quando eu estava indo embora, eu encontrei em um quarto uma garota completamente machucada, desfigurada para ser mais exata, ela havia sido brutalmente espancada por um cliente durante o programa e ao invés de levarem ela para o hospital, eles davam ordens para que as próprias garotas cuidassem dela, mesmo sendo algo impossível de se fazer naquela situação, o sangue foi dela... Enquanto tentava, elas me contaram que sempre foi assim, a Seline usa dívidas feitas pelas garotas contra elas, faz promessas vazias para imigrantes prometendo trabalho honesto e assim consegue prendê-las naquele lugar, assim elas não podem pedir ajuda por que tem medo de serem deportadas ou de voltar para famílias desestruturadas ou não conseguem pagar as próprias dívidas com a Seline e não tem opções além de trabalhar e ganhar mais.

— Meu Deus...

— Também descobri que tudo piorou depois da dançarina, os homens ficaram mais violentos quando descobriram que não podiam ter a dançarina e usavam as meninas para descontar isso, sem contar a demanda de homens que aumentou. E o pessoal do bar não fazia nada, a Seline não fazia nada, é insano como eu nunca percebi..., mas hoje quando entrei lá, com a mente sã, eu notei como tudo é diferente, como todo aquele lugar é nojento e mal cuidado, mas a sala da Seline é absolutamente impecável como um mundo totalmente oposto. — a voz da mexicana estava embargada e ela nem mesmo sentia as lágrimas escorrendo por sua face, mas não deixou que isso impedisse a sua fala. — Eu não sabia o que fazer para ajudar aquela garota, eles não permitiram de forma alguma que chamasse ambulância e eu praticamente implorei para que me deixassem chamar ajuda, prometendo que era alguém que não traria qualquer risco a eles... Eu só conseguia pensar em você, me desculpa, eu não queria te colocar no meio daquilo tudo, mas eu só conseguia pensar em você.

— Está tudo bem. — Mia garantiu ao notar o desespero na voz de sua mulher. — Eu disse a você que deveria me ligar caso acontecesse algo, você fez certo, você não tem culpa nenhuma, amor. Está tudo bem e eu não me machuquei.

— Mas poderia... — Helena tentou rebater enquanto Amélia apenas se aproximava e a abraçava.

— Não, você não deixaria. — garantiu enquanto a abraçava de lado e então beijava os cabelos ainda úmidos, virou então o rosto, apoiou a bochecha no topo da cabeça da morena e encarou o casal de amigos. — Eu liguei pra Lizzie, sabia que ela ajudaria com o que quer que fosse, ela foi impecável como sempre, fez o possível por aquela garota, mas quando a Seline apareceu, a Helena quebrou o nariz dela com um soco e nós fomos expulsas.

Tanto Drew quanto Hernando olharam para Helena de forma completamente chocada, afinal, a mexicana parecia uma criança encolhida nos braços da mãe naquele momento.

— Ela não deixaria ninguém me machucar. — Mia repetiu o próprio pensamento e sorriu fraco, depois daquela noite, isso era uma certeza que ela tinha.

— Eu não posso deixá-las daquele jeito. — Helena sussurrou.

— Nós não vamos deixar, precisamos fazer alguma coisa.

— Vocês estão me dizendo que vocês praticamente ficaram presas naquela merd* de lugar, correndo todo tipo de perigo e ainda querem enfrentar eles?? — Hernando falou um pouco alto, o tom de voz completamente indignado.

— Esse tipo de pessoal normalmente tem relação com a polícia, todos sabemos que parte da polícia é corrupta, principalmente quando rola dinheiro no meio. — Drew falou mais sério e ergueu-se de onde estava sentado, estava inquieto, aquilo era sério demais.

— Não queremos enfrentar eles. — Mia deixou claro enquanto se afastava um pouco da namorada para poder relaxar, mas logo se inclinou até a mesinha para pegar uma das canecas de chocolate quente e então a ofereceu a Helena. — Bebe.

— Eu não est...

— Bebe. — Mandou enquanto arqueava ambas as sobrancelhas por que sabia que ela estava de estômago completamente vazio.

Helena ficou muda e apenas acatou enquanto pegava o chocolate quente com cuidado e já ia o levando a boca, mais uma vez sentiu o incômodo na mão direita e por isso mesmo trocou a caneca de mão e ficou quieta.

— O que vamos fazer? — Hernando questionou com seriedade dessa vez.

— Vamos precisar do melhor advogado que pudermos para que ele cuide bem dos direitos das garotas acima de tudo.

— Isso vai ser muito caro.

— Dinheiro não é problema. — Helena falou repentinamente.

Todos a encararam por breves segundos, mas no mesmo instante se tocaram que ela estava mesmo certa, para Helena, dinheiro não era problema.

