Ficaram ali alguns minutos, era tarde, precisavam descansar e Carrie pensar no que fazer.

Chegou em casa, foi direto para o banho, não antes de pedir à sua governanta que lhe preparasse um lanche. Chorou sozinha no quarto. Nunca tinha se aceitado como homossexual; talvez porque sua mãe sempre se colocou em primeiro lugar, dizendo que a carreira e em como as pessoas as via. Não ser a princesinha que ela ou a mídia pintou, era amedrontador. Cresceu pensando que o certo era estar com um homem, até conhecer Cameron. Aquele encontro mudou tudo, sentia que tudo que havia vivido era mentira. 

Enxugou suas lágrimas, pediu que o lanche fosse servido na varanda.

- A senhora está muito quieta hoje minha filha?

- Pensando em umas coisas que preciso resolver. - na sacada de tijolos, com algumas plantas decorando, ela olhava para as pessoas que iam e vinham na imponente avenida.

- Você não é de comer aqui fora. Só quando está com a cabeça cheia. - a senhora medrosa, só espiava longe da mureta

- Eu deveria comer mais aqui, adoro ir e vir das pessoas. Você continuaria a gostar de mim se eu fosse diferente?

- Carrie, não teria nada no mundo que me fizesse odiar você. Diferente como minha filha?

- Sabe que te considero como uma segunda mãe Berta. E seus conselhos são importantes. Amo minha mãe, mas sempre tive que dividir sua atenção com a mídia e.. 

- Você muitas vezes ficava em segundo plano. - a governanta se encostou um pouco e Carrie logo a abraçou e voltou a chorar.

- Que está acontecendo, filha? 

- Tanta coisa. - sentindo que deveria se abrir, contou tudo para ela, desde Cameron até as chantagens de seu ex. A velha senhora ficou espantada ao saber das chantagens, mas não ao sobre as mulheres.

- Nunca gostei daquele verme. Sempre te disse que faltava educação nele, agora sobre as mulheres ,eu já desconfiava. - falou enquanto enxugava as lágrimas de sua patroa.

- Como assim desconfiava? - Carrie sorriu envergonhada

- Depois de Liam você não apareceu com mais ninguém, no início pensei que fosse trauma, mas depois vieram as mensagens em segredo, as idas para Port Chester no meio de semana.  E também porque tenho um sobrinho que amo e ele passou por isso. Se achava diferente, menos que os outros. Mas sempre disse à ele que o caráter era o que importava.

- Porque nunca me disse nada? - ruborizou-se, rindo com certa vergonha.

- Te deixei à vontade para me contar quando achasse que era a hora. 

- Se não der o dinheiro para ele, ele vai publicar minha foto, minha mãe está em vias de protagonizar um filme importante  Vai ser um inferno. Sabe como os paparazzi ficam por um furo. 

- Sei o furo que eles gostam. - riram juntas do trocadilho. - Minha filha, desde que te conheço você se preocupa com sua mãe, com o que irão pensar de você. Assumir ser homossexual virá com escolhas. Faça as suas, mas não deixe as pessoas escolherem por você. É ótima no que faz, ninguém vai se importar com sua sexualidade. Não deixe ser influenciada por aquele traste. Só aconselho que conte à sua mãe primeiro, para que ela se prepare para o que virá.

- Ela vai surtar. - Carrie levou as mãos à cabeça meneando com a cabeça.

- Quando vou conhecer sua namorada? 

- Logo! Vou dormir, amanhã será um longo dia e você também deveria ir. Obrigada por tanto. - beijou-lhe a testa, depois se encaminhou para sua suíte, adormecendo em seguida.

Pela manhã ainda em seu quarto, fez uma chamada de vídeo para sua mãe. 

- Bom dia dona Sarah. Posso saber onde você está? 

- Carrie Miller Corbett ,o que aconteceu? Você só faz chamada de vídeo quando é algo muito importante. Estou em Los Angeles. Tenho uma reunião com a Warner e Martin. - a mãe fazia um 360 com a câmera.

- Estou sabendo. Os comentários aqui já começaram. - bufou. - Quando volta?

- Se der tudo certo, provavelmente mês que vem, quando as filmagens começarem.  Vai ser filmado aí mesmo. Vou ficar aqui para me preparar para o personagem.

- Por falar me preparar, te liguei porque tenho algo sério para te falar, queria que fosse ao vivo,  mas acho que não posso esperar tanto. 

- Está muito séria! O que está acontecendo?

- Pode ser que saia algumas notícias sobre mim e quero que se prepare. 

- Me preparar como? Você matou alguém? Mamãe te ama, mas não posso lidar com isso agora.

- Liam tem fotos comprometedoras minhas, ele vai publicar e quando isso acontecer; com você fazendo o filme, pode ser que respingue em você.

- Que tipo de fotos Corbett? - falou séria.

- Odeio quando você usa meu sobrenome. Mas.. - fez uma pausa. - Ele tem fotos minhas com uma mulher. Sou lésbica mamãe.  - sua mãe fez cara de espanto e o silêncio tomou conta da chamada. - Diz alguma coisa mãe.

- Estou em choque! Te criei para ser uma princesa. Quero netos. Sem contar que vou ter de responder muitas perguntas da imprensa. - a senhora estava atônita. Mas Carrie não derrubou uma lágrima, estava decidida a não dar mais dinheiro a seu ex.

