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Chemical por lenass

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Palavras: 769
Acessos: 1172   |  Postado em: 26/09/2025

Capitulo 67

Mariana empurrou a porta da sala como quem invade um cativeiro. Parou no meio do vão, estática, os olhos arregalados como se tivesse acabado de presenciar um crime — e, de certa forma, tinha.

Cada centímetro da sala estava coberto por post‑its coloridos: paredes, janelas, quadro de avisos… até o esqueleto de plástico do laboratório ostentava um bigode rosa de papel.

— MAS O QUE — QUE — O QUÊ?! — berrou Mariana, em caps lock mesmo. — EU TÔ NUM SURTO COLETIVO?

Ela agarrou o primeiro post‑it da porta como quem arranca uma carta de ameaça.

— “Você não é chuva, mas me deixa toda molhadinha.”

Mariana congelou, depois bateu a mão na testa com força teatral. — Isso é uma escola ou o camarim da Anitta?!

Luísa entrou na sala com uma garrafa d’água e caiu na gargalhada.

— HAAHAHA! Mariana! Meu Deus, olha essa instalação artística: “O erotismo acadêmico — uma homenagem”! — sentou‑se numa cadeira que rangeu em protesto. — Menina, você virou musa inspiradora!

Mariana começou a arrancar os post‑its com fúria. Cada papel fazia um barulho seco que ecoava pela sala.

— Eu vou matar aquela pirralha! — gritou. — Luísa, juro… vou sufocar, afogar, expulsar, processar e depois enterrar essa aluna pervertida! E ainda vou escrever um artigo sobre a psicopatia dela! Que absurdo! Que audácia!

Luísa rolava de rir.

— Calma, Dexter... deixa eu ler um! — pegou um bilhete azul do armário. — “Se você fosse um lanche, seria um x‑princesa.” Hahaha! Cara, essa aluna é um gênio. Uma gênia pervertida.

Mariana arrancava os bilhetes com mais precisão que estagiário no primeiro dia. Alguns amassava de raiva; outros, guardava com calma… e os mais ousados iam direto para uma caixinha misteriosa que ela, sem admitir, começava a organizar com carinho.

— “Adorei o vestido azul da semana passada. Ficaria melhor no chão do meu quarto.” — Mariana engasgou com a indignação. — Isso é o quê? Literatura erótica estudantil?! Isso aqui dá cadeia!

— Ou dá namoro — Luísa murmurou, tomando um gole d’água.

— Luísa, não me irrita. Já tô vendo a manchete: “Professora destruída por sedução à base de papelaria.” — arrancou outro bilhete. — “Seus olhos me dão vontade de tirar 10 em tudo, menos em distância de você.”

— Ai, que fofo! — disse Luísa, já deitada numa carteira. — Essa garota flerta melhor que minha ex com pós‑doutorado.

Mariana parou, respirou fundo, segurando um post‑it amarelo que dizia: “Se ser sexy fosse crime, você pegava prisão perpétua.”

Não conseguiu conter um sorrisinho — mínimo, quase criminoso. Luísa viu.

— A‑HA! Eu vi! Tá se derretendo!

— Derretendo nada! Tô fervendo de ódio! — rebateu Mariana, com o brilho nos olhos de quem já escolhia perfume para o dia seguinte.

— Confessa, Mariana. Você tá entre dar suspensão e dar um beijo.
— Eu tô entre dar suspensão e dar um surto psicótico!
— Mesmo surto que te fez guardar aqueles post‑its numa caixinha, né?

Mariana corou.

— Evidências, Luísa. Tô montando o dossiê do crime.
— Ah, sim. Com etiqueta “fofos” e “safadinhos”, né?

Post‑it após post‑it, Mariana lia com atenção. Alguns a faziam corar; outros arrancavam gargalhadas contidas; a maioria a deixava furiosa.

— Essa… essa pervertida… — murmurou, pegando outro bilhete. — Como ela se acha no direito de escrever essas coisas? Ah, mas eu vou ensinar uma lição pra ela!

Mariana segurou um post‑it amarelo, respirou fundo e deu um sorriso de lado.

— Tá, confesso… algumas são fofinhas demais. Mas a maioria é… completamente absurda! — disse, balançando a cabeça, ainda furiosa, mas com aquele brilho nos olhos que denunciava: no fundo, ela adorava a ousadia da Ana.

— Agora tá tudo organizado e seguro — murmurou, colocando os últimos post‑its na caixa. — Mas a Ana vai me ouvir, Luísa. E quando eu digo “ouvir”, quero dizer que ela vai sentir o peso da minha fúria!

— Hahaha! Mal posso esperar! — Luísa respondeu, se acabando de rir. — E sério, Mari… não mente: você adorou a atenção da pirralha.

Mariana bufou, mas uma risadinha escapou ao lembrar de algumas mensagens mais engraçadas.

— Maluca… — murmurou, balançando a cabeça. — Essa garota não tem limites… mas, de algum jeito…

Com a caixa de post‑its segura, Mariana finalmente saiu da sala, respirando fundo, tentando retomar a compostura. Luísa continuou rindo, sabendo que aquela batalha entre professora e aluna estava apenas começando. E se tinha alguma experiência no assunto — tinha — era só questão de tempo.



Fim do capítulo


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