— Ok, com isso certo, nós precisamos de contatos, não creio que só uma denuncia a polícia vá resolver. — Hernando comentou

— Meus pais são extremamente influentes, tem amigos do alto escalão, isso é fácil e a Mia também conhece vários, basta algumas ligações.

Helena olhava agora tudo em silêncio, a forma como os três debatiam tão fervorosamente sobre quais passos tomar traziam-lhe certo conforto, em nenhum momento eles a julgaram, a olharam com nojo ou qualquer coisa semelhante a isso, muito pelo contrário, a acolheram, a abraçaram e cuidaram dela com todo carinho que poderiam oferecer. Helena nunca havia sentido isso, nunca fora tão bem acolhida daquela forma por outras pessoas se não Ally e agora ela estava ali, com uma namorada perfeita e com mais amigos que estavam ali para ajudar sempre, nunca para julgar.

Assim, por trás da caneca de chocolate quente, por incrível que parecesse, Helena sorriu fraco, mas como sempre, o silêncio para ela naquele momento nunca era bem vindo, fora numa fração de segundos que o lampejo da lembrança de tanto sangue passou em sua mente, em mais uma fração de segundos a sua mente fora teletransportada para lembranças que a incomodavam, recordou-se das vezes em que ela encarava o próprio sangue. Lembrou da sensação de ficar paralisada olhando para o próprio sangue escorrendo por entre seus dedos, lembrou da sensação do corpo anestesiado por tanta dor, mas ao mesmo tempo lembrou da sensação da dor em sí, o baque que sentia na cabeça ao levar um soco, o atordoamento que era quando levava mais de um, ela sempre sentia somente o primeiro, após ele a sua mente parecia apagar e depois só vinha dor. Com certeza havia sido a mesma coisa que aquela garota havia sentido, o quão atordoada ela devia ter ficado? O quão assustador devia ter sido para ela? Quantas vezes ela havia passado por aquilo? Por que para Helena, mesmo que não fosse a primeira vez, era sempre extremamente assustador.

— Amor? — ouviu o tom de voz aveludado ao mesmo tempo que sentia o toque suave em seu rosto, chamando a sua atenção. Precisou piscar algumas vezes para voltar a realidade e encarar os olhos de sua namorada, havia realmente perdido completamente o foco da conversa e se perdido no próprio mundo.

— A Ally. — respondeu, mesmo que não tivesse prestado atenção em absolutamente nada da conversa, o nome da melhor amiga veio a sua mente repentinamente, como uma ideia perfeita que solucionaria todos os seus problemas, afinal, Alyssom era isso, sua melhor amiga, mas também um anjo que tinha uma imensa habilidade de conseguir resolver a maioria de seus problemas com alguns telefonemas. — Ela vai saber o que fazer e exatamente com quem falar e ela tem acesso pleno a todo o meu dinheiro para o que for preciso.

— Ok... — Hernando se ajeitou um pouco onde estava sentado, tanto ele quanto Drew a seu lado haviam percebido que era hora de deixarem Helena e Amélia a sós, afinal, era completamente notório o fato de que aquele não era o momento certo para Helena para debater soluções, antes de tudo, ela precisava de cuidados. E Hernando notava até mesmo a forma nervosa como Amélia movia sem parar suas pernas, uma típica demonstração de nervosismo, que Helena não era a única. — Vamos fazer o seguinte, a Mia vai me passar o contato da Ally e a partir de agora eu e o Drew assumimos com a ajuda dela, vocês duas precisam descansar e assimilar tudo o que aconteceu.

Além de Hernando, Helena custara um pouco mais para notar, mas quando virou a cabeça para encarar sua namorada, percebeu a forma como ela mexia a perna direita e naquela altura do campeonato, a mexicana já conseguia bem distinguir quando a namorada estava ansiosa ou nervosa, seus olhos buscaram mais indícios e achou a forma como ela apertava os próprios dedos sem nem mesmo perceber.

Helena sorriu fraco, um sorriso triste ao se dar conta e então encarou o casal de amigos logo a frente.

— Eu sou muito grata a vocês por isso. Vocês nem imaginam a importância que esse ato tem para mim.

— O nosso círculo de amizade funciona dessa forma, estamos sempre aqui nos piores e nos melhores momentos. — Hernando falou enquanto erguia-se e começava a caminhar em direção as duas mulheres. — Me liguem se precisarem de alguma coisa. — disse, uma fração de segundos antes de dar um beijo carinhoso no topo da cabeça de Amélia, repetiu o ato com Helena.

— Obrigada, Nando. — Amélia agradeceu e deu um sorriso carinhoso para o amigo.

Drew fizera a mesma coisa que o namorado, despediu-se de ambas as mulheres com beijos carinhosos antes de irem embora juntos.