- Para com essa hipocrisia! Já esqueceu como conseguiu seus primeiros papéis? Não sei o que sonhou para mim, mas eu sonho em ser feliz. E essa felicidade não encontrei em nenhum homem. - ela foi firme.

- Te dei tudo! É assim que me retribui? Jogando as coisas na minha cara. Ainda bem que John não está mais aqui para ouvir isso.

- Ele não é meu pai. - Carrie demonstrou irritação.

- Justo agora que voltarei para as telas!!!! O que fiz para você.

A discussão se desenrolou por alguns minutos, Sarah se apresentou uma pessoa extremamente intolerante e só pensando em seu próprio bem. Já Carrie, reforçou que certas coisas, não escolhemos data para acontecer.  Que estava cansada de se esconder.

- Olha mãe! Pra terminar esse assunto, estou namorando. Mas fique tranquila que por enquanto não vou assumir esse relacionamento publicamente. Quero terminar uns projetos com tranquilidade primeiro.

- Meu Deus! Vou falar com minha RP. - a mulher desligou o telefone com cara de poucos amigos, deixando sua filha falando sozinha.

Se arrumou e foi para a empresa. Assim que chegou à portaria do prédio, pediu à Alberto que não deixasse mais  Liam entrar na empresa.

Foi para sua sala,  ansiosa por falar com Cameron que ainda não havia chegado, estranhou, então pegou seu telefone e resolveu ligar para a garota, mas antes de terminar de discar, viu a mesma entrar apressada.

- Bom dia! Só porque está namorando a chefe acha que pode atrasar? - brincou e abriu um belo sorriso, olhando para os lados averiguando se não tinham percebido.

- Desculpa o atraso, minha mãe não acordou bem. Esperei até o remédio fazer efeito.  - ela colocava as coisas sobre a mesa, com uma carinha triste.

- Estava brincando! Desculpa. Podia ter ligado e ficado com ela. - Carrie não resistiu e lhe abraçou.

- Tudo bem! Ela tem esses altos e baixos. E precisamos terminar o projeto. Obrigada pelo apoio. 

 O abraço foi rápido, algumas pessoas repararam no momento ternura das duas, mas não houve comentário. Apenas uma pessoa ficou encabulada com o acontecido: Jennifer que acabara de chegar. 

 Jennifer foi para sua sala, logo depois, Susan também entra.

- Morreu alguém? Porque pediu que viesse correndo para cá? 

- Carrie sabe que Cameron é ou foi garota de programa? Que tipo de pessoa não tem rede social hoje em dia! 

- O que está procurando? - Susan olhava junto com a amiga o celular.

- Será que elas estão tendo um caso?  Vi as duas num abraço muito suspeito. Apesar de que não imagino Carrie saindo com mulher. Seu radar não diz nada??? - Jennifer a questiona.

- Carrie lésbica??? Abraço que abraço? Não acredito! Cameron não deu bola para mim e está se jogando para cima da outra. Vagabunda! - Susan ficou furiosa.

- Ué Susan está do lado de Carrie agora! Deixa a garota dar o golpe nela, aí damos um jeito de ficar com a firma. 

- Não! Mas não quero perder para a sonsa da nossa sócia. Vou perguntar como não quer nada sobre esse abraço.

Saíram apressadas,  não pediram para ser anunciadas.

- Que houve? Que cara são essas? - Carrie olhava para as duas sem entender do porquê da entrada apressada das duas.

- Carrie! Jennifer viu você abraçando Cameron a pouco, e ela está na mesa dela com uma cara de tristeza enorme o que houve.- Susan apoiou as mãos na mesa. Sua fala apressada acendeu um alerta em Carrie, que respondeu tentando disfarçar o nervosismo.

- Nada demais. Problemas com a mãe, só estava dando apoio. - respondeu um pouco insegura, já se virando para olhar a tela do computador.

- Você sabe que - Susan foi se apressando, mas foi interrompida por Jennifer.

- Susan disse que no começo você não gostava dela, então só estranhamos. 

- Mudei de opinião. Ela é uma boa funcionária. Posso voltar a meus afazeres? - desconversou.

- Tudo bem! Amanhã entregaremos 3 projetos daqueles antigos. Podíamos sair para comemorar.  Aproveitar que é sexta o que acha? 

- Vou pensar Jennifer.

- Podemos convidar todos do escritório.  Susan reforçou.

- Como eu disse, vou pensar. - fez sinal para que saíssem da sala.

Ainda em dúvidas, elas saíram da sala, fizeram silêncio ao passarem perto da sala de Cameron, mas longe do ouvido de todos, Susan não deixou de questionar.

- Porque não me deixou contar sobre ela?

- Que tal Mark contar! - Jennifer sorriu diabólica. - Vou chamar ele para nossa comemoração. Sei que ele vai adorar encontrá-la. Até hoje fala da foda que teve com ela. - Jennifer revirou os olhos.

- Se a garota está com problemas em casa, pode ser que ela não aceite o convite. Como vamos fazer?

- Não sei, vamos dar um jeito. Vou ligar para o Phillip.

- Jennifer você não presta. Imagina a cara da Cameron quando encontrar o Mark.

- Estou mais curiosa para ver a cara da Carrie quando Mark cantar a garota. 

Fim do capítulo