Capitulo 55
O corredor da faculdade estava relativamente vazio, mas para Bianca, parecia que todos os olhares estavam cravados nela. Caminhava com a mochila meio levantada e a blusa estrategicamente puxada para cima, tentando cobrir o pescoço.
— Você parece uma tartaruga tentando se esconder na própria casca — Ana comentou, rindo.
— Cala a boca, Ana… — Bianca resmungou, ajeitando a gola pela milésima vez.
— Ninguém tá olhando. Quer dizer, eu tô, mas é porque tá engraçado. — Ana deu uma risadinha safada. — E convenhamos, pelo tamanho dessas marcas, nem gola rolê salvaria.
— Você não presta. — Bianca bufou, mas o rosto já ardia de vergonha.
Antes que pudesse retrucar, elas avistaram Mariana no fim do corredor. Não estava sozinha. Conversava com uma mulher de postura firme, cabelos escuros presos em um coque elegante, e um olhar que misturava frieza com algo mais… carregado.
Bianca reconheceu: Marcela, a recém-chegada, que ninguém ainda sabia direito de onde tinha vindo. A conversa parecia séria demais, e por instinto, Bianca diminuiu o passo. Ana, é claro, fez o oposto: se aproximou ainda mais, praticamente botando a orelha.
Marcela disse algo que fez Mariana travar o maxilar antes de responder seca. Então, sem mais, Marcela virou as costas e saiu pelo corredor, deixando no ar um silêncio desconfortável.
Bianca automaticamente diminuiu o passo. Já Ana, ao contrário, acelerou.
— Vem, Bia, a fofoca é quente.
— Ana, não… — mas era tarde demais.
As duas chegaram perto o suficiente para ouvir Mariana respirar fundo, como quem segurava um palavrão. O silêncio que ficou era tão pesado que Bianca não ousou abrir a boca.
Ana, claro, ousou. E muito.
— Ô, Bia… — cutucou, apontando discretamente para as costas de Marcela. — Assim, eu sei que ela é a ex da sua atual, mas de costas… eu comia.
— ANA! — Bianca arregalou os olhos, horrorizada.
— Ué, que foi? — Ana ergueu os ombros com a maior naturalidade do mundo. — Você sabe… eu como de tudo. Raspo o prato, palito os dentes e ainda deixo um espacinho pra sobremesa.
Mariana se virou devagar, com a expressão de puro desgosto.
— Que nojo. Você é pior que homem hétero top.
Ana gargalhou alto, sem um pingo de vergonha.
— Amei! Agora tenho até categoria. Vou mandar fazer camiseta.
Mariana suspirou fundo e saiu, balançando a cabeça como se já tivesse desistido da humanidade.
Assim que ela sumiu de vista, Ana abriu um sorrisinho maroto para Bianca.
— Viu só? Ciúme. Um dia ainda fisgo aquele peixão… e faço sushi.
— Eu vou cavar um buraco e me enterrar viva. — Bianca cobriu o rosto com as mãos, vermelha de vergonha.
— Você vai me levar, né? — Ana perguntou, voltando a andar pelo corredor como se estivesse desfilando em Milão.
— É óbvio que você vai junto! — Bianca continuou, suspirando teatralmente, completamente inconformada. — Vou cavar um bem grande pra caber você também. Amiga, você me mata de vergonha!
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
codinomeluz
Em: 24/09/2025
Adoro a Ana... como amiga da Bianca kkkkkkkkk se fosse comigo eu estaria com uma vergonha astonômica também!
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]