Capitulo 54
Bianca entrou na sala tentando passar despercebida, o que era quase impossível. Estava com o cabelo solto, gola alta mesmo no calor de trinta graus e uma postura de “nada pra ver aqui, gente”.
Só que Ana não era “gente”, era Ana.
— Amiga… — Ana arregalou os olhos assim que Bianca largou a mochila. — … VOCÊ TÁ VIVA?!
Bianca piscou, confusa.
— Tô. Por quê?
Ana se jogou teatralmente sobre a carteira, de braços abertos.
— Porque claramente você passou por um ritual de sacrifício pagão. Olha essas olheiras! Essa cara de “não dormi, só fui usada como brinquedo”! Amiga, francamente… com uma dessa e uma coca zero você passa o ano. Quer dizer… ela passa. Você, no máximo, sobrevive até o próximo feriado. Quer que eu vá na farmácia comprar hipoglós? Você tá andando meio torta, confessa, tá ardida!
Bianca corou na hora.
— Cala a boca, Ana! — sussurrou desesperada, olhando pros lados. — Fala baixo!
Ana, obviamente, levantou a voz.
— NÃO, EU PRECISO ENTENDER: ISSO AÍ É CHUPÃO OU UM SINAL DE ABDUÇÃO ALIENÍGENA?
Alguns alunos riram, outros fingiram que não ouviram. Bianca queria cavar um buraco e sumir.
— Não é nada disso! — tentou disfarçar, puxando a gola. — Eu só… caí.
Ana arregalou os olhos ainda mais.
— Caiu? Ah pronto! Caiu aonde? Na cama do demônio asiático?
Bianca bateu a cabeça na mesa, derrotada.
— Eu te odeio.
Ana sorriu vitoriosa.
— Mentira, me ama. E olha só, tá com cara de “pós-foda” sim, não adianta negar. É o glow da luxúria, amiga, não tem corretivo que esconda. Tá todo mundo com inveja de você, porque aqui ninguém anda com essa energia de “peguei a protagonista da série tailandesa da Netflix” não.
— Eu vou trocar de melhor amiga. — Bianca murmurou, tentando afundar na própria cadeira.
— Duvido. Nenhuma outra ia narrar a sua vida íntima como se fosse novela das nove. — Ana apoiou o queixo nas mãos, teatral. — Cena 12, capítulo 45: “a mocinha retorna da noite de paixão, marcada, destruída e feliz. E amanhã? Amanhã tem mais”.
— ANA!!! — Bianca quase gritou, vermelha como tomate.
Ana só riu, completamente satisfeita.
— Ai, que delícia ver você tentando ser discreta. É tipo ver um elefante tentando se esconder atrás de uma vassoura… só que a vassoura tá pegando fogo e o elefante dançando Macarena.
Fim do capítulo
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