34 por Luciane Ribeiro
Olá .Peço desculpas pela susência de novos capitulos.Estava sem tempo e sem animo confesso.Obrigada avtodas que acompanham Eve e Helena
.Grande abraço.E espero que estejamos juntas até a ultima palavra.
Acertos parte 1
EVE
Senti uma total ausência de pensamentos ou emoções quando abri meus olhos naquela manhã.Virei a cabeça em direção a janela ,vi que era dia e parecia estar ensolarado, mas não reconheci aquela janela ,muito menos aquelas paredes. Minha cabeça doía e tudo estava muito confuso. Ouvi um latido lá fora , de repente me lembrei que tinha um cachorro. Como era mesmo o nome dele ? Ah!Sim!Era Tris! Quando me lembrei do nome dele, outras memórias de momentos passados com ele surgiram e assim lentamente fui me lembrando de mim.Tentei me levantar mas meu corpo simplesmente não se mexia ,foi nesse momento que percebi que havia alguém comigo na cama. Olhei para o lado e vi um rosto angelical de traços delicados mas ao mesmo tempo marcantes. Fiquei encantada e não resisti a vontade de tocar seu rosto e seus cabelos que eram muito longos e pretos. Quando senti sua pele macia ,ela se mexeu e eu senti o seu perfume, o medo e a aflição passaram e eu senti familiaridade.Eu a conhecia e tinha sentimentos fortes por ela com certeza! Mas quem era ela? Uma amiga? Namorada?Esposa?Espere?Eu sou lésbica?Eram tantas dúvidas! Quanto mais perguntas surgiam, mais minha cabeça doía.A única coisa que estava me impedindo de entrar em pânico, era a presença daquela mulher ao meu lado. Quando eu olhava para ela, sentia carinho, alegria e um grande desejo de abraçar e dar carinho.Me encostei novamente na cama, ela se aconchegou um pouco mais em mim. Estranhamente meu coração começou a bater acelerado. Respirei fundo queria mas resisti ao desejo de beijar seu rosto, afinal eu ainda precisava saber quem ela era ,onde eu estava e o que estava fazendo ali,para isso eu teria que acordá la. Tentei falar baixinho e com calma para não assustá la,mas foi em vão, ela se assustou e caiu da cama, parecia nervosa e um pouco confusa. Logo começou a me fazer perguntas e a verificar meus sinais vitais. Insistia em fazer perguntas das quais eu já sabia, ou melhor, achava que sabia as respostas. Fiquei irritada e essa irritação chegou a um nível que não dava mais pra suportar ,então gritei! E pedi que ela parasse e me respondesse. No mesmo instante que gritei com ela me arrependi ,ela se encolheu e seus olhos assustados fizeram eu me sentir estranha e com raiva de mim mesma.
-Desculpe por eu ter gritado! Estou muito confusa e isso está me deixando irritada..
Ela sorriu de um jeito meigo e se aproximou novamente da cama. Falou em um tom reconfortante e tranquilizador.
-Tudo bem...eu entendo que deve ser assustador acordar em um lugar que não conhece.
Ela olhava para mim como se ainda não acreditasse que eu estava mesmo ali. Coloquei as mãos em seu rosto e olhei em seus olhos. Quando ela colocou sua mão sobre a minha a lembrança de estar deitada com ela em uma cama surgiu, consegui ouvir o som da minha própria voz dizendo "eu te amo" e do sorriso dela ao ouvir minhas palavras.Me lembrei dos seus beijos e da maneira que ela tirava a mecha do meu cabelo que ficava caindo no meu rosto, enquanto conversávamos na cama. Comecei a entender porque me sentia tão confortável e familiarizada com ela. Ela era Helena...Minha Helena... minha namorada.
-Helena...
-Sim! Sou eu...
-Amor...O que aconteceu? Estávamos no hotel,como viemos parar aqui? Porque tem monitores e porque estou de sonda?
-Eve...fica calma.Por favor!
-Amor !Eu sofri algum tipo de acidente?
-Sim...aconteceu um incidente que te deixou muito ferida, mas agora está bem e eu estou aqui com você. Não precisa ter medo.
-E meus pais?
-Vou avisar a eles que acordou, mas só se me prometer que vai ficar quietinha até eu voltar.
-Não vá ainda!
