Oi, meninas!
Depois de muitas tentativas e páginas deixadas para trás, finalmente trago minha primeira contribuição aqui. Essa história nasce de experiências reais, da dificuldade de confiar de novo após decepções — mas também da certeza de que o amor sempre encontra um jeito de nos salvar.
K., meu sol, essa é para você. Obrigada por estar comigo!
Onde a Luz se Esconde?
Alguns meses antes (12 para ser especifica)
- Larissa, você não vai mesmo falar nada?
- Falar o que sobre o quê, Julia? - Ela pausa a série que está vendo, respondendo com a voz baixa e rouca, me olha com algo que eu poderia chamar de atenção, mas quando respira fundo e pisca um pouco mais pesado, percebo que na realidade, não tem muito o que eu possa fazer, ou mesmo falar aqui.
- Olha, quer saber? Tudo bem, Lari! - Alcanço minha mochila na poltrona abaixo da TV, pego o celular no aparador e saio do quarto rápido.
- Você não pode ir embora essa hora, Ju - a morena fala, encostada na porta do quarto, enquanto eu tiro das chaves da minha casa do chaveiro dela, e as chaves da casa dela do meu chaveiro - não faz sentido… você já conhece minha m…
- Tranca a porta quando eu sair, tá? - Dou uma olhada longa para ela, seguro com força a alça da bolsa e saio pela porta do apartamento 12, pra nunca mais voltar.
Percebo que na realidade meu corpo inteiro treme e sinto ânsia de vômito quando tento acender um cigarro, quando pisei o pé na rua e senti o vento frio de julho cortando meu rosto, ouvi o barulho das pessoas e da música nos bares ao redor de uma das ruas mais movimentadas e conhecidas do centro da cidade, esperando pelo carro de aplicativo que já está há 3 minutos.
Hoje em dia
Hoje é meu aniversário e eu não quero fazer nada.
Nada mesmo! Assim, não ligo o wi-fi do celular, não abro as mil mensagens de texto que o Renato, meu melhor amigo, me enviou, nem mesmo atendo às tantas ligações dele durante a manhã e no almoço. Sei que ele está voltando pra casa essa hora mas eu não quero mesmo pensar em nada agora.
Levanto da cama com a cabeça um pouco pesada das garrafas de vinho de ontem, vejo um bilhete com um número, um nome e um beijo marcado com batom rosa claro na porta da geladeira quando busco água. “Tamires", esse é o nome da mulher que dormiu aqui essa noite, tiro o bilhete anexado com um ímã e coloco preso no mural da sala de jantar, junto com tantos outros contatos que recebo, não com a intenção de procurar a pessoa, é mais como um lembrete de que talvez isso seja tudo que eu mereço.
Só dá tempo de tomar um analgésico, um banho e colocar um roupão confortável até que Renato passe pela porta como um furacão pulando em cima da minha cama.
- Adivinha só quem tem ingressos pro Noitão de hoje? - Pergunta enquanto distribui beijos em meu rosto e no topo de minha cabeça sabendo que é a única pessoa no mundo que faz isso sem nenhum gritinho sequer de minha parte.
- Vida - olho pra ele e meus olhos à essa altura já estão marejados - eu te amo, você é perfeito… eu já tinha feito um monólogo cheio de motivos pra não ir à balada hoje, nem ver outras pessoas porque não tô no clima e ninguém entenderia…
- Oh, meu amor - ele me abraça de um jeito desengonçado - eu sei como hoje é difícil e eu jamais te faria passar por algo desconfortável… podemos ir ao cinema? É especial Star Wars e um dos filmes vai ter uma orquestra, ou algo assim.
Ficamos ali o restante da tarde, pedimos lanche e por fim, vamos ao cinema na Rua da Consolação no final da noite.
O primeiro filme é o primeiro mesmo, o melhor de toda a saga e eu me emociono com a orquestra. Quando estamos saindo pra pausa entre uma exibição e outra, indo pra fila do banheiro que está lotado, vejo Larissa vindo em nossa direção com uma garota que eu não lembro bem quem é mas sinto que conheço.
Ela nos mede de cima abaixo, Renato distraído como sempre conversa animado comigo até que percebe minha pausa no assunto, talvez minha sobrancelha arqueada e o maxilar travado também me denunciam.
- Comprou o cinema, meu bem? - Renato rompe nosso contato visual parando em minha frente pra falar com Larissa diretamente.
- Julia - ela se dirige à mim, ignorando meu amigo e se aproximando, meio nervosa - o que você está fazendo aqui? Depois de sumir por um ano inteiro, 12 meses, sem me dar nenhuma chance de conver…
- Larissa - minha voz rouca sai em um tom baixo, clamo e ameaçador demais - some da minha frente, por favor - finalmente a encaro - você já fez muita coisa pra chamar minha atenção, muita coisa ruim - paro um instante sentindo o ar entrar quente pelas minhas narinas - e se até agora não conseguiu, por que acha que hoje vai dar certo?
- E OUTRA - Renato fala, apontando o dedo na direção dela, o cabelo cacheado mexendo conforme ele animadamente, movimenta a cabeça - pelo que eu saiba, todo mundo aqui tem o DIREITO de ir, vir e permanecer, desde que não agrida alguém ou alguma norma - respiro fundo para não rir, não somente porque eu sempre dou risada em momentos inoportunos, mas porque a cara dele é muito boa mesmo, o tom de voz bem grosso e a fala bem afeminada - e se não quiser ser expulsa comigo por receber uns bons tabefes como merece, VAZA DAQUI E DEIXA MINHA AMIGA VIVER EM PAZ.