— Vem, deita aqui. — Helena chamou a namorada e deu dois tapinhas nas próprias coxas. — Nem pense em negar.

— E por que você acha que eu faria isso? — Amélia arqueou levemente uma sobrancelha enquanto já ia se ajeitando, deitou-se devagar e logo encaixava sua cabeça confortavelmente sobre as coxas da namorada, sentiu o corpo inteiro, antes tenso, começar a relaxar.

— Por que está tentando se fazer de durona. — sussurrou de volta enquanto olhava para baixo. Lentamente levou a mão esquerda ao rosto da namorada e espalmou-a bem na lateral do mesmo. Vagarosamente seus olhos buscaram os olhos azuis e cansados da companheira e sorriu de canto. — Você não deve colocar o que sente de lado para cuidar de mim, Amélia.

— Eu não estou fazendo isso, eu estou bem.

— Você não deve mentir para sua namorada.

Mia rolou os olhos e virou um pouco rosto, só para conseguir beijar a palma da mão de Helena, adorava como ela era sempre quente e cheirosa.

— Não estou mentindo, eu só não sei como reagir a isso... Foi assustador. Eu já tinha visto agressões, ao menos eu achei que já tinha visto... Aquilo foi muito além, é algo completamente desumano...

— Eu sei. É insano imaginar que algum homem sinta prazer com algo nesse nível.

Amélia respirou fundo e fechou os olhos por alguns segundos, quando os abriu focou-os em Helena e então questionou:

— Ele já te deixou daquela forma alguma vez?

Helena fora pega de surpresa com a pergunta, tanto é que sentiu até mesmo um salto em seu coração, franziu levemente o cenho enquanto olhava nos olhos da namorada, podia facilmente ver medo neles, o que significava que Mia claramente tinha medo da resposta. Então, Helena sorriu fraco, sem mostrar os dentes, sentindo repentinamente uma onda de amor tomando conta de si. Acariciou com ainda mais carinho o rosto da namorada antes de acenar positivamente com a cabeça. 

Por um breve segundo até pensou que era melhor mentir naquela situação, mas não conseguia, não com aqueles olhos cheios de preocupação fixos nos seus, como se estivessem lendo a sua alma. E por maia delicada que fosse aquela conversa, de alguma forma fazia Helena sentir-se amada, notar em pequenos detalhes como Amélia se preocupava genuinamente com ela.

A reação que Amélia teve não foi a esperada por Helena, esperou algum monólogo, mas recebeu lágrimas. Fora muito rápida a forma como os olhos azuis de sua amada se encheram de lágrimas e a expressão se contorcera em choro. Então Amélia virou-se de lado, enfiando a face chorosa rente ao ventre de Helena e se encolheu, não havia ainda conseguido digerir a imagem daquela garota desfigurada e ensanguentada, saber que Helena já fora deixada da mesma forma fora um soco tão forte em seu estômago que sua única reação fora chorar.

Helena se sentiu amada, como imaginaria que depois de tudo o que passou encontraria um amor que choraria até mesmo suas dores? Que preciosidade era tudo aquilo e ao mesmo tempo era tão triste que silenciosamente lamentou.

— Está tudo bem, Cariño... — a acalentou enquanto deslizava os dedos finos pelos cabelos pretos de sua amada, suas unhas curtas arranhando suavemente o couro cabeludo. — Agora eu sou agraciada pela vida por um amor tranquilo como o seu.

— Vamos ajudar todas elas... — fungou em meio a voz embargada. — Eu prometo.

Helena sorriu e realmente não teve uma dúvida sequer das palavras de sua morena.

— Você nunca mais vai passar por algo assustador assim.

— Eu acredito em você. — Helena sussurrou.

— Como? Por que diabos ele era capaz de fazer isso com você? — em meio ao choro, indignação, a morena moveu-se mais uma vez voltando a olhar para cima somente para buscar os olhos de Helena.

Helena encarou os olhos avermelhados e ainda cheios de lágrimas.

— Eu sinceramente nunca entendi o por que, sensação de poder talvez, já pensei nisso uma centena de vezes, sempre pensava quando estava lá machucada... — franziu um pouco o cenho como se estivesse se lembrando dos momentos. — Por que? Mas nunca cheguei a uma conclusão correta. Mas eu lembro de ser assustador e decepcionante ao mesmo tempo. Assustador por que você nunca espera um soco, é muito assustador por que o seu corpo apaga, mas a sua consciência não, ele era muito forte, realmente me debilitava somente com um soco, mas não era suficiente, ele continuava, eu lembro nitidamente de não conseguir nem mesmo me mover durante a agressão, mas eu tinha plena consciência do momento, do que ele dizia e da forma enraivecida como ele me socava e isso era assustador, era como observar um monstro... E depois, quando tudo parava e me restava só a dor e a dança entre a consciência e a inconsciência, me vinha a decepção de perceber o que o meu marido tinha acabado de fazer. 

— Você lembra de tudo? — o questionamento veio em um tom de voz completamente incrédulo.

Helena acenou com a cabeça. 

— Lembro de cada soco e até mesmo quando eu desmaiava durante, de alguma forma o momento ficava guardado em meu inconsciente e a memória voltava depois.... O primeiro soco te anestesia na inconsciência e o resto te marca para o resto da vida.

 

**

 

Amélia não sabia exatamente que horas eram, só sabia que era madrugada, talvez o amanhecer estivesse próximo, não tinha nenhuma certeza de quanto tempo havia ficado na cama tentando dormir. Agora encontrava-se na cozinha apoiada sobre o balcão em granito, no fogão um pouco de água esquentava em um bule, talvez um chá fosse algo bom para aliviar um pouco da enxurrada de pensamentos que percorriam a sua mente a ponto de lhe dar uma forte dor de cabeça 

As lembranças da noite anterior, as palavras de Helena, o seu irmão naquele lugar nojento, era muita coisa para digerir tão facilmente. O que diabos ela faria agora? Tentava imaginar quais seriam os seus próximos passos, mas nem isso de fato conseguia. Parecia um cenário surreal demais, algo que ela nunca havia imaginado que iria passar algum dia.

O som da água fervendo dentro do bule chamou-lhe a atenção, virou a cabeça levemente e os olhos azuis encararam o vapor da água escapando, fez isso por alguns segundos como se estivesse precisando raciocinar o que deveria fazer agora que a água para o chá havia fervido.

— Imaginei que não iria conseguir dormir. — a voz um pouco rouca soou na cozinha e surpreendentemente não assustou Amélia, ela apenar virou o rosto para o outro lado e encarou a sua namorada a analisando.

Deu de ombros em resposta.

— Desculpa, está difícil assimilar tanta coisa. — respirou um pouco fundo e devagar ergueu o tronco e desencostou-se da bancada para poder ir até o fogão. — Você quer chá?

— Por favor. — Helena caminhou vagarosamente, no caminho abraçava o próprio corpo, rumo aos bancos do outro lado da bancada em mármore.

— Teve pesadelo? — Amélia questionou enquanto pegava duas canecas no armário.

— Tive.

— Muito ruim?

Helena deu de ombros e respirou um pouco fundo, tinha uma estranha sensação de vazio a corroendo, o pesadelo que tivera havia parecido mais como uma lembrança da época em que Trevor lhe agredia brutalmente, não a deixou surpresa a julgar tudo o que acontecera na noite passada, não havia a assustado como normalmente fazia, mas a deixara com um imenso vazio e uma estranha sensação de culpa que parecia a consumir cada vez mais e justamente por medo de ficar sozinha e acabar fazendo com que aquele sentimento crescesse, ela saiu da cama e foi a procura da namorada. Ainda não havia amanhecido, mas faltava pouco e mesmo assim ela não parou de reviver um segundo sequer aquela noite e muito menos de pensar naquela garota machucada.

— Não, só lembranças.

— Então é ruim, amor.

Helena sorriu fraco com a correção e acenou positivamente com a cabeça ao pensar que de fato ela estava certa, suas lembranças em sua maioria eram todas ruins, aceitou isso com certo pesar.

— Você quer mel?

— Quero.

Então, silêncio. Um silencio estranhamente confortável. Os olhos de Helena, atentos, focavam na movimentação sempre calma de Amélia, o cuidado com o qual dosava o mel, a forma como mexia vagarosamente o chá com uma colher para que o mel se dissolvesse ao líquido e o claro carinho com o qual fazia tudo aquilo.

— Como está se sentindo? — Mia questionou enquanto vagarosamente retornava para o balcão ficando do lado da cozinha enquanto Helena ficava do outro lado. Voltou a apoiar-se na mármore enquanto agora segurava a sua caneca com ambas as mãos para sentir suas mãos esquentando.

— Estranha. E você? — Helena questionou, ao mesmo tempo ajeitava-se um pouco no banquinho, mas não conseguia desviar os olhos de sua morena.

— Defina estranha.

Helena sorriu de canto, a cabeça pendendo um pouco para o lado ao notar como Amélia evitava falar sobre si mesma naquele momento, mas não se importou, por enquanto não.

— Estranha por que a tempos atrás, tudo o que aconteceu na noite passada me faria cair em um vazio e me deixaria incomunicável enquanto pensava nas piores coisas possíveis, mas hoje... Hoje eu sinto o vazio, sinto a dor e principalmente sinto a culpa, mas de alguma forma eu estou conseguindo lidar e aceitar com isso, estou lúcida o suficiente até mesmo para perceber que você está evitando falar sobre sí mesma.

Amélia riu com a acusação, uma risada que durou alguns segundos, balançou a cabeça negativamente e quando seu olhar retornou para Helena, focou naquele sorriso carinhoso que a fazia derreter facilmente.

— Eu só ainda não sei o que fazer, mas sei muito bem o quão orgulhosa estou de você.

Helena sorriu um pouco mais e deu de ombros enquanto erguia a caneca de chá e dava um casto gole, estava muito quente, mas adocicado na medida certa.

— Não fale isso, eu aposto que se você tivesse se machucado eu estaria completamente diferente agora.

— E tinha o risco de eu me machucar? — Amélia levou a mão ao peito de forma quase teatral. — Você viu o soco perfeito que você deu na Seline? Meu amor, você teria descido no soco qualquer um que tivesse se aproximado de mim, eu sei que você tinha feito aulas de autodefesa, mas não achei que tinha chegado nesse nível.

Helena gargalhou e segundos depois Amélia juntou-se a risada.

Riram juntas por alguns segundos e foram nesses segundos que sentiram qualquer peso que carregavam sumindo aos poucos.

— Mas é sério, eu realmente não sei o que eu faria se você tivesse se machucado.

Amélia sorriu, aquele típico sorriso apaixonado, então desencostou-se de onde estava e saiu caminhando, dando a volta no balcão somente para ir até Helena.

— Não pense nisso, já passou. — disse enquanto se aproximava, Helena por sua vez virara de frente para Amélia somente para carinhosamente a receber em seus braços, ficando com a mulher entre suas pernas, já que se manterá sentada sobre o banco. — E eu acredito cegamente que você jamais deixaria isso acontecer.

— Você é minha preciosidade. — Helena ergueu a mão esquerda e tocou o rosto de Amélia com carinho ao espalmar a mão em sua lateral. — É um dos motivos de eu não simplesmente surtar.

— Um dos motivos de você não simplesmente surtar é por que você está evoluindo, meu amor, você está caindo cada vez mais na real de que nada disso é ou foi culpa sua.

— Vamos ver isso quando eu ficar sozinha.

— Está com medo de ficar só e se autossabotar?

Helena acenou positivamente com a cabeça.

— Eu não vou te deixar só até que você consiga digerir tudo isso.

Helena sorriu mais uma vez e se inclinou só um pouco para dar um beijo muito carinhoso bem no cantinho da boca de sua amada.

— E você, hm? Me abandonou sozinha na cama, está muito pensativa e claramente muito ansiosa, como eu posso ajudar você?

— Eu acho que tomei uma decisão.

— Qual?

— Assim que amanhecer vou diretamente para a casa da Mamma contar absolutamente tudo o que o Fred tem feito.

Helena arqueou ambas as sobrancelhas só de imaginar o caos que seria aquilo.

— Eu vou com você.

— Eu não quero te deixar sozinha, mas eu também não quero te meter no meio de mais confusão.

— Pare de me colocar acima de você, Amélia, pensa na confusão absurda e perigosa que EU te coloquei e você está aí tentando me prevenir de uma confusão de família? Eu não vou sair do seu lado, eu realmente sei o quão difícil isso vai ser pra você.

Amélia fechou os olhos e soltou um suspiro realmente pesado, Helena estava certa, extremamente certa na verdade, contar aquilo a sua mãe seria um verdadeiro pesadelo.

— Toda vez que eu fecho os olhos, eu não consigo deixar de imaginar aquela garota. — repentinamente falou, então, abriu os olhos.

— Eu sei. — Helena sussurrou, agora o tom de voz completamente pesado. — Eu também não consigo, mas a Ally vai cuidar disso.

— Como pode ter certeza? É uma situação tão...

— Por que é a Ally. — Helena deu de ombros, como se falasse algo obvio. — Ela sabe absolutamente tudo sobre esse tipo de crime, sabe para quem ligar, sabe quais leis seguir, tem uma dezena de contatos onde você nem imagina, quando denunciei o Trevor a única coisa que eu precisei fazer foi falar quando precisava e só... Ela cuidou de tudo, a Ally não é só uma secretária, ela é tudo, eu sou o que sou por causa dela e estou viva por causa dela.

Amélia não respondeu, só abraçou Helena. E assim ficaram por um bom tempo ali na cozinha, abraçadas, em silêncio, só aproveitando o apoio que uma oferecia a outra.

 

***

 

O dia havia amanhecido estranhamente nublado, o céu azul havia dado espaço a um céu acinzentado que parecia quase combinar com os sentimentos estranhos daquele dia em questão.

Pouco após o dia amanhecer, Amélia e Helena saíram para cumprir a decisão de Amélia, de fato foram rumo a casa de Vera. Havia finalmente chego o dia de colocar toda a situação de Frederick a pratos limpos e trata-la da forma como deveria ser tratada a muito tempo.

Por mais que o casal tivesse tido um bom momento na madrugada, momento este que trouxera um bom alívio para ambas, ainda estavam apreensivas. Helena seguia com a mesma sensação de vazio e de culpa que parecia a corroer por dentro cada vez mais e junto com o fato de mal ter dormindo, a deixava completamente derrotada. Já Amélia estava uma verdadeira pilha de nervos e ansiedade, a consequência disso fora que Helena sequer deixou que ela dirigisse, além de tudo isso, a Designer sequer havia dormido naquela noite.

— Você tem certeza? — Helena questionou segundos após estacionar o carro em frente a casa de Vera, olhava fixamente para a sua namorada, claramente apreensiva.

— Certeza eu tenho absoluta, medo eu tenho mais ainda, você sabe como são minhas discussões com a Mamma. — Amélia falou um pouco rápido enquanto ia tirando o cinto de segurança e logo em seguida abria a porta do carro, não esperou nem um segundo para sair.

Helena apenas respirou verdadeiramente fundo, desligou o veículo e então juntou-se a namorada. Mia estava logo ao lado do carro com o celular colado ao ouvido enquanto tinha os olhos fixos da grande casa pertencente a sua família e onde havia crescido.

— Fred, temos uma emergência na casa da Mamma agora, vem correndo. — no momento em que ouviu a voz do irmão no outro lado da linha, precisou mentir, ele não viria se ela dissesse que estava prestes a contar tudo o que estava acontecendo e estava até surpresa com o fato de ele ter atendido tão rapidamente a julgar que provavelmente os efeitos do álcool ainda não haviam passado. Ela nem esperou resposta, só desligou o telefone e saiu andando com Helena logo atrás.

— Tem certeza que eu não posso ficar no carro?

— Estou contando que as coisas sejam mais leves por você estar presente.

Helena respirou fundo novamente, tendo quase certeza de que independente de sua presença, as coisas não seriam nada leves, a situação era absurda demais para uma família tão perfeita quanto a de Amélia. Assim, a mexicana ficou em silêncio, os olhos atentos enquanto observava sua amada abrindo a porta da residência, por um breve instante lembrou da última vez em que estiveram ali tão cedo e no que havia acontecido, era surreal que estivessem ali novamente, mas com uma apreensão absurda sobre suas costas.

— Mamma? — Amelia chamou em voz alta no segundo em que entrara na residência, agora tinha plena ciência que sua mãe era comprometida e morava só, então a probabilidade de Elijah estar ali era grande.

— Amélia? — a matriarca da família surgiu repentinamente em seu campo de visão, claramente saindo da cozinha e vestida com um de seus roupões. — Aconteceu alguma coisa? — questionou de imediato no segundo em que viu o semblante de sua filha, imediatamente sua expressão contorceu-se em preocupação.

— Está tudo bem? — a voz masculina surgiu mais a diante e Elijah surgiu logo atrás de Vera, diferente da namorada, o homem estava parcialmente vestido com suas roupas casuais de trabalho, sinal de que faltava pouco para ir embora.

— Bom dia... — Helena surgiu logo atrás de Amélia de forma um pouco acanhada e sorriu sem mostrar os dentes.

— Aconteceu sim e precisamos conversar... Reunião de família, Mamma. — Amélia falou com seriedade enquanto olhava nos olhos da Matriarca que mantinha a sua expressão de preocupação na face, ainda mais após aquelas palavras de sua filha, reuniões de família eram apenas convocadas quando algo grande acontecia e pela situação em sí já era possível perceber que não era algo bom.

— Ok, ah... — Vera pareceu um pouco perdida com a situação, olhou para Helena, olhou para Amélia e em seguida olhou para Elijah, mas antes que falasse, Amélia tomou a frente.

— Elijah, você sabe que eu realmente adoro você e de certa forma você já faz parte da família, mas dessa vez é melhor que não esteja presente, é um assunto delicado... A Helena está aqui por que acabou envolvida, depois a Mamma vai te atualizar de tudo.

Vera ficou claramente ainda mais apreensiva com a seriedade da filha, sentiu até mesmo um salto dentro de seu peito, o que diabos podia estar acontecendo para uma abordagem tão séria e tão cedo?

— Mas é claro, eu entendo completamente a situação. — o homem, educado como sempre era, não pestanejou ao aceitar, apenas deu meia volta e voltou para a cozinha.

Então, silêncio, um silêncio incômodo, quase sufocante, mãe e filha se encaravam enquanto Helena desejava sumir do universo em segundos. O silêncio só fora quebrado com a volta de Elijah que voltara com seu blazer e gravata em uma mão e uma maleta na outra.

— Me ligue no momento em que precisar de algo, minha querida. — ele aproximou-se de Vera e beijou-lhe os lábios com carinho. — Vejo você mais tarde. — então seguiu seu rumo, passou por Amélia e depositou um carinhoso beijo em seus cabelos, fez o mesmo com Helena e no segundo em que abriu a porta de casa deu de cara com um desesperado e afobado Frederick.

— O que está acontecendo? — o homem questionou para Elijah, os olhos arregalados, os cabelos desgrenhados, sinal que havia acordado a pouco.

— Estão o esperando eu imagino. — Elijah sinalizou para dentro de casa e Fred nem sequer esperou para adentrar, ouviu segundos depois a porta sendo fechada atrás de si, deu alguns passos e primeiro encarou Helena, confuso, em seguida viu a sua mãe e sua irmã com expressões nem um pouco amigáveis.

— O que está acontecendo? — Fred questionou.

Helena sentiu muito facilmente no momento em que Fred passou ao seu lado, aquele típico cheiro de álcool que alguém que havia dormido completamente bêbado emanava e acabou suspirando, Amélia também sentiu.

— Frederick, eu realmente sugiro que você sente e fique quieto. — o tom de voz de Amélia fora extremamente duro, até frio, acertou até mesmo Helena que só estava ali como uma observadora. A mexicana olhou para Fred, pode notar o olhar assustado e surpreso do rapaz e por isso mesmo, aproximou-se dele, o tocou na costa e começou a guia-lo diretamente para a sala de estar, logo ao lado de onde todos estavam de pé.

— Eu escondi isso de você por meses por que achei que a situação estava sob o meu controle. — Amélia começou, de forma muito cautelosa, enquanto olhava nos olhos da mãe. — Mas a meses o Fred vem frequentando um bar específico onde bebe de forma completamente sem limites até não ter nem mais controle sobre sí mesmo.

— O que? — a voz da matriarca quase não saiu, incrédula.

— Mia! — Fred se ergueu do sofá repentinamente.

— Eu disse para você ficar quieto! — a voz da morena soou alta e extremamente mais mandona do que antes. — Você não tem noção da merd* que você se meteu, então vai ficar calado e vai arcar com a porr* das consequências! — quase rosnou tais palavras e até Helena se encolheu no sofá enquanto Fred manteve-se em pé, incrédulo, mas agora completamente acuado como um animal indefeso, ainda mais diante ao olhar incrédulo a qual sua mãe lhe lançava.

— Alguns dias na semana os seguranças do bar me ligam no meio da madrugada para que eu vá buscar ele, então eu chego lá, carrego um Fred que mal consegue andar para dentro do carro, deixo ele em casa e negligencio a situação achando que tudo estava sob controle... — Amélia tinha uma expressão dura, mais por que precisava agir assim para que não caísse em prantos diante de sua mãe e do olhar decepcionado e surpreso que ela lhe lançava. — A Helena frequentava os bastidores do lugar como pesquisa para suas obras, foi lá que nós nos conhecemos... E ontem, quando ela foi ter uma pequena reunião com a dona do lugar, descobriu da pior forma que o lugar é na verdade uma fachada para prostituição e uma prisão para garotas imigrantes.

— Oh, meu Deus. — Vera levou a mão ao peito e chegou a quase cambalear, a expressão horrorizada enquanto ouvia da boca de sua filha palavras que ela absolutamente nunca esperaria em tantos anos. — O que você está me dizendo, Amélia?

— Estou te dizendo que o seu filho é um alcoólatra que frequenta um bar de prostituição e que contribui, sabendo ou não, para isso e só Deus sabe o quanto eu estou desejando para que ele não tenha nem noção de que isso aconteça lá.

— Eu não sabia! — Fred caiu sentado no sofá bem ao lado de Helena. — Eu juro, eu não sabia, eu só bebia, eu nunca iria compactuar com isso!

Amélia não deu ouvidos, só olhava para a sua mãe que intercalava o olhar horrorizado entre seus dois filhos.

— O que vocês tinham na cabeça???? — o controle havia sido perdido e a voz da matriarca irrompeu a calmaria com raiva, fazendo os dois filhos baixarem a cabeça ao mesmo tempo. — Como você permitiu que isso chegasse a esse ponto, Amélia?

Mia ergueu os olhos um pouco arregalados para a mãe.

— Você não pode me culpar por isso, eu tentei fazer ele parar!

— Eu juro que eu não sabia. — Fred repetia, agora para sí mesmo enquanto mantinha a cabeça baixa, as mãos grandes agarravam os próprios cabelos.

Helena olhava com pena, de alguma forma conseguindo quase se enxergar em Fred, por isso mesmo ergueu a mão esquerda e tocou o ombro do cunhado.

— Eu também não sabia. — Helena falou baixo, sabendo que somente Fred a ouviria.

— Você é a irmã mais velha dele, Amélia! Você além de ter a obrigação de cuidar dele, tinha a obrigação de ME contar, como você deixou que saísse do controle dessa forma?? — mais gritos e com um breve olhar, Helena pode perceber que Mia estava prestes a explodir com os gritos da mãe.

— Eu sou a irmã, não a mãe. Eu não tenho a obrigação de cuidar dele, Vera, eu fiz o que estava ao meu alcance no momento!

— Meu Deus, como pode? Eu sempre me gabei pela excelente educação de vocês e olha o que vocês fazem! — Vera deu alguns passos em volta de sí mesma, de fato perdida com tanta informação, completamente desolada com tudo aquilo, seu coração batia muito rápido dentro de seu peito, sua cabeça a mil tentava assimilar a ideia de que seu filho podia estar cometendo um grande crime, além de seu claro vício e a frente estava a sua filha, a qual ela sempre achou ser alguém completamente exemplar, simplesmente compactuando com tudo de certa forma. — Você tinha a obrigação de ter me contato, Amélia! — Vera apontou o dedo em direção a sua filha, o tom de voz mais grave, havia raiva em sua voz, era uma bronca e das grandes. — Absolutamente nada justifica o que você fez, assim como nada vai justificar o que você fez, Frederick, vocês dois me decepcionaram de formas completamente inimagináveis!

— Eu realmente achei que tudo estava sobre controle.

— Você tem esse costume, Amélia, de agir como se você fosse a maior responsável por essa família, você passa por cima do meu papel de mãe!

— Você está agindo como se eu fosse a maior culpada disso tudo! Não fui eu que me isolei em um maldito bar de Strippers para curar minhas dores!

— Mas foi você que achou que poderia agir como a chefe da família e tomar decisões por todos!

— E o que você queria que eu fizesse, Vera?? Depois que o Pappa morreu fui eu que tive que tomar as rédeas de tudo quando você não tinha a capacidade de fazer isso, antes de apontar o dedo para mim você quem deve pensar nas merd*s que VOCÊ fez.

Helena observava tudo com o coração na mão, quase desesperada sem de fato saber o que fazer para intervir naquele instante, podia notar o descontrole de Amélia, assim como podia notar o descontrole de Vera, as duas mulheres eram idênticas naquele momento, mas um comportamento em específico a fez perceber de imediato que tudo estava prestes a sair ainda mais dos trilhos, percebeu o olhar furioso de Vera, a incredibilidade, percebeu o momento em que seus punhos se fecharam e se abriram rapidamente, uma clara tentativa de controle, Helena notou tudo com tanta clareza que a surpreendeu e a trouxe lembranças ao mesmo tempo, lembranças essas que a fizeram saltar do sofá imediatamente e avançar sobre a mulher mais velha, se meteu entre as mulheres em uma fração de segundos no instante em que a mão direita de Vera ergueu-se no ar. Helena a parou, agarrou o pulso da mais velha com uma força sem controle e a encarou nos olhos, o semblante igualmente furioso a da matriarca dos Palermos.

— Você pode gritar a vontade, mas você NUNCA vai bater nela na minha frente. Não ouse fazer isso, eu estou pouco me fodendo se você é a mãe. — rosnou as palavras contra a face agora assustada da sogra, assustada tanto pela própria atitude quanto pela ação de Helena.

Fred surgiu, igualmente assustado com toda a situação e fora o responsável por segurar a sua mãe e com o olhar pedir para que Helena a soltasse. A mexicana não falou mais nada, ainda mais que quando olhou para trás pode ver Amélia praticamente imóvel e com os olhos arregalados.

— Vamos embora. — disse e não esperou resposta, só segurou a mão de sua mulher e partiu a passadas largas, praticamente arrastando Amélia para longe dali, claramente declarando o fim daquela discussão sem controle.

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo


Comentar este capítulo:
[Faça o login para poder comentar]
  • Capítulo anterior

Comentários para 56 - Capitulo 56:
HelOliveira
HelOliveira

Em: 30/09/2025

Nossa que capítulo ....

Helena está  surpreendendo

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Mmila
Mmila

Em: 30/09/2025

Ufa!!!!!

Que capítulo.

Que situação é essa!?!?!?!?

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Informar violação das regras

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:

Logo

Lettera é um projeto de Cristiane Schwinden

E-mail: contato@projetolettera.com.br

Todas as histórias deste site e os comentários dos leitores sao de inteira responsabilidade de seus autores.

Sua conta

  • Login
  • Esqueci a senha
  • Cadastre-se
  • Logout

Navegue

  • Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Ranking
  • Autores
  • Membros
  • Promoções
  • Regras
  • Ajuda
  • Quem Somos
  • Como doar
  • Loja / Livros
  • Notícias
  • Fale Conosco
© Desenvolvido por Cristiane Schwinden - Porttal Web