Puxei ela para meus braços e a apertei. A sensação que eu tinha era de que ela esteve distante por muito tempo e que nesse tempo eu senti muito a falta dela.A posição era desconfortável, então ela subiu novamente na cama e passou o braço me abraçando.Me senti um pouco menos perdida ,mas estava com um sentimento estranho como se ela fosse desaparecer e me deixar sozinha.
-Está tudo bem!Você está segura aqui!
-Tenho a sensação de que se você sair por aquela porta ,não vai mais voltar.
-Eu vou!Eu prometo!
Ela me deu um beijo no rosto, se levantou e saiu. Quando vi a porta se fechando me lembrei de acordar em uma cama vazia com um recado dizendo.
"Você e eu é um sonho bom que nunca poderá se tornar realidade.Me desculpe".
Ela me abandonou naquele quarto , confusa e de coração partido, tanto por mim ,quanto por ela. Porque estava ali comigo agora ?Eu precisava sair dali e entender o que estava acontecendo.Com muito esforço consegui sair da cama ,me segurei na cadeira tentando reunir força para andar ,mas não consegui dar nem um passo. Ela voltou no momento em que minhas pernas fraquejaram e eu caí no chão. Ela me colocou de volta na cama e eu a questionei por que dentre todas as pessoas que poderiam me socorrer após sofrer um acidente, era logo a que me abandonou que estava presente quando acordei.
-Você disse sim pra mim.Pra nós! Mas quando acordei você tinha ido embora. Me diz Helena...Por que está aqui?
-Eu sei que te devo uma explicação, mas ainda não é o momento para falarmos sobre isso.
-E quando vai ser? Quantos anos vão se passar dessa vez?
-Por favor, Eve...fique calma. Você não deve se exaltar ou se esforçar ainda. Acho melhor eu sair e chamar a Talita. Ela vai cuidar de você.
-Não! Helena...fica!!Ai!!!Minha cabeça!!
-Se deite!Respire fundo.
Minha cabeça estar sendo martelada. Fechei meus olhos por alguns instantes tentando clarear a mente e diminuir a dor,me senti mergulhando em um lago profundo e escuro. Quando abri meus olhos novamente, ela segurava minha mão, a preocupação e a tensão estavam estampados em seu rosto.
-Helena.É só dor de cabeça. Vou me sentir melhor depois de tomar um remédio. Pode me dar uma aspirina?
-Sinto muito. Preciso que aguente só mais um pouquinho.
-Posso pelo menos tomar um banho? No chuveiro?
-Não sei se é seguro ...
-Por favor...eu preciso muito de um banho. Isso possivelmente vai até fazer a dor sumir.
-Está bem...
Helena saiu do quarto e voltou acompanhada de uma mulher que ela apresentou como minha enfermeira. Talita vinha trazendo uma cadeira de banho e uma bolsa com sabonete e outras coisas para o meu banho. Durante o banho notei que meu corpo estava diferente ,minhas mãos pareciam um pouco maiores ,assim como meus seios,como minha memória não estava muito confiável naquele momento acreditei que possivelmente era apenas impressão, então não me preocupei.Talita estava muito alegre e falava bastante. Pretendia aproveitar sua empolgação para tentar tirar informações sobre aquele lugar ,mas me distraí quando ela começou a falar de Helena.Eu queria entender porque ainda me sentia daquele jeito sempre que ouvia o seu nome.
Dizem que amores mal resolvidos ficam em nossa mente eternamente .Talvez esse fosse o meu caso.Levei muito tempo para entender o que sentia por ela.Toda aquela ansiedade pelos momentos em que ficávamos sozinhas e a raiva que senti vendo ela com Luana não foram suficientes para me convencer de que estava apaixonada.Mas quando a beijei pela primeira vez tive certeza absoluta que ela nunca mais sairia do meu coração. Anos se passaram e agora mesmo com minha mente em parafuso ,eu ainda me derretia por ela...Como isso era possível? Um amor assim não deveria existir na vida real.Mas como explicar minha eterna procura por ela em todas as mulheres que conheci?E não ajuda o fato de eu ter tido um vislumbre do que poderia ter sido entre nós na noite do prêmio. Fui até lá para vê la,mas nem nos meus melhores sonhos eu poderia imaginar que nós acabaríamos dormindo juntas. Quando Erika me pediu para lhe dar uma carona ,eu esperava silêncio ou ataques de raiva sobre nosso último encontro.Bem,isso também aconteceu, mas foi apenas o gancho que nos levou a deixar os sentimentos e o desejo falar mais alto.