Larissa não responde, a maioria das pessoas ao redor já assiste a cena, é quando Renato pergunta se quero continuar com os filmes como se ela não existisse e vejo algo no olhar dela, além de raiva e deboche, o que vejo é vergonha, ela sai com a moça descendo as escadas e sumindo da nossa visão. Abraço meu amigo e ele entende que podemos ficar, repomos a pipoca, agora doce, e pego um café com leite grande (mais leite que café), pro próximo filme que começa já, já.
A sessão começa e logo lembro que não fui ao banheiro, aviso Renato que vou rapidinho, ele se oferece para me acompanhar e eu nego, aviso que tá tudo bem e volto rapidinho.
Depois de usar o banheiro, decido perguntar ao funcionário na bilheteria se eu poderia fumar um cigarro e voltar, ele faz uma anotação no meu ingresso e indica o fumódromo dos funcionários para mim, assim não preciso sair àquela hora na rua pra fumar, agradeço com um sorriso que é retribuído e sigo meu destino.
O local é uma área até que confortável, está bem frio hoje e a primeira coisa que faço é pegar na pochete que carrego atravessada no peito um hidratante labial, bolo um tabaco do Renato que está por ali e acendo, depois de tantos meses, sentir a fumaça entrando não é tão reconfortante, mas sorrio de lado e continuo fumando, só tem eu ali naquele momento, até que um grupo de funcionários aparecem pela porta em seguida, pelo cheiro sei que fumam cigarros mentolados, até que uma dos integrantes ali vêm até mim, percebo primeiro seus sapatos já que estou olhando pra baixo: são coturnos amarelo cor mostarda, num tom bem escuro.
E depois tomo um choque - não disse onde - ouvindo sua voz baixa, grave e melódica.
- Escuta, boa noite! Você tem uma seda pra me arrumar?
Quando finalmente olho pro rosto à minha frente, por um momento parece que desligo, não que desmaiei nem nada do tipo mas por uma fração de segundos, fico parada olhando pro rosto divino em minha frente, adornado por uma touca branca com a aba dobrada estilo marinheiro, os cabelos curtos cacheados em uma cor de cobre saindo pelas laterais, os cílios grandes e a pele perfeita, brilhante, que na hora me dá vontade de tocar. Sem falar dos lábios bem desenhados em formato que parece mais um coração, carnudos, carregando nada além de um gloss, com um sorriso lindo demais.
- Sim, sim! Lógico - ofereço a seda à ela e meu celular toca no bolso, ignoro como se nada fosse, ela pega a seda e devolve o pacote.
- Clara - esticou o braço com a mão em minha direção, que prontamente cumprimento, sendo puxada para um beijinho no rosto.
- Julia, me chamo Julia! Prazer, Clara - nós duas sorrimos até os olhos de forma gentil e nos despedimos ali mesmo, quando me retiro para retomar à sala.
Terminamos o filme com Renato me questionando como tive coragem de sair em “O império contra-ataca”, enquanto ele enche a garrafa de água no bebedouro e eu bolo um tabaco pra ele.
- Amigo, entenda - entrego o tabaco a ele enquanto saímos pra fumar no mesmo lugar que fui, o bilheteiro anota nossos ingressos e eu já carrego um copo fumegante de chocolate quente agora - eu fui fumar e fui presenteada pelos deuses por uma obra divina que veio me pedir uma seda - vejo que o Re sorri pra mim com a cara de quem está aprontando, acende o tabaco quietinho com esse mesmo sorriso.
- Ah é, amiga? Me conta mais.
- Eu não tenho nem o que contar, fazia tanto tempo que não olhava pra alguém assim que na hora, fiquei sem reação.
- E agora - a voz baixa, grave e macia novamente surge, agora atrás de mim me assustando, olho automaticamente pra trás ficando cara a cara com ela - qual vai ser a sua reação, Julia?
- Depende, que horas você sai hoje? - minha Deusa, por que essa tinha que ser minha única reação?
- Depende se você tá me convidando pra tomar um drinque - ela troca o olhar do meu e pousa em minha boca, automaticamente umedeço os lábios levemente, ela se aproxima do meu ouvido e continua falando ainda mais baixo - ou se quer ser meu café da manhã.
- Sendo assim, que horas você sai?
- Depois da última exibição, tô livre.
- Estava - corrijo - te encontro aqui e - pego uma caneta dentro da pochete que pode ter de tudo e seguro a mão dela, sentindo agora realmente um choque espalhando pelo meu corpo com a temperatura gelada dela, anoto meu número na palma - agora seu compromisso é comigo.
Fim do capítulo
Obrigada por chegar até aqui e dedicar seu tempo a esta história. ??’?
Cada leitura significa muito para mim, e seu olhar faz toda a diferença. Se quiser compartilhar suas impressões, críticas ou sugestões, ficarei imensamente feliz em recebê-las — são elas que me ajudam a crescer e a continuar escrevendo.
Prometo que novos capítulos virão em breve, e espero reencontrar você nas próximas páginas.
Com carinho, Ju.
P.S.: todo capítulo vou tentar trazer uma música pra acompanhar a leitura, a desse, é essa aqui https://www.youtube.com/watch?v=-njs81_ssYc&list=TLPQMjUwOTIwMjUJDCB699J5SA&index=4 e logo, vocês vão descobrir a importância dessa música pra persongem principal.
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codinomeluz Em: 25/09/2025 Autora da história
Reeealmente! O que mais faltou nesse relacionamento da Julia com a Larissa, foi diálogo e respeito
Esse relacionamento com a ex vai se desenrolando conforme for acontecendo a história também!
Muito obrigada pelo comentário, querida