Comecei a dirigir devagar ,a estrada estava escura e quase não dava pra ver nada a frente .Eu sabia que eu devia ser a última pessoa com quem Helena gostaria de estar naquele momento, então o mais sensato a se fazer, seria ficar em silêncio até chegarmos ao nosso destino. No entanto,eu ainda era apaixonada por aquela mulher e ela estava tão linda em seu vestido azul simples e bem comportado...Eu tentei disfarçar e fingir naturalidade mas estava totalmente encantada com o quanto ela estava maravilhosa naquela noite .Nunca fui o tipo de pessoa que guardava meus pensamentos apenas para mim, exatos vinte minutos depois de propor a mim mesma o silêncio , soltei a frase que deu inicio a minha queda e posteriormente a minha redenção .
-Você fica muito bonita de azul Helena.
-Obrigada.
-Me lembro que você usava uma blusa azul de florzinhas brancas quando te conheci. Acho até que ela era sua favorita, pois você sempre a usava.
-Estou surpresa que se lembre do que eu usava naquele dia .Eu realmente gostava muito daquela blusa ,mas ela me lembrava você ,então,eu a queimei. Não queria me lembrar do dia que tive o desprazer de te conhecer.
-Será que algum dia você vai conseguir me perdoar?
-Perdoar o que ?Você ter dito a todos que eu era lesbica?Você ter me deixado com cara de idiota depois de ter me beijado? Ou de causar o motivo do meu atraso na viagem de intercâmbio? Seja mais especifica! Esta pedindo perdão pelo que exatamente?
-Nossa !Não me lembrava que tinha feito tudo isso...de qualquer forma. Peço desculpas por tudo isso. Principalmente por ter saído daquele jeito do meu quarto.Eu fiquei confusa. Eu sabia que gostava de você ,mas o beijo me mostrou o quanto eu estava apaixonada. Fiquei com medo do que estava sentindo.
-Você ficou com medo!?Acha que eu não fiquei com medo quando me apaixonei por uma garota mesmo minha fé dizendo que era errado?Tem alguma noção do pavor que eu sentia todas as vezes que minha avó falava ou se aproximava de mim?E do medo que senti quando ela nos pegou juntas?Porque voltou lá afinal de contas?
-Eu sabia que talvez aquela fosse minha última chance de dizer tudo que eu queria dizer,mas quando sua avó apareceu na porta ,eu perdi a coragem. Quando vi ela saindo ,tive um surto de coragem e voltei.Tinha tantas coisas que eu queria dizer ,mas quando eu te abracei ,minha mente ficou em branco e eu só queria continuar sentindo você nos meus braços...Posso não ter passado pelo que passou,mas não significa que eu não tive medo quando descobri que te amava.Não que isso justifique ,mas lembre se que apesar de ser madura para minha idade ,eu ainda era jovem e não sabia direito o que queria e devia fazer.Nao posso voltar no tempo e impedir a mim mesma de cometer todos aqueles erros,mas saiba que eu nunca quis que você sofresse o que sofreu.
-Você sempre foi irresponsável e impulsiva. Nunca pensava nas consequências dos seus anos.Eu realmente não entendo porque me aproximei de alguém tão diferente de mim.Foi bom para eu aprender. Pessoas como você só trazem dor e sofrimento para pessoas como eu.
Suas palavras me atingiram como um trem. Meu primeiro instinto era rebater e tentar argumentar, mas todos devemos nos impor limites e saber a hora de desistir de pessoas e sentimentos, talvez eu precisasse ouvir aquilo para me convencer que ela me odiava e que nunca mais poderíamos nos reaproximar. Ficamos em silêncio, a vontade de chorar era grande achei que aguentaria segurar até chegar no hotel e assim chorar nos braços da minha mãe,mas o peso de suas palavras estavam doendo demais e as lágrimas começaram a descer pelo meu rosto. Decidi parar e sair do carro pois não estava conseguindo me concentrar na estrada.
Fim do capítulo
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Luciane Ribeiro Em: 27/09/2025 Autora da história
Escrevi a Helena pensando nas muitas mulheres que passaram e passam por esse dilema.Obrigada por ler e